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Dia: 21 de outubro de 2024

Cardeal Fernández: Nada impede que as mulheres “ocupem posições muito importantes na liderança das Igrejas”

Na última sexta-feira, os grupos criados para estudar algumas questões relacionadas ao Sínodo sobre Sinodalidade se reuniram com os membros do Sínodo. A ausência do Cardeal Víctor Manuel Fernández na reunião do grupo 5 gerou certo desconforto entre os presentes. Uma situação que o próprio Prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé esclareceu diante dos participantes da 13ª Congregação Geral, realizada na manhã de segunda-feira, 21 de outubro. O diácono feminino não é uma questão madura O cardeal argentino começou seu discurso, ao qual a assembleia respondeu com aplausos ao final de suas palavras, oferecendo uma reunião na quinta-feira às 16h30. Em suas palavras, ele disse que “o Santo Padre expressou que, neste momento, a questão do diaconato feminino não está madura e pediu que não parássemos agora com essa possibilidade”, um caminho que continua e, no devido tempo, as conclusões serão divulgadas. Em vez disso, disse Tucho, “o Santo Padre está muito preocupado com o papel das mulheres na Igreja“, dizendo que o Papa pede para não se concentrar nas ordens sagradas. O cardeal disse que apoia a posição do pontífice, “porque pensar no diaconato para algumas mulheres não resolve a questão dos milhões de mulheres na Igreja”. Medidas não tomadas Referiu-se a passos que não foram dados, como o apoio ao ministério de catequistas por parte de algumas conferências episcopais, especialmente a dimensão que fala de “catequistas que apoiam as comunidades na ausência de sacerdotes, mulheres que estão à frente, lideram comunidades e desempenham diferentes funções”, que Querida Amazônia assumiu. Uma proposta que considera possível, “porque o Papa havia explicado em seus documentos que o poder sacerdotal ligado aos sacramentos não se expressa necessariamente como poder ou autoridade, e que existem formas de autoridade que não requerem ordens sagradas”. Ele também falou sobre a falta de concessão do acólito às mulheres, com padres “que não querem apresentar mulheres ao bispo para esse ministério”. O mesmo foi dito sobre o diaconato permanente, que não é assumido em todas as dioceses e muitas vezes não vai além de serem coroinnhas. A partir desses exemplos, ele quis justificar que “a pressa em pedir a ordenação de mulheres diaconisas não é hoje a resposta mais importante para promover as mulheres”. Por esse motivo, “para incentivar a reflexão, pedi que fossem enviados ao meu Dicastério testemunhos de mulheres que lideram comunidades ou ocupam cargos importantes de autoridade. Não porque elas se impuseram às comunidades, ou como resultado de um estudo, mas porque adquiriram essa autoridade sob o impulso do Espírito em resposta a uma necessidade do povo. A realidade é superior à ideia”, sublinhou o prefeito. Apoio às mulheres no Sínodo Às mulheres membros deste Sínodo, ele pediu “que ajudem a coletar, explicitar e transmitir ao Dicastério várias propostas, que possamos ouvir em seu contexto, sobre possíveis caminhos para a participação das mulheres na liderança da Igreja”, dizendo esperar propostas e reflexões, algo que ele está pronto para fazer na próxima quinta-feira, quando explicará os passos que estão sendo dados. Finalmente, ela expressou sua convicção de “avançar passo a passo e chegar a coisas muito concretas, para que possamos entender que não há nada na natureza das mulheres que as impeça de ocupar posições muito importantes na liderança das Igrejas“. Isso se deve ao fato de que “o que realmente vem do Espírito Santo não pode ser impedido”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Sínodo: No Documento Final, procure uma profunda renovação da Igreja em novas situações, não em decisões e titulares

A Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, que realiza sua Segunda Sessão de 2 a 27 de outubro, entra em sua semana decisiva. Os participantes já têm em mãos o esboço do Documento Final, que foi entregue após uma Missa votiva ao Espírito Santo e um momento de retiro, no qual tanto o secretário do Sínodo, Cardeal Mario Grech, quanto o Padre Radcliffe, deram uma breve, mas profunda lição sobre o que é a sinodalidade. Rascunho do Documento Final De segunda-feira à tarde até quarta-feira, será o momento de os membros da Assembleia Sinodal darem suas contribuições para que quinta e sexta-feira a comissão redatora possa preparar o Documento Final. Algo a que a secretária da Comissão de Comunicação, Sheila Pires, se referiu. Ela lembrou as palavras do cardeal Grech na missa do dia, onde enfatizou que o final da Assembleia é um novo começo, e do padre Radcliffe, que no retiro fez um chamado à liberdade e responsabilidade. Igualmente, ela se referiu ao rascunho do Documento Final entregue aos participantes, um texto provisório e confidencial, falando da necessidade de afrontar a última semana com espírito de liberdade. O texto quer ser uma seta num caminho rico que incorpora o trabalho ao longo de todas as fases. No rascunho foi considerado os contributos dos círculos menores e dos teólogos, colocando o foco na ressurreição de Jesus. Os próximos passos será uma troca de dons, para partilhar desafios, sonhos, dinâmicas e novas motivações que surgem do texto. A Assembleia rezou no final das atividades da manhã pelo sacerdote assassinado ontem em Chiapas (México). Pedido de desculpas do Cardeal Víctor Manuel Fernández Por sua vez, o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, disse que a assembleia está em um momento crucial, destacando as reuniões de sexta-feira à tarde com os grupos de estudo. Nessas reuniões, houve uma situação pela qual o Cardeal Victor Manuel Fernandez se desculpou na Sala Sinodal, onde estava presente o Papa Francisco, cujas palavras, aplaudidas pelos participantes da assembleia, foram entregues aos jornalistas. Ruffini destacou as canonizações deste domingo, a oração de encerramento do Sínodo Digital e, na próxima sexta-feira, 25 de outubro, o Sínodo do Esporte. Os convidados na Sala Stampa do Vaticano na última segunda-feira da assembleia foram Timothy Radcliffe, conselheiro espiritual da assembleia, o arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana, Cardeal Mateo Zuppi, a subsecretária do Sínodo, Nathalie Becquart, e Dom Manuel Nin Güell, Eparca Apostólico para os católicos de rito bizantino na Grécia. Como estar juntos de forma diferente Para Radcliffe, há uma tentação de ler o Documento Final, por enquanto o esboço, procurando decisões e manchetes, quando “o Sínodo trata de uma profunda renovação da Igreja em novas situações“. Diante de uma realidade de violência e desintegração da sociedade, citando como exemplo os perigos das eleições nos Estados Unidos, a Igreja é chamada a assumir o papel de ser um sinal de paz e de comunhão com Cristo. É uma questão de tomar decisões que não chegam às manchetes, porque tem a ver com o modo de ser de Jesus e de estar com as pessoas. Para o dominicano, que será nomeado cardeal em 7 de dezembro, a importância do documento está em descobrir como podemos estar juntos de uma maneira diferente. Ele citou dois exemplos, a visita do Santo Padre à prisão para lavar os pés dos detentos e uma visita que ele fez ao norte do Paquistão como general de sua ordem, quando viu como um dominicano americano se vestia com as mesmas roupas e estava entre as pessoas, definindo-o como um pastor com cheiro de ovelha, uma testemunha de que o Evangelho pode tocar e renovar nossa Igreja. A partir daí, ele insistiu que esse é o caminho, a abordagem que devemos adotar para ler esse documento, que “não evoca decisões dramáticas e radicais, mas novas formas de ser Igreja que nos permitem estar em comunhão uns com os outros de maneira mais profunda em Cristo e para Cristo”. O diálogo é o alicerce da Igreja O Cardeal Zuppi afirmou que “o diálogo é o fundamento da Igreja“, referindo-se às mesas da Sala Sinodal como espaços onde todos podemos falar juntos, ouvir uns aos outros a partir de uma dimensão espiritual, não algo funcional, mas uma dimensão mais ampla, onde se percebe a presença da Igreja de todo o mundo, citando como exemplo o representante da Igreja do Nepal, com apenas oito mil fiéis. O Arcebispo de Bolonha pediu para não ceder à polarização, para não querer apagar a voz do outro, para buscar o que nos une, lembrando as palavras do Papa Bom, o que não significa fingir que não há elementos que não possam nos dividir. Ele define o atual processo sinodal como um grande sinal de comunhão em um mundo no qual às vezes é difícil chegar a um acordo. Nesse sentido, ele vê o Documento Final como uma boa indicação do método, para descobrir que a Igreja está vivendo algo neste mundo que, às vezes, esquecemos que é a nossa casa comum, e que deve envolver uma aspiração de encontrar uma fraternidade que nos una a todos como uma experiência muito bonita, uma vez que se fala de tudo, sem ignorar o que é levantado. A partir daí, ele pediu que continuássemos avançando, que olhássemos além, que não ficássemos onde estamos, um método válido em um mundo onde os problemas não são enfrentados, onde se grita com eles. Uma Igreja com traços das pessoas que fazem parte dela, o que a torna mais atraente, concluiu Zuppi. As mulheres fazem contribuições essenciais A subsecretária do Sínodo destacou entre os frutos do Sínodo a promoção do ecumenismo, abrindo uma nova fase e trazendo uma nova forma de ver e articular o Primado do Papa. Na Segunda Sessão, a qualidade da escuta mútua é muito alta, levando a uma promoção da fraternidade. Ir. Nathalie Becquart destacou o papel das mulheres na assembleia, o que elas estão contribuindo como relatoras e na comissão…
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Radcliffe pede liberdade e coragem na construção e votação do Documento Final do Sínodo

A última semana da Assembleia Sinodal começou com um tempo de oração e retiro. Após a missa votiva ao Espírito Santo, os participantes da assembleia, na presença do Papa Francisco, ouviram as palavras do Padre Radcliffe, que os fez perceber que “estamos prestes a embarcar em nossa última tarefa, considerar o documento final, emendá-lo e votá-lo”. Liberdade para os filhos de Deus Para realizá-la, ele pediu que o fizéssem, como pede São Paulo, com liberdade, pois “nossa missão é pregar e encarnar essa liberdade. A liberdade é a dupla hélice do DNA cristão. Em primeiro lugar, é a liberdade de dizer o que acreditamos e de ouvir sem medo o que os outros dizem, com respeito mútuo. É a liberdade dos filhos de Deus de falar com ousadia, com parrésia (por exemplo, Atos 4.29), como os discípulos declararam com ousadia as boas novas da Ressurreição em Jerusalém. Por causa dessa liberdade, cada um de nós pode dizer ‘eu’. Não temos o direito de ficar em silêncio”. A raiz está na liberdade interior, observando que “podemos ficar desapontados com as decisões do Sínodo. Alguns as considerarão imprudentes ou até mesmo erradas. Mas temos a liberdade daqueles que acreditam que “Deus faz todas as coisas para o bem daqueles que o amam”, como diz a Carta aoss Romanos. Ele pediu esperança, pois “podemos ter certeza de que ‘nada pode nos separar do amor de Deus’, nem mesmo a incompetência, nem mesmo os erros”. Uma liberdade que nos leva a “pertencer à Igreja e dizer Nós”. Deus opera em liberdade, afirmou o dominicano, advertindo que “crer no Espírito Santo não nos dispensa de usar nossas mentes na busca da verdade”. O dominicano lembrou o que aconteceu com Yves Congar, silenciado por Roma por “falar a verdade”, por ser “uma testemunha autêntica e pura do que é verdadeiro”. Nessa perspectiva, ele enfatizou que “não devemos ter medo da discordância, porque o Espírito Santo está agindo nela”.  Pois liberdade é “pensar, falar e ouvir sem medo. Mas isso não é nada se não for também a liberdade daqueles que confiam que ‘Deus faz todas as coisas para o bem daqueles que amam a Deus’”. A providência de Deus em ação Para Radcliffe, “a providência de Deus está agindo suave e silenciosamente, mesmo quando as coisas parecem estar dando errado”, pois ela está “entrelaçada na história da nossa salvação desde o início”. Contra isso, ele advertiu que “mesmo que o resultado do Sínodo o desaponte, a providência de Deus está em ação nesta Assembleia, conduzindo-nos ao Reino por caminhos conhecidos apenas por Deus. Sua vontade para o nosso bem não pode ser frustrada”. De fato, “este é apenas um sínodo. Haverá outros. Não precisamos fazer tudo, apenas tentar dar o próximo passo”. Uma afirmação fundamental para entender que somos parte de um processo, que nada começou conosco e, se for de Deus, nada terminará. “Se formos livres apenas para argumentar nossas posições, seremos tentados pela arrogância daqueles que, nas palavras de De Lubac, se veem como ‘a norma encarnada da ortodoxia’. Acabaremos batendo os tambores da ideologia, seja ela de esquerda ou de direita. Se tivermos apenas a liberdade daqueles que confiam na providência de Deus, mas não ousarmos entrar no debate com nossas próprias convicções, seremos irresponsáveis e nunca amadureceremos”, advertiu o dominicano, palavras que são fundamentais para entender a sinodalidade. Isso porque “a liberdade de Deus atua no âmago de nossa liberdade, brotando de dentro de nós. Quanto mais é de Deus, mais é nossa liberdade”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Grech: Escutar o Espírito para que “a conclusão desta assembleia sinodal não será o fim de algo, mas um novo começo”

Na reta final dos trabalhos da Assembleia Sinodal, os participantes desse caminho celebraram uma missa votiva ao Espírito Santo, presidida pelo Secretário do Sínodo, Cardeal Mario Grech. Uma assembleia que “recolhe os frutos de um longo caminho iniciado em outubro de 2021”. Não cair na ganância Em suas palavras na segunda-feira, 21 de outubro, o cardeal maltês refletiu sobre como “reunir” sem cair na ganância, algo que “pode se referir não apenas aos bens materiais, mas ao bem e à beleza que Jesus nos confia neste Sínodo”. Analisando o texto, ele disse que, para Jesus, “a herança deve ser dividida, mas mantida intacta por meio da gestão compartilhada”. Isso porque “Jesus se recusa a dividir e, em vez disso, nos convida a buscar a comunhão, uma vez que ele identifica a ganância e o desejo de posse como a raiz da divisão”. Seguindo o que o Papa tanto insiste, Grech afirmou que “Jesus rejeita toda lógica de partidarismo e divisão ao buscar a comunhão entre os irmãos”, convidando os membros da Assembleia a descobrir “como nos preparar nestes dias para colher os frutos de nosso caminho sinodal e de nossa assembleia, sem nos dividirmos, mas buscando a comunhão”. Um caminho rico em frutos O presidente da celebração continuou analisando a parábola, traçando um paralelo com a assembleia, com os “frutos abundantes” descobertos, contando como sinal de alegria “os sinais de vitalidade em cada fase do caminho sinodal, começando com a escuta que caracterizou particularmente a primeira fase e que envolveu todas as nossas comunidades”. A partir daí, ele insistiu que “nosso caminho foi rico em frutos: ele nos ajudou a ver os dons que florescem hoje no povo de Deus, sem esconder nossas fragilidades e feridas. Mas, como discípulos do Ressuscitado, fomos capazes de reconhecer que é precisamente em nossa fraqueza que a força de Deus se manifesta”. Paralelamente à falta de um lugar para guardar os frutos que aparece no texto, ele questionou: “o que fazer agora, o que fazer com os frutos abundantes que colhemos ao longo desses anos?”, afirmando a possibilidade de não ter “os meios adequados para guardar os dons que descobrimos”, mas também de cair na tentação de que “agora não há mais nada a fazer, só temos que aproveitar os frutos recebidos”, de querer viver da renda, de pensar que o fruto colhido é o fim da história. Não acumular o que foi colhido Ele alertou os participantes da assembleia sobre o risco de “acumular o que colhemos, os dons de Deus, sem reinvesti-los, sem vivê-los como dons recebidos que agora devemos devolver à Igreja e ao mundo”. Além disso, enfatizou que “não podemos nos contentar sem buscar novos caminhos para que a nossa colheita se multiplique ainda mais”, de “correr o risco de permanecer fechados em nossos limites conhecidos, sem continuar a ampliar o espaço da nossa tenda”, já que “a compreensão das verdades e das opções pastorais continua, consolidando-se com os anos, desenvolvendo-se com o tempo, aprofundando-se com a idade”. Para continuar o caminho, ele pediu para “ficar longe da ganância, do desejo de manter tudo, de possuir, de acumular, de definir, de fechar. Devemos vencer a tentação de acreditar que os frutos que colhemos são nosso próprio trabalho e nossa posse”, pedindo para “receber tudo como um presente de Deus”. Diante disso, “o caminho a seguir é o do Espírito de Deus. Pois somente o Espírito Santo pode nos permitir permanecer abertos à novidade de Deus”. Não ouvir apenas a si mesmo De acordo com o secretário do Sínodo, “o homem da parábola só ouve a si mesmo”, e por isso ele nos convidou, individualmente e em comunidade, como em um contínuo Pentecostes, “a dialogar com o Espírito Santo, a nos deixarmos iluminar por ele, esperando aquele transbordamento que é um sinal de sua intervenção”. Isso porque “se ouvirmos apenas a nós mesmos, se nos fecharmos em nós mesmos, estaremos vivendo sozinhos, sem esperança. Pouco a pouco, o que acumulamos começará a desaparecer sem ser substituído pelas novidades que o Senhor continuará a nos enviar”. Frente a isso, “se, por outro lado, escutarmos a voz do Espírito, seremos capazes de identificar novos caminhos”, de modo que “a conclusão desta assembleia sinodal não será o fim de algo, mas um novo começo”, em um caminho confiado a Maria, para que com ela “possamos escutar a voz do Espírito Santo e viver na liberdade do Espírito”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1