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Dia: 17 de abril de 2024

Na 61ª AG da CNBB, presidente do Cimi destaca os caminhos de esperança e resistência dos 305 povos indígenas no Brasil

O Conselho Indigenista do Brasil (Cimi) tem sido uma voz profética da Igreja católica em defesa dos povos originários há mais de 50 anos. Um caminho que contou com a colaboração de muitos missionários e missionárias e de vários bispos que assumiram a presidência do organismo, um serviço que atualmente presta o arcebispo de Manaus (AM), cardeal Leonardo Steiner, que iniciou sua apresentação dos trabalhos do CIMI aos participantes da 61ª Assembleia Geral da CNBB, agradecendo o trabalhos dos dois últimos presidentes: o arcebispo de Porto Velho (RO), dom Roque Paloschi, o e bispo emérito do Xingú, dom Erwin Kräutler. O presidente do Cimi mostrou como foi recebida na comunidade Maturuca, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR), a catequista indígena Deolinda Melchior da Silva, após receber no dia 13 de abril o Ministério de catequista no Santuário Nacional de Aparecida, durante a assembleia da CNBB. Ele lembrou que em 1974, cinquenta anos atrás, um grupo de seis bispos e de outros seis padres e freis, publicaram o documento “Y-Juca-Pirama: o índio, aquele que deve morrer. Documento de urgência de bispos e missionários”. O texto “denunciava, profeticamente, os ‘decretos de extermínio’ que pairavam sobre a vida dos povos indígenas e anunciava, com esperança destemida, os ‘caminhos de esperança’ na luta por direitos dos povos indígenas”. Nesse tempo, o Cimi como Igreja, insistindo nesse ser Igreja, “atuou na defesa da vida, dos direitos e do protagonismo dos povos indígenas, cuja existência é boa notícia para o mundo e que hoje representam um sujeito coletivo com participação expressiva na vida do país”, enfatizou dom Leonardo. Igualmente, ele destacou que nos últimos seis anos, em que o Brasil viveu um período extremamente conturbado, os povos indígenas não deixaram de mobilizar-se, destacando, com palavras do Papa Francisco, a importância do território, e da defesa da Ecologia Integral e do Cuidado de Criação, de nossa Casa Comum. No atual governo, os passos dados ainda não são suficientes, com episódios dramáticos, como aconteceu em janeiro de 2023 com o Povo Yanomami e Ye´kuana. Outra situação que demanda grande atenção é o “marco temporal”, que dom Leonardo definiu como algo que “constitui uma imoralidade e uma injustiça, porque significa uma declaração de impunidade contra todas as atrocidades cometidas contra os povos indígenas antes de 1988, com o permanente extermínio, despejo e desapropriação de seus territórios”. Diante dessa situação relatou o empenho do Cimi para conseguir derrubar essa tese no âmbito do Poder Judiciário. Diante do sofrimento dos povos indígenas, relatando diversos exemplos disso, o presidente do Cimi lembrou das palavras de Marçal de Souza Tupã’i ao Papa João Paulo II em 1980, denunciando situações de sofrimento ainda presentes na vida dos povos indígenas. Ele destacou os caminhos de esperança e resistência dos 305 povos que resistem no Brasil, com sua diversidade e espiritualidades, que “nos ajudam a todos a acreditar que é possível um mundo mais justo e sustentável, rico na diversidade”. Segundo seu presidente, “o Cimi, após 52 anos de vida e de missão, quer continuar sendo fiel às intuições pastorais e proféticas que o geraram”, dizendo caminhar com esperança diante dos desafios, apoiando a mobilização dos povos indígenas. Finalmente lembrou a orientação do Papa Francisco a ouvir os povos indígenas, e agradeceu em nome dos missionários e missionárias do Cimi o apoio nas dioceses e da CNBB, especialmente no que se refere ao Marco Temporal. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

A CNBB apresenta as 4 mensagens da 61ª Assembleia Geral

Seguindo a tradição das Assembleias Gerais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a 61ª Assembleia Geral, que acontece em Aparecida (SP) de 10 a 19 de abril de 2024 deu a conhecer as mensagens ao Papa Francisco, ao prefeito do Dicastério para os Bispos, cardeal Robert Francis Prevost, ao povo brasileiro e às comunidades católicas, uma novidade da atual assembleia. Carta ao Papa Francisco Segundo o arcebispo de Brasília, cardeal Paulo Cezar Costa, a carta ao Papa Francisco “é uma saudação ao Santo Padre, manifestação da nossa comunhão com ele e também os temas gerais da assembleia e um agradecimento ao Papa pela riqueza de seu pontificado, aquilo que ele propõe à Igreja nesse momento”. Igualmente, o cardeal destacou na carta, que é privada, “a preocupação do Papa com as grandes questões que envolvem à humanidade hoje, a questão da paz, a questão da justiça, a questão das migrações e das pessoas que morrem no mar”. Mensagem às comunidades católicas Pela primeira vez se faz uma mensagem da Assembleia às comunidades católicas, enfatizou o arcebispo de São Paulo, cardeal Pedro Odilo Scherer, que trata da vida das comunidades. A mensagem inicia agradecendo “por tudo aquilo que de bom e belo existe para a missão”, por tudo o que é vivido e realizado nas comunidades. Igualmente o texto ressalta a santidade, com um número de “processos de beatificação e canonização como nunca houve antes”. A carta dirige uma palavra de encorajamento sobre algumas questões, tendo como pano de fundo a sinodalidade: o diálogo, o respeito pelos outros, saber divergir sem brigar, insistindo em que “nossa fé não deve dividir, mas deve ser um elemento que ajuda a criar comunidade”. Igualmente ressalta a necessária comunhão com o Papa e com os bispos e o convite a não desanimar diante das dificuldades presentes, e à participação ativa na vida das comunidades e da sociedade. Finalmente, um chamado a se preparar para o Jubileu 2025. Uma carta que pretende “encorajar, orientar, apoiar, respaldar a nosso povo católico”, enfatizou dom Odilo. Carta ao prefeito do Dicastério dos bispos Sobre a carta ao prefeito do Dicastério dos Bispos, o arcebispo de Rio de Janeiro, cardeal Orani Tempesta, disse que é uma carta reservada ao cardeal Prevost, que trata sobre o que está sendo feito na 61ª Assembleia Geral da CNBB, “coloca os problemas que nós estamos enfrentando enquanto Igreja no Brasil, coloca as soluções que a nossa assembleia está propondo”. Igualmente a carta agradece ao prefeito pelas indicações ao Santo Padre para as 20 nomeações episcopais para a Igreja do Brasil desde a última assembleia. Mensagem ao Povo brasileiro A Mensagem ao Povo Brasileiro (baixe a íntegra), “um texto em certo sentido longo”, segundo o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, dada “a necessidade de abordarmos alguns elementos importantes”, que pretende ser uma mensagem de esperança, de futuro, da realidade política e climática, que aborda as eleições que se aproximam, lembrando os 60 anos de início da Ditadura e incentivando a cuidar a democracia, a violência no país, as guerras. Dom Leonardo pediu a ajuda dos meios de comunicação para que essa mensagem chegue e ajude diante da situação de tensão, de conflitos, de muita violência que a sociedade brasileira vive, provocada pelas drogas, as fações e as palavras. Uma mensagem que faz um chamado à paz, também na floresta, para os povos indígenas, ameaçados pelo Marco Temporal. O cardeal insistiu em que essa mensagem que quer levar paz e esperança, e desarmar os ânimos “nem todo mundo lê como deveria ler”, em vista de fazer a convivência social mais importante.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Assembleia Geral da CNBB conhece o trabalho da Igreja numa Amazônia “tomada pelos agrotóxicos e pelo mercúrio”

A Amazônia se fez presente na plenária da 61ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que está sendo realizada em Aparecida (SP) de 10 a 19 de abril de 2024. Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) y Comissão Especial para a Amazônia, mostraram o trabalho missionário da Igreja amazônica numa região que “nos questiona todos os dias!”, segundo o bispo de Roraima e presidente da REPAM-Brasil, dom Evaristo Pascoal Spengler. Ele denunciou a destruição da Amazônia, consequência das tensões existentes e das “violações históricas e estruturais de direitos humanos e dos direitos da natureza”, consequência do “paradigma tecnocrático e consumista que assola nossas vidas, sufoca a natureza e nos deixa sem uma existência verdadeiramente digna”, da ganância. O bispo relatou situações presentes na Amazônia: seca, realidade dos povos indígenas, incidindo na situação dos Yanomami, sofrimento dos diversos povos, o narcogarimpo, a violência no campo, nas águas e nas florestas, demarcação das terras indígenas, desmatamento, falta de consulta livre prévia e informada, grandes empreendimentos, numa Amazônia que “está tomada pelos agrotóxicos e pelo mercúrio”. Uma realidade que foi levada em novembro de 2023 a 13 ministérios do Governo Federal, ao Poder Judiciário e ao Ministério Público, em Brasília. Uma realidade que deve estar presente na COP 30, a ser realizada em novembro de 2025 em Belém do Pará. Diante disso, a a REPAM-Brasil pede “uma Igreja unida e caminhando com os povos da Amazônia”, saudando a esperança que chega desde a Amazônia.   A Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) nasceu a partir das propostas que aparecem no Documento Final do Sínodo para a Amazônia, segundo apresentou o bispo auxiliar de Manaus e vice-presidente da CEAMA, Dom Zenildo Lima. O Papa Francisco sugeriu que o organismo episcopal, proposta na assembleia sinodal, se concretizasse numa conferência eclesial, cujos estatutos foram aprovados com rapidez pelo Santo Padre, que tem apostado muito nessa conferência eclesial, dado que “ela aponta para aquilo que é um futuro viável da Igreja, estruturas sinodais’ O Bispo apresentou aquilo que poderia ser definido como “uma Igreja sinodal com rosto amazônico”, sua missão, que é  “promover a sinodalidade e a pastoral de conjunto entre as Igrejas do território, fomentar a interculturalidade da fé, ajudar a delinear o rosto amazônico da Igreja e propiciar a tarefa de encontrar novos caminhos para a missão evangelizadora incorporando a proposta da ecologia integral e fortalecendo assim a fisionomia da Igreja na região”. Da CEAMA fazem parte as 103 circunscrições eclesiásticas na Pan-Amazônia,   O arcebispo de São Luís do Maranhão e presidente da Comissão para a Amazônia, dom Gilberto Pastana partilhou com os participantes da 61ª Assembleia Geral da CNBB, “um pouco de nossa triste e cruel realidade, a partir da escuta do Clamor dos Povos da Amazônia e da Natureza”. Lembrando a importância do Encontro de Santarém em 1972 e sua proposta de encarnação na realidade, ele denunciou que “os povos amazônidas continuam a ser desrespeitados em um dos seus direitos mais básicos: a autodeterminação”, criticando os “projetos de desenvolvimento” que continuamente querem ser impostos na região, que “acarretam impactos desastrosos na Natureza e nos habitantes da região”. Dom Gilberto Pastana ressaltou a necessidade da escuta dos clamores que da Amazônia, inclusive de uma natureza que é sujeito de direitos, mas cada vez é mais destruída, o que demanda superar a visão antropocêntrica utilitária está superada, que submete os recursos e coloca em risco a própria humanidade. Um caminho defendido pela Laudato Si´, “a Encíclica mais lida na História da humanidade”. Por isso, a Comissão Especial para a Amazônia apoia “a luta pela autodeterminação dos povos da floresta; pela demarcação dos territórios; pela consulta prévia sobre os projetos que lhes atingem, e pelo reconhecimento dos direitos da Natureza”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1