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Dia: 25 de dezembro de 2024

Cardeal Steiner: “Palavra pequena, criança de Belém, que o vosso choro nos desperte da nossa indiferença, abra os olhos perante quem sofre”

Citando o texto do Evangelho da Missa do Dia de Natal, o Prólogo de São João: “No princípio era a Palavra e a Palavra estava em Deus e a Palavra era Deus”, iniciou o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, sua homilia, afirmando que “agora a Palavra se fez carne e habita entre nós”, e que “é o que celebramos no dia do Natal.”  Segundo ele, “Na liturgia recordamos que a Palavra que tudo criara veio morar no meio de nós, se fez nossa Palavra e na nossa Palavra nasceu a esperança para todos nós.” Ele citou a Carta aos Hebreus, proclamada na segunda leitura: “muitas vezes e de muitos modos Deus falou outrora a nossos pais pelos profetas, mas nesses dias Ele nos falou por meio do próprio Filho.” Diante do texto, o arcebispo disse: “Agora não mais anjos, agora não mais profetas, não mais patriarcas, Deus a nos ensinar e a proclamar Deus no meio de nós.”. Isso porque “Deus insiste e busca apaixonadamente o coração humano, buscou pela manifestação dos anjos, pela vida dos patriarcas, na voz dos profetas, mas não resistindo no desejo de falar ao nosso coração, nos fala hoje pelo Filho. Deus se fez Palavra. O próprio Filho é a Palavra, o Logos, a Palavra eterna que se fez pequena, tão pequena que cabe numa manjedoura. A palavra que se fez criança para que pudéssemos compreender Deus em Jesus.” Desde então, destacou o cardeal Steiner, “a palavra já não é apenas audível, não possui somente uma voz. Agora a palavra tem o rosto, e por isso mesmo podemos ver a criança de Belém, Jesus de Nazaré. Tornou-se tão palpável, tão visível, tão audível, que já não mais profetas, mas a própria palavra que se faz carne e habita entre nós. Deus que se tornou palpável, audível, visível em nossa humanidade. Ele se fez palavra encarnada, palavra dada, doada, cordial, gratuita, uma verdadeira entrega de amor. Manifestou-se no silêncio de uma noite, ali no recolhimento, no acolhimento, na aceitação, Deus se tornou visível no meio de nós.” Verdadeiramente, refletiu o presidente do Regional Norte1, “a palavra carne da nossa carne, ossos dos nossos ossos, sangue do nosso sangue, é uma manifestação do amor livre e gratuito de Deus no nosso meio. Essa é a palavra que está no início de tudo, no início da nossa vida, no início da nossa fé, o sentido do nosso amor. O de vivermos como igreja, de formarmos comunidade, de sermos uma família. A palavra que tudo funda e tudo dá sentido. A palavra que cria e recria todas as coisas. A palavra que dá sentido até a morte. Dá sentido porque ela agora é a esperança. Ela é a nossa samaritanidade. é a medida da nossa justiça, da nossa solidariedade. É o sentido de sermos Igreja, comunidade de fé.” Segundo o cardeal Steiner, “ela que abre um novo céu e uma nova terra. Ela, a palavra, é o nosso céu e a nossa terra. Pois quando lemos a palavra nos recordamos de Jesus. E em Jesus vamos descobrindo as belezas da nossa fé, da nossa vida. E ali vamos descobrindo a grandeza do reino de Deus. O reino da verdade e da graça, o reino da justiça, do amor e da paz. A palavra, a palavra que se fez carne e habita entre nós.” Na segunda leitura, ele disse que “é iluminar a grandeza da palavra que é Jesus”, sublinhando que “não estremece, invadido de santo temor e tremor o nosso coração diante da beleza do extraordinário desta palavra feita criança.”  Ele citou São Gregório de Nazianzeno, que diz: “depois daquela tênue luz da lâmpada do precursor, veio a luz claríssima de Cristo. Depois da voz veio a palavra, depois do amigo, do esposo, veio esposo, uma palavra, disse o arcebispo, “tão audível, tão visível, tão dizível, tão próxima, tão audiente, tão convincente, Jesus na criança de Belém.” Ele enfatizou que “a palavra continua a ser carne na carne sofredora de Jesus de hoje. Ela se encarna na palavra que é escutada, na palavra silêncio, na palavra consolo, na palavra prece, feita oração, na palavra partilha, na palavra consorte, na palavra amorosa, na palavra que serve. Ela se encarna na palavra gesto, no pão repartido, no alimento oferecido, no revestimento da alma, no sofrer, reveste as pessoas na nudez do seu não bem querer. A palavra encarnada que vai se encarnando cada vez mais na medida em que nós vamos vivendo da palavra que é Jesus. Se a palavra está no princípio, é o princípio, o principiar, comecemos então a confiar cada vez mais em Deus.” Em palavras do arcebispo de Manaus, “ele está nos visitando, muitas vezes nos visita, mas às vezes é irreconhecível nas nossas cidades, nos nossos bairros. Ele também está preso nas nossas cadeias, Ele está dormindo nas ruas das nossas cidades, Ele bate as nossas portas, Ele nos busca no perdão, na misericórdia. Ele está presente nos assassinos, presente nos grupos armados, nas facções, Ele está presente nos traficantes, apesar de pensarmos que não, porque todos, mesmo na decadência humana, continuam a ser filhos e filhas de Deus.” O arcebispo questionou, “como anunciamos a palavra Jesus a esses irmãos e irmãs perdidos pelos caminhos?”, enfatizando que “Deus Jesus presente em todas as realidades humanas, também as mais deprimentes, as mais desconcertantes. A palavra Jesus, o nascido de Maria, Deus encarnado, a indicar que tudo foi feito para o nosso bem, apesar de tantos não viverem da paz, mas da violência, não viverem da concórdia, mas da agressão, não viverem da fraternidade, mas viverem da morte.” Diante disso, “somos, no entanto, no nascer de Jesus, a verdade que deve ser reafirmada”, ressaltou o cardeal Steiner. “A todos deu a capacidade de se tornarem filhos de Deus. Igualmente ele veio para iluminar a todo ser humano. Deus não desiste de nós, não desiste de ninguém. Deus não desiste de nenhum de nós. Por mais distantes que sejamos, por mais pecadores que sejamos, mesmo por sermos…
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Cardeal Steiner: “Deus abaixou-se para que dele pudéssemos nos aproximar”

Depois de citar o texto do Evangelho que diz: “Enquanto estavam em Belém, completaram-se os dias para o parto, e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2,4-8), o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner iniciou sua homilia lembrando que “aos domingos depois da missa, crianças vem para receber a benção. Quando me abaixo e fico à altura de olhos nos olhos, elas se aproximam, normalmente sorriem. É o que celebramos nesta vigília de Natal. Deus abaixou-se para que dele pudéssemos nos aproximar. Abaixou-se, colocou-se olhos nos olhos, para que o pudéssemos ver, sentir o seu perfume, perceber a suavidade de seu respiro.” O arcebispo incidiu e que “aproximou-se! Deixou-se envolver com faixas, panos e reclinado na manjedoura. Aproximou-se: nasceu pobre, peregrino, na simplicidade, no quase abandono! Nasceu escondido, no meio da noite, fora da cidade, sem casa, aos cuidados de Maria e José, em meio de animais. Aproximou-se, recebendo como berço, como lugar para repouso e acolhimento a manjedoura dos animais. Aproximou-se na fragilidade, na nossa humanidade, revelando o seu rosto. No nosso rosto, Deus veio mostrar-se, tornou-se visível. Veio ao nosso encontro na fraqueza, na ternura de uma criança, na singeleza e inocência e fraqueza da nossa humanidade; Deus feito menino, proximidade!” Segundo o cardeal Steiner: “O ‘Deus próximo’ fala-nos de humildade. Não é um ‘grande Deus’ distante… não. Está próximo. É de casa. Aproximou-se iluminando os que viviam à margem, os esquecidos, os pastores. Naquela noite, Aquele que não tinha um lugar para nascer é anunciado àqueles que não tinham lugar nas mesas e nas ruas da cidade. Os pastores foram os primeiros a receber a Boa Notícia da proximidade de Deus.” Recordando as palavras de Papa Francisco na Vigília do Natal de 2017, ele disse: “Pelo seu trabalho, eram homens e mulheres que tinham de viver à margem da sociedade. As suas condições de vida, os lugares onde eram obrigados a permanecer, impediam-lhes de observar todas as prescrições rituais de purificação religiosa e, por isso, eram considerados impuros. Traía-os a sua pele, as suas roupas, o seu odor, o modo de falar, a origem. Neles tudo gerava desconfiança. Homens e mulheres de quem era preciso estar distante, recear; eram considerados pagãos entre os crentes, pecadores entre os justos e estrangeiros entre os cidadãos. A eles – pagãos, pecadores e estrangeiros – disse o anjo aproximou-se deu a bela notícia: “Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo: ‘Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor’ (Lc 2, 10-11).” “Abaixou-se como ‘recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura’ (Lc 2,12). E os que se aproximaram na possibilidade do abaixamento de Deus, ficaram maravilhados a ponto de Lucas afirmar: ‘os pastores voltaram louvando e glorificando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto (Lc 2,20). Ouviram anjos, mas viram Deus menino: pobreza, singeleza, silêncio, respiro, suspiro. No meio da noite pelo abaixamento, viram que havia uma semelhança entre Deus e eles. No abaixamento de Deus, não eram mais marginalizados, empobrecidos, indignos, desfavorecidos. Agora não mais sós a cuidar dos rebanhos. Eram filhos e filhas amados de Deus. Deus se fez filho como nos anunciava profeta: “um filho nos foi dado”, refletiu o cardeal. Ele afirmou: “O esperado das nações, o implorado por gerações, hoje celebrado nas palavras do profeta como o nascido menino, o filho que nos foi dado (Is 9,5). Deus se abaixou a tal ponto que se fez nosso filho, na sua filiação somos todos filhas e filhas de Deus. Deus gerado em nossa humanidade. A humanidade, por desejo e ação de Deus, foi capaz de gerar Deus. Agora não mais distante, mas proximidade, carne da nossa carne, para dizer o quanto ama, pois sinal de bondade e de misericórdia.” “Agora Ele mesmo no meio de nós, como um de nós, não outro de nós. Um de nós, como nós, pequeno, necessitado, dependente, necessitado de amor materno, paterno. Custa-nos crer que Deus seja tão próximo de nós, que se tenha abaixado a tal ponto que o podemos tomar nos braços, abrigá-lo, acariciá-lo, sentir o seu perfume. Às vezes nos é penoso confessar que Deus seja apenas uma criança, tenha o nosso corpo, que participa das nossas necessidades, da finitude humana”, destacou o presidente do Regional Norte1 da CNBB. Segundo ele, “Nesta noite vemos e apalpamos a proximidade de Deus, o abaixamento de Deus; como está próximo, pede-nos que estejamos próximos uns dos outros, que não nos afastemos uns dos outros. Deus se fez homem, próximo dos pastores, dos Magos, dos pobres, dos necessitados e foi para todos, sinal de consolo, cura e salvação.” Lembrando novamente as palavras de Papa Francisco, o cardeal disse: “Estar próximo aos últimos, curvar-se diante de suas feridas, cuidar de suas necessidades, é lançar uma boa base na construção de comunidades unidas e sólidas, para um mundo melhor e um futuro de paz. É o próprio Cristo que vem ao nosso encontro nos pobres, para nos mostrar o caminho para o Reino dos Céus, Ele que se fez pobre para nos enriquecer com sua pobreza.” Recordando que “desejávamos chegar a Belém, porque Ele nos esperava. Agora ao contemplarmos o abaixamento de Deus, dobremos reverentes e contentes os joelhos: um Filho nos foi dado!”, o arcebispo de Manaus pediu: “dobremos os joelhos e reverentes e contemplantes acolhamos a Criança envolta em panos e deitada entre animais, pastores e anjos. Dobremos os joelhos diante de Deus indefeso, Deus gemido: Tu, colocado numa manjedoura, és a Vida, vida da nossa vida. Necessitamos da terna fragrância do teu amor, a fim de tornar-nos, esperança e paz para no mundo. Toma-nos sobre os teus ombros frágeis de menino: amados por Ti, também nós amaremos as irmãs e os irmãos. Então será Natal,quando pudermos confessar: ‘Senhor, Tu sabes tudo; Tu sabes que eu te amo!’ (Jo 21,17), amando os irmãos.” “Nesta noite, maravilhados com a presença do Deus-criança,…
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