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Dia: 22 de outubro de 2024

Imagem de Nossa Senhora da Amazônia entregue ao Papa Francisco expressa gratidão pelo seu carinho

A Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade conta com a participação de dois representantes da Amazônia brasileira, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, que é membro do Sínodo, eleito pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e o jesuíta nascido em Manaus, padre Adelson Araújo dos Santos, professor da Universidade Gregoriana de Roma, que é um dos facilitadores. Papa Francisco envia uma benção à Igreja da Amazônia Em um dos intervalos da assembleia, os dois entregaram ao Papa Francisco uma imagem de Nossa Senhora da Amazônia, enviada por uma comunidade de Manaus que a tem como padroeira. A imagem revela os traços caboclos e indígenas próprios do povo da Amazônia, segundo explicou a Santo Padre o cardeal Steiner, agradecendo-lhe em nome de todos os católicos da Amazônia pelo apoio, pelo amor, pelo carinho que ele tem pela região amazônica. Um presente que o Papa Francisco agradeceu enviando uma benção para a comunidade que enviou a imagem e para todas as comunidades da Igreja da Amazônia. Esse carinho do Papa Francisco pela Amazônia e pelos povos que habitam a região é algo evidente. Ao longo do seu pontificado tem manifestado essa proximidade, uma atitude iniciada nos primeiros meses de seu papado. No encontro com o episcopado brasileiro com motivo da Jornada Mundial da Juventude de Rio de Janeiro em 2013, ele definiu a Amazônia “como teste decisivo, banco de prova para a Igreja e a sociedade brasileiras”. Uma presença diferente da Igreja na Amazônia Segundo o Papa, “a Igreja está na Amazônia, não como aqueles que têm as malas na mão para partir depois de terem explorado tudo o que puderam. Desde o início que a Igreja está presente na Amazônia com missionários, congregações religiosas, sacerdotes, leigos e bispos, e lá continua presente e determinante no futuro daquela área”. Naquela ocasião, Francisco chamou, inspirado no Documento de Aparecida, a “salvaguardar toda a criação que Deus confiou ao homem, não para que a explorasse rudemente, mas para que tornasse ela um jardim”. Igualmente, ele falou da importância de cuidar da formação do clero autóctone, em vista de consolidar o “rosto amazônico” da Igreja. Essas dinâmicas cobraram maior relevância com o decorrer do tempo, especialmente com o Sínodo para a Amazônia, que realizou sua Assembleia Sinodal cinco anos atrás, em outubro de 2019, e que muitos consideram de particular importância para o momento histórico que a Igreja está vivenciando no atual processo sinodal. De fato, o discurso do Papa ao episcopado brasileiro pode ser considerado um primer impulso para os passos dados ao longo dos mais de 11 anos de pontificado.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cada vez mais ameaçados, a Câmara dos Deputados da Itália escuta a voz dos indígenas da Amazônia

A Câmara dos Deputados da Itália acolheu nesta terça-feira 22 de outubro, com motivo da canonização de São José Allamano, um evento sobre os povos indígenas da Amazônia. O Papa Francisco, no final das canonizações deste domingo fez um chamado às autoridades a proteger o Povo Yanomami, uma mensagem que foi exibida no início do ato, sendo lembrada a preocupação do Papa Francisco pela Amazônia, algo presente em Querida Amazônia. Conscientizar a comunidade internacional O desafio é conscientizar o parlamento italiano e a comunidade internacional sobre a necessidade da proteção dos povos indígenas, uma questão além das religiões, segundo o deputado italiano Fábio Porta, organizador do encontro. Ele apresentou a realidade da Amazônia, falando da importância da COP 30, que será realizada em Belém do Pará em 2025, uma oportunidade para a humanidade se colocar na frente da Amazônia e seu papel nas mudanças climáticas. Ele denunciou o desrespeito dos direitos garantidos na Constituição Brasileira de 1988. Mesmo com um governo sensível, o interesse político e económico fala mais forte. Na Amazônia se morre pelo desmatamento e pela ação dos garimpeiros ilegais, lembrou Porta. Ele fez um chamado ao governo italiano sobre sua responsabilidade com relação ao ouro que sai da Amazônia e as graves consequências que provoca. No dia em que é celebrada a festa de São João Paulo II, ele lembrou suas palavras: “holocaustos conhecidos continuam ainda hoje na Amazônia”. Atenção do atual governo aos povos indígenas O embaixador do Brasil na Itália, Renato Mosca de Souza, relatou a situação crítica, de total abandono, de fome e doença com o povo Yanomami, encontrada pelo atual governo, uma situação presente em outros povos indígenas. Diante disso foi criado o Ministério dos Povos Indígenas para enfrentar esse problema, para levar a letra da lei à realidade. O embaixador destacou a importância da participação da Igreja para ajudar o governo para dar aos povos a possibilidade de aceder a cidadania e à vida verdadeira, não ser um povo abandonado. Mosca de Souza destacou a importância do G20 de novembro a ser realizado no Rio de Janeiro, que irá abordar a luta contra a fome e a pobreza, um compromisso do Governo Lula, em um país que saiu em 2014 do mapa da fome da FAO e em 2024 tem 30 milhões de brasileiros que passam fome o sofrem insegurança alimentaria. Diante disso, manifestou o compromisso do governo brasileiro de enfrentar essa situação inaceitável, pois “o problema não é de produção, mas de distribuição”. Ele denunciou os quatro anos de governo negacionista, que abandonou o povo da Amazônia. Frente a isso, ele disse que o único motivo de todo governo é trabalhar pelo povo. O embaixador defendeu o desenvolvimento sem abandonar a dimensão social e a sustentabilidade.  Nessa perspectiva falou da COP 30 como momento de afirmação desta ideia e deste compromisso. Ele agradeceu o apoio do governo italiano ao Brasil em temas relacionados com as mudanças climáticas e a fome. Diversas explorações na Terra Indígena Yanomami O líder indígena da Terra Yanomami, homologada em 1992 sob a pressão indígena e internacional, Júlio Ye´kwana mostrou a realidade de seu território, do tamanho de Portugal, onde moram 33 mil pessoas em 350 comunidades, com 7 línguas e 10 associações para defender os direitos dos povos indígenas. Ele denunciou as ameaças que sofrem: garimpo ilegal, incentivado pelo governo anterior e cada vez mais sofisticado, devastação do território, poluição dos rios, desmatamento, exploração sexual, tráfico de armas e drogas. Ele disse que a Terra Indígena Yanomami se tornou local de criminalidade, atraindo inclusive gente de outros países. Os indígenas são aliciados, começaram a escravizar os indígenas, aumentaram diversas doenças e a desnutrição, dado que os pais de família não conseguiam mais plantar roça, pois ficavam no garimpo ou com malária. Diante da exportação do ouro para Europa, o líder indígena fez um pedido de socorro para que esse ouro seja rasteado para conhecer sua procedência. Os Yanomami têm feito uma aliança com os Kaiapó e Munduruku, os mais atingidos pelo garimpo ilegal, em vista de ganhar força na luta. Ele falou do Marco Temporal, que vai ser um genocídio dos povos indígenas. Ele disse que os Yanomami querem viver, praticar sua cultura, algo que o garimpo está atrapalhando. A pressão internacional é fundamental Essa realidade foi aprofundada pelo padre Corrado Dalmonego, Missionário Dalmonego italiano, antropólogo e grande conhecedor desse povo, que tem vivido por muitos anos na Missão Catrimani, onde aconteceu o milagre que levou a reconhecer a santidade do fundador de sua congregação. Ele reconheceu as melhoras com o atual governo, mas ainda não são suficientes. Diante da impossibilidade de continuar vivendo em uma terra devastada, ele ressaltou que a pressão internacional é fundamental, daí a importância do pedido do Papa Francisco no Angelus do último domingo. Riqueza de uns poucos acima da vida dos indígenas “A questão indígena no Brasil é muito séria”, segundo o arcebispo de Porto Velho, dom Roque Paloschi, que denunciou que os povos originários no Brasil nunca foram reconhecidos como gente. Os artigos 231 e 232 da Constituição Brasileira de 1988 nunca foram levados a sério, e depois de 40 anos só um terço das terras indígenas foram homologadas, algo deveria ter sido feito em três anos. Ele também mostrou sua preocupação diante do Marco Temporal. Ele destacou a importância do ato na Câmara dos Deputados da Itália e a presença do embaixador, e denunciou um desenvolvimento que destrói a Casa Comum para concentrar riqueza nas mãos de poucos, se mostrando contra aqueles que colocam a monocultura para a exportação acima da vida dos indígenas. Mesmo assim disse não ter perdido a esperança: “faz escuro, mas eu canto”, citando o poeta Tiago de Mello. Necessidade de mais avanços do atual governo O secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário, Luis Ventura, fez ver que as Terras Indígenas estão em mãos do poder económico, que não se cumpre o que a Constituição de 1988 diz com relação aos povos indígenas, estando se desconfigurando seus direitos. Ele demandou mais avanços ao…
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Sínodo: Desafio de “voltar para casa como embaixadores ativos da sinodalidade”

A Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade está em seus estágios finais, pois esta quarta-feira é o último dia de trabalho geral, aguardando a importante tarefa que será realizada na quinta e sexta-feira pela comissão de redação para elaborar a versão final do Documento Final que será votado ponto a ponto no sábado à tarde, após uma leitura prévia e, espera-se, detalhada, em profundidade, na manhã do mesmo dia. Trabalhar em círculos menores Na terça-feira, como foi feito na segunda-feira à noite, na presença do Papa, os círculos menores trabalharam nas emendas ao rascunho que receberam. Como comunicou a secretária da comissão de comunicação, Sheila Pires, o trabalho das últimas horas dos círculos menores evidenciou o equilíbrio, a profundidade e a seriedade, bem como a linguagem simples do Documento Final, ao qual foram oferecidas algumas sugestões nas intervenções livres. Pires destacou a alusão aos jovens, com o pedido de um dos membros mais jovens da Assembleia Sinodal aos bispos para que não os deixassem de lado, “caminhem conosco, pois queremos caminhar com vocês“, disse a eles. Ele também enfatizou a necessidade de o documento incluir o papel das mulheres, dos leigos, das conferências episcopais, dos padres e das pequenas comunidades. A assembleia insistiu em dizer um forte e claro “não” da Igreja contra a guerra, “caso contrário, não restará nenhum ser humano vivo que possa ler este documento”, sublinhou. Por sua vez, o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, lembrou que nas próximas horas a assembleia se dedicará à elaboração dos modos, propostas concretas, que podem ser modos coletivos dos círculos menores, votados entre os membros do círculo e que devem ser entregues antes do final da manhã de quarta-feira, e modos individuais. Ruffini disse que os modos coletivos terão mais peso. Ele também lembrou que o documento foi redigido em italiano e traduzido para vários idiomas para facilitar o discernimento, incluindo ucraniano e chinês. Sínodo um Kairos para a África Os convidados na Sala Stampa na terça-feira, 22 de outubro, foram o Cardeal Fridolin Ambongo Besungu, Dom Franz-Josef Overbeck, Dom Andrew Nkea Fuanya e o Padre Clarence Sandanara Davedassan. O Cardeal Ambongo, Arcebispo de Kinshasa (República Democrática do Congo), disse que o Sínodo da Sinodalidade foi recebido como um Kairos em seu país, ajudando a descobrir como ser Igreja no contexto sociocultural africano. Depois de três anos de trabalho, ele disse estar muito satisfeito com um sínodo não para resolver problemas, mas para buscar uma nova maneira de ser Igreja, algo que ele acredita ter sido adquirido. De acordo com o cardeal, outros elementos específicos surgirão mais tarde, “o Sínodo definiu uma base e agora temos que ver como aplicar essa ideia de sinodalidade a quaisquer problemas que possam surgir. Quando eu voltar para casa, tentaremos entrar nessa dinâmica, como ser a Igreja Católica na África de uma maneira diferente”. Sinodalidade significa o futuro O Arcebispo de Bamenda (Camarões), Dom Andrew Nkea Fuanya, começou expressando sua gratidão pelo Sínodo, “um exercício muito bonito no âmbito da Igreja Católica”. O arcebispo definiu a sinodalidade como “um sinal escatológico para todos nós que viemos de tantos lugares diferentes”. A partir daí, ele afirmou que “todos os membros do Sínodo queremos voltar para casa como embaixadores ativos da sinodalidade“. Para o membro do Sínodo, “a sinodalidade significa o futuro”, porque é uma dinâmica que leva a “rejeitar o individualismo”, sendo um “chamado à vida comunitária, ao caminho comum”, algo muito importante para suas comunidades cristãs, que começam nas famílias, e daí vão para as missões, conferências episcopais e a Igreja universal, pequenas comunidades nas quais se conhecem, e que para que permaneçam plenas, a sinodalidade é vista como o caminho. O bispo Nkea Fuanya destacou o papel dos catequistas, que são extremamente importantes, com um papel fundamental, pois estão presentes em todos os níveis. Ele também ressaltou a participação das mulheres, que dirigem as igrejas, e a importância de estarem juntas como expressão da igreja sinodal. Para o bispo camaronês, a África é um lugar fértil para a sinodalidade, que é importante para a paz, porque “em nossas comunidades conseguimos resolver os problemas pacificamente”, concluiu. Reinculturando em uma sociedade pós-secular Dom Franz-Josef Overbeck, bispo de Essen e presidente da Adveniat, destacou que metade dos alemães são pessoas sem religião, o que leva os bispos a se questionarem. Em vista disso, a Igreja Católica precisa se reinculturar em uma realidade pós-secularizada e repensar suas estruturas. Ainda mais porque as paróquias são frequentadas por idosos e poucos jovens. O desafio é reevangelizar depois de séculos de cristianismo, dar uma nova resposta ao papel das mulheres na Igreja, encontrar uma resposta para a falta de padres e o que isso significa para a liturgia, enfatizou o bispo de Essen. Em sua opinião, há uma tensão entre a estrutura e a nova espiritualidade. Nesse sentido, ele disse que a sinodalidade é algo que eles já vivem, com estruturas paroquiais que são sinodais há 50 ou 60 anos. No nível da Conferência Episcopal, após o escândalo dos abusos, a Igreja alemã realizou uma reflexão sinodal sobre as estruturas sinodais que já possui. O diálogo como experiência cotidiana na Ásia Por fim, o padre Davedassan mostrou o que a Ásia traz para a jornada sinodal, onde os cristãos são supostamente uma minoria, o que os leva a viver juntos com outras religiões, em uma coexistência que leva a ser sinodal ad intra e ad extra. Em um continente onde o espaço público para a expressão da fé parece estar cada vez mais reduzido pelo extremismo político e religioso, a necessidade de diálogo não é uma opção, mas uma necessidade na Ásia, que faz parte da experiência cotidiana e é o caminho para viver em harmonia. Nesse contexto, a sinodalidade é a base de tudo isso, em uma mistura cada vez mais comum de crenças, o que significa que as crianças aprendem a viver em diálogo dentro da família. “O caminho sinodal não é algo novo, ele já existe em muitos países asiáticos, e isso…
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Timothy Radcliffe, o testemunho da liberdade necessária em uma Igreja sinodal

  A figura do dominicano inglês Timothy Radcliffe, um dos dois acompanhantes espirituais da Assembleia Sinodal, juntamente com a Madre Maria Inazia Angelini, é de particular importância para o andamento do processo. Não foi em vão que eles possibilitaram que os participantes da Assembleia “ouvissem a voz do Espírito Santo”, algo que o Papa Francisco pediu em seu discurso na abertura oficial. Entrar em sintonia com o que Deus diz O Papa Francisco considera a oração e a Palavra de Deus como as condições para ver “todas as contribuições reunidas durante esses três anos de trabalho intenso, de compartilhamento, de confronto de ideias e de esforço paciente para purificar a mente e o coração”, como ele disse na missa de abertura. E nesse caminho, o dominicano tem sido alguém que ajudou a entrar em sintonia com o que Deus está dizendo à sua Igreja hoje. Ele fez isso com liberdade, a mesma liberdade que pediu na meditação antes de receber o rascunho do Documento Final para consideração, emenda e votação. Ele pediu aos participantes da Assembleia que “exercessem essa pesada responsabilidade” com liberdade. Para Radcliffe, falar de liberdade é falar de uma atitude que dinamiza sua vida diária. Pregar e incorporar essa liberdade Quando disse em sua meditação que “nossa missão é pregar e encarnar essa liberdade”, insistindo que “a liberdade é a dupla hélice do DNA cristão“, Radcliffe deixou claro que essa “é a liberdade de dizer o que acreditamos e de ouvir sem medo o que os outros dizem, com respeito mútuo”. Essa atitude é perceptível em sua vida cotidiana, alguém que permanece firme em sua missão de ajudar Francisco a realizar seu grande horizonte desde que assumiu o pontificado, uma Igreja sinodal, uma Igreja de todos, de todos, de todos, uma Igreja na qual todos podem se sentir livres para caminhar juntos, pois “graças a essa liberdade, podemos ousar pertencer à Igreja e dizer Nós”. Para Radcliffe, “o cerne de nossa tomada de decisão é essa dupla hélice de liberdade abençoada. Pois a liberdade de Deus opera nas profundezas de nosso livre pensar e decidir“. Uma liberdade que nos leva a “pensar, falar e ouvir sem medo”, o que é próprio “daqueles que confiam que ‘Deus faz todas as coisas para o bem daqueles que amam a Deus’”. Se, nestes dias, os membros da Assembleia Sinodal conseguirem assumir a necessidade de pensar, falar e ouvir sem medo, o Documento Final será uma luz que brilhará na Igreja. Se nas bases, onde todos vivem sua fé e colaboram na construção do Reino de Deus, todos os batizados, independentemente de seu ministério e serviço, puderem pensar, falar e ouvir sem medo, a Igreja sinodal, a Igreja de todos, poderá dar passos mais largos e mais rápidos, Caso contrário, se continuarmos a adotar uma postura intrometida ou autoritária, que nos leve a medir nossas palavras e ações dominadas pelo medo, que nos leve a interromper qualquer tentativa de viver em liberdade, a sinodalidade se diluirá e a Igreja piramidal e dos privilégios continuará a dominar as relações eclesiais. Quanto mais é de Deus, mais é nossa liberdade. Isso porque a liberdade não pode se resumir a argumentar nossas posições, a nos instalarmos em posições arrogantes, não pode continuar sendo uma atitude que não se materializa em ações. A partir da liberdade, temos de ousar “entrar em debate com nossas próprias convicções”, caso contrário “seremos irresponsáveis e nunca amadureceremos”. A liberdade de Deus atua no âmago de nossa liberdade, brotando de dentro de nós. Quanto mais é de Deus, mais é nossa liberdade”, como disse o dominicano. Uma liberdade que Radcliffe vive e expressa espontaneamente, o que o levou a pedir ao Papa Francisco poder renunciar às suas vestes cardinalícias, algo que o Santo Padre lhe concedeu e que o levará a receber o capelo com seu hábito dominicano branco. Aqueles que o insultam se qualificam, são apenas uma pequena minoria em comparação com a multidão que vê nele uma verdadeira testemunha do Evangelho e da Igreja sinodal e de todos. Até mesmo os jesuítas, alvo de várias piadas do dominicano durante suas meditações, devem amar o novo cardeal, e esta afirmação é claramente outra piada. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1