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Dia: 9 de junho de 2024

Encerrado o Seminário Regional das Pastorais Sociais: Formar lideranças atuantes de forma qualificada na realidade

“A Amizade Social e o compromisso sociopolítico da fé na construção do bem viver dos povos”, foi o tema do Seminário Regional das Pastorais Sociais realizado na Maromba de Manaus de 07 a 09 de junho de 2024, com a participação de 50 representantes das igrejas locais do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Um seminário que tinha como objetivo principal, “contribuir na formação de lideranças para atuarem nas pastorais sociais, organismos e igrejas locais de forma mais qualificada, fortalecendo as mesmas, bem como as iniciativas no cuidado da vida a partir da fraternidade e amizade social”. O Seminário que o Ir. Danilo Bezerra considera “de fundamental importância para nos fortalecer enquanto Regional na luta pela justiça, pela fraternidade, pela solidariedade”. O irmão Marista, que trabalha na diocese de Roraima, destacou a importância de ir para as bases para “trabalhar essa formação sociopolítica”, de ir às ruas, de “ajudar às pessoas a viver de fato o Jesus de Nazaré, a viver de fato o Jesus do Evangelho, aquele Jesus que testemunha a Palavra de Deus, testemunha a amizade, a fraternidade, a justiça e o amor, e ao mesmo tempo anuncia tudo isso e denuncia os opressores”. O religioso, que foi um dos representantes do Regional Norte1 na 6ª Semana Social Brasileira, ajudou, junto aos outros participantes, a ecoar as reflexões desse “Mutirão Nacional pela Vida, por Terra, Teto e Trabalho. O Brasil que queremos: O Bem Viver dos Povos Rumo ao Projeto Popular”, sendo apresentado como as Pastorais Sociais no Regional têm se envolvido e os passos a serem dados daqui para frente, buscando algo concreto que chegue na base. Igualmente, foram colocadas sugestões para construção do Grito dos Excluídos, assim como compromissos a ser levados para as igrejas locais em vista de realizar escolas de Fé e Política e as eleições municipais de 2024. A articuladora das Pastorais Sociais e Organismos no Regional Norte1, Ir. Rosiene Gomes, destacou que “as Pastorais Sociais integram a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil”, considerando de suma importância esses momentos de formação, “para que as lideranças sejam atuantes de forma qualificada na nossa realidade”. A religiosa ressaltou que “em nosso Regional, a Igreja caminha com a disponibilidade desses homens e mulheres que fazem parte, que integram essas pastorais, e são multiplicadores na base”. Falando sobre os desafios, cada vez maiores, a Ir. Rosiene Gomes disse que depois das dificuldades vividas durante a pandemia, “agora estamos tentando fazer com que haja um re-encantamento com esse trabalho que era feito antes, quando as lideranças eram mais ativas, mais comprometidas”, considerando o Seminário como uma forma de “reanimar essa ação evangelizadora, essa ação pastoral que foi ficando aos poucos fria”. Para isso, a religiosa fez um chamado a dar continuidade entre todos e todas a dar continuidade a esse trabalho, “continuar a levar esperança, alegria”, caminhar juntos como lideranças, em vista de uma Igreja com um rosto de alegria, de esperança para todos. O Seminário foi concluído com o encaminhamento de propostas com relação ao trabalho das Pastorais Sociais e Organismos que fazem parte do Regional Norte1. Com relação às eleições municipais do mês de outubro, foi tirado como compromisso que cada igreja local e as Pastorais Sociais contribuam na reflexão nos grupos de base com relação à questão política, em vista de contribuir para eleger pessoas que possam representar aquilo que as pastorais, as dioceses e prelazias trabalham no cuidado e defesa da vida. Igualmente foi incentivado o trabalho em rede das diversas pastorais e organismos, preparando a celebração do Jubileu 2025, algo que será abordado na Assembleia Regional Norte1 no mês de setembro, em vista da realização de uma grande celebração, tendo presente o Jubileu da Esperança. Nessa perspectiva, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1, cardeal Leonardo Steiner, motivou as Pastorais Sociais para trazer presente algum marco que ajude a ver o tempo do Jubileu como esperança a partir das pastorais e organismos do Regional. Dom Leonardo agradeceu muito a participação de todos, reforçando alguns encaminhamentos feitos durante o Seminário. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo: “Fugimos e nos escondemos da verdade para o entretenimento com o vazio, com o nada”

No 10º Domingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, cardeal Leonardo Steiner iniciou sua reflexão dizendo que “o Evangelho proclamado nos apresenta um caminho: Fazer a vontade de Deus. A vontade de Deus que conduz, renova e restaura a vida humana até à consumação, pois nos integra como irmão e irmãs, como mães”. Segundo dom Leonardo, “a liturgia de hoje nos convoca a celebrar o movimento que nos leva à nossa união originária com Deus, conosco mesmos, com os irmãos, com todas as criaturas, rompida por Adão e Eva no paraíso. A vontade de Deus que Jesus nos apresenta é o início e o retorno à origem da nossa humanidade perdida, pois realização e plenificação da vida, como Jesus que fez a vontade do Pai, até à morte e morte de Cruz”. “O livro do Gênesis, a nos recordar nosso afastamento, nosso escondimento, uma espécie de fuga de Deus. Recorda o rompimento originário, o pecado original. Original porque se apresenta no modo de ser da origem. Origem, o que faz iniciar, que principia, que continua orientando, direcionando, impelindo, em todo o devir, até o seu fim. Original, pois, houve um distanciamento, um rompimento com a Origem de toda a criação: Deus”, sublinho o arcebispo. A primeira leitura, afirmou o presidente do Regional Norte1, “recorda a nossa origem: fomos gerados por Deus, segundo sua imagem e recebemos o sopro da vida divina, abençoados. Papa Francisco, nos ensina que o texto mostra a imensa dignidade da pessoa humana ‘que não é uma coisa, mas alguém’. É capaz de se conhecer, de se possuir e de, livremente, se dar e entrar em comunhão com outras pessoas, com todos os seres. Cada um de nós é fruto de um enamoramento de Deus. Cada um é querido, querida, cada um de nós é amado, amada, cada um é necessário. Graças a essa origem, a existência humana vive de três relações fundamentais, ligadas entre si: Deus, próximo e terra. Recorda, também que, com o pecado, essas três relações vitais foram rompidas e corrompidas. A harmonia entre o criador, a humanidade e toda a criação, foi destruída por termos pretendido ocupar o lugar de Deus, recusando reconhecer-nos como criaturas limitadas (cf. LS, 65-66). Não seguimos a sua vontade: nos apossamos do fruto proibido”. “Adão, o homem, escondeu-se de Deus. Distanciou-se daquele que o gerou, daquele é o Um, o Bem, o único Bem, o Sumo Bem, a Origem”, disse inspirado em Francisco de Assis. “Ao dessintonizar com o desejo amoroso de não experimentar a fruta proibida, o homem não seguiu a vontade de Deus. Assim, dividido, tomado pela vergonha, rompido com Deus, sua origem, foge, se esconde. Foge de si mesmo, do outro e do próprio Criador. Esconde-se e entra em decadência, isto é, perde a cadência, o ritmo de Deus, de sua origem. Perde, também, o ritmo, a cadência das criaturas, desaparece a fraternidade com a obra criada. Em vez de amigas, companheiras, irmãs tornam-se concorrentes e, por vezes, inimigas, visibilizado na serpente do paraíso. Assim, o homem entra num ritmo cada vez mais acelerado e exacerbado para o nada vazio, negativo, aniquilado. Vem a nudez, o distanciamento, a ruína. Aquilo que era um paraíso torna-se um jardim abandonado quando não um deserto de desolação, sem dono e entregue à própria sorte”, destacou, seguindo o dito por Fernandes e Fassini. Segundo ele, “o homem distanciou-se, não permaneceu na cercania do Mistério que o envolvera”. “O homem foge, se esconde, mas Deus busca, procura: ‘depois que Adão comeu da fruta da árvore, o Senhor Deus o chama: ‘Onde estás?’. É o apelo de um Pai que busca o gerado que se distanciou, para que volte ao convívio, ao amor gerativo e vivificador. Deus é fiel a si mesmo, por isso busca aquele que Ele gerara segundo sua imagem e à sua semelhança. Deus oferece o semblante para que ele volte e fique face a face com Ele”, ressaltou o cardeal. “Da busca amorosa de Deus nasce a confissão do homem: eu me escondi!”, segundo Dom Leonado. Ele disse que “Santo Agostinho nas suas ‘Confissões’, re-conhece a miséria da própria vida vivida como fuga, mas na busca que Deus faz do pecador, irrompe o louvor ao Deus misericordioso que sempre o buscou: também no pecado me procuravas! A confissão, assim, tem o sentido de começo do retorno, início do caminho para o Mistério de sua origem”. Falando sobre a realidade atual, o cardeal afirmou que “hoje, vivemos de modo cada vez mais acelerado e agitado. E, no deserto que criamos para nós mesmos, temos medo e fugimos da própria sombra, das próprias pegadas. Assim, sem jovialidade, sem alegria contida e prazerosa, para com a riqueza da finitude, fugimos para um infinito ilusório, sem comunhão com nada e com ninguém: o infinito do produzir e consumir, do cobiçar e conquistar de qualquer jeito e a qualquer custo; do angariar méritos, do obter riquezas, poderes e glórias sem horizonte, nos escondemos até de nós mesmos. Uma ilusão, um engano, um engodo. Fugimos e nos escondemos da verdade para o entretenimento com o vazio, com o nada, a não verdade. Nos damos conta que estamos nus, mas não percebemos que perdemos as vestes da filiação divina, as vestes do amor, da solidariedade, do perdão. Poderá o homem parar de fugir, entrar na sombra do mistério, e aí assentar-se? Eis o desafio que nos persegue desde nossa queda originária!”, disse inspirado em Fernandes e Fassini. “O rompimento do homem com sua Origem, a integridade com todo o criado, recebem no Evangelho de Marcos proclamado, uma expressão extraordinária: ‘Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe’. Na vontade de Deus tudo volta à graça originária, tudo se irmana, sintoniza, harmoniza; uma comunhão; visibilização do Reino de Deus: irmão, irmã, mãe!”, afirmou o arcebispo de Manaus. No texto proclamado, Dom Leonardo destacou que “Jesus encontra-se rodeado de seus discípulos e da multidão que…
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