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Dia: 23 de agosto de 2024

Dom Tadeu: Em Itacoatiara, “a gente vai para somar, com as pessoas que estão aí, nessa perspectiva de ser uma Igreja sinodal”

No dia 22 de agosto de 2024, o Papa Francisco nomeou dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos novo bispo da prelazia de Itacoatiara. Durante sete anos e meio foi bispo auxiliar de Manaus, que diz ter sido uma escola para se inserir dentro da Igreja na Amazônia, para sentir o cheiro das ovelhas, tendo como prioridade a família, os jovens e os padres. Em sua nova missão na prelazia de Itacoatiara vê como desafio a questão das vocações, e para isso destaca a importância da Iniciação à vida Cristã e de acompanhar os jovens. Para a Igreja de Manaus, ele deixa uma mensagem de gratidão, “me senti realmente em casa”, afirma. Em Itacoatiara, “a gente vai para somar, com as pessoas que estão aí, com as lideranças, sobretudo com os padres que aí se encontram, nessa perspectiva de ser uma Igreja sinodal, uma Igreja de comunhão, participação e a missão que se desenvolve para que realmente o Reino de Deus aconteça”. Depois de sete anos e meio como bispo auxiliar de Manaus, o Papa Francisco acaba de lhe nomear bispo da prelazia de Itacoatiara. Qual a leitura que o senhor faz desse tempo que tem servido na arquidiocese de Manaus? É impressionante essa experiência como bispo auxiliar, verdadeiramente é uma escola, porque a gente, por mais que tenha formação, nunca está preparado para ser bispo. Esse período que eu estive aqui na arquidiocese me ajudou muito, primeiro a me inserir dentro da Igreja na Amazônia, de conhecer profundamente, porque eu venho de uma outra realidade. E depois, também conhecer a dinâmica de como é que é viver como bispo, atuar como bispo. O senhor fala que aprendeu a ser bispo, o que aprendeu nesse tempo? Perceber exatamente o que é que significa ser um pastor, e sobretudo agora, nessa perspectiva, nesse ensinamento do Papa Francisco, com o cheiro das ovelhas, que significa realmente estar nos meios populares, estar mais inserido no meio do povo. O pessoal, quando eu cheguei, me perguntava quais erão minhas prioridades, e eu continuo ainda com elas, que é exatamente, a família, os jovens e os nossos padres. Agora que inicia um novo caminho na prelazia de Itacoatiara, quais podem ser os maiores desafios a enfrentar? Na realidade da prelazia, a questão das vocações. Nós temos um clero bastante pouco, ainda contamos com muitos padres vindos de fora, que tem o seu tempo, tem o seu prazo, e falta exatamente fazer crescer as vocações, e não simplesmente para o âmbito sacerdotal, mas também não temos nenhum diácono, a Vida Religiosa, que a gente precisa dinamizar mais, e a vocação para o matrimonio. O senhor afirma que entre suas prioridades está a família e os jovens, âmbitos onde a vocações são cultivadas. Quais os passos a ser dados nas famílias, entre as juventudes, para que essas vocações possam aflorar? Na perspectiva da vida de família, ajudar os novos casais, os jovens também, a se despertar para uma vida matrimonial que realmente aposta nesse projeto de vida, E daí exatamente a questão da fecundidade, da geração de novos filhos, esse cuidado que se tem de como passar a fé aos filhos, essa experiência que se dá também na comunidade. E para isso tem ajudado muito na nossa Igreja aqui, o processo de Iniciação à Vida Cristã a partir das famílias. Sobretudo como acompanhar mais os grupos de jovens, fomentar mais esses grupos a partir da experiência das pequenas comunidades onde estão inseridos e onde realmente pode despertar as vocações. Agora que já está próxima sua saída da arquidiocese de Manaus. Qual a mensagem que o senhor deixaria para o povo da arquidiocese? Uma coisa muito clara é agradecer, agradecer todo tipo de acolhida que eu tive, a experiência da convivência com dom Sérgio, um homem com quem aprendi muito. Também a questão da renúncia, sobretudo pelo limite da saúde em que ele viveu pela doença que o consumiu depois até os últimos dias da sua vida. Mas exatamente, a minha mensagem é de gratidão, de gratidão exatamente porque a Igreja aqui de Manaus é muito viva, nos acolheu de uma maneira muito excepcional e nessa acolhida, eu me senti realmente em casa, pela circunstância das relações que foram se criando e os trabalhos que foi desenvolvendo, e ao mesmo tempo conhecendo e se dando a conhecer as diversas realidades que nós temos. Desde as comunidades ribeirinhas mais distantes até o grande centro, aquilo que desafia hoje a nossa cidade de Manaus. E ao povo de Itacoatiara que já lhe espera como seu pastor, qual a mensagem que quer enviar? Em primeiro lugar, estou não para começar algo novo, mas dar continuidade. Nós temos a presença de pelo menos cinco prelados que antecederam a minha presença, e que construíram a Igreja de Itacoatiara, e levaram para frente. Alguns que contribuíram em uma área e outros que contribuíram em outra área. A gente vai para somar, com as pessoas que estão aí, com as lideranças, sobretudo com os padres que aí se encontram, nessa perspectiva de ser uma Igreja sinodal, uma Igreja de comunhão, participação e a missão que se desenvolve para que realmente o Reino de Deus aconteça. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Igreja na Amazônia: compromisso para avançar juntos e sem medo

A Igreja católica na Amazônia não é uma Igreja fechada dentro dos templos, ela se preocupa com a vida dos povos, com a realidade que ela tem em volta. Isso foi mais uma vez comprovado no V Encontro da Igreja na Amazônia, realizado em Manaus de 19 a 22 de agosto com o tema “A Igreja que se fez carne, alarga sua tenda na Amazônia: Memória e Esperança”. Bispos, presbíteros, religiosos e religiosas, leigos e leigas, reunidos para encontrar caminhos, na formação, na ministerialidade, na participação das mulheres, no cuidado da Casa Comum, na corresponsabilidade e sustentabilidade, na caridade e a profecia. E para isso dar passos, sem medo, confiantes na força que vem de Deus e que nos dá o fato de caminhar juntos, em sinodalidade. Uma Igreja de homens e mulheres, que não querem e não podem continuar sendo consideradas de segunda categoria, ainda mais quando elas são a grande maioria e assumem a maior quantidade de trabalhos nas comunidades e paróquias. Mas que também querem participar dos processos de decisão, pois elas também encerram dentro de si a luz de Deus e podem iluminar o caminhar da Igreja. Uma Igreja que quer a “garantia de políticas públicas que atendam principalmente os empobrecidos”, e que por isso pede a todos e todas “identificar e escolher bem os candidatos e as candidatas” que ajudem na “consolidação da democracia e o avanço da justiça social nos municípios”. Candidatos com “um compromisso irrenunciável com a defesa integral da vida”, dos direitos humanos, da Casa Comum. Uma Igreja que quer caminhar em sintonia com os povos e as culturas da região, olhando para aquilo que ajuda os homens e mulheres a se relacionar de modo melhor, mais pleno, com o Deus que está no meio de nós. Uma Igreja que a partir dos processos de inculturação do Evangelho, que tem se dado ao longo de séculos, quer celebrar segundo seu rito, o Rito Amazônico, como acontece em outros lugares do mundo, em que a Igreja tem seus próprios ritos. Uma Igreja que mostra para os povos indígenas e para as comunidades tradicionais, para os empobrecidos, que eles têm nela uma aliada, uma mãe, uma companheira de caminho, de vida, de lutas por um mundo melhor para todos e todas, de luta pelo Reino, essa causa que levou a muitos profetas e profetizas na Amazônia a dar a vida, a ser sementes de Deus neste chão amazônico. Uma Igreja de esperança, comprometida, samaritana, cuidadora da vida em todos os níveis, onde todos e todas têm espaço, onde ninguém fica do lado de fora. De portas abertas para que todo mundo possa entrar, também sair, mas também voltar quando sente a necessidade do Pai, mesmo tendo pensado em outros momentos que longe dele a vida seria melhor. E essa Igreja está aqui, no meio de nós, como fruto de tudo o que tem sido vivido ao longo de tantos anos, na vida de tantos homens e mulheres que descobriram e testemunharam, que descobrem e testemunham, que vale a pena ser comunidade de fé neste chão, nestas águas, onde Deus está presente em tantas pessoas que foram lhe conhecendo e se apaixonando por Ele. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Cardeal Leonardo Steiner abençoa barco-hospital São João XXIII

No dia 22 de agosto de 2024, no final do V Encontro da Igreja da Amazônia, realizado em Manaus de 19 a 22 de agosto, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), abençoou, na presença de alguns dos participantes do encontro, o barco-hospital São João XXIII. Esse barco-hospital irá surcar os rios do Estado do Amazonas, igual acontece com os barcos-hospitais Papa Francisco e São João Paulo II, no Estado do Pará, estando previsto o início dos atendimentos no final do ano. Os barcos-hospitais surgiram para o atendimento das comunidades ribeirinhas, onde mora gente que não tem condição de ir para a cidade para receber tratamento médico. Um sonho que aos poucos foi se concretizando com a ajuda de muita gente e de muitas organizações, que há cinco anos se faz presente em 18 municípios do oeste do Estado do Pará, que já fez mais de 100 expedições, com 500 mil atendimentos gratuitos, financiado em 80% pelo Governo do Estado do Pará e 20% pela Associação Lar São Francisco. O bispo de Óbidos, sede dos barcos que atendem no Pará, dom Bernardo Johannes Bahlmann O.F.M., insiste em que “a intenção era dar acesso à saúde aos pobres e àqueles que têm carência”, relatando que há pessoas que ficaram anos esperando por uma cirurgia, algo que agora conseguem através desse projeto. Os médicos que atendem, todos são voluntários, que chegam de diversos hospitais do Brasil, públicos e particulares, sendo feitas duas expedições de uma semana por mês. Segundo o bispo, “eles ficam encantados com a região, porque eles estão vendo a beleza, eles estão vendo a necessidade, e quando retornam para seus hospitais, onde tem tudo, do bom e do melhor, eles ficam tristes”. Um trabalho que também é momento de evangelização, pois provoca questionamentos nas pessoas, porque “eles estão vendo a realidade nossa aqui”, segundo dom Bernardo. O barco-hospital São João XXIII está se construindo e equipando passo a passo, algo que demanda paciência, enfrentar questões políticas, que envolvem o Governo Federal e o Governo Estadual, o que demanda acreditar na Providência, ressalta o bispo, que fala da necessidade de uma grande articulação, buscando uma solução diante do sofrimento de tantas pessoas e salvar vidas entre as pessoas que tem mais necessidade. O barco-hospital São João XXIII, que terá como sede Manaus, em parceria com o Governo Estadual do Amazonas, percorrerá os rios Negro e Solimões, atendendo, depois de fazer um mapeamento prévio, pessoas marginalizadas que não tem acesso à saúde. Dos três barcos-hospitais existentes, o São João XXIII é o que tem maior capacidade. Contará com atendimento odontológico, oftalmológico, sala de ultrassom, raio X, tomografia, mamografia, laboratório, farmácia, dentre outros atendimentos. Será possível fazer mais de 100 cirurgias de baixa e média complexidade por dia. O barco contará com duas ambu-lanchas, pudendo buscar doentes nas comunidades, e geradores de oxigênio para os pacientes. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1