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Dia: 19 de julho de 2024

Dom Luiz Soares Vieira: Como bispo na Amazônia, “a missão mudou a minha cabeça”

40 anos de bispo, “bastante tempo”, diz dom Luiz Soares Vieira, arcebispo emérito de Manaus, a arquidiocese que pastoreou por 21 anos. Um tempo desafiador, numa cidade aonde cada ano chegavam 40 mil pessoas, mas que a Igreja de Manaus enfrentou com um trabalho comum dos leigos, diáconos, padres e da Vida Religiosa. Padre na diocese de Apucarana, no Paraná, aonde voltou quando ficou emérito, foi bispo na Amazônia, uma missão que mudou bastante sua vida, se empenhando em viver seu lema episcopal: Servir e não ser servido. Ele diz ter aprendido muitos nesses 40 anos de ministério episcopal, promovendo a corresponsabilidade. Um tempo em que partilhou o caminho com bispos que se tornaram “figuras que estão na história”, especialmente nos primeiros anos de bispo, “bispos muito proféticos”. 40 anos de episcopado, muito tempo, né? Bastante tempo, 40 anos de caminhada. Eu estou com 87, quando eu fiquei bispo tinha 47 anos. Fui nomeado bispo no dia do meu aniversário, no dia 2 de maio, como bispo de Macapá. Eu fiquei sete anos e meio lá, foram anos bonitos, muitas comunidades, no interior, ao longo dos rios, nas estradas. Em 1991, o Santo Padre me nomeou para Manaus, e no dia 19 de janeiro de 1992 eu tomei posse. No dia seguinte, era a festa de São Sebastião, foi meu primeiro contato com o povo de Manaus. Foi um tempo bonito mesmo, foram 21 anos. No começo era muito desafiador a situação aqui. Manaus começou a crescer de repente, foi um inchaço da cidade, entravam mais de 40 mil pessoas por ano, vindo do interior, do Pará e do Nordeste. Foi uma época complicada, porque a Igreja não tinha condições. Mas eu encontrei uma grande coisa aqui, dom Clovis, com um grupo de padres, ele fez um projeto de evangelização das periferias envolvendo das paróquias, surgindo as regiões missionárias. Na zona Norte, onde está mais da metade da população hoje, era tudo invasão, o pessoal ia ocupando. Tínhamos uma Irmã Adoradora, a Ir. Helena, que ela foi fabulosa, ela organizou o pessoal, fazia ocupações muito bonitas. Nós fomos enfrentando a situação, os leigos, graças a Deus, padres, os diáconos também Nós recebemos apoio de outras dioceses do Brasil e também as congregações religiosas femininas, erão muitas religiosas. Em 2012, eu estava completando 75 anos, eu apresentei minha renúncia, e logo veio a nomeação de dom Sérgio Castriani. Fiquei muito feliz, porque realmente era o homem mais indicado naquela época para ser arcebispo de Manaus. Eu não quis ficar aqui em Manaus, porque havia muito tempo que eu era arcebispo, 21 anos, e voltei para a diocese onde eu era padre, diocese de Apucarana, no Paraná, e lá eu estou. Fiquei um tempo na catedral, ajudando, e depois fui para uma paróquia do interior com outro padre, e estou lá, vai fazer 10 anos nessa paróquia. Eu só tenho a agradecer a Deus esse tempo. No domingo, nosso cardeal, dom Leonardo, ele promoveu a missa para lembrar meus 40 anos de episcopado, fiquei muito feliz de reencontrar aos padres, os dois bispos auxiliares, fui eu que ordenei presbíteros, e muitos conhecidos, muitos amigos. Tudo isso ajuda a gente a se alegrar e a agradecer a Deus por tudo o que Ele realizou. O senhor era padre no Paraná e foi bispo na Amazônia, o que mudou em sua vida o episcopado e a Amazônia? Mudou bastante, a missão muda a gente. Eu quando fui para Macapá, o Brasil é muito diferente, cultura, os costumes, a visão da vida. Para mim foi uma benção, eu mudei muito, a missão mudou a minha cabeça. Aí comecei a perceber aquilo que muitas vezes aquilo que mereceu minha atenção, não era mais importante, fui descobrindo o que era realmente essencial e importante na vida cristã, na vida da Igreja, e principalmente na vida de bispo. Quando fui nomeado, eu pensei, o que é que eu vou fazer? Lembrei de Jesus que diz que ele veio não para ser servido, mas para servir e dar a vida por muitos. E falei, olha, é isso que eu vou fazer, como Jesus quis e que todo cristão deve fazer. Então, meu lema de bispo é justamente isso: Servir e não ser servido. Isso tem me orientado a vida afora, eu agradeço muito a Deus ter vindo para cá, primeiramente Macapá, depois esse desafio de Manaus, gostei da missão, ela mudou minha vida. Se pudesse voltar 40 anos atrás, o que o senhor não faria de tudo o que fez como bispo? A gente fez muita bobagem, até a gente ser trabalhado pelo Espírito Santo. As vezes a gente não tomava as medidas que devia tomar, mais passado é passado, tudo faz parte da vida, o acerto e desacerto, e aprendi muito, mesmo com os erros do passado. De tudo o que o senhor fez nos 40 anos de bispo, o que pensa que foi mais importante, o que não deixaria de fazer? Naquela época em que fiquei bispo, se falava muito de a gente fazer um panejamento participativo, chamar à participação nas linhas de pastoral, no que se deveria realizar. A gente falava muito da corresponsabilidade, da gente envolver realmente. Já em Macapá, eu parti para isto, e quando vim para Manaus, vi a necessidade de continuar o trabalho dos bispos anteriores, principalmente esse trabalho de evangelização das periferias, que era um projeto de dom Clovis Frainer. Aí, eu comecei a envolver nossa pastoral com esse planejamento participativo, que hoje é sinodal, que é outro termo. Nas nossas assembleias, que a gente realizava de dois em dois anos, levava um ano, a gente consultava as bases, nas comunidades, nas paróquias, chagava até nossa coordenação pastoral, a gente fazia tabulação, mandava de volta, novamente discutiam nas bases, aí vinha para nós, redigia, e mandava novamente para as bases. Aí a assembleia era mais celebrativa, porque a assembleia já tinha sido realizada, nesse processo de fazer todo mundo participar, a maior parte do pessoal participava. Isso foi muito bom,…
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Encontro Nacional de Atualização para Formadores conta com participação de representantes do Regional Norte1

Está sendo realizado em Belo Horizonte (MG), de 15 a 19 de julho, o Encontro Nacional de Atualização para Formadores, promovido pela Organização dos Seminários e Institutos do Brasil (OSIB Nacional), vinculada à Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada (Cmovic) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Com o tema “Formação presbiteral: uma perspectiva sinodal-missionária”, busca oferecer um momento de estudo, partilha de experiências e vivência sinodal como formadores dos futuros presbíteros. Do encontro participam o reitor e vice-reitor do Seminário São José de Manaus, padre Pedro Cavalcante e padre Alcimar Araújo, e o reitor do Seminário Propedêutico da diocese de Borba, padre Rodrigo Bruce. Um encontro que o padre Alcimar Araújo considera “muito importante para nós porque estamos iniciando nosso trabalho no Seminário São José e em certa forma estamos ainda engatinhando nessa tarefa tão importante na formação dos padres para Manaus e para a Amazônia”.  O encontro conta com a assessoria do arcebispo de Goiânia e primeiro vice-presidente da CNBB, dom João Justino de Medeiros Silva, “que retomou o Documento 110 da CNBB, que, ainda não o conhecemos profundamente”, lembrou o vice-reitor do Seminário São José. Foi dado muita ênfase à missão, pois “em verdade, a formação tem que estar sempre em chave missionária”, o que segundo o padre Alcimar, “é muito importante para justamente, a gente ajudar os seminaristas a entenderem que são missão, e estão em nome da Igreja, em nome de Cristo, e devem continuar a evangelização, devem continuar o projeto de Jesus. Isso nos ajuda a ter um norte, mas também percebemos a nossa fragilidade e que precisamos continuar estudando e conhecendo bem aquilo que a Igreja do Brasil oferece como diretrizes para a formação dos nossos seminaristas”. Igualmente, ele destaca os momentos de troca de experiências, que ajudam a melhorar o que é feito, em vista de “um horizonte cada vez mais missionário e profético para a formação do Seminário”, destacou o padre Alcimar. Ele colocou as redes sociais como uma dificuldade, pela “ligação dos seminaristas com as redes sociais, e através delas muitas vezes também tem os formadores paralelos, que falam coisas diferentes daquilo que as Diretrizes da Igreja do Brasil apresentam para o Seminário, uma preocupação que apareceu em todos os grupos”. Igualmente, foi falado sobre “os formadores paralelos do próprio clero, que muitas vezes enchem a cabeça e o coração dos seminaristas com outras ideias que quebram a comunhão formativa”. Ao longo do encontro foi abordada a dimensão profética, a dimensão da Doutrina Social da Igreja, a necessidade de voltar às bases, botar o pé no chão, de ter uma Igreja missionária e profética, o que o vice-reitor do Seminário de Manaus considera fundamental. Isso, “porque há uma centralidade nas rendas, nos panos, na liturgia, enquanto aquilo que se apresenta como uma característica da beleza, mas não da beleza do Mistério, não da beleza do celebrado, mas a centralidade no padre, o clericalismo”. Igualmente foi refletido sobre o trato que os padres têm com os leigos e leigas, o que provoca muitas reclamações nas dioceses, fazendo um chamado para a “consciência dos formadores de que é preciso trabalhar isso na formação dos seminaristas”. O padre Alcimar disse ter sido muito importante, “porque nós não fomos devidamente preparados para assumir o seminário. Levou-se em conta a nossa experiência, a nossa caminhada, mas é necessário ter um maior conhecimento das Diretrizes, das experiências existentes”. Diante disso, ele insistiu em que “isso me desafio a conhecer mais, a me aprofundar mais, a me dedicar mais ao Seminário para que eu possa responder esses desafios como formador dos teólogos, que apareceram neste encontro”. Um encontro que ele considera “muito bom e útil, me ajudou e me desafiou para continuar esse caminho”. “A experiência ganhada aqui, ouvindo o relato de outros formadores me ajuda a compreender melhor os meus formandos”, disse o reitor do Seminário Propedêutico da diocese de Borba, padre Rodrigo Bruce. “Temos que que ser mais próximos deles, estar mais próximos deles, e assim encaminhá-los cada vez mais nesse caminho de discernimento até o sacerdócio”, enfatizou. “A experiência tem sido incrível, a gente tem escutado relatos de outros reitores, que nos ajudam muito e nos confortam, ao ponto de nos dizer, você não está só, estamos com você nessa luta, nessa labuta de trabalho. O encontro tem sido esse gerador de conhecimento, principalmente para mim que sou padre recente e acabei de assumir o Seminário Propedêutico na diocese de Borba”. Ele vê encontro como “uma experiência de uma profundidade muito grande que com certeza vai me ajudar, não só no Seminário, mas também lidar com o povo de Deus e assim ser esse exemplo para nossos seminaristas”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Diocese de São Gabriel da Cachoeira se solidariza com seu bispo emérito, dom Edson Damian, pela Páscoa de seu pai

A diocese de São Gabriel da Cachoeira, em carta assinada pelo seu bispo, dom Raimundo Vanthuy Neto, mostrou sua solidariedade ao bispo emérito, dom Edson Damian, diante do falecimento de seu pai, o Sr. Jerônimo Damian, acontecido neste 19 de julho, aos 102 anos, em Jaguari (RS). Segundo dom Vanthuy, “A Páscoa do Sr. Jerônimo, é acolhida por nós como desígnio de Deus no mistério de seu amor”, lembrando que “Não nascemos para morrer, mas morremos para ressuscitar”. O bispo da diocese de São Gabriel da Cachoeira disse que “O Sr. Jerônimo entra na história dos homens bons que o Senhor concedeu na sua graça por longos dias e lhe mostrou a sua salvação”. Ao bispo emérito e seus familiares, em nome da diocese de São Gabriel da Cachoeira, lhes envia seu “abraço de comunhão e prece”. O texto da carta afirma que “com as lágrimas e mergulhados no mistério da morte, nós queremos como povo do rio Negro, 0velhas da parte do rebanho do Senhor, que cuidastes nestes últimos 16 anos como bispo e pastor, ficar perto do senhor nesta noite de vigília e amanhã no sepultamento”. Igualmente querem se “associar ao canto de gratidão ao Deus da vida pelo dom do bem viver de seu pai, senhor Jerônimo; sabemos que ecoa em vossos corações tais cantar de gratidão”. As comunidades da diocese irão celebrar neste final de semana “a memória pascal do nosso amado e mestre Nosso Senhor Jesus Cristo, trazendo-o muito perto dom Edson, familiares… e na comunhão dos discípulos do ressuscitado oferecermos a Deus nossa prece e sufrágio pelo Sr. Jerônimo, seu bom Papai”. Finalmente, dom Vanthuy envia o abraço da Igreja do Rio Negro, dizendo que “rezaremos por ti e os seus”.  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1