Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Dia: 18 de julho de 2024

Moises Sbardelotto: “Não tem como se pensar uma Igreja sinodal se levar em conta a cultura digital”

Ao longo da história, os processos evangelizadores foram mudando, e hoje eles estão cada vez mais influenciados pelo mundo digital, sendo a cultura digital um elemento que determina os processos evangelizadores. Diante dessa realidade, Moisés Sbardelotto acha que, “ao longo da história, o desafio sempre foi esse, estabelecer o diálogo entre fé e cultura”. Nesse ponto recorda que o Papa Paulo VI dizia que o problema se dá justamente na ruptura atual entre fé e cultura. Uma cultura digitalizada “Hoje também, com a cultura digital, mudam as linguagens, mudam os métodos, mudam os ambientes também de relação, a ponto de o Papa Francisco falar de uma cultura amplamente digitalizada. Ele diz que isso tem efeitos sobre a própria identidade e a relação que as pessoas estabelecem”, afirma Sbardelotto. Segundo o investigador, “nos últimos 30 anos, desde que a internet se disseminou na sociedade em geral, praticamente tudo o que nós fazemos mudou de alguma forma, no campo da política, da saúde, da educação. E é claro que isso vai afetar também a prática religiosa e, neste caso, também o processo de evangelização nas igrejas cristãs”. O desafio, segundo Sbardelotto, está em “tentar entender essas transformações, principalmente tentar entender essa cultura, que traz toda essa mudança, que é muito rápida, muito intensa”. Ele afirma que, “pensando na relação entre a história da Igreja, de milênios, e esta transformação digital que se dá em poucos anos, a gente tem aí um choque cultural muito forte”. Isso faz com que “a Igreja, de um ponto de vista mais institucional, demore a responder a essa nova realidade, mas é fundamental ao menos entender essa nova cultura, porque senão essa divisão entre a fé e a cultura vai aumentar cada vez mais”. Aproximação da Igreja com os ambientes digitais Sbardelotto reconhece que “a Igreja, pelo menos, vem dando passos, conscientes, reflexivos, com muita cautela, mas ao mesmo tempo com muita coragem, no sentido de fazer essa aproximação com os ambientes digitais. A tal ponto que agora, no debate que está se dando em torno ao Sínodo da Sinodalidade, esse é um dos temas centrais, votado inclusive pela Assembleia Sinodal como um foco necessário para a reflexão”. Ele lembra que “já no Relatório de Síntese a cultura digital aparece como algo positivo, como uma dimensão crucial, segundo o Relatório, para a missão da Igreja hoje. Não tem como se pensar uma Igreja sinodal se levar em conta a cultura digital, mas, ao mesmo tempo, surgem algumas problemáticas que essa cultura traz para a própria noção de evangelização”. O professor da PUC Minas define essa cultura como “muito mais efêmera, individualista, em que os vínculos também são muito mais fracos”. Segundo ele, “a noção de autoridade e de comunidade vão entrando em xeque também, e isso vai afetar, é claro, a evangelização”. Escuta, diálogo, para uma Igreja comunidade de comunidades Essa individualidade, essa efemeridade, entra em debate com a sinodalidade e uma Igreja de processos, que fala o Papa Francisco. Isso é considerado por Sbardelotto como um grande desafio, dizendo que o modo como o Sínodo está acontecendo “tem um nível comunicativo, comunicacional, que é chave em tudo isso”. Ele se refere à importância da escuta destacada pelo Papa Francisco, e o método proposto da conversa no Espírito, vendo que “a escuta, o diálogo, a conversa, são processos fundamentais para que a gente possa ser uma Igreja que seja efetivamente seja comunidade de comunidades, e não só de núcleos isolados, que quase já não dialogam mais, e esse é um risco”, afirmando que isso está na Igreja em geral e no Brasil, algo que surge “por questões políticas, por questões até culturais, questões que vão entrando na pauta pública, e o catolicismo vai se pulverizando também. E a gente vai percebendo catolicismos, no plural, que não conseguem entrar mais em diálogo”. Atitudes que Sbardelotto considera “um problema grave, um contratestemunho contra a vocação da Igreja que é ser una, como Jesus mesmo reza na Oração Sacerdotal”. Ele pensa que “tem questões que são cruciais hoje para se pensar a sinodalidade, e a comunicação entra aí, com a importância de pensá-la para além da questão midiática. É a comunicação como processo mesmo, que é fundamental para a relação entre os fiéis, as comunidades e também para poder estabelecer o diálogo com o mundo”. O professor insiste em que, “sem essa comunicação, sem a Igreja se voltar, refletir e entender esses processos de comunicação, a ideia de sinodalidade fica muito frágil, muito aérea”. Voltar às fontes Nessa dinâmica da cultura digital, onde os jovens estão muito mais envolvidos, nos deparamos com o medo da Igreja de dialogar com aquele que é diferente, com a diversidade, um medo que não tem o Papa Francisco, e que demanda que a Igreja perca o medo de dialogar de igual para igual com os jovens, com quem pensa diferente, com aqueles que estão afastados da Igreja, com quem não tem religião ou é de outras religiões. Diante dessa realidade, Sbardelotto pensa na necessidade de “voltar às fontes, voltar à pessoa de Jesus. Não tem como pensar essa abertura à diversidade sem levar em conta a própria missão da Igreja, o modo como ela foi chamada a se constituir na pessoa de Jesus, o modo como ele agia com as pessoas”. Sbardelotto considera que “o problema hoje é que a Igreja, por todo o processo histórico que ela tem, o longo período histórico de vida que ela tem, vai trazendo consigo também certas cristalizações, enrijecimentos, em seus métodos, em suas linguagens”. Segundo ele, “a Igreja, de uma experiência de fé com a pessoa de Jesus, acabou se convertendo muito mais numa instituição religiosa. E uma instituição religiosa que vai tentar sempre defender os seus próprios interesses, seus próprios processos, vai precisar se resguardar para manter uma certa identidade clara, tudo isso que vai acontecendo ao longo da história”. Dialogar com as diferenças “Isso vai impedindo a Igreja de poder dialogar com as várias diferenças, por se basear em certos pressupostos, que vão impedir…
Leia mais

Comunicar e ser compreendidos

Comunicar-se com os outros só é possível quando a gente é compreendido, ainda mais numa sociedade em que poucas vezes o que o outro diz interessa, em que ninguém faz grandes esforços para compreender aquilo que outro quer comunicar. Isso demanda um esforço por aprimorar nossa comunicação e fazer mais compreensível aquilo que estamos transmitindo. O outro dia escutei alguém dizer que “não basta pregar, precisamos ser compreendidos”. Ele questionava como evangelizamos, as linguagens, os modos, ainda mais na sociedade atual, midiatizada pela cultura digital. Foi uma frase que está dando voltas na minha cabeça e que me leva a refletir sobre os passos que devo dar, mas também sobre os passos que devem ser dados na Igreja. No mundo virtual, o controle do outro não existe, ninguém pode ser amarrado, ninguém fica preso. Isso faz com que as pessoas tenham que ser cativadas de um outro modo. A atenção das pessoas nunca poderá ser forçada, se faz necessário encontrar o modo de captar a atenção do outro. Daí a necessidade de melhorar nossa comunicação para que os outros sintam interesse por aquilo que estamos oferecendo. Até que ponto nos preocupamos com nosso modo de comunicar? Sentimos a necessidade de aprimorar nossos processos comunicativos em vista de ser compreendidos por nossos interlocutores? Ser compreendidos se torna uma necessidade ou continuamos pensando que quando o outro não nos entende é culpa dele e nada tem a ver com nosso jeito de fazer as coisas? Diante desses questionamentos somos desafiados a pensar em modos de evangelizar que levem os outros a nos compreender. Devemos pensar nas novas gerações, nos nativos digitais, com um modo de entender a realidade diferente daquele que tem as gerações adultas. Nada diferente daquilo que a Igreja católica fez desde seu nascimento, buscando inculturar uma mensagem que tem percorrido a história da humanidade nos últimos dois mil anos. Para sermos compreendidos nada melhor que usar uma linguagem ao alcance de todos. Um exemplo disso o encontramos no próprio Jesus, entendido por aqueles que caminhavam com Ele, e que usava em sua pregação exemplos que faziam parte da vida do povo. O desafio é falar do Deus que é Mistério na simplicidade de uma linguagem por todos entendida. Será que a gente quer? Será que a gente consegue?   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Secretárias e secretários executivos dos Regionais se encontram em Fortaleza para partilhar experiências entre regionais e a CNBB

As secretárias e secretários executivos dos regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) estão reunidos em Fortaleza (CE), sede do Regional Nordeste1, de 15 a 19 de julho. No encontro participa a secretária executiva do Regional Norte1, Ir. Rose Bertoldo, que lembra que o encontro dos secretários e secretárias acontece anualmente no mês de julho. Este encontro, segundo a secretária executiva do Regional Norte1, “tem como objetivo a partilha das experiências, aquilo que é marcante entre os regionais, bem como também a partilha da CNBB Nacional”, lembrando que no primeiro dia esteve presente o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers, “que conversou com a gente alguns elementos importantes da caminhada da CNBB, bem como uma breve avaliação da Assembleia Geral da CNBB. Também escutou os secretários naquilo que se refere à caminhada dos regionais, aquilo que podemos dar como sugestão, ou também algumas questões que possam melhorar essa caminhada”. Igualmente, participa de todo o encontro o subsecretário adjunto de pastoral da CNBB, padre Jânison de Sá. A religiosa destaca sua contribuição “nesse processo de escuta e de caminhada dos secretários e secretárias em nível nacional a partir de cada regional”. A Ir. Rose Bertoldo faz um agradecimento especial ao secretário executivo do Regional Nordeste1, padre Francisco Alves Magalhães, que organizou e conduziu o encontro, e ao Regional Nordeste1, por toda a organização que o Nordeste1 fez para acolher todos os secretários e secretárias. Igualmente ressalta a peregrinação a Canindé, para vivenciar, aprofundar essa dimensão da religiosidade popular do povo do Nordeste. A religiosa disse ser “muito significativo estar esses dias em Fortaleza, porque eu também faço memória de toda minha história neste chão nordestino por mais de 19 anos. E também renova em mim essa esperança de continuar firme na missão, junto aos mais pobres, nessa região do Norte, mas também do Nordeste do Brasil”. Finalmente, a religiosa destaca “essa integração entre os secretários e secretárias, a convivência, os momentos de estudo, e os momentos também prazerosos de lazer e de confraternização que o Regional Nordeste1 nos proporcionou durante estes dias”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 Fotos: Alex Ferreira – Regional Nordeste1