Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Dia: 19 de janeiro de 2025

Cardeal Steiner: “Vivemos numa sociedade onde o amor desinteressado, gratuito, vai se diluindo”

“O Evangelho proclamado nos fez ver a festa de casamento em Caná da Galileia, numa pequena aldeia de montanha, a quinze quilômetros de Nazaré”, disse o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner na homilia da missa do Segundo Domingo do Tempo Comum. Ele lembrou que “na Galileia, o casamento entre as pessoas do campo durava de vários dias. Familiares e amigos, juntos a celebrar: comiam, bebiam, dançavam com ritmos próprios de casamento e cantando canções de amor. Uma grande festa!” Segundo o presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), “o centro do Evangelho das Bodas de Caná é Jesus. Não conseguimos ver o rosto da noiva, nem do noivo, como também não ouvimos a voz, nem as ações de cada um. E na celebração do casamento vemos o primeiro sinal de Jesus: ‘Este foi o início dos sinais de Jesus, em Caná da Galileia’”. “Os esponsais lembram uma relação nova: nova vida, novo início, novo horizonte. Recordam a fecundidade, a prodigalidade, a partilha. Os esponsais, expressam o que há de mais próprio e único em cada pessoa humana: o amor. O casamento como o de Caná da Galileia, canta a presença do amor, e o amor revelado por Deus em Jesus Cristo. As núpcias, os esponsais, como nos lembra a Sagrada Escritura, falam, dizem, expressam, cantam a beleza, a nobreza, a singeleza, a cordialidade, da relação de Deus com cada um de seus filhos e filhas. Deus, o eterno amante em busca de seus amados, de suas amadas”, ressaltou o arcebispo. “No meio das danças, dos cantos, da festa, a mãe de Jesus percebe: ‘Eles não têm mais vinho’”, mostrou o cardeal Steiner. Ele questionou: “Como vão prosseguir cantando e dançando? Como continuar com a festa das núpcias?”, lembrando que “o vinho era indispensável num casamento. O vinho era o símbolo mais expressivo do amor e da alegria”. Ele recordou que diz uma tradição: “O vinho alegra o coração”. Igualmente, disse que “o Cântico dos Cânticos eleva o vinho como sinal de alegria e símbolo do amor: ‘o amor é mais doce do que o vinho. O seu aroma é uma delícia! E o seu nome é como o melhor dos perfumes. Ficamos alegres por você e nos lembraremos que o amor que você tem é mais doce do que o vinho’ (1,1-8).” Daí o arcebispo perguntou: “O que acontece com um casamento sem alegria e sem amor? O que se pode celebrar com o coração triste e vazio de amor?” “No pátio da casa estão seis talhas de pedra. Nelas cabem cerca de 100 litros de água em cada uma. Estão colocadas ali de maneira fixa, firme. Nelas se guarda a água para as purificações. A piedade religiosa daqueles camponeses que procuram viver puros diante de Deus. Antes das núpcias todos haviam, certamente, realizado as abluções, a purificação para serem dignos de participar da festa. Jesus diz aos que estavam servindo: Enchei as talhas de água”, recordou. “Da casa à fonte, da fonte à casa. Indo e vindo com os cântaros, com as vasilhas vazias na ida e cheias de água na volta. A água colhida, retirada na fonte, carregada sobre os ombros, sobre a cabeça, devagar enchendo as talhas. Das idas e vindas, de muitas ida e vindas, ali estão as talhas cheias, repletas, transbordantes, pois os que serviam encheram-nas até a boca”, afirmou. Em palavras do arcebispo, “o voltar-se para a fonte das águas é a possibilidade da plenitude da purificação: transformação. Jesus faz o segundo convite: ‘Agora tirai e levai ao mestre-sala’. E retiraram a água das talhas e levaram ao mestre-sala. O mestre-sala não sabia de onde viera esse vinho saboroso, melhor que o primeiro, de fina espécie, mas o sabiam os servos do caminho que haviam colhido, carregado, suado, sofrido a água, e haviam enchido as talhas. Sim eles sabiam da transformação. Eles os servos das núpcias, os que servem, os que fazem a festa acontecer, os que obedecem… sim, os servos sabiam de onde era o vinho mais saboroso.” O cardeal Steiner enfatizou que “Jesus transforma a água em vinho, manifestando novo amor e nova alegria naquelas pessoas que celebravam. O primeiro sinal: a alegria de viver, de conviver, de celebrar! A graça do amor que deixa festejar e fecundar a vida.” Ele lembrou que “Papa Francisco nos ensina: é bom pensar que o primeiro sinal que Jesus realiza não é uma cura extraordinária nem um milagre no templo de Jerusalém, mas um gesto que responde a uma necessidade simples e concreta das pessoas comuns, um gesto doméstico, um milagre, discreto, silencioso. Ele está pronto para nos ajudar, para nos aliviar. E assim, se estivermos atentos a estes “sinais”, somos conquistados pelo seu amor e tornamo-nos seus discípulos. Há outra caraterística distintiva do sinal de Caná: o vinho melhor. Geralmente, o vinho que se oferecia no final da festa era o menos bom; também hoje se faz desta forma, naquele ponto as pessoas já não distinguem muito bem se é um bom vinho ou um vinho ligeiramente regado. Jesus, ao contrário, certifica-se de que a festa se conclua com o melhor vinho. Deus quer o melhor para nós, Ele quer que sejamos felizes. Ele não estabelece limites nem cobra juros. No sinal de Jesus, não há lugar para segundos fins, para pretensões em relação aos noivos. Não, a alegria que Jesus deixa no coração é alegria plena e abnegada. Nunca é uma alegria diluída!”, citando suas palavras no mesmo domingo do ano 2022. “O casamento em Caná é um convite para vivermos com sabor, de modo compassivo, fraterno, amoroso. É uma inspiração para buscar caminhos mais humanos, mais sóbrios, mais partilhados, numa sociedade que busca o bem-estar afogando o espírito e matando a compaixão. O texto pode despertar o gosto por uma vida mais elevada, mas equânime em pessoas vazias de interioridade, pobres de amor, necessitadas de esperança. Um convite a sair para as periferias do espírito e geográfico, para manifestar o verdadeiro sentido viver com prazer!”, ressaltou.…
Leia mais

Seminaristas de Novo Hamburgo e Colatina iniciam experiência missionária em São Gabriel da Cachoeira

Dois seminaristas da diocese de Novo Hamburgo (RS) e dois seminaristas da diocese de Colatina (ES) iniciaram recentemente uma experiência missionária na diocese de São Gabriel da Cachoeira. Os seminaristas da diocese de Novo Hamburgo são Anderson Possamai e Luan Carneiro, que ficarão nessa experiência durante um ano. Eles chegaram em São Gabriel da Cachoeira acompanhados do reitor do seminário da diocese de Novo Hamburgo, padre Miguel Arnold. Da diocese de Colatina chegaram os seminaristas Carlos Daniel de Souza Martins, que igualmente ficará por um ano, e Wellington Tolentino Gomes, que vai fazer uma experiência missionária de um mês. A Amazônia desperta o deseja de uma Igreja em missão Segundo o bispo da diocese de São Gabriel da Cachoeira, dom Raimundo Vanthuy Neto, a experiência pastoral que os seminaristas irão realizar, para servir na Igreja da Amazônia, mostra que “a Amazônia continua atraindo e continua despertando o desejo de uma Igreja em saída, uma Igreja em missão”. Ele destacou a alegria com que os seminaristas têm sido acolhidos pelo povo da diocese. Eles estão participando da Escola de Teologia e Pastoral da diocese, iniciada no dia 15 de janeiro, onde será trabalhado a Campanha da Fraternidade, o Jubileu, a história da Igreja no Rio Negro e Liturgia, que reúne mais de 70 lideranças das comunidades da diocese de São Gabriel da Cachoeira, dando assim continuidade a uma experiência de formação “para servir bem ao Povo de Deus”, enfatizou dom Vanthuy. Um desejo dos seminaristas Segundo o padre Miguel Arnold, os seminaristas de Novo Hamburgo “se dispuseram a fazer essa experiência missionária como parte de seu processo formativo, foi um desejo do coração deles, que a gente acolheu de muito bom grado, porque a gente percebe o benefício para a formação deles e a repercussão que essa experiência missionária vai trazer dentro do próprio seminário, dentro da própria diocese, na sensibilização de todos os seminaristas e de toda nossa realidade diocesana para a missão”. O reitor do seminário da diocese de Novo Hamburgo disse que “a partir do fato deles estarem aqui, inseridos na missão junto aos povos originários aqui na região amazônica, nós estaremos acompanhando de perto com as nossas orações, de alguma forma também nos mobilizando para enviar ajuda para eles. Estamos todos muito mais sensíveis para a dimensão missionária e quem sabe o Espírito Santo vai suscitando cada vez mais missionários na nossa diocese. Fazendo essa experiência de igrejas irmãs vamos enriquecendo cada vez mais nossa eclesiologia, nossa consciência de sermos uma só Igreja, espalhada pelo mundo todo, pelo Brasil inteiro, somos sempre a mesma Igreja com a única missão de levar Jesus Cristo a todas as pessoas”. A diocese de Novo Hamburgo tem uma experiência de igreja irmã com a arquidiocese de Porto Velho (RO), e “nós estamos alargando essa experiência missionária com a diocese de São Gabriel da Cachoeira”, disse o padre Miguel, que enfatizou o desejo da diocese de “desenvolver cada vez melhor a dimensão missionária”, com o apoio e incentivo do bispo da diocese, dom João Francisco Salm, querendo “estar em linha com a Igreja de Papa Francisco, essa Igreja em saída, essa Igreja que busca as periferias existenciais e geográficas, pois aí onde há povo, aí há razão para estar o anúncio da Boa Nova de Nosso Senhor Jesus Cristo”, disse o reitor de seminário de Novo Hamburgo, que mostrou o desejo de “crescer cada vez mais nessa compreensão, nesse esforço missionário”. Apoio e incentivo do bispo e formadores Para Anderson Possamai, seminarista de 25 anos, da cidade de Parobé (RS), que será missionário na paroquia São Sebastião de Cucui, um distrito do município de São Gabriel da Cachoeira, o desejo missionário surgiu do Congresso Missionário realizado em Manaus, representando o Conselho Missionário de Seminaristas (COMISE), do Rio Grande do Sul, quando disse ter se apaixonado pela realidade local e a Igreja local. Ele destacou o apoio e incentivo do bispo e dos formadores, e espera “não só ensinar o amor de Deus para aquelas pessoas, mas que eu possa aprender muito também com essas pessoas que encontrar pelo caminho”. Sinal para a Igreja de missão e a Igreja local Também da diocese de Novo Hamburgo chegou o seminarista Luan, do primeiro ano da Teologia, que também realizará sua missão em Cucui. “Esse desejo de fazer missão, de levar Cristo aos outros e aprender deles também sempre esteve comigo desde que entrei no seminário há oito anos”, disse o seminarista, que foi amadurecendo seu desejo na direção espiritual e no diálogo com os formadores. Ele destaca que a diocese sempre ficou muito feliz em acolher seu pedido, pois existe o desejo de ter uma diocese mais missionária. Ele disse que “nós na seremos um sinal para as pessoas aqui, mas para as pessoas que deixamos em nosso Estado, vai ser um grande crescimento para todos”. Desde criança encantado pela missão Carlos Daniel, seminarista da diocese de Colatina, tem 25 anos e terminou os estudos de Teologia no final de 2024, iniciando agora a etapa da síntese vocacional. Ele destacou que “desde pequeno, eu sempre estive muito envolvido com a atividade missionária da Igreja”, participando da Infância e Adolescência Missionária. Um encanto pela missão que continuou quando ele entrou no seminário, sendo reforçado com a participação ativa do Conselho Missionário de Seminaristas, chegando a ser secretário do COMISE Nacional. Ele disse estar em São Gabriel da Cachoeira para acompanhar as celebrações do Ano Santo e vivenciar o centenário da Igreja do Rio Negro, destacando que se encheu de alegria quando soube que iria realizar essa experiência, que “pode enriquecer muito a minha vida e a minha vocação”. Ele disse saber os desafios logísticos e culturais existentes em São Gabriel, pelas distâncias e os muitos povos indígenas que vivem na diocese, “mas venho com muita disposição missionária, venho como um irmão entre irmãos para contemplar o rosto Amazônico da Igreja”, sublinhado que le espera de todo coração, “ser testemunha de Cristo para o povo de São Gabriel da Cachoeira, mas sobretudo encontrar Cristo no…
Leia mais