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Dia: 1 de outubro de 2024

Encontro da Rede um Grito pela Vida em Brasília: fortalecer a caminhada em rede de redes

Brasília acolheu de 29 de setembro a 1° de outubro, o Encontro Nacional das Coordenações da Rede um Grito pela Vida. No Centro Estigmatino de Pastoral se reuniram 37 representantes das coordenações dos núcleos do Brasil, dentre eles 6 representantes do Regional Norte 1. O objetivo do encontro foi partilhar a caminhada dos núcleos, aprofundar as prioridades da Rede Internacional Talitha Kum e realizar a programação 2025. O encontro contou com a presença de Ir. Abby Avelino coordenadora da Rede Internacional Talitha Kum, de Roma e Ir. Carmen Ugarte da Confederação Latino-americana e Caribenha dos Religiosos e Religiosas (CLAR). Durante o encontro foi realizada uma assessoria sobre Comunicação com Magnus Régis e Fé e sobre Política com Ir. Denise Morra. Um encontro que segundo, a coordenadora da Rede um Grito pela Vida no Núcleo de Manaus, Ir. Michele Silva, disse que “o encontro fortaleceu a nossa caminhada em rede de redes, percebemos a importância de seguirmos cuidado da vida, por meio da prevenção ao Tráfico de Pessoas e violações de direitos”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Papa Francisco: “Somente curando as relações doentias podemos nos tornar uma Igreja sinodal”

No final do retiro de dois dias em preparação para a Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, os participantes da assembleia foram convidados pelo Papa Francisco, com um rosto sério, assumindo a vergonha causada pelos pecados da Igreja, a se sentirem “mendigos da misericórdia do Pai“. Fê-lo na vigília penitencial, tempo de reconhecimento dos principais pecados da Igreja. Abusos, migrantes e guerra Algo que nasce da realidade, marcada por abusos, migrantes e guerra, dado a conhecer em três testemunhos, que contaram situações que causam tanta dor à humanidade, um impacto profundo e duradouro, como reconhecido por uma vítima de abuso por parte de um membro do clero, que muitas vezes permanece anônimo, silenciado “pelo medo, estigma ou ameaças”. Em suas palavras, ele denunciou que o que “perpetuou esta crise é a falta de transparência dentro da Igreja“, que “manchou a reputação de uma instituição à qual muitos se voltam em busca de orientação e causou uma crise de confiança que repercute em toda a sociedade”. Como espectadores e com um sentimento de culpa por aqueles que não chegaram, se sentem aqueles que acolhem os migrantes na Itália. Homens e mulheres que “muitas vezes morreram em silêncio e anonimato porque ninguém jamais saberá onde ou quando”. Uma situação que foi comparada aos campos de extermínio, “onde homens e mulheres perderam sua identidade como indivíduos, como comunidade, como povo, e deixaram de ser pessoas para se tornarem números, corpos que tentaram sobreviver, muitas vezes às custas dos outros”. Por isso, disseram estar no local considerado o centro do cristianismo para “testemunhar uma nova humanidade“. Um mundo marcado pela guerra, “que afeta também os laços mais íntimos que nos ancoram às nossas memórias, às nossas raízes e às nossas relações”, como é o caso da Síria. Uma guerra que vem eliminando “qualquer forma de empatia, rotulando o outro como inimigo e chegando, em casos extremos, a desumanizá-lo e justificar seu assassinato”. Isso levou a escolher o “caminho da violência”, mas também a ajudar aqueles que sofrem, em um país onde “a emergência é trabalhar as relações“. Uma guerra, que entre os escombros deixou como tesouros, “solidariedade e fraternidade, que continuam a brilhar como sinais de esperança e paz”, e onde se experimenta aquele “Deus no meio das ruínas”.   Perdão da Igreja na voz dos cardeais Na voz de alguns cardeais, que leram as palavras escritas anteriormente pelo Papa, a Igreja pediu perdão. Assim, Oswald Gracias pediu perdão pela falta de coragem necessária para buscar a paz entre os povos e as nações; Michael Czerny pela globalização da indiferença; Sean Patrick O’Malley pela cumplicidade em abusos de consciência, poder e sexo; Kevin Joseph Farrell, por não reconhecer e defender a dignidade das mulheres; Víctor Manuel Fernández, porque os pastores não souberam preservar e propor o Evangelho como fonte viva de eterna novidade, a adoutrinaram; Cristóbal López Romero, por não aceitar o chamado para ser uma Igreja pobre dos pobres; Christoph Schönborn, por impedir a construção de uma Igreja verdadeiramente sinodal, sinfônica, consciente de ser o povo santo de Deus que caminha junto em reconhecimento da dignidade batismal comum. Igreja de pecadores em busca de perdão Francisco insistiu que “a Igreja é sempre a Igreja dos pobres de espírito e dos pecadores que pedem perdão, e não apenas dos justos e dos santos, mas dos justos e dos santos que se reconhecem pobres e pecadores”. Para o Papa, “o pecado é sempre uma ferida nas relações: a relação com Deus e a relação com os irmãos”, algo que, tendo em conta o processo sinodal, podemos dizer que torna difícil caminhar juntos, viver a sinodalidade. De fato, sublinhou o Pontífice, “ninguém se salva sozinho, mas é igualmente verdade que o pecado produz efeitos em muitos: assim como tudo está conectado no bem, também está conectado no mal”. “A Igreja é, em sua essência de fé e anúncio, sempre relacional, e somente curando relações doentias podemos nos tornar uma Igreja sinodal“, enfatizou Francisco. A partir daí, ele questionou: “Como poderíamos ser credíveis na missão se não reconhecemos nossos erros e nos inclinamos para curar as feridas que causamos com nossos pecados?” afirmando que “a cura da ferida começa confessando o pecado que cometemos”.   O fariseu e o publicano Comentando a parábola do fariseu e do público, lida na celebração, sublinhou que “o fariseu preenche a cena com a sua estatura que atrai os olhos, impondo-se como modelo. Deste modo, ele se atreve a rezar, mas na realidade celebra-se a si mesmo, mascarando na sua confiança efémera as suas fragilidades”, alguém que, segundo as palavras do Papa, “espera uma recompensa pelos seus méritos, e assim se priva da surpresa da gratuidade da salvação, fabricando um deus que não podia fazer outra coisa senão assinar um certificado de suposta perfeição. Seu ego não abre espaço para nada nem para ninguém, nem mesmo para Deus.” Uma atitude que levou Francisco a questionar: “Quantas vezes na Igreja nos comportamos assim? Quantas vezes nós mesmos ocupamos todo o espaço, com nossas palavras, nossos julgamentos, nossos títulos, nossa crença de que só temos méritos?“, algo que aconteceu com “José, Maria e o Filho de Deus em seu ventre” a quem a falta de hospitalidade fez com que Jesus nascesse em uma manjedoura. Isso significa que “hoje somos todos como o cobrador de impostos, com os olhos baixos e envergonhados de nossos pecados. Como ele, somos deixados para trás, limpando o espaço ocupado pela vaidade, hipocrisia e orgulho”, disse o Papa. Pedir perdão para invocar o nome de Deus É por isso que, nas palavras de Francisco, “não podíamos invocar o nome de Deus sem pedir perdão aos nossos irmãos e irmãs, à terra e a todas as criaturas”. O que levou à pergunta: “E como poderíamos ser uma Igreja sinodal sem reconciliação? Como poderíamos fingir caminhar juntos sem receber e dar o perdão que restaura a comunhão em Cristo?” Na verdade, aumentou. “O perdão, pedido e dado, gera uma nova concórdia na qual as diferenças não…
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Timothy Radcliffe convida o clero a “conduzir as ovelhas da sacristia para a praça pública”

O Sínodo é um momento para escutar o Espírito, daí a importância do silêncio, um convite feito por Madre Maria Ignazia Angelini no início do segundo dia de retiro com o qual os participantes da Assembleia Sinodal estão se preparando para a Segunda Sessão, que inicia seus trabalhos nesta quarta-feira, 2 de outubro, com a celebração eucarística na Praça de São Pedro. Silêncio, uma coisa difícil O silêncio, “talvez o elemento mais difícil de ser vivido em nossas vidas”, é sempre uma necessidade, porque “quem se deixa surpreender pela profundidade do silêncio de Deus, plenamente revelado em Jesus, compreende como o silêncio é a dimensão constitutiva da verdadeira palavra humana”, segundo a religiosa beneditina, que chamou para preparar a celebração penitencial que ebcerrará o retiro. Trata-se de assumir “o precioso silêncio de quem sabe sair de cena e viver uma espécie de solidão fecunda, aberta à alteridade, à escuta da palavra de Deus, ao grito dos pobres e aos gemidos da criação”, porque “o silêncio é uma luta contra a banalidade, uma busca da verdade, uma aceitação do mistério que se esconde em cada pessoa e em cada ser vivo”. Isso em um caminho sinodal no qual é necessário “aprender a arte das relações gratuitas, sem cair na armadilha do Divisor”. É necessário, sublinhou Angelini, conhecer o estilo do Evangelho: “caminhando, atravessamos os obstáculos. Esse, talvez, seja o caminho sinodal”. Para isso, “devemos fixar nosso olhar em Jesus, o rosto humano de Deus. Sem rotas de fuga, sem saídas de emergência. Um olhar que, iluminado pelos mansos e humildes de coração, redefine os contornos da visão dos outros, da história, do mundo”. Aprendendo o significado do amor Refletir sobre a escuridão foi o ponto de partida para a reflexão do Pe. Timothy Radcliffe, uma escuridão presente “na guerra, na crise dos abusos sexuais”, enfatizando que “todos nós conhecemos aqueles momentos em que parece que não conseguimos nada”, o que, no processo sinodal, leva à pergunta se algo foi alcançado. A partir daí, ele insistiu que “não nos reunimos em um sínodo para negociar compromissos ou para criticar os oponentes. Estamos aqui para aprender uns com os outros qual é o significado dessa estranha palavra amor”, igual aconteceu com os discípulos quando Jesus pediu que lançassem a rede para o outro lado, em obediência à Igreja. “Devemos nos atrever a confiar que a Divina Providência abençoará abundantemente este sínodo”, disse Radcliffe. Um sínodo que leve a “um novo Pentecostes, no qual cada cultura fale em sua própria língua e seja compreendida”, diferentes culturas se unindo para oferecer “cura umas aos outros”, desafiando “os preconceitos dos outros” e chamando uns aos outros “para uma compreensão mais profunda do amor”, pois “cada cultura tem uma maneira de ver o desconhecido na praia e dizer: É o Senhor”, vendo como o maior desafio “abraçar o que o Papa Bento XVI chamou de interculturalidade”, pois “quando as culturas se encontram, deve haver um espaço entre elas. Nenhuma deve devorar a outra”, o que deve levar à “reverência pela diferença cultural”. Ele pediu “que Deus abençoe este sínodo com encontros culturais cheios de amor, nos quais os dois se tornem um, mas permaneçam distintos”. O frade dominicano convidou os participantes da assembleia a refletirem sobre o amor, partindo do encontro de Jesus com Pedro, no qual o amor anteriormente negado é confirmado três vezes, fazendo a pergunta: “Será que ousamos confiar uns nos outros, apesar de alguns fracassos?”, e ressaltando que “este Sínodo depende disso”. Para isso, é necessário “confiar uns nos outros, mesmo quando fomos feridos”, enfatizou Radcliffe, “milhões não confiam mais em nós, e com razão. Precisamos construir a confiança novamente, começando uns com os outros nesta assembleia. Ministros da amizade divina Radcliffe conclamou seus ouvintes a serem pastores, a cuidarem das ovelhas do Senhor, como é necessário para todos os batizados, convidando os ministros ordenados, que ele definiu como ministros da amizade divina, a “conduzirem as ovelhas para fora de um aprisco eclesiástico estreito e introvertido para os espaços abertos do mundo”. Da sacristia para a praça pública”. O dominicano alertou contra a tentação do clero de fazer tudo sozinho, o que contradiz sua vocação, que é o chamado à amizade. Ele também pediu, seguindo o exemplo de Pedro, transparência e prestação de contas, pois a falta delas “corrompe o próprio coração da identidade sacerdotal”. Isso será ajudado assumindo o papel dos pastores, que é “ser modesto e honrar a autoridade de todos aqueles que estão sob seus cuidados”, alertando que “a rivalidade é inimiga da boa autoridade na Igreja”, por isso convidou que, neste Sínodo, “possamos discernir a autoridade dos outros e deferir a ela”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Melhor mesa redonda do que piramidal

Um dos símbolos da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade em sua Primeira Sessão foram as mesas redondas, algo que pretende destacar a necessidade de uma Igreja circular, superando o clássico esquema piramidal, presente na Igreja há séculos. É verdade que isso não deveria ser algo novo depois de 60 anos do Concílio Vaticano II, que insistiu tanto em uma Igreja Povo de Deus, uma Igreja cujo fundamento é o batismo e o sacerdócio comum dos fiéis. Vantagens de uma mesa redonda Mas, como diz o ditado, há um longo caminho das palavras aos atos, e em muitos ambientes eclesiais a visão piramidal da Igreja, baseada no sacramento da Ordem Sagrada, é uma tentação e, por que não dizer, uma prática. Podemos dizer que em uma mesa redonda todos falam e escutam, todos podem olhar nos olhos de todos, não há posições de destaque. Em uma Igreja sinodal, circular, que pratica a conversação espiritual para o discernimento comunitário, é possível, a partir da diversidade de ministérios e serviços, encontrar mais facilmente caminhos comuns em vista da construção do Reino de Deus. Mas, para isso, é necessário estar em sintonia, atitude que ajuda a olhar para o futuro com esperança, a caminhar com mais entusiasmo, amando o que se é, o que se faz e aqueles com quem se compartilha a vida e a fé. Diante de tantos momentos de medo, de dúvida, de não saber qual caminho seguir, de ver o outro como inimigo, a circularidade aquece o coração e dá vigor à vida pessoal e comunitária, ao que somos e ao que se relaciona conosco e nos enriquece. Não às relações de cima para baixo As relações de cima para baixo, a ordem e o comando, aumentam o ego de poucos e causam sofrimento na grande maioria, impossibilitando a passagem do “eu” para o “nós”, para ser uma comunidade que compartilha a vida e a fé. Isso gera uma comunidade, uma Igreja, na qual ser chamado de mestre é muito mais desejável do que assumir um serviço. Em uma mesa redonda, é mais fácil compartilhar, viver em comunhão, e o outro, que eu vejo com mais facilidade, pode ser objeto de atenção, de cuidado. Os que estão na mesa piramidal farão o possível e, em muitos casos, o impossível, para chegar ao topo, para assumir o lugar de maior privilégio e menor serviço, custe o que custar e caia quem cair, para serem os primeiros e se distanciarem dos últimos, para serem e viverem como senhores e abandonarem tudo o que tem a ver com a prática do povo, dos que estão abaixo, daqueles que o sistema não permite que deem um passo à frente. Formas de se posicionar Que modelo de Igreja estou disposto a promover? Que valores evangélicos estão presentes em minha vida e pretendo mostrar para minha comunidade, para aqueles com quem me sento à mesa, seja qual for a forma que ela assume? Essas e outras perguntas semelhantes devem estar presentes na vida de todos os batizados. A Assembleia Sinodal, que está iniciando sua segunda sessão, precisa ajudar a definir como ser uma Igreja que, seguindo a Tradição, pode responder às demandas de Deus e da humanidade hoje, para saber ler os sinais dos tempos, como foi dito há cerca de 60 anos. Que ninguém duvide de que juntos, com a contribuição de todos, será mais fácil, mas para isso é necessário querer assumir a sinodalidade. As questões da Igreja são importantes, mas a dinâmica é muito mais importante. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1