Cardeal Steiner: “O reino que Jesus prega e visibiliza não é o reino da violência e da força das armas”

Lembrando que encerramos o Ano Litúrgico e no próximo domingo começamos novo caminho com o início do Advento, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, iniciou sua homilia. Segundo ele, “a liturgia celebra nossa fé na presença de Deus e a nossa salvação! Com as celebrações dominicais e solenidades, nos colocamos a caminho com toda a Igreja, o Povo de Deus, e experimentamos a beleza e grandeza do mistério da nossa salvação. Somos uma comunidade que anuncia, testemunha, evangeliza, uma comunidade que se sabe missionária, pois Jesus Cristo é a razão de seu existir; é celebradora.” Recordando a conversa entre Pilatos e Jesus: “Tu és o rei dos judeus?” Tu és rei? “O meu reino não é deste mundo”, o arcebispo, se referindo às palavras “Rei, reino!”, explicitou que “a palavra rei na sua origem tem o sentido de conduzir, governar, guiar ou reger (latim rex, regis e vem da raiz indo-europeia reg). Conduzir, guiar, orientar reger um povo. Sinal da unidade, experiência de povo que caminha não disperso, mas no sentir de uma viver comum, sentir comum.” Citando o texto: “O meu reino não é deste mundo”, o cardeal Steiner questionou: “De que reino é Jesus então?”, respondendo que “o reino que dá testemunho do ‘eterno e universal: reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino de justiça, do amor e da paz’”, lembrando as palavras do Prefácio de Cristo Rei. Segundo o presidente do Regional Norte1, “a realeza de Jesus aparece sem poder nem glória“, afirmando com palavras do Papa Francisco que “está na cruz, onde parece mais um vencido do que um vencedor. A sua realeza é paradoxal: o seu trono é a cruz; a sua coroa é de espinhos; não tem um cetro, mas lhe põem uma cana na mão; não usa vestidos sumptuosos, mas é privado da própria túnica; não tem anéis brilhantes nos dedos, mas as mãos trespassadas pelos pregos; não possui um tesouro, mas é vendido por trinta moedas.” “O mundo, a realidade, o céu e a terra, o reino eterno e universal se deixa guiar, firmar, transformar pelo amor. Por isso, a cátedra real, o lugar da realeza, da nobreza do reino é a cruz. Nenhum lugar, mais salutar e amoroso que a cruz. Aquele amor que criou novo céu e nova terra, o novo Povo de Deus”, afirmou. Segundo o arcebispo de Manaus, “a solenidade de Jesus Cristo Rei do universo, nos deixa celebrar a manifestação plena e definitiva de Cristo e nele o universo. Ele pela morte e ressurreição se fez Senhor da história e de todo o universo. Mas meu reino não é deste mundo. Os Evangelhos a nos mostrar a Jesus: preso, amarrado, insultado, acusado e levado diante de Pilatos foi julgado e morreu crucificado. Mas a vida, a ação, as palavras de Jesus, deixaram para trás qualquer resquício de poder, injustiça, dominação, violência.” “O reino que Jesus prega e visibiliza é outro. Não é o reino da violência e da força das armas. Acima dos reinos é possível experimentar o reino da verdade”, disse o arcebispo. Segundo o ele, “aquele Reino que é a ensinamento essencial de Jesus: “Deus é amor” (1Jo 4,8). Esse é o Reino que anuncia e transforma a humanidade, pois reino de amor, justiça e paz. É o reino e o seu reinado: o do amor. Esse é o Reino que deve se estender até os confins da terra e o fim dos tempos”, segundo o arcebispo. Ele lembrou novamente as palavras de Papa Francisco: “A história ensina-nos que os reinos fundados no poder das armas e na prevaricação são frágeis e mais cedo ou mais tarde desabam. Mas o reino de Deus é fundado no seu amor e enraizado nos corações, o reino de Deus enraíza-se nos corações – conferindo a quem o acolhe paz, liberdade e plenitude de vida. Todos nós queremos paz, todos nós queremos liberdade e plenitude. E como se faz? Deixa que o amor de Deus, o reino de Deus, o amor de Jesus se enraíze no teu coração e terás paz, terás liberdade e plenitude.” “O Reino do amor que restaura todas as coisas. O reino do amor onde Jesus provou da nossa miséria humana, da nossa condição inumana: a injustiça, a traição, o abandono; experimentou a morte, o sepulcro, a morada dos mortos. Por ter experimentado até a morte, tudo restaura, purifica, transforma. É o novo Reino. Um Reino que alcança os confins do universo, abraçar e salvar todo o ser vivente. Não condena, conquista pelo amor da cruz, concede a liberdade, abre caminho com o amor humilde, que tudo desculpa, tudo espera, tudo suporta (cf. 1Cor 13,7)”, disse o cardeal Steiner. O arcebispo de Manaus sublinhou: “Sim, o Reino do qual Jesus é o regente, o guia, é o do amor. O Reino que nasce do amor verdadeiro, único, gratuito que pendeu da cruz. O amor límpido, transparente, doado, salvífico, transformador. Rei, pois guia pelo amor, conduz pelo amor, rege pelo amor. Nada de força, de dominação, de escravidão, segregação, tudo convergindo, voltando, se expandindo de um amor que salva e vivifica, amoriza, santifica. Um amor expansivo, atrativo! Amor irradiador e ao mesmo tempo atrativo onde tudo tem sentido, tudo se reconcilia, se harmonisa, reconcilia, se diviniza, no Rei. O Rei do universo.” Lembrando a Solenidade de Cristo rei do Universo, o cardeal disse: “O reino do amor atinge, mais que a nossa humanidade. Transforma toda a realidade, a realidade do universo. Tudo participa do amor, da fraternidade que Jesus com sua morte e ressurreição oferece”. Sim, o Reino “eterno e universal: reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino de justiça, do amor e da paz”, citando o Prefácio de Cristo Rei. Por isso, com muito aberto, diz o Papa Francisco: “As criaturas deste mundo não podem ser consideradas um bem sem dono: «Todas são tuas, ó Senhor, que amas a vida» (Sab11, 26). Isto, segundo o cardeal Steiner, “gera a convicção de que nós e…
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