Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Dia: 23 de outubro de 2024

Assembleia Sinodal elege 12 membros do Conselho Ordinário da Secretaria Geral do Sínodo

Conforme relatado pela Secretaria Geral do Sínodo através da Sala Stampa do Vaticano, na última Congregação Geral antes da leitura e aprovação do Documento Final, que ocorrerá neste sábado, 26 de outubro, foram eleitos os novos membros do Conselho Ordinário da Secretaria Geral do Sínodo. 12 dos 17 membros eleitos A nova composição introduz algumas mudanças por indicação do Papa Francisco, elevando o número para 17, dos quais foram eleitos 12 bispos, distribuídos da seguinte forma: um das Igrejas Católicas Orientais, Sua Beatitude Rev. Youssef Absi, Patriarca de Antioquia dos Greco-Melquitas, Chefe do Sínodo da Igreja Católica Greco-Melquita; um da Oceania, o Arcebispo Timothy John Costeloe, Arcebispo de Perth (Austrália); dois da América do Norte, o Bispo Daniel Ernest Flores, Bispo de Brownsville (Estados Unidos da América), e o Bispo Alain Faubert, Bispo de Valleyfield (Canadá). Dois também estão representados da América Latina, o Arcebispo de Bogotá (Colômbia), Cardeal Luis José Rueda, e o Arcebispo de Maracaibo (Venezuela), Dom José Luis Azuaje; a Europa será representada pelo Arcebispo de Marselha (França), Cardeal Jean-Marc Avelline, e pelo Arcebispo de Vilnius (Lituânia), Dom Gintaras Grusas. A África será representada pelo Cardeal Dieudonné Nzapalainga, Arcebispo de Bangui (República Centro-Africana), e pelo Arcebispo Andrew Fuanya Nkea, Arcebispo de Bamenda (Camarões), os dois únicos que repetem do anterior conselho. A Ásia será representada pelo Cardeal Filipe Neri António Sebastião do Rosário Ferrão, Arcebispo de Goa e Damão (Índia), e pelo Bispo Pablo Virgilio S. Dadid, Bispo de Kalookan (Filipinas). Responsável pela preparação e realização da Assembleia Sinodal Como o comunicado nos lembra, a eles se juntarão quatro membros nomeados pelo pontífice e, no devido tempo, o chefe do Dicastério da Cúria Romana encarregado do tema do próximo Sínodo. Esse conselho “é responsável pela preparação e implementação da Assembleia Geral Ordinária”, de acordo com a Episcopalis Communio. Eles assumem o cargo no final da Assembleia Geral Ordinária que os elegeu e deixam de exercer o cargo quando ela é dissolvida. O Conselho, presidido pelo Santo Padre, é parte integrante da Secretaria Geral. O texto também afirma que “o novo Conselho Ordinário desempenhará um papel fundamental tanto na implementação deste processo sinodal sobre sinodalidade quanto na preparação do próximo Sínodo”. O Secretário do Sínodo, Cardeal Mario Grech, desejou-lhes sucesso em seu trabalho e agradeceu aos membros que estão deixando o cargo por sua valiosa colaboração na realização do atual processo sinodal. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Sínodo: Reconfigurar a Igreja para otimizar as condições de trabalho

A última coletiva de imprensa em que foram apresentados os trabalhos da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, antes daquela que será usada para apresentar o Documento Final no final do sábado, 26 de outubro, trouxe para a Sala Stampa o que foi vivido nas últimas horas, nas quais, como lembrou a secretária da Comissão para a Comunicação, Sheila Pires, o trabalho continuou em vista das emendas ao rascunho do Documento Final, que será lido e votado no sábado, e que já foram entregues, tanto coletivas quanto individuais, à Secretaria do Sínodo. Papa Francisco pede aos jovens que caminhem O Prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, também apresentou a composição e o papel do Conselho Ordinário do Sínodo. O prefeito se referiu a um comunicado enviado aos jornalistas no qual o padre Timothy Radcliffe se posicionou sobre uma controvérsia que havia surgido durante a coletiva de imprensa do dia anterior, esclarecendo sua posição e agradecendo ao cardeal Ambongo por sua defesa. Os presentes na Sala Stampa assistiram a um vídeo do Papa Francisco dirigindo-se aos jovens, no qual ele lhes disse que “uma das coisas mais importantes é caminhar, quando um jovem caminha tudo vai bem”, o que ele comparou à água, que quando estagna se corrompe, algo que ele aplicou aos jovens. Por isso, ele os convidou a “caminhar sempre, com coragem e alegria”. Também foi informado que o Papa entregou aos participantes da Assembleia Sinodal o livro de Luis Miguel Castillo Gualda sobre Santo Agostinho e sua concepção do bispo no povo de Deus, um tema muito abordado neste processo sinodal. Autoridade e função do bispo A autoridade e o papel do bispo na diocese e a seleção dos bispos foi tema de debate no Sínodo, de acordo com o prefeito do Dicastério dos Bispos, Cardeal Robert Francis Prevost, que falou sobre o papel do núncio na identificação dos candidatos ao episcopado. A Assembleia Sinodal questionou como conduzir um processo de busca de candidatos mais sinodal, aberto e participativo. Essa é uma orientação que os núncios recebem, de acordo com o cardeal, que insistiu que os bispos não são apenas administradores, eles têm que ser pastores que caminham com o povo de Deus, caminhando juntos, com alegria. Mas também, os bispos são chamados a serem juízes em vários assuntos relacionados à disciplina, dando origem a uma tensão entre ser pastor e juiz, o que faz parte do papel dos bispos. “A única autoridade que temos como bispos é a do serviço”, disse o prefeito, lembrando as palavras do Papa Francisco. Um chamado para passar do poder ao serviço, para criar órgãos consultivos, para trabalhar em conjunto para alcançar o maior número de fiéis. É necessário que os bispos conheçam seu rebanho, encontrem tempo para se encontrar com as pessoas e ouvir suas preocupações, formas de ir ao encontro das pessoas que estão à margem, para convidá-las a entrar na Igreja, todos, todos, todos, porque “a Igreja está aberta a todos, temos que ampliar nossa tenda, para que as pessoas saibam que todos são bem-vindos e bem-vindas”, que “todos são convidados a fazer parte da comunidade da Igreja”. Questões canônicas sobre sinodalidade Myriam Wijlens comparou o atual processo sinodal com o fato de reiniciar um computador, o sistema é reconfigurado para otimizar as condições de trabalho. Esse é o convite do Papa Francisco, sob a orientação do Espírito Santo, para otimizar sua tarefa missionária. Inspirada pelo Concílio Vaticano II, a Igreja está refletindo sobre como os vários membros do Povo de Deus, levando em conta diferentes elementos, podem discernir melhor, juntos como a missão confiada à Igreja pode ser mais credível e eficaz, disse a canonista, que destacou como única a participação de todos desde o início. Um processo que precisa de normas canônicas, segundo a professora da Universidade de Erfurt (Alemanha), enfatizando alguns aspectos, como a necessidade de conferências eclesiais que levem a um discernimento de todo o Povo de Deus, a natureza obrigatória dos conselhos, bem como estruturas permanentes em nível de províncias eclesiásticas e em nível continental. Ele também se referiu à responsabilidade e à transparência em relação a abusos de todos os tipos, que levaram a uma falta de confiança, e ao planejamento pastoral e aos métodos de evangelização. Procedimentos apropriados precisam ser implementados para isso. Autoridade doutrinária das conferências episcopais Sobre a autoridade doutrinária das conferências episcopais, Gilles Routhier fez uma revisão histórica, falando da necessidade de um debate em todas as direções. A esse respeito, o teólogo canadense esclareceu que isso não significa que cada conferência episcopal tenha autoridade absoluta, mas apenas com limitações, em comunhão com a Igreja, enfatizando que “a conferência episcopal não é autônoma, ela tem que estar em coerência com as outras conferências e com a Sé de Pedro”. Isso porque não se trata de uma fragmentação da Igreja, mas de ensinar a fé comum de uma forma autêntica, que não permanece em um nível abstrato, mas que responde às necessidades de um povo em particular e ajuda a oferecer uma posição adequada. A riqueza da diversidade da Igreja universal Por fim, Khalil Alwan destacou que, pela primeira vez, uma Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos convida participantes não-bispos como membros plenos, uma novidade muito apreciada pelos leigos, o que permitiu que ela fosse a melhor expressão do sensus fidei da Igreja universal. O sacerdote maronita contou sobre a especificidade das Igrejas Católicas Orientais e que elas estão em plena comunhão com o Bispo de Roma. Ele especificou os países de onde eles vêm, “para trazer as preocupações de nossas igrejas que estão sofrendo por causa da tragédia das guerras e da hemorragia dos migrantes”. Ele também enfatizou na Assembleia a riqueza da diversidade da Igreja universal, que leva a tecer relacionamentos e construir pontes de diálogo para promover a compreensão mútua e buscar o bem comum, destacando os gestos do Papa Francisco neste momento, que gerou esperança. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB 

Encontro no Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral leva a Roma a voz dos Yanomami, das periferias

A canonização de São José Allamano, fundador dos Missionários e das Missionárias da Consolata, juntamente com a celebração da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, tornou possível que a voz da Amazônia e de seus povos, a voz das periferias, estivesse presente em várias instituições italianas e vaticanas. O apoio do Papa aos Yanomami Uma dessas reuniões aconteceu no Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, onde a voz da Terra Indígena Yanomami foi levada por um de seus líderes, Julio Ye’kwana. Foi nesse território, na Missão Catrimani, onde os Missionários e as Missionárias da Consolata estão presentes desde 1965, que aconteceu o milagre que levou a Igreja Católica a reconhecer a santidade de São José Allamano em 20 de outubro de 2024, Dia Mundial das Missões. No final das canonizações, o Papa Francisco disse: “O testemunho de São José Allamano nos lembra da necessidade de cuidar das populações mais frágeis e vulneráveis. Penso em particular no povo Yanomami da floresta amazônica brasileira, entre cujos membros ocorreu o milagre ligado à canonização de hoje. Faço um apelo às autoridades políticas e civis para que garantam a proteção desses povos e de seus direitos fundamentais e contra qualquer forma de exploração de sua dignidade e de seus territórios”. Tornar conhecido o sofrimento desses e de outros povos, dentro e fora do Brasil, é o caminho para que sua dignidade seja reconhecida e respeitada. Grave crise na Terra Indígena Yanomami Os Yanomami vêm sofrendo, especialmente desde 2019, com a precariedade de suas condições de vida, o que levou à morte por causas evitáveis de mais de 500 crianças com menos de 4 anos de idade. Tudo isso é consequência do garimpo ilegal, que desmatou a floresta, poluiu os rios com mercúrio, aumentou as doenças e levou a fome ao território, o que foi confirmado de várias maneiras. Situações que levaram o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral a apoiar e acompanhar os povos indígenas na defesa de sua cultura, língua e saúde, algo em que sempre contaram com o apoio do Santo Padre. O Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral está empenhado em levar a Roma a voz dos povos indígenas, dos migrantes, das periferias. Eles estão presentes nos territórios para escutar os clamores do povo, algo que consideram um presente e um processo a ser continuado. Não se pode ignorar que a Igreja Católica tem uma forte influência na defesa dos direitos humanos em nível internacional. Isso é fortalecido quando esse trabalho é realizado em uma rede, em conjunto, por meio de alianças entre territórios e bispos, de forma sinodal. Por essa razão, o dicastério se oferece aos territórios como uma presença no território para influenciar, discernir e servir. Realidade da Terra Indígena Yanomami Os participantes da reunião ouviram de Julio Ye’kwana a realidade da Terra Indígena Yanomami, demarcada em 1992, onde vivem 33.000 indígenas em 350 comunidades. É um território que atravessa as fronteiras entre Brasil e Venezuela, pois para os indígenas não há fronteiras. A situação é dramática devido ao garimpo ilegal, que tem ferido a terra e os povos indígenas, que estão sendo constantemente corrompidos. Soma-se a isso o fato de que, no Brasil, os povos indígenas sofrem com a ameaça do Marco Temporal, claramente inconstitucional, que os mobilizou em uma luta contra. O Pe. Corrado Dalmonego, missionário e antropólogo da Consolata, que viveu por muitos anos entre os Yanomami na Missão Catrimani tem realizado um trabalho de pesquisa e desenvolvimento. Ele reconhece a redução da presença de garimpeiros e vê a necessidade de reativar as bases da proteção etno-ambiental. Denuncia também que a mortalidade infantil e a desnutrição, embora reduzidas, continuam, pois falta capilaridade e regularidade nos serviços de saúde. Ressalta ainda que, uma vez que a terra e os rios estejam contaminados pelo mercúrio, não será possível retornar ao território, pois a população sofrerá problemas neurológicos. O missionário entregou material sobre os Yanomami aos membros do Dicastério, solicitando que encontrassem canais para rastrear o ouro que sai da Terra Yanomami para vários países. O trabalho do CIMI Diante da situação dos povos indígenas, a Igreja no Brasil criou o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), como lembrou o arcebispo de Porto Velho e ex-presidente do CIMI, Dom Roque Paloschi. Dessa forma, ele destacou o trabalho de Dom Erwin Kräutler e de Dom Luciano Mendes de Almeida para que a Constituição Brasileira de 1988 reconhecesse os direitos indígenas. Da mesma forma, o Relatório de Violência contra os Povos Indígenas que o CIMI produz todos os anos.  O bispo, que já pastoreou a Igreja de Roraima, definiu a Missão Catrimani como resultado do Concílio Vaticano. Do Dicastério, seu prefeito, o cardeal Michael Czerny, insistiu que sua missão é “acompanhar e ajudar se necessário”, questionando como podem ajudar e pedindo que sejam mantidos informados sobre o trabalho que está sendo realizado na Amazônia e, assim, compartilhar essas boas práticas. Os povos indígenas estão organizados Nesse sentido, o Arcebispo de Manaus e Presidente do CIMI, Cardeal Leonardo Steiner, refletiu sobre a preocupação de todos os governos com sua imagem, algo que não aconteceu com o governo brasileiro anterior. Em seu discurso, ressaltou a importância das palavras do Papa no Angelus em apoio aos Yanomami, como algo importante para os povos indígenas, pois repercutem em todo o mundo.  O Cardeal Steiner agradeceu ao Dicastério por seu apoio e pediu apoio contínuo em termos de cultura, língua e saúde, enfatizando que “sempre contamos com o apoio do Santo Padre”. Ele também enfatizou que os povos indígenas estão bem organizados: com advogados, enfermeiros, criando consciência de seus direitos. Um grande desafio, porque “existe a possibilidade de que os povos desapareçam”, especialmente por causa do mercúrio. A Ir. Sofia Quintans Bouzada agradeceu ao Dicastério por “levar a Roma a voz dos povos indígenas, dos migrantes, das periferias”, convidando seus membros a irem aos territórios, escutar os clamores e levar seus sentimentos a Roma.  Ela reafirmou as palavras sobre a influência da Igreja Católica em termos de direitos humanos em nível…
Leia mais