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Dia: 23 de maio de 2024

“O tempo do higienismo social já passou”, denuncia Dom Hudson Ribeiro após ação da Prefeitura de Manaus contra a população de rua

Que os direitos da população de rua sejam respeitados é uma preocupação da Pastoral do Povo de Rua da arquidiocese de Manaus, segundo dom Hudson Ribeiro, bispo auxiliar de Manaus, que denunciou as ações de retirada de pertences, destruição de lugares de dormida, levar documentos, fatos acontecidos nesta quinta-feira, 23 de maio, na Praça dos Remédios, Centro de Manaus, insistindo em que a Igreja de Manaus “não pode permitir que isso volte a acontecer”. Segundo o bispo auxiliar, em entrevista à Rádio Rio Mar, “são ações constantes, que vem acontecendo com uma grande quantidade de policiais”, uma ação similar aconteceu no dia 14 de maio, denunciando o modo em que a operação da Prefeitura de Manaus foi feita, que não respeita as políticas públicas voltadas para a população de rua. É a quarta ação desse gênero, segundo o bispo, “existe uma insistência em continuar com esse tipo de ação. Hoje foi mais uma delas”. As pessoas que vivem em situação de rua afirmaram que essas ações conduzidas por secretarias da Prefeitura de Manaus com o suporte da Polícia Militar e da Guarda Municipal, estão se tornando constantes no Centro de Manaus. Essas ações têm provocado que pessoas que vivem em situação de rua, assustados e com receio, tenham procurado outros lugares, sobretudo para dormir. Uma pessoa que vive em situação de rua, que já está nessa situação há 13 anos, disse que os policiais chegaram derrubando tudo, questionando a presença de tantos policiais na operação, e perguntando por que não chegaram falando normal. Segundo a mulher, os policiais levaram até os pratos, “e a gente come aí”, disse com pesar. Outro homem em situação de rua, falando da operação realizada no dia 14 de maio, disse que “as pessoas mais atingidas foram os moradores da até então conhecida por eles como Cracolândia, que é onde os usuários utilizam as drogas mais pesadas e que apresentam maior risco a segurança”. Outros pequenos vendedores ambulantes no entorno da feira da Manaus Moderna denunciaram que seus pertences de vendas, carrinhos e produtos, foram apreendidos. Dom Hudson Ribeiro insiste em “não permitir com que direitos humanos sejam violados, as pessoas não podem ser retiradas se elas não tiverem um lugar onde serem abrigadas, se não tiverem condições de poder estar ali, que seus pertences não podem ser retirados, e que nas praças e lugares públicos, as pessoas têm direito de ir e vir, porque a Constituição permite isso, e elas não podem ser ceceadas desses direitos que são direitos básicos”, afirmando que “o tempo do higienismo social já passou”. Segundo o bispo auxiliar, “são mulheres e homens que tentam sobreviver com o pouco que adquirem para vender e têm seus meios de sustento confiscados”. A Pastoral do Povo de Rua se fez presente no local e denunciou os fatos acontecidos, “para evitar que situações piores possam vir a acontecer”, segundo o bispo auxiliar da arquidiocese de Manaus. Dizendo respeitar as ações da Prefeitura de Manaus com relação ao reordenamento do Centro de Manaus, ele denunciou que se faz necessário que o poder público entenda que nesses espaços existem pessoas e que “as pessoas são mais importantes do que monumentos e que é preciso que as políticas públicas voltadas para a população de rua, de fato sejam pactuadas entre as secretarias do campo, em vista da ação, e não sejam ações separadas, onde um não sabe o que o outro faz, onde a sociedade civil organizada também não é comunicada para poder acompanhar, e as coisas acabam acontecendo na calada da noite”. “A população de rua anda muito assustada, se sente ameaçada, e a Igreja precisa estar do lado daqueles que realmente precisam que alguém possa ajudar a falar com eles e por eles”, sublinhou o bispo auxiliar de Manaus. Dom Hudson Ribeiro denunciou a falta de diálogo entre as próprias secretarias da Prefeitura de Manaus, “para pensar e evitar com que esse tipo de situação possa vir a ocorrer”, questionando quem tem ordenado essas ações. Ele perguntou onde está o Ministério Público diante dessa situação, para exigir que os direitos das pessoas sejam respeitados e efetivados. Francilene Carneiro, assistente social da Comunidade Nova e Eterna Aliança, destaca o trabalho de escuta que é realizado com a população de rua, buscando assim conhecer as demandas dessas pessoas. Ela insiste na necessidade de um plano de ação por parte da Prefeitura de Manaus, “porque não adianta chegar na praça e destruir uma casa, porque por mais que seja um papelão, mas é a moradia dele”. Ao mesmo tempo questionou que o direito de ir e vir não é garantido para todas as pessoas, perguntando para onde levar as pessoas em situação de rua. Os organismos que acompanham a população de rua em Manaus pedem acompanhar as reuniões em que a Prefeitura de Manaus decide os passos a serem dados com essa população. A arquidiocese de Manaus a través da Pastoral do Povo de Rua, segundo Josilene Lustosa, assistente social da Pastoral, oferece diariamente café da manhã, serviço se banho, acolhida assistencial e encaminhamentos/acompanhamentos a outros órgãos em vista de resgate e promoção da dignidade deles. Ela denunciou a situação dos abrigos da Prefeitura de Manaus. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Milagre na Amazônia leva a canonização do fundador dos Missionários e Missionárias da Consolata

Papa Francisco aprovou na manhã deste 23 de maio o decreto que leva à canonização do Bem-Aventurado José Allamano, a quem se atribui o milagre da cura do indígena Sorino Yanomami, na Terra Indígena Yanomami, em Roraima Na manhã desta quarta-feira, 23 de maio, o Papa Francisco recebeu o cardeal Marcelo Semeraro, Prefeito do Dicastério da Causa dos Santos, e autorizou a publicação do decreto que leva a canonização do bem-aventurado José Allamano, fundador dos missionários e missionárias da Consolata. Na audiência também foram aprovados os decretos de canonização do jovem Carlos Acutis e de um grupo de franciscanos martirizados na Síria, de beatificação de um missionário do Precioso Sangue e dois mártires da Polônia e Hungria. No mesmo ato foram reconhecidas as virtudes heróicas de três servos de Deus da Itália e Espanha.   Milagre Os missionários da Consolata chegaram à Amazônia em 1948, justamente em Roraima, na região norte do Brasil que faz fronteiras com Venezuela e Guiana. Desde o princípio estiveram dedicados ao acompanhamento das comunidades desse território e fazendo paulatinamento uma opção preferencial pelos povos indígenas das atuais Terras Indígenas Raposa-Serra do Sol e Yanomami. Foi justamente na Terra Indígena Yanomami, a partir da missão na região Catrimani, onde os missionários e missionárias da Consolata tem uma presença efetiva e significativa desde 1965, onde vive o indígena Sorino Yanomami, que foi curado milagrosamente. No dia 7 de fevereiro de 1996, no primeiro dia da novena ao Bem-Aventurado José Allamano, o indígena Sorino, com 40 anos de idade, foi atacado por uma onça no interior da floresta, colocando em risco sua vida, pois teve parte do cérebro exposto e sendo declarado com poucas chances de sobreviver. Realizando o atendimento inicial à sua saúde na missão Catrimani, tendo que esperar oito horas até que foi transladado em avião ao hospital de Boa Vista, onde foi operado e ingressou a cuidados intensivos. Neste caminho, invocando ao bem-aventurado José Allamano e realizando a novena colocam uma relíquia dele junto à cama de Sorino e ao lado da sua esposa, um grupo de missionárias e missionários o acompanhou nesse caminho. Assim que, contrariando a muitos diagnósticos médicos, Sorino despertou dez dias depois da operação sem problemas neurológicos. No dia 4 de março saiu do hospital e no dia 8 de maio regressou completamente curando ao Catrimani, retomando sua vida normalmente na Terra Indígena Yanomami. A pedido dos missionários e das missionárias da Consolata, o bispo de Roraima, Dom Mário Antônio da Silva, no dia 29 de julho de 2020 nomeou os membros do Tribunal Diocesano para a Causa dos Santos local que estiveram reunidos em Boa Vista de 7 a 15 de março de 2021 estudando a veracidade da cura milagrosa de Sorino Yanomami atribuida a intercessão do Bem-Aventurado José Allamano, e enviando posteriormente as conclusões e relatórios ao Dicastério da Causa dos Santos, no Vaticano. Segundo o padre Luiz Carlos Emer, superior regional dos missionários no Brasil naquele tempo, “a graça recebida pelo indígena Sorino Yanomami, membro de um povo originário de nossa terra brasileira, é muito simbólica e carregada de esperanças para os missionários e para as missionárias da Consolata, que sempre levaram o povo Yanomami no coração e no centro de suas prioridades pastorais e teriam, graças a este milagre concedido a um de seus filhos prediletos, a consolação de ver finalmente seu fundador elevado aos altares. Por isso, convidamos todos a unirem-se em oração à Família Consolata para pedir que esta graça possa ser confirmada e reconhecida pela Igreja”.   José Allamano O padre José Allamano nasceu no dia 21 de janeiro de 1851, em Castelnuovo d’Asti (hoje Castelnuovo Don Bosco), norte da Itália. Educado solidamente nas virtudes humanas e cristãs pela mãe, irmã de São José Cafasso, e pelo próprio Dom Bosco, de quem foi aluno por quatro anos, respondeu à vocação sacerdotal com firmeza e decisão. Ordenado presbítero em 20 de setembro de 1873, foi por sete anos formador e diretor espi­ritual no seminário maior da diocese de Turim. Em 1880 foi nomeado Reitor do Santuário da Consolata, ofício que desem­penhou por 46 anos até a morte. Ali desenvolveu o ministé­rio sacerdotal em todas as dimensões: restaurou completamente e ampliou o santuário, transformando-o num centro vital de devoção mariana e de iniciativas apostólicas. Reabriu e dirigiu o Instituto de Pas­toral (Convitto Ecclesiastico) para os jovens sacerdotes. Empe­nhou-se carinhosamente na formação espiritual, intelectual e pastoral deles. Empreendeu a Causa de Canonização do seu tio José Cafasso. Restituiu grande vigor à casa de retiros espirituais da diocese no santuário de Santo Inácio, em Lanzo. Foi procurado para direção espiritual, confissão e conselho por inumeráveis pes­soas de toda categoria social. Promoveu associações católicas para a formação cristã, deu grande apoio ao trabalho dos leigos empenhados no campo social, editorial e educativo. Para enriquecer a  Igreja com a nota essencial da missionariedade, em 1901 fundou o Instituto dos Missionários e em 1910 o das Missionárias da Consolata, para a missão na África. A eles, embora continuasse seus numerosos empenhos diocesanos, dedicou os principais cuidados, formando-os àquele espírito que ele sabia ter recebido de Deus. Morreu santamente no dia 16 de fevereiro de 1926, em Turim, junto ao Santuário da Consolata. Foi beatificado pelo Papa João Paulo II, a 7 de outubro de 1990. A festa litúrgica do Bem-Aventurado José Allamano celebra-se no dia 16 de fevereiro. Com o atual milagre atribuído a sua intercessão neste dia 23 de maio, o papa Francisco informa que em breve convocará o Consistório para a cerimônia de canonização.   Por Julio Caldeira IMC – Com informações de Consolata América e VaticanNews

O Espírito não pode ficar preso no sambódromo

Não é fácil juntar oitenta mil pessoas, um número importante, mas que só representa pouco mais de seis por cento daqueles que se declaram católicos na arquidiocese de Manaus. A Festa de Pentecostes, a Festa do Espírito Santo é um momento importante na vida das comunidades da Igreja de Manaus, mas o desafio é que esse momento seja mais do que um evento, que se torne parte de um processo que leve aos católicos a assumir sua condição de enviados e enviadas com a força do Espírito Santo para anunciar o Evangelho. Nessa grande festa, que encheu de alegria o coração de muitos daqueles que se fizeram presentes, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, refletiu na homilia sobre a riqueza da Igreja católica nas vocações, nos ministérios, nos serviços, nas pastorais, “tudo sendo alimentados, revigorados, fortalecidos pelo Espírito”, que vai suscitando ministérios. Ele fez um chamado a ter na arquidiocese de Manaus o ministério da missão, “em cada comunidade termos irmãos e irmãs que levam a Palavra de Deus nas casas, para que a nossa Igreja seja cada vez mais missionária, cada vez mais evangelizadora, empurrada pelo Espírito, atraída pelo Espírito”. Isso porque “a comunidade não é para ela, a comunidade é para os outros”, pedindo “colocar os nossos dons ao serviço”. Esse ministério da missão tem que nos levar àqueles que nos dizemos católicos a pensar em caminhos de missão, lá onde a gente vivencia seu batismo. O grande desafio é conseguir que as pessoas possam descobrir a presença de Jesus em sua vida do dia a dia, que Jesus é alguém que está ao nosso lado sempre, que Deus está no meio das panelas, segundo dizia Santa Teresa D´Avila. Ninguém pode prender Deus ou pensar que Deus só se faz presente em alguns lugares, em alguns momentos. Deus habita a história em todo momento, em todo lugar, em toda circunstância, o desafio é fazer com que cada pessoa possa descobrir essa presença. Daí a importância do nosso testemunho, de assumir a missão como batizados e batizadas, mas também como Igreja. Sem isso, Deus vai continuar preso em determinados momentos, em determinados lugares. A gente vai precisar esperar o tempo passar ou se deslocar num lugar concreto para poder nos encontrarmos com Deus. Isso faz com que a gente esqueça que Deus, através de seu Espírito habita todos os cantos do mundo, Ele está no meio de nós, se faz presente na vida cotidiana, uma afirmação que faz parte da liturgia da Igreja católica, e que deve nos levar como cristãos a ter um olhar diferente, que nos permita enxergar essa presença. Uma Igreja missionária ajuda a entender quem é o Deus Trinitário, esse Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo, esse Deus que se manifesta de diversos modos e que sempre acompanha a vida da humanidade. Quando cada batizado, cada batizada, descobre isso e o testemunha com sua vida, as pessoas vão se interessando em seguir esse Deus que nunca fica preso em nenhum espaço, em nenhum evento, esse Deus que em todo momento e em todo lugar acompanha a vida da humanidade, também a tua e a minha. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar