Dom Leonardo: “Atitudes de arrogância, de ambição desmedida, de poder a qualquer custo, não são sinais do Reino”
No 11º Domingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, iniciou sua homilia mostrando “Jesus a visibilizar o mistério do Reino de Deus na dinâmica da semente. A nos ensinar a beleza do Reino de Deus: grão de trigo lançado na terra, o grão de mostarda. A força da semente que germina e dá fruto; a semente pequenina que não se intimida e faz-se árvore”. Segundo o arcebispo, “o desejo de visibilizar a dinâmica e vivacidade do Reino de Deus na parábola é tanta, que não menciona o trabalho do agricultor, a sua luta, a sua semeação, o seu labor com a terra, o seu cultivo, a sua espera. Ele semeia, lança, espalha a semente e depois da vida amadurecida na força e na vivacidade da própria semente, que ele se faz colheita. Colheita porque a semente deixou-se conquistar pela terra, e dela recebeu toda a vida. Tudo para mostrar a autonomia da semente quanto ao seu nasce-morrer, seu morrer-nascer”. Dom Leonardo enfatizou que “a questão essencial não é o que o agricultor faz, mas a dinâmica vital que a semente guarda. Ela deseja vir à vida, deseja nascer, dar folhas, frutos. Ela deseja ser lançada! O resultado final não depende dos esforços e da habilidade do semeador, mas sim do dinamismo da semente que foi lançada, espalhada na terra”. “Somos hoje conquistados, despertados para o mistério de uma força e energia que silenciosamente e despretensiosamente se agita e se movimenta; que alegremente deixa que a terra venha em auxílio e gratamente recebe o cuidado da terra”, disse o arcebispo de Manaus. Segundo ele, “se fossemos ver na transparência de um vaso e na lentidão de uma câmera fotográfica, haveríamos de admirar esse mistério tomando corpo, se corporificando, até chegar o tempo de colheita. E o esparramador de sementes passa pelo campo à espera do milagre e se alegra ao perceber os primeiros sinais de vida da semente a desabrochar e na medida em que cresce e produz fruto, se anima e sente-se acolhido pela terra e pela semente”. “A força e a generosidade do Reino de Deus são como uma semente”, enfatizou o presidente do Regional Norte1 da CNBB. “É dizer o modo, o espírito, o ânimo, a disposição, o acontecer do Reino. E Jesus a nos deixar intuir que o modo, o espírito, que move o Reino de Deus é semelhante à animação da semente lançada na terra”, disse dom Leonardo. Citando Fernandes e Fassini, afirmou que “Não é difícil perceber na semente lançada na terra todo um mistério cheio de vigor, esperança e fé; um processo ininterrupto e repetitivo de morte e vida, vida e morte. Morrer para nascer, crescer, florescer, dar fruto; e, a partir daí, morrer de novo, para nascer de novo; vida que vem da morte, morte que serve à vida. Vida e morte como dois momentos do mesmo mistério. Assim como um pássaro não pode voar com uma asa só, do mesmo modo, o destino da semente só se cumpre conjugando estes dois verbos: morrer-viver. Eis o “como”, a alma, o espírito, a Lei da Terra.” “No Evangelho de hoje, o que importa, o que ilumina é o dinamismo, a vida que a semente guarda. O Reino de Deus, a vida de Deus que foi lançada, esparramada em nós. Pouco importa, pouco depende de nós, quase tudo na benevolência e dinâmica de Deus em nós. É Ele que atua em nós em nosso silêncio existencial, na nossa cotidianidade, quase distraída, no dia a dia, no dia e na noite, na noite e no dia, na ação e no sono, na atenção e desatenção, no tumulto do dia ou na turbulência da história, na imperceptibilidade de nossos sentidos”, destacou o arcebispo de Manaus. Ele disse que “Deus vai transformando o nosso existir, os nossos dias, como a terra faz geminar a semente. O Reino a acontecer, a crescer, a dar furtos e nós, no não saber da ação de Deus. Como é extraordinário o modo de Deus em nós. O Reino verdadeiro, aquele de Deus, a nos transformar e nós, sem o perceber. No apenas do desejo da vida de Deus em nós cresça e dê muito fruto”. “Jesus a nos ensinar que devemos ser dóceis, e afáveis com o reino de Deus, a vida de Deus. Não se trata do rigor, da penitência, do jejum, da busca de resultados, de forçar o tempo de Deus, de nos colocar na busca de metas pessoais, de um projeto pessoal. Tudo apenas na docilidade do Espírito que conduz e faz a história. Tudo na graça da confiança e da serenidade de que o espírito jamais dorme, para ele não há dia e noite, nem noite e dia, apenas o cuidado amoroso a nos tornar à semelhança de Jesus, filhos e filhas de Deus”, ressaltou dom Leonardo. “O Evangelho a nos ensinar o mistério da vida que vem à luz, vem à graça dos olhos, na semente de grão que mais parece um nada. A delicadeza do grão que na sua pequenez é frágil, quase invisível”, destacou, citando o texto evangélico: “a menor de todas as sementes da terra”! Segundo o arcebispo, “pequenina, sem importância, mas cheia de vida! Insignificância, mas semente; uma só, mas semente. Quem apenas olha, vê a semente. Mas o semeador conquistado pela semente nela confia e a lança na terra, sabedor da vida que nela está desejosa de explodir. Lançada na terra ela mostra toda a sua força, vigor, vivacidade e acolhimento”. “A imagem do grão de mostarda a nos abrir os olhos para a simplicidade e pequenez!”, disse, citando o texto de Marcos: “Apesar de ser a mais pequenina de todas as sementes, está cheia de vida e cresce até se tornar ‘a planta mais frondosa do horto’” (Mc 4,32). “É assim o Reino de Deus: uma realidade humanamente pequena e de aparência irrelevante. Para fazer parte dele é preciso ser pobre de coração; não confiar nas próprias capacidades, mas no poder do amor de Deus; não agir para ser importante aos…
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