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Dia: 6 de setembro de 2024

Encontro das CEBs Regional Norte1 em Roraima: dar passos para o trabalho evangelizador da Igreja

A diocese de Roraima acolhe de 6 a 8 de setembro de 2024 o Encontro Regional das Comunidades Eclesiais de Base do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), com o tema “CEBs, Igreja da Amazônia – Casa do Encontro, da Acolhida e da Ministerialidade”, e o lema: “Acolhei a todos no Senhor, de maneira digna, como convém aos santos” (Rom 16, 20). Seguindo o método ver-julgar-agir, os quase 200 representantes das 9 igrejas locais que fazem parte do Regional Norte1, iniciaram os trabalhos na comunidade São Bento, paróquia São Jerônimo, em Boa Vista (RR), depois da acolhida do bispo local, dom Evaristo Pascoal Spengler, que acolheu a todos os assessores e representantes vindos das igrejas locais do Regional, e agradeceu a escolha de Roraima para acolher o encontro. O bispo desejou que este momento sirva para uma escuta sincera do Espírito que fala à nossa Igreja e fortaleça as pequenas comunidades de nosso Regional. Ele pediu que as CEBs sejam sempre mais lugares de encontro de “irmãos e irmãs”, fomentando os ministérios e a missão a partir da fé e da realidade que nos interpela. Seguindo a temática do encontro, o bispo auxiliar de Manaus e referencial das CEBs no Regional Norte1, dom Zenildo Lima, refletiu junto com os participantes sobre a Casa do Encontro e da Acolhida. Partindo das expectativas para o encontro, foi feita a memória das Comunidades Eclesiais de Base no Regional Norte1, identificando as dificuldades e possibilidades para momento, em vista de dar passos para o trabalho evangelizador da Igreja. Tudo isso, tendo em conta que as CEBs são casa de muitas gerações. A partir da imagem da casa, os participantes lembraram momentos marcantes em sua experiência de vida, de vivência da fé, de lutas. Dom Zenildo Lima perguntou: “Quando nossa casa se transformou e perdeu sua originalidade?”, algo que deve levar as CEBs a recuperar sua identidade. Com relação ao encontro, o bispo auxiliar de Manaus refletiu sobre os modelos de relação e os sujeitos implicados. Ele questionou: “Quem se encontra nesta casa?”, e junto com isso, “Quem está fora do encontro?”. Isso deu passo a uma abordagem da natureza do encontro e das atitudes que devem fazer parte do encontro: diálogo, interculturalidade e uma atitude decolonial. Em vista da Missão, a questão a ser resolvida é, segundo o bispo, “Para quem é esta casa?”. Na missão devem ser assumidas como tarefas a paz, a justiça e o cuidado da Casa Comum, destacou. Não podemos esquecer que “a comunidade dos seguidores de Jesus nasce como comunidade que se constrói a partir da casa”, segundo dom Zenildo Lima. Seguindo a proposta da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a paróquia deve ser entendida como comunidade de comunidades. O bispo analisou a história da primeira Igreja, que surge como Igreja doméstica, para posteriormente fazer a passagem de um cristianismo palestino itinerante para um cristianismo urbano sedentário, com comunidades que vão se estabelecendo onde existem os laços de relações, surgindo a grande comunidade urbana e a paróquia como reprodução desta em menor escala. Trazendo sua reflexão para a realidade local, dom Zenildo Lima falou sobre o rosto amazônico das comunidades eclesiais de base, apresentando alguns elementos presentes nesse modo de vivenciar a fé. Ele insistiu em que “a grande maioria de nossas dioceses e paróquias está organizada a partir do modelo de CEBs”, mas também mostrou que “as CEBs aparecem como uma pastoral entre outras existentes na paróquia, muito mais como ‘Igreja com CEBs’ que ‘Igreja de CEBs’”. O bispo refletiu sobre a diversidade das CEBs e sobre o fato de que a coordenação de CEBs se distanciou das bases, mantendo o discurso antigo e não dialogando mais. Querendo identificar pistas para a caminhada das CEBs, se faz necessário um novo jeito de ser CEBs, com a contribuição do rosto amazônico; recuperar a Palavra de Deus como força inspiradora para a vida da comunidade; uma nova estruturação da comunhão a partir de nova ministerialidade; relançamento missionário das comunidades; ecologia integral e bem viver; e articulação. A reflexão em torno a cada pista foi iluminada pelo Magistério da Igreja, também da Igreja da Amazônia, especialmente pelo Documento de Santarém 2022. Isso levou os participantes a debater sobre os novos caminhos, analisando os modelos de relação predominantes nas comunidades e como proporcionar experiências que favoreçam o encontro, e sobre as realidades que nas comunidades têm conseguido acolher e servir. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Hudson Ribeiro: Gritamos, “porque somos cristãos que amam e defendem a vida”

O Grito dos Excluídos e das Excluídas, que está completando 30 anos, levou às ruas de Manaus um grito por melhorias urgentes na Saúde Pública no Amazonas. Um grito “porque somos cristãos que amam e defendem a vida”, segundo o bispo auxiliar de Manaus, dom Hudson Ribeiro. Não podemos esquecer que “o Grito dos excluídos e das excluídas é um grito daqueles e daquelas que querem ser escutados, que quando gritam muitas vezes são silenciados”, enfatizou o bispo auxiliar. Um grito “em defesa da vida e da Saúde pública e pela construção de uma sociedade justa e igualitária”, destacou dom Hudson Ribeiro. Ninguém pode esquecer que “o Grito dos excluídos e excluídas nos convoca a somar nossos esforços, a fortalecer a luta em defesa da democracia, em defesa da Saúde e de uma sociedade menos desigual, sinal do Reino de Deus que é de todos e para todos, onde a vida vem sempre em primeiro lugar”, um desafio para a Igreja de Manaus e daqueles e aquelas que se fizeram presentes para percorrer o Centro da cidade, em uma caminhada onde além das pastorais da arquidiocese de Manaus e do povo católico, também estavam presentes representantes dos movimentos sociais. Em palavras do bispo auxiliar, “a vida vem sempre em primeiro lugar porque Jesus Cristo é o Senhor da Vida. É Jesus mesmo que grita eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”. Um grito que foi ecoado nas diversas falas que foram proferidas ao longo da caminhada, gritos que representam o clamor dos vulneráveis, principais vítimas de uma sociedade que não garante a Saúde e outras políticas públicas. Nesse sentido, dom Hudson Ribeiro lembrou que “nós também gritamos em favor da saúde para todos, gritamos porque a saúde consta na Declaração Universal dos Direitos Humanos”, lembrando que lá aparece como algo indissociável do direito à vida, que tem por inspiração o valor da igualdade entre as pessoas. Um direito que também é recolhido no artículo 196 da Constituição brasileira de 1988, onde aparece que é direito de todos e dever do Estado, lembrou o bispo auxiliar. Dom Hudson Ribeiro fez um chamado sobre a importância do abaixo assinado promovido com motivo do 30º Grito dos Excluídos e Excluídas, pedindo melhoras urgentes na Saúde Pública do Amazonas, insistindo em que isso é de direito da população. O bispo relatou o que o direito à saúde implica no Brasil, e disse que está associada com outros direitos básicos, como direito à educação, direito a saneamento básico, direito a segurança alimentar, direito a acesso à água, direito a atividades culturais, direito a segurança pública, a lazer, direito a ter o ambiente cuidado, direito dos povos da floresta serem respeitados e cuidados. Finalmente, dom Hudson Ribeiro sublinhou que “nós estamos aqui para caminharmos juntos, para continuar gritando bem alto, enquanto os direitos humanos fundamentais não forem garantidos“, convidando o povo a gritar o tema do 30º Grito dos Excluídos e Excluídas: “Vida em primeiro lugar. Todas as formas de vida importam, mas quem se importa?”. Um Grito por Saúde que no Dia da Amazônia também clamou pelo cuidado da Casa Comum, da querida Amazônia, denunciando que a seca, que se prevê terá consequências ainda mais graves do que a seca histórica de 2023, e as queimadas, que cobrem de fumaça Manaus e muitas outras cidades do Brasil, é consequência dessa falta de cuidado, desse interesse pelo lucro que domina a vida daqueles que se empenham em destruir a Amazônia e a vida dos povos que a habitam. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1