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Dia: 19 de setembro de 2024

Proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis no Regional Norte1: criar espaços eclesiais saudáveis

Cuidar dos vulneráveis é uma necessidade, ainda mais nos espaços eclesiais. O Papa Francisco afirma que “o abuso, em todas as suas formas, é inaceitável. O abuso sexual de crianças é particularmente grave porque ofende a vida em seu florescimento. Em vez de florescer, a pessoa abusada é ferida, às vezes de forma indelével.” Ele tem se empenhado na prevenção desse crime nos espaços eclesiais, publicando a Carta Apostólica Vos Estis Lux Mundi, a fim de estabelecer procedimentos claros e objetivos diante desta situação. No Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), foi criada a Comissão Metropolitana para a proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis, anexada ao Tribunal Eclesiástico, com cinco membros, que também conta com responsáveis pelas dioceses, prelazias, o Seminário São José, a Faculdade Católica do Amazonas e a Caritas Arquidiocesana de Manaus. Para avançar nesse caminho foi elaborado o “Decreto, Regulamento e Manual de Proteção de Crianças, Adolescentes e Adultos Vulneráveis”. O Regional Norte1 assumiu essa causa há 8 anos, mas ainda não tem um trabalho sistemático nos espaços eclesiais, passando com o decreto a trabalhar isso nos espaços eclesiais para evitar ter que curar depois as feridas, segundo mostraram os membros da comissão aos participantes na Assembleia Regional, realizada em Manaus de 16 a 19 de setembro. Segundo os membros da Comissão, a Igreja católica perdeu a credibilidade em consequência dos abusos e recuperará essa credibilidade com o trabalho de prevenção desses abusos. Para isso se faz necessário ser claros, falar abertamente nos espaços eclesiais: catequese, grupos de jovens, grupos de coroinhas, Pastoral Familiar, com um olhar para dentro do espaço eclesial. Isso para conseguir que os espaços eclesiais sejam espaços saudáveis. Para isso é necessário que essas temáticas entrem na pauta, dado que há um tabu imenso nos espaços eclesiais em falar sobre a sexualidade saudável. Não podemos esquecer que é responsabilidade de cada um de nós construir uma cultura sem violação de direitos. Esse é um caminho lento, que exige capacitação constante, e nesse sentido o Manual é um suporte para o Regional. Os membros da Comissão apresentaram as diversas partes do Manual insistindo em que cada igreja local tem que definir os compromissos que irá assumir e onde e como vai ser trabalhado o Manual. Igualmente foi insistido nas atitudes práticas a ser tomadas, resolvendo as dúvidas dos participantes da assembleia. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Assembleia Regional Norte1: Necessidade de que as mulheres sejam reconhecidas a partir das comunidades e da Igreja local

No dia em que se encerra a Assembleia Regional Norte1, que de 16 a 19 de setembro de 2024 reuniu na Maromba de Manaus 80 representantes das igrejas locais, pastorais e organismos para refletir a partir do tema “Igreja Sinodal que caminha na Esperança”, é momento de encaminhar aquilo que pode ajudar a continuar avançando para ser uma Igreja mais sinodal e ministerial. Não podemos esquecer, segundo afirmou o bispo de Parintins, dom José Albuquerque de Araújo, na celebração eucarística do dia, que “o farisaísmo se tornou sinónimo de hipocrisia, os mais religiosos se tornaram sinónimo de gente prepotente”, sendo criticados por Jesus diante de sua atitude para com a mulher, que “é cidadã e na Igreja, ela é protagonista”. O bispo pediu para a coordenadora da Conferência dos Religiosos no Regional Norte1, Ir. Gervis Monteiro, comentar a Palavra. Analisando a passagem do Evangelho, a religiosa destacou que a mulher não tem nome, uma mulher que ouviu falar que Jesus tinha sido convidado na casa de um fariseu. Ela destacou, querendo fazer um paralelo com a Assembleia Regional e a reflexão sobre a ministerialidade, que “a mulher vem por trás e ela traz o perfume, ela se coloca aos pés de Jesus”, destacando a grande sensibilidade de Jesus, “o olhar de Jesus, a acolhida de Jesus para com a mulher”, questionando como tornar visível aquilo que as mulheres fazem hoje na Igreja. Segundo a Ir. Gervis, “Jesus, ele não tem medo de se contaminar, ele deixa, ele não está preocupado com a Lei dos fariseus”. Uma atitude que tem que nos levar hoje, afirmou a religiosa, “a ter a sensibilidade para com aquelas pessoas que necessitam”, colocando o exemplo daquela mulher sem nome, a quem Jesus eleva à dignidade de pessoa, pois para ele “todos nós somos iguais e somos chamados e chamadas a evangelizar”, a “somar e trabalhar juntos como Igreja”. Independentemente do ministério que cada um assume na Igreja, no Regional Norte1 se percebem elementos comuns a todos e todas, especialmente naquilo que tem a ver com a presença das mulheres em espaços de decisão, inclusive entre os bispos, que reafirmam a necessidade de que as mulheres sejam reconhecidas a partir das comunidades e da Igreja local. Algo que é constatado por todos, que pedem avanços na ministerialidade do laicato, sobretudo entre as mulheres, reconhecer os ministérios que as mulheres já exercem. Uma Igreja regional que aposta na defesa da vida integral e o cuidado da casa comum, na pastoral de conjunto, em processos de escuta e estudo para melhor entender os ministérios, na formação continuada do laicato nas bases, especialmente no interior, mas também formação permanente para o clero, respeitando sempre a cultura local, na vivência da Palavra, em uma evangelização que leva à conversão. Uma Igreja encarnada e libertadora, com ação transformadora, que apoia a causas indígenas, a homologação de suas terras e o resgate das culturas e línguas. Na vida da Igreja da Amazônia e do Regional Norte1 sempre teve um papel decisivo a Vida Religiosa, com congregações que estão presentes de forma continuada por mais de um século. A Vida Religiosa, representada na Assembleia por alguns e algumas provinciais, é desafiada a continuar caminhando em comunhão e assumir os processos da Igreja no Regional. Vida Religiosa que soma no exercício da missionariedade em seus diversos elementos, fortalecendo as forças evangelizadoras nas igrejas locais, abraçando a missão. Tendo como fundamento que a Igreja toda ela é ministerial, os assessores da assembleia, Pe. Raimundo Gordiano, Ir. Sônia Matos e Pe. Elcivan Alencar, insistiram em que os dons vêm do Espírito e a organização parte do povo. Daí a importância de destacar que os ministérios são confiados a partir do batismo, e que os dons, carismas e ministérios são assumidos como vocação. Ninguém pode esquecer que é o batismo a porta de entrada como testemunhas da evangelização, e que viver de modo sinodal, faz germinar e florescer a ministerialidade como espaço de serviço, dando voz e vez a todos e todas. Ser Igreja missionária, ministerial e sinodal, faz parte da identidade da Igreja do Regional Norte1, uma dinâmica presente desde o Encontro de Santarém, em 1972. Uma Igreja com ressonância na vida social, que ainda tem muitos passos a serem traçados, pensados e assumidos. Os ministérios não podem nascer de cima para baixo, é por isso que antes de instituir, vale a pena continuar o processo de formação e tomada de consciência com relação à ministerialidade. Isso porque o caminho da sinodalidade é percorrido fazendo processos, buscando chegar juntos ao mesmo objetivo. Para percorrer esse caminho é importante ter clareza nos conteúdos, e se faz necessário reconhecer as atividades que são realizadas pelas mulheres, que são expressões de ministerialidade, insistindo em que o exercício da ministerialidade não é status, mas reconhecimento e mudança paradigmática. Para avançar na ministerialidade, as igrejas locais têm que investir em formação do laicato, pois enquanto isso não acontecer teremos uma Igreja de suplentes. Igualmente, para que essa ministerialidad possa avançar, a reflexão abordada na assembleia tem que chegar nas bases, nas comunidades, dado que a sinodalidade e a ministerialidade dizem muito às comunidades do Regional Norte1. Para avançar são propostos alguns caminhos, que tem a ver com a formação, dos seminaristas, do clero e a vida religiosa, das lideranças leigas; com a mulher, para quem se insiste em inclui-la nos espaços de decisão e serem instituídas nos ministérios; e com a vida e a casa comum, assumindo a consolação, a causa indígena, a interculturalidade e a defesa da territorialidade, a ecologia integral. As luzes para avançar nesses caminhos são a sinodalidade, a ministerialidade, as conclusões do Encontro de Santarém 2022, que insistiu na espiritualidade encarnada e libertadora. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Juntos somos mais e todos e todas somos importantes

Como é bom caminhar juntos e reconhecer a importância daquilo que é feito pelos outros, por todos e todas. Na Igreja católica isso se chama sinodalidade e ministerialidade, algo que não é fácil de ser assumido, mas que na Igreja do Regional Norte1 tem dado sentido ao caminho percorrido pelas dioceses e prelazias. Hoje se encerra a Assembleia Regional Norte1, que desde segunda-feira 16 de setembro, reuniu na Maromba de Manaus 80 representantes das nove igrejas locais que fazem parte do regional. Uma assembleia com a presença de leigos e leigas, religiosos e religiosas, diáconos, padres e bispos, onde todo mundo tem voz e vez, onde o caminho a seguir é discernido entre todos e todas, pois a voz de cada um, de cada uma, é importante, e deve ser ouvida. É importante saber escutar, sem preconceitos, dispostos a aprender com aquele em quem somos desafiados a descobrir a voz de Deus, que nos orienta e ilumina, que se faz presente em nossa vida de diversos modos e momentos, do seu jeito, e com quem nós somos chamados a entrar em sintonia, para assim enxergar o que Ele quer de cada um de nós e de todos juntos como Igreja, mas também como sociedade. Vivemos um momento histórico em que a diversidade não é valorizada. Bem pelo contrário, quem é diferente, quem pensa diferente, é atacado abertamente, o que dificulta o caminhar juntos. Falta capacidade para entender que a diversidade nos enriquece, mas para isso é decisivo querer aprender com todos e todas, também com aqueles que pensamos que nada podem nos ensinar. De todos e todas podemos aprender e somos obrigados a ter consciência disso. Quando a gente se isola, a gente se faz pequeno, vai se apequenando, perdendo aquilo que garante nossa vitalidade. Daí a importância de assumir que juntos somos mais e todos somos importantes, algo que tem a ver com todas as dimensões da vida. Não podemos continuar olhando para o outro como um inimigo, como alguém a quem temos que derrubar. A polarização não pode tomar conta da nossa vida, não podemos nos deixar dominar por uma dinâmica que vai acabando com nosso convívio. Um modo de ser e viver que deve ser cultivado e espalhado, para nos convencermos e assim convencer os outros que esse modo de se posicionar é o caminho a seguir para fazer realidade um mundo melhor para todos e todas, de construir o Reino de Deus, para quem é cristão. Vamos lá, vale a pena entrar nessa! Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar