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Dia: 4 de outubro de 2024

Cardeal López Romero: A partir deste Sínodo, “a Igreja emergirá mais católica, mais universal”

O Arcebispo de Rabat (Marrocos), Cardeal Cristóbal López Romero, um dos membros da Assembleia Sinodal que participou da coletiva de imprensa na Sala Stampa no dia 4 de outubro, disse querer tirar a sinodalidade da aula Paulo VI, “onde se fala, se reflete e se reza, para trazê-la para a vida cotidiana, para diferentes lugares, e para mostrar que não é um assunto para estudo, mas uma realidade que já está, pelo menos germinalmente, em ação“. Experiências de sinodalidade na África Em seu discurso, o cardeal salesiano contou algumas experiências de sinodalidade na África anglófona realizadas por uma das religiosas membros da Assembleia Sinodal, criando uma experiência de reflexão e encontro, afirmando que essa mulher “fez muito mais do que muitas Conferências Episcopais para divulgar a sinodalidade e, sobretudo, para promover a sua implementação“. Ele também contou três experiências da Conferência Episcopal que representa, composta pelas dioceses do Marrocos, Líbia, Argélia e Tunísia e na Arquidiocese de Rabat. Experiências de participação de todos para definir o caminho das dioceses, buscando criar comunhão entre todos, dar voz a todos, traduzi-la a serviço da missão, em um plano pastoral. Estamos falando de um pequeno número de igrejas, com um número estimado de 25.000 católicos em Rabat, provenientes de 100 países, o que “nos deu uma riqueza extraordinária, mas também dificuldades para viver a comunhão entre tantas diferenças”, destacou o cardeal. Nesse sentido, ele disse que “quando os cristãos começaram a se escutar uns aos outros, encontraram maravilhas naqueles que os rodeavam, que os viam todos os dias, mas sem se descobrirem“, a ponto de uma pessoa dizer: “pela primeira vez em minha vida, pude me apresentar, falar de mim mesmo e fazer com que as pessoas me escutassem”, algo que ele definiu como interessante. Assumir a sinodalidade em cada diocese Uma Igreja com mais homens do que mulheres, mais jovens do que idosos e com uma presença cada vez maior de subsaarianos. Uma Igreja cujo plano pastoral é: “Seguindo Cristo, sejamos uma Igreja para o Reino de Deus”. Uma experiência de sinodalidade que deveria ser adotada em todas as dioceses e que ele deseja colocar em prática e levar adiante, porque a sinodalidade colocada em prática produz muitos frutos. Para o arcebispo de Rabat, “este Sínodo está sendo extremamente enriquecedor, porque reúne pessoas de diferentes continentes, porque reúne homens e mulheres, este Sínodo reúne clérigos e leigos, e toda essa diversidade nos enriquece, embora signifique polir uns aos outros”. López Romero lembrou as palavras do Papa Francisco, que diz que a Igreja Católica ainda é muito europeizada, ocidentalizada, algo que ele diz ser verdade, e que ele experimentou vivendo na América Latina e na África. Todos precisam aprender com todos Daí o convite que ele fez para “ajudarmos uns aos outros”, dizendo que “a Igreja se tornará mais católica, no melhor sentido da palavra, mais universal“. O cardeal insistiu que, na Igreja, todos precisam aprender com os outros e “ajudar uns aos outros a viver o Evangelho de forma autêntica nas circunstâncias em que vivemos, com muitos ou com poucos”. A partir daí, enfatizo o quanto é bom nos aproximarmos e evitarmos nos distanciar uns dos outros. Algo que nos obriga a interagir, a escutar, a aprender uns com os outros e, assim, enriquecer-nos mutuamente. Com relação à Fiducia Supplicans, em resposta a uma das perguntas, ele disse que teria sido melhor que esse documento tivesse passado por um processo sinodal, já que não foi consultado, o que levou a divergências em alguns pontos. Sua conferência episcopal se posicionou de forma diferente do restante das conferências africanas, o que o levou a dizer que a prática da sinodalidade não é fácil, o que leva a tropeços e desculpas. Uma dinâmica que possibilitará ser mais humilde e se permitir ser mais iluminado pelo Espírito Santo. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Xiskya Valladares: Missionários digitais, “acompanhar aqueles que não estão na Igreja, aqueles que foram batizados e saíram”

A importância da missão digital no contexto da missão da Igreja foi o tema abordado por Ir. Xiskya Valladares na conferência de imprensa realizada na Sala Stampa em 4 de outubro. A freira nicaraguense radicada na Espanha, “a freira do twitter”, como foi apresentada por Cristiane Murray, vice-diretora da Sala Stampa da Santa Sé, lembrou que participa da Assembleia Sinodal por designação pontifícia, apresentando-se como religiosa e missionária digital, como alguém que colabora há muitos anos na missão digital, trabalhando com “a Igreja te escuta”. Um mundo que mudou Partindo da pergunta que marca esta Segunda Sessão da Assembleia Sinodal: Como ser uma Igreja sinodal em missão, ela ressaltou que “nosso mundo mudou, não é mais o que era há 20 anos, a missão é diferente“, e que diante das mudanças tecnológicas e da Inteligência Artificial, “a Igreja não pode ficar para trás”. Em resposta ao chamado de Francisco para ir a todos, a todos, a todos, Ir. Xiskya enfatizou que “65% da população mundial percorre as ruas digitais”. Ele lembrou o trabalho que estão fazendo desde o início do Sínodo, “para que a Igreja entenda que a sinodalidade e a missão da Igreja estão nos ambientes digitais como outro aspecto da missão”. A religiosa falou sobre os encontros com missionários digitais de 67 países, onde foi destacado o nascimento do carisma do missionário digital, “que está sentindo uma forte vocação para acompanhar aqueles que não estão na Igreja, aqueles que foram batizados e saíram, mas que continuam a sentir uma preocupação com a verdade, com o amor de Deus, e que às vezes até andam feridos no mundo, também por causa de suas más experiências com pessoas da Igreja”, insistindo que a missão é para o mundo de hoje e não para o mundo de 20 anos atrás, para o qual é necessário discernir o como. Xiskya Valladares enfatizou a necessidade da “samaritaneidade”, lembrando o que o Papa lhe disse na Primeira Sessão da Assembleia: “seja a ternura e a misericórdia de Deus para todas essas pessoas”, lembrando as histórias que ela escuta todos os dias de pessoas feridas, que buscam a Deus, que querem começar a orar, que querem recuperar os valores evangélicos e muitas que ainda não ouviram o nome de Jesus. Aumento da conscientização sobre a missão digital na Igreja A missionária digital, diante da missão da Igreja no mundo digital, afirmou que “ainda temos que aprender, mas cada vez mais está surgindo a consciência da necessidade“, ressaltando que depende das regiões e dos países, destacando que a América Latina a tem muito presente, sendo criada nas conferências episcopais equipes para a missão digital e os missionários digitais estão se organizando, algo que falta na Europa. A religiosa conta como na Assembleia Sinodal muitos bispos expressam a ela a importância do que fazem. Ela insiste que “no ano passado a missão digital era uma novidade, este ano não é uma novidade e há um desejo de que possamos fazer algo, porque estamos perdendo muitos jovens, muitas gerações que não vão mais às paróquias”. Da mesma forma, sobre a polarização nas redes sociais, afirmou que “a sinodalidade é muito mais do que mudar as estruturas, mudar as coisas para fora, a sinodalidade supõe uma mudança de atitude interior, uma conversão pessoal e, nesse sentido, não é algo que vai acontecer imediatamente, não é algo rápido, começaremos a ver o fruto deste Sínodo anos depois de seu término”. Isso se deve ao fato de que “é muito mais profundo do que mudar as leis, do que mudar as estruturas, é necessário mudar os corações”. Xiskya lembrou o chamado do Papa para viver com esperança em um mundo muito difícil, no qual as relações tóxicas estão prevalecendo, mesmo dentro da Igreja. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

A sinodalidade não é uma técnica, mas um estilo que exige escuta e conversão.

No dia da festa de São Francisco, um dos grandes santos da história da Igreja, sem esquecer o primeiro Papa que escolheu esse nome e para quem os participantes da Assembleia Sinodal cantaram no final da oração da manhã por ocasião de sua festa, alguns membros do Sínodo estiveram presentes na Sala Stampa para relatar o progresso da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, algo que se tornará habitual nas próximas semanas. No dia 4 de outubro, além do prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, da vice-diretora da Sala Stampa, Cristiane Murray, e de Sheila Pires, secretária da Comissão para a Comunicação da Assembleia Sinodal, estavam presentes dom Antony Randazzo, bispo de Broken Bay (Austrália), Ir. Xiskya Valladares, grande referência para a missão no mundo digital, o arcebispo de Rabat, cardeal Cristóbal López, e o bispo de Nanterre, dom Matthieu Rougé. A segunda congregação geral A segunda congregação geral da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal foi um momento para intervenções individuais, especificamente 36 pessoas intervieram, como relatou Paolo Ruffini, com dois temas sendo tratados: como a sinodalidade molda a vida da Igreja, ministérios e carismas, e como podemos desenvolver a espiritualidade da sinodalidade, a escuta, o discernimento, o respeito. De acordo com o prefeito do dicastério, a Assembleia destacou a importância dos leigos, “todos nós entramos na Igreja como leigos”, a ponto de a Igreja do futuro depender dos leigos, o que não diminui a importância do sacerdócio. Ruffini também destacou que o tema das mulheres na Igreja foi abordado, afirmando que “há mulheres que sentem o chamado de Deus e pedem para ser ordenadas”, sendo mostrado o exemplo de mulheres que cuidam de comunidades, sendo solicitada sua inclusão no grupo de estudo número 5, sobre ministérios e carismas. Foi destacada a importância da escuta ativa, do diálogo, do respeito pelos outros, de se chegar àqueles que se sentem excluídos da Igreja, do clericalismo, da liturgia como expressão da sinodalidade, de que o sacerdote não é o único que celebra. As questões abordadas A assembleia discutiu o conceito de sinodalidade, destacou Sheila Pires, “não como uma técnica, mas como um estilo que exige escuta e conversão”, abordando a relação entre sinodalidade e batismo; a necessidade de a Igreja ser uma família para aqueles que não têm família; a Igreja como Corpo de Cristo que reúne ministérios e carismas que formam um só corpo; o papel das mulheres e dos leigos na Igreja; a pluralidade como termo apropriado para abordar o Mistério e sua unidade. A secretária da Comissão de Comunicação citou a necessidade de superar os confrontos ideológicos e a lógica do nós e eles; a corresponsabilidade e a dignidade de todos os batizados nos processos de tomada de decisão; a relação entre homens e mulheres e os medos e apreensões que estão por trás dela, que levaram a atitudes de ignorância e desprezo em relação às mulheres; a pouca menção aos leigos e à família como Igreja doméstica no Instrumento de Trabalho; o aprofundamento do relacionamento das igrejas e culturas locais; a linguagem simples que expressa reciprocidade e pode aquecer os corações; entender que a vida é mais importante do que a teoria e a importância dos pobres. Levando a sinodalidade para fora da sala sinodal Os membros da Assembleia Sinodal iniciaram sua intervenção com as palavras do Arcebispo de Rabat, Cardeal Cristóbal López Romero, que disse que “gostaria de tirar a sinodalidade da sala sinodal, onde se fala, se reflete e se reza por ela, para trazê-la para a vida cotidiana, para os diferentes lugares, e mostrar que não é um assunto para estudo, mas uma realidade que já está, pelo menos germinalmente, em ação”. Em sua intervenção, ele relatou algumas experiências de sinodalidade na África de língua francesa e na arquidiocese de Rabat, dando alguns detalhes sobre isso. Sinodalidade, uma experiência que une Por sua vez, o bispo de Nanterre destacou que a sinodalidade é algo que continua a ser exigido na diocese francesa. Sobre a experiência dessa segunda sessão, ele enfatizou a importância da reunião, que foi ajudada pela acolhida e pela experiência espiritual vivida há um ano na primeira sessão. Sobre os dias anteriores de retiro, ele destacou a meditação do Padre Radcliffe sobre a pesca milagrosa, onde “experimentamos o que une”. Ele também lembrou as palavras do Papa Francisco de que o Sínodo não é um parlamento e que o mais importante é a atitude espiritual. Dom Mathieu Rougé insistiu que a reflexão sobre a sinodalidade deve partir do sacerdócio batismal do Concílio Vaticano II, o Vaticano II é a base do trabalho sinodal, definindo a sinodalidade como a unidade de todos os cristãos, caminhando juntos, uma dinâmica na qual o progresso está sendo feito. Ecologia e sua relação com as pessoas Dom Antony Randazzo ressaltou a importância da recente viagem apostólica do Papa Francisco à Ásia e à Oceania, uma área ecologicamente frágil, uma importante reflexão no dia de São Francisco, que pede o cuidado da Criação, algo cada vez mais preocupante na Oceania, que causa fluxos migratórios por razões ecológicas. Nesse sentido, ele pediu que as pessoas não sejam esquecidas quando se fala de ecologia. Ele também se referiu à sinodalidade como algo natural em muitas comunidades da Oceania, onde as pessoas falam e escutam umas às outras com respeito. A missão no mundo digital Xiskya Valladares, que foi apresentada como “a freira do Twitter”, definiu-se como uma religiosa e missionária digital. Partindo da pergunta que marca esta Segunda Sessão da Assembleia Sinodal: Como ser uma Igreja sinodal em missão, ela destacou que nosso mundo mudou e que, diante das mudanças tecnológicas e da Inteligência Artificial, a Igreja não pode ficar para trás. Diante do chamado de Francisco para ir a todos, a todos, a todos, Xiskya destacou que 65% da população mundial está em ambientes digitais, onde a sinodalidade também está presente, destacando os missionários digitais como um novo carisma. Nesse ambiente digital, a Igreja é desafiada a acompanhar, a escutar, a “ir ao…
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A Igreja sinodal de Francisco, uma Igreja que escuta a todos, todos, todos

A Igreja sinodal de Francisco, que o próprio Papa definiu como o modo de ser Igreja no século XXI, é algo que vai muito além da Assembleia Sinodal. A sinodalidade é um processo que a Igreja leva adiante de várias maneiras. Assumindo o estilo sinodal como Igreja Nesse sentido, é importante a declaração feita pelo Secretário da Secretaria do Sínodo, que poderíamos dizer que é a sala de máquinas da sinodalidade e, portanto, um dos instrumentos decisivos da Igreja de Francisco. O Cardeal Mario Grech se referiu aos 10 Grupos de Estudo criados a pedido do Santo Padre para aprofundar as questões teológicas presentes no Relatório Síntese da Primeira Sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, algo que foi retomado por Giacomo Costa na Sala Stampa. O cardeal maltês disse que o trabalho desses grupos “não é estranho ao Caminho Sinodal e, especialmente, ao estilo sinodal que nós, como Igreja, estamos tentando assumir”. Grech lembrou o que o Papa Francisco lhe disse em uma carta datada de 22 de fevereiro de 2024, na qual ele pediu a esses grupos que “trabalhassem de acordo com um método autenticamente sinodal”. Para o Secretário da Secretaria do Sínodo, “isso significa que, dentro do Sínodo, esses grupos são chamados a incentivar a participação efetiva de todos os membros, mas também são chamados a permanecer abertos a uma participação mais ampla, a de todo o Povo de Deus”. Participação de todo o Povo de Deus, um ponto-chave A participação de todo o povo de Deus é o ponto-chave dessa Igreja sinodal. Aqueles que participam desses grupos, incluindo os membros da Assembleia Sinodal, não podem se sentir como alguém que decide, mas como alguém que escuta a todos, escuta a voz do Espírito e, junto com outros, por meio da conversa no Espírito, discerne. Na comunicação do Cardeal Grech, afirma-se claramente que “enquanto os 10 grupos – e com eles também a Comissão – continuarem funcionando, ou seja, até junho de 2025, será possível que todos enviem contribuições, comentários e propostas. Pastores e líderes da Igreja, mas também, e acima de tudo, cada crente, homem ou mulher, e cada grupo, associação, movimento ou comunidade poderá participar com sua própria contribuição”. Uma Igreja que escuta A importância dessa proposta é decisiva para entender o que significa uma Igreja que escuta. Penso, e me enche de alegria, na possibilidade de que um ministro da Palavra, uma catequista de uma das comunidades ribeirinhas que acompanho às margens do Rio Negro, na arquidiocese de Manaus, possa enviar à Secretaria do Sínodo o que é vivido, rezado, celebrado, testemunhado, nessas comunidades, por tantos homens e, principalmente, mulheres, que doam suas vidas gratuitamente para que o Evangelho continue presente na vida dessas pessoas. Quantas coisas interessantes poderiam vir dessas e de outras comunidades semelhantes! Uma Igreja que tem medo de escutar a todos se torna autorreferencial, e Francisco nos adverte constantemente contra esse perigo. Portanto, só podemos dizer ao Secretariado do Sínodo: obrigado por garantir o método sinodal, por sua disposição em coletar o material que lhe será enviado e repassá-lo ao(s) grupo(s) relevante(s). A sinodalidade não é teoria, é prática, e isso, mesmo que deixe algumas pessoas nervosas, é sinodalidade, é Igreja real, porque a Igreja nunca foi um pequeno grupo de puros e escolhidos. Não nos esqueçamos que uma Igreja de puros e escolhidos, isso é heresia. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1