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Dia: 25 de outubro de 2024

Sínodo do Esporte: uma oportunidade para compartilhar valores de vida e superação

Na tarde de 25 de outubro, foi realizada a primeira edição do “Sínodo do Esporte, um diálogo com atletas refugiados, paraolímpicos e olímpicos”. Um momento de intercâmbio e diálogo com o apoio do Dicastério para a Cultura e a Educação e do Dicastério para a Comunicação do Vaticano. Educar no sacrifício Não podemos esquecer que falar de esporte é falar de valores e de vida, como foi dito durante o encontro sinodal. Um dos participantes do Sínodo sobre o Esporte foi o atleta olímpico italiano de origem cubana, Andy Díaz Hernández, que ganhou a medalha de bronze no salto triplo nos últimos Jogos Olímpicos de Paris. O atleta, acompanhado de seu técnico Fabrizio Donato, que também ganhou a medalha de bronze em Londres 2012, compartilhou as dificuldades que enfrentou ao chegar à Itália devido à falta de documentos que lhe permitissem competir. Campeã olímpica na marcha atlética de 20 km nos Jogos Olímpicos de Tóquio e no Campeonato Europeu de 2024 em Roma, a italiana Antonella Palmisano, que é voluntária e realiza trabalhos sociais com pessoas carentes, refletiu sobre a predisposição como forma de educar para o sacrifício envolvido no esporte, especialmente com os jovens. Um testemunho que também foi compartilhado pela velocista italiana, especialista em 400 metros, Alice Mangione. Deus me permite sorrir e seguir em frente Um dos testemunhos mais impactantes foi o de Amelio Castro Grueso, atleta paraolímpico em Paris 2024 na esgrima com a Equipe de Refugiados. Há dois anos, ele foi forçado a fugir da Colômbia, seu país natal, onde, aos 16 anos, perdeu a mãe e, pouco depois, sofreu um acidente de carro que o deixou paraplégico. Um período difícil que ele conseguiu deixar para trás com a prática do esporte, depois de quatro anos no hospital. Em seu testemunho, ele falou sobre estratégia e superação, mas também sobre a importância de Deus em sua vida, em cuja graça ele encontra forças para manter um sorriso no rosto e seguir em frente, para dizer abertamente que é um privilegiado. O refugiado colombiano agradeceu o apoio da Caritas e falou sobre os valores que transmite a seu filho, a quem ensina a importância do sacrifício, de seguir em frente e sempre fazer as coisas direito. As coisas sempre podem mudar Não menos impressionante foi o testemunho da refugiada afegã Mahdia Sharifi, que hoje vive na Itália, onde os primeiros dias não foram fáceis, dada a rejeição dos migrantes por parte da sociedade, embora ela reconheça que com o passar do tempo as coisas melhoraram. Em 2021, ele deixou seu país quando tinha apenas 17 anos de idade em busca de segurança. Desde os 11 anos de idade, começou a praticar taekwondo, tornando-se uma das grandes promessas do esporte no país, entrando para a equipe nacional aos 15 anos. Mahdia, que treina com a equipe nacional italiana e é voluntária em fundações humanitárias, disse que as coisas sempre podem mudar. A refugiada afirmou que o esporte é um milagre que me permitiu salvar minha alma. Com relação ao seu país, ela enfatizou a importância de educar as mulheres para mudar a mentalidade, algo que pode ser alcançado por meio da educação. Alguém que, desde criança, sonhava em se tornar uma atleta olímpica, finalmente conseguiu isso em Paris 2024. O esporte é de todos e para todos O encontro foi concluído com a lembrança das palavras do Papa Francisco que, antes das Olimpíadas, viu o momento como “uma oportunidade para a paz”. O Papa disse na época que “minha esperança é que o esporte possa concretamente construir pontes, derrubar barreiras, promover relações pacíficas… Minha esperança é que o esporte olímpico e paralímpico – com suas histórias humanas emocionantes de redenção e fraternidade, sacrifício e lealdade, espírito de equipe e inclusão – possa ser um canal diplomático original para superar obstáculos aparentemente intransponíveis”. Para o Papa, “o esporte pertence a todos e é para todos: é um direito… O verdadeiro esporte – tecido de gratuidade, de amadorismo – é uma grande ‘corrida de revezamento’ na ‘maratona da vida’, com o bastão passando de mão em mão, cuidando para que ninguém fique sozinho. Ajustar o próprio ritmo ao ritmo do último”. Segundo ele, “quando praticamos esportes juntos, não importa de onde a pessoa vem, seu idioma, sua cultura ou religião. Isso também é uma lição para nossas vidas e nos lembra da fraternidade entre as pessoas, independentemente de suas habilidades físicas, econômicas ou sociais”. Palavras que iluminam as experiências daqueles que hoje foram os protagonistas do Sínodo. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Resetar para retornar à sinodalidade e à missionariedade originais

Quando o computador trava e não responde mais ao que o usuário deseja, a gente faz um reset. O objetivo é voltar às condições originais. Em uma das coletivas de imprensa durante a última semana da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre Sinodalidade, que será encerrada no domingo, 27 de outubro, a canonista holandesa Myriam Wijlens comparou o atual processo sinodal a um reset. A sinodalidade e a missionariedade são a base da Igreja. O sistema operacional da Igreja, aquilo que constitui sua essência, baseia-se na sinodalidade e na atividade missionária. O livro dos Atos dos Apóstolos, quando relata o modo de vida da primeira comunidade, é claro a esse respeito: “A multidão dos fiéis tinha um só coração e uma só alma”. Um modo sinodal, que tem a ver com o modo de vida, “um só coração e uma só alma”, mas também com a prática, “tinham todas as coisas em comum”. O ‘juntos’, um elemento fundamental da sinodalidade, presente no ser e no ter. Por outro lado, a ordem de Jesus aos seus discípulos para irem por todo o mundo e pregarem o Evangelho mostra que a missão é um imperativo na Igreja, não é algo negociável. Sem a missão, a Igreja vai morrendo lentamente, está se fechando em templos, em sacristias, o ambiente está ficando sobrecarregado e o mofo está sujando tudo e destruindo a obra original. O tema da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade colocou o foco na missão, em como ser uma Igreja sinodal em missão. É um retorno ao sistema operacional, para recuperar o que sabemos que fez e fará a Igreja funcionar, porque a história nos mostra que quando a missão e a comunhão são fortalecidas, a Igreja se torna uma verdadeira testemunha da presença de Deus no meio de seu povo, no meio da humanidade. Não tenha medo de reiniciar O problema quando fazemos um reset é que muitas vezes temos medo de apertar o botão, queremos nos segurar, pensando que é possível que as coisas se resolvam, quando na realidade sabemos que isso já se tornou quase impossível. Portanto, temos de nos perguntar se estamos cientes de que a Igreja precisa reiniciar o sistema operacional. Não somos capazes de correr riscos por medo de perder o pouco que temos, que na verdade nunca perderíamos. Pelo contrário, reavivaremos o ardor missionário, a comunhão levará em conta nossos relacionamentos, nossos percursos e criará raízes nos lugares, nos espaços intra e extra eclesiais. O Espírito está nos dizendo: confiemos em sua luz, sigamos seu impulso. Neste momento da história, sigamos o caminho que o Papa Francisco está nos mostrando. Entremos na dinâmica que nos leva a ter um só coração e uma só alma, que nos impele a ser missionários e missionárias até os confins da terra. Nunca nos esqueçamos das palavras de Casaldáliga: o medo é o contrário da fé. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Reunião do Grupo 5 do Sínodo com cardeal Fernández visa a impulsionar a ministerialidade das mulheres

  Os 10 grupos de estudo criados pelo Papa Francisco para tratar de questões relacionadas à sinodalidade são uma ferramenta importante para fazer o processo avançar, como já ficou claro várias vezes. A questão não é se as questões de maior ou menor preocupação na Igreja serão abordadas, mas como e onde elas serão abordadas. Debate sobre os ministérios femininos Um dos grupos mais controversos foi o chamado grupo 5, que estuda “Algumas questões teológicas e canônicas em torno de formas específicas de ministério”, onde foram incluídas questões relacionadas à ministerialidade, especialmente entre as mulheres e em torno do diaconato feminino, que para alguns é uma questão decisiva, mas que podemos dizer que é mais uma realidade entre outras de igual ou maior importância para avançar no caminho da sinodalidade. Na sexta-feira, 18 de outubro, os participantes do Sínodo foram convocados pelos grupos de estudo para uma reunião de escuta e discussão. A convocação do Grupo 5 contou com a participação de mais de 100 pessoas. A ausência do Prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, Cardeal Víctor Manuel Fernández, causou mal-estar entre muitos dos participantes da reunião, o que o levou a pedir desculpas, que foram aceitas, e a convocar uma nova reunião para a tarde de quinta-feira, 24 de outubro.   Mais de 100 pessoas em uma boa reunião  A reunião contou novamente com a participação de mais de 100 pessoas e foi descrita como uma boa reunião. O Grupo 5 é composto por cerca de 30 pessoas, homens e mulheres, que assumem vários ministérios e serviços na Igreja, com opiniões diversas, o que enriquece a discussão. O trabalho está sendo realizado em conjunto com os membros e consultores do Dicastério para a Doutrina da Fé, que foram consultados e cujas respostas levarão a uma nova etapa de discussão e votação. Junto com isso, deseja-se uma consulta mais aberta, com a participação de pessoas que trabalham nas comunidades, nas bases, buscando conhecer como o ministério é vivido em diferentes regiões do planeta e realidades eclesiais, que são obviamente muito diversas, e que poderão abrir caminhos para a Igreja universal a partir da realidade concreta, muitas vezes realidades que tradicionalmente não foram levadas em conta, mas que ajudam o Evangelho a continuar se encarnando nas diferentes culturas, na vida das pessoas. Nesse sentido, foi enfatizado que o objetivo é aprender com as experiências das mulheres em comunidades na Amazônia e em outros contextos, onde tanto o ministério masculino quanto o feminino têm sido uma prática comum em muitos lugares por anos, até mesmo décadas.   O diaconato feminino não está maduro, ainda está em debate O tema central dos debates nesse grupo é a participação das mulheres na Igreja, deixando claro que a questão do diaconato feminino não está entre os pontos a serem discutidos, algo que Tucho Fernández expressou em várias ocasiões, sob o argumento de que o Papa Francisco não considera essa questão madura. Ele quer se aprofundar no que apareceu no processo de escuta sinodal e ressalta que muitas mulheres não buscam o diaconato, mas sim uma maior participação em posições de autoridade e liderança dentro da Igreja. O diaconato feminino, embora o Papa o considere não maduro, não é um assunto encerrado, ainda está sendo debatido em comissões nomeadas pelo Papa e que realizam trabalhos que não dependem do Dicastério para a Doutrina da Fé. As posições estão em desacordo, com um grupo apoiando-a abertamente e o outro também rejeitando-a fortemente. Isso não impede o diálogo aberto e respeitoso, que evita divisões e condenações. Tampouco devemos ignorar a diversidade cultural presente na Assembleia Sinodal e na própria Igreja, o que enriquece o diálogo e permite que diferentes realidades pastorais sejam levadas em consideração. Nesse sentido, a distinção entre ministério ordenado e autoridade foi colocada como uma questão relevante, afirmando que eles não estão necessariamente conectados. Nesse debate, o objetivo é esclarecer qual autoridade pertence somente ao ministério ordenado e qual autoridade pertence a todos os batizados. De fato, enfatiza-se que os leigos, inclusive as mulheres, podem ter papéis de liderança e autoridade sem precisar ser ordenados.   Mudança dos estereótipos femininos e masculinos Na reunião, foi destacada a necessidade de mudar os estereótipos sobre mulheres e homens dentro da Igreja, que levam a ver as mulheres com atitudes de gentileza e proximidade, e os homens como fortes e tomadores de decisão. Isso precisa ser desmontado. Por outro lado, não há consenso teológico ou histórico. Entre as propostas, que sem dúvida ajudarão o Grupo de Estudos 5 a avançar, há um apelo para receber propostas concretas e realistas sobre como capacitar as mulheres na Igreja e promover sua participação em funções de liderança, além do diaconato. Eles querem encontrar maneiras de promover a ministerialidade com ministérios que não exijam as Ordens Sagradas, dando como exemplo o Ministério de Catequistas, que, em algumas regiões, como na Amazônia, tornaram as mulheres uma verdadeira presença eclesial na maioria das comunidades. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1