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Dia: 16 de junho de 2024

Dom Leonardo: “Atitudes de arrogância, de ambição desmedida, de poder a qualquer custo, não são sinais do Reino”

No 11º Domingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, iniciou sua homilia mostrando “Jesus a visibilizar o mistério do Reino de Deus na dinâmica da semente. A nos ensinar a beleza do Reino de Deus: grão de trigo lançado na terra, o grão de mostarda. A força da semente que germina e dá fruto; a semente pequenina que não se intimida e faz-se árvore”. Segundo o arcebispo, “o desejo de visibilizar a dinâmica e vivacidade do Reino de Deus na parábola é tanta, que não menciona o trabalho do agricultor, a sua luta, a sua semeação, o seu labor com a terra, o seu cultivo, a sua espera. Ele semeia, lança, espalha a semente e depois da vida amadurecida na força e na vivacidade da própria semente, que ele se faz colheita. Colheita porque a semente deixou-se conquistar pela terra, e dela recebeu toda a vida. Tudo para mostrar a autonomia da semente quanto ao seu nasce-morrer, seu morrer-nascer”. Dom Leonardo enfatizou que “a questão essencial não é o que o agricultor faz, mas a dinâmica vital que a semente guarda. Ela deseja vir à vida, deseja nascer, dar folhas, frutos. Ela deseja ser lançada! O resultado final não depende dos esforços e da habilidade do semeador, mas sim do dinamismo da semente que foi lançada, espalhada na terra”. “Somos hoje conquistados, despertados para o mistério de uma força e energia que silenciosamente e despretensiosamente se agita e se movimenta; que alegremente deixa que a terra venha em auxílio e gratamente recebe o cuidado da terra”, disse o arcebispo de Manaus. Segundo ele, “se fossemos ver na transparência de um vaso e na lentidão de uma câmera fotográfica, haveríamos de admirar esse mistério tomando corpo, se corporificando, até chegar o tempo de colheita. E o esparramador de sementes passa pelo campo à espera do milagre e se alegra ao perceber os primeiros sinais de vida da semente a desabrochar e na medida em que cresce e produz fruto, se anima e sente-se acolhido pela terra e pela semente”. “A força e a generosidade do Reino de Deus são como uma semente”, enfatizou o presidente do Regional Norte1 da CNBB. “É dizer o modo, o espírito, o ânimo, a disposição, o acontecer do Reino. E Jesus a nos deixar intuir que o modo, o espírito, que move o Reino de Deus é semelhante à animação da semente lançada na terra”, disse dom Leonardo. Citando Fernandes e Fassini, afirmou que “Não é difícil perceber na semente lançada na terra todo um mistério cheio de vigor, esperança e fé; um processo ininterrupto e repetitivo de morte e vida, vida e morte. Morrer para nascer, crescer, florescer, dar fruto; e, a partir daí, morrer de novo, para nascer de novo; vida que vem da morte, morte que serve à vida. Vida e morte como dois momentos do mesmo mistério. Assim como um pássaro não pode voar com uma asa só, do mesmo modo, o destino da semente só se cumpre conjugando estes dois verbos: morrer-viver. Eis o “como”, a alma, o espírito, a Lei da Terra.” “No Evangelho de hoje, o que importa, o que ilumina é o dinamismo, a vida que a semente guarda. O Reino de Deus, a vida de Deus que foi lançada, esparramada em nós. Pouco importa, pouco depende de nós, quase tudo na benevolência e dinâmica de Deus em nós. É Ele que atua em nós em nosso silêncio existencial, na nossa cotidianidade, quase distraída, no dia a dia, no dia e na noite, na noite e no dia, na ação e no sono, na atenção e desatenção, no tumulto do dia ou na turbulência da história, na imperceptibilidade de nossos sentidos”, destacou o arcebispo de Manaus. Ele disse que “Deus vai transformando o nosso existir, os nossos dias, como a terra faz geminar a semente. O Reino a acontecer, a crescer, a dar furtos e nós, no não saber da ação de Deus. Como é extraordinário o modo de Deus em nós. O Reino verdadeiro, aquele de Deus, a nos transformar e nós, sem o perceber. No apenas do desejo da vida de Deus em nós cresça e dê muito fruto”. “Jesus a nos ensinar que devemos ser dóceis, e afáveis com o reino de Deus, a vida de Deus. Não se trata do rigor, da penitência, do jejum, da busca de resultados, de forçar o tempo de Deus, de nos colocar na busca de metas pessoais, de um projeto pessoal. Tudo apenas na docilidade do Espírito que conduz e faz a história. Tudo na graça da confiança e da serenidade de que o espírito jamais dorme, para ele não há dia e noite, nem noite e dia, apenas o cuidado amoroso a nos tornar à semelhança de Jesus, filhos e filhas de Deus”, ressaltou dom Leonardo. “O Evangelho a nos ensinar o mistério da vida que vem à luz, vem à graça dos olhos, na semente de grão que mais parece um nada. A delicadeza do grão que na sua pequenez é frágil, quase invisível”, destacou, citando o texto evangélico: “a menor de todas as sementes da terra”! Segundo o arcebispo, “pequenina, sem importância, mas cheia de vida! Insignificância, mas semente; uma só, mas semente. Quem apenas olha, vê a semente. Mas o semeador conquistado pela semente nela confia e a lança na terra, sabedor da vida que nela está desejosa de explodir. Lançada na terra ela mostra toda a sua força, vigor, vivacidade e acolhimento”. “A imagem do grão de mostarda a nos abrir os olhos para a simplicidade e pequenez!”, disse, citando o texto de Marcos: “Apesar de ser a mais pequenina de todas as sementes, está cheia de vida e cresce até se tornar ‘a planta mais frondosa do horto’” (Mc 4,32). “É assim o Reino de Deus: uma realidade humanamente pequena e de aparência irrelevante. Para fazer parte dele é preciso ser pobre de coração; não confiar nas próprias capacidades, mas no poder do amor de Deus; não agir para ser importante aos…
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Dois novos diáconos na diocese de Coari, para “visibilizar o mistério da vida de Jesus”

A Igreja da Amazônia, que durante muitos anos contou com grande número de missionários chegados de fora da região, vai aumentando seu clero local. A diocese de Coari deu neste sábado 15 de junho de 2024 um passo a mais nessa direção, com a ordenação diaconal de Leonardo Rufino da Silva, que escolheu como lema: “Fala Senhor que teu servo escuta”, e Willian da Silva Aragão, com o lema: “Permanecei no meu amor”. Na presença de familiares, amigos, fiéis da diocese de Coari, a vida religiosa, os colegas seminaristas e os padres, dom Marcos Piatek, bispo diocesano, ordenou na catedral de Sant´ana e São Sebastião, àqueles que nos próximos meses devem ordenados presbíteros. Uma celebração que contou com a presença de dom Zenildo Lima, bispo auxiliar de Manaus, que foi reitor do Seminário São José no tempo em que os novos diáconos realizaram seu processo formativo, e do padre Pedro Cavalcante, atual reitor do Seminário Arquidiocesano de Manaus, onde se formam os seminaristas das nove igrejas locais que fazem parte do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Após a apresentação dos candidatos, o bispo diocesano disse que “nós como Igreja não estamos separados, estamos rezando, vivendo, celebrando em comunhão com toda a Igreja do mundo, com o Papa Francisco, em comunhão com a Igreja do nosso Regional Norte1 da CNBB, em comunhão com a nossa diocese de Coari”, lembrando a caminhada vocacional daqueles que iam ser ordenados diáconos, agradecendo a presença do atual reitor do Seminário São José e de dom Zenildo Lima, que fez a homilia. O bispo auxiliar de Manaus iniciou dizendo que “é sempre a vida de Jesus que nos alegra e é sempre a vida de Jesus que vai se tornando evidente para nós”. Segundo dom Zenildo, “na nossa Igreja, nós experimentamos sinais da vida de Jesus por meio de sinais que a Igreja nos oferece, eu são os sacramentos”, definindo o sacramento da Ordem como aquele que “visibiliza na vida de pessoas, de homens, esse mistério da vida de Jesus”. Segundo o bispo, “porque mergulham neste sacramento da Ordem, na vida deles, eles vão tornar muito evidente, muito visível para o povo de Deus o Mistério Pascal de Jesus”. No tempo do diaconato, primeiro grau do sacramento da Ordem, “eles vão se aprofundar neste sacramento, porque a vocação deles é para o ministério presbiteral”. Lembrando a presença missionária a diocese de Coari durante longos anos, afirmando que “o Evangelho chegou a nós com sotaque”, ele destacou que agora o rosto da Igreja local, “esse rosto vai se fazendo a partir de nós”. Refletindo sobre o fato dos padres ter o mesmo rosto, linguagem, cultura do povo, dom Zenildo insistiu em que quando o povo os procura, procura algo a mais, “a inesgotável presença de Jesus, o povo busca sempre em nós o sagrado,  comunicação da própria presença de Deus”. Uma presença que, segundo o bispo auxiliar de Manaus, “nós comunicamos pela sua Palavra”, algo próprio do ministério do diácono, que ele vê como “grande animador da Palavra nas comunidades”, destacando igualmente seu serviço ao altar, “servidores da presença de Deus que é experimentada toda vez que o povo se reunir para festejar e para celebrar a sua fé”, pedindo zelo, esmero, cuidado, “para que a beleza da nossa celebração, atinja, alcance ao nosso povo e o povo possa exclamar: Deus está perto de nós”. Igualmente, dom Zenildo refletiu sobre a caridade, chamando a “viver de tal modo que as pessoas se sintam cuidadas por nós”. Comentando as leituras, o bispo auxiliar de Manaus destacou, na vocação do profeta Samuel, que “quem diria que no pequeno Samuel, Deus iria responder ao seu povo”, insistindo em que “em alguém tão pequeno, Deus iria romper seu silêncio”, comparando a passagem bíblica com a vida dos novos diáconos, considerando algo bonito que “na história vocacional da gente tenha interlocutores, tenha intermediários”, inclusive através de ferramentas frágeis, refletindo sobre o papel dos padres no acompanhamento do chamado vocacional. Comentando a segunda leitura, na passagem do Livro dos Atos dos Apóstolos, dom Zenildo Lima destacou o papel da comunidade como cuidadora das pessoas mais pobres, das viúvas, que aos poucos deixaram de ser suficientemente cuidadas pela comunidade, definindo o serviço como “o médio privilegiado pelo qual a comunidade consegue romper suas tensões”, vendo o serviço e o cuidado dos pobres como algo que pode ajudar a resolver as diferenças nas comunidades, afirmando que “o serviço dá equilíbrio à vida comunitária”, animando os novos diáconos a ajudar a comunidade a “se abrir a uma dinâmica do cuidado”. O bispo auxiliar ressaltou que o que nos torna capazes de responder a Deus é o amor, não segundo as nossas medidas, e sim “um amor mais profundo, que transcende até as nossas sensibilidades, as nossas sensações, as nossas corporeidades”, refletindo sobre a vida celibatária, em vista de uma vivência mais profunda do amor, homens que “apresentam para nós até onde a profundidade do amor pode chegar”, que leva a agir a partir do outro, pedindo aos novos diáconos que tenham “um espaço que ajuda a sustentar este amor”, evitando a arrogância e se deixar machucar pelas próprias culpas, algo que afasta dos outros presbíteros. Diante disso, ele chamou os novos diáconos a estar unidos ao presbitério da diocese de Coari, em todo momento. No final da celebração foi rezada a oração pelas vocações para a Igreja de Coari, fazendo os novos diáconos seu agradecimento, destacando sua alegria, não só deles, mas de toda a Igreja diocesana de Coari, diante do chamado do Senhor, que “chama porque nos ama e porque cada um de nós é uma escolha de Deus”, que chama “a partir da nossa história, a partir do que somos, a partir da experiência que temos”, mostrando sua disposição a fazer a vontade do Pai. Eles pediram apoio e orações por eles e pelos padres e bispos presentes, “para que todos nós possamos nos manter fieis ao ministério que a Igreja nos confia”, depois de anos de dedicação, estudos…
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