Cardeal Steiner: “A escuta disponível da Palavra de Deus, conduz às origens, à proximidade com Deus”

Na homilia do terceiro domingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia lembrando que “como era do seu costume, Jesus levantou-se para fazer a leitura. Levantar-se, pôr-se de pé, permanecer na prontidão de quem deseja receber a graça da visitação! De pé como alguém que está na receptividade de uma missão e na disponibilidade de pôr-se a caminho. De pé na posição de quem deseja ouvir com reverência o anúncio do passado, do presente e do futuro.” Na primeira leitura ouvimos, disse o presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, “como Esdras, de pé, abriu o livro da Lei à vista de todos, e o povo ficou de pé para ouvir a leitura. E estavam à escuta desde o amanhecer até ao meio-dia. Todo o dia, o tempo todo, deixando-se iluminar, aclarar pela palavra. Todos os que tinham capacidade de compreensão mulheres e homens era dirigida a palavra. E a todos era demonstrado o sentido da Palavra, todos eram instruídos pela palavra.” Ele recordou que “vindo do exílio, ainda no tempo de miséria e desolação, o povo deseja reconstruir Jerusalém com suas muralhas e as portas. Mais que o templo e a cidade, era necessário restaurar a vida do Povo de Deus. Necessário reconstruir, reconciliar a vida com suas injustiças, as contradições e traições.” “A leitura da palavra para que todo o Povo pudesse recordar, acordar para o compromisso fundamental que Deus estabelecera na Aliança. Para garantir que seriam fiéis à Aliança, era necessário voltar às origens, às palavras iluminadoras e encantadoras do princípio, do chamado, da razão de ser Povo de Deus. Então, reconstruir o templo, as muralhas, guiados, alicerçados, assegurados, pela Palavra de Deus. O Povo de pé na disponibilidade da Palavra”, sublinhou. “E diante da palavra que desperta e ilumina, o povo responde; ‘Amém, Amém!’, assim seja! Escuta de pé, mas no assentimento se prostra, se inclina em sinal de aceitação e recolhimento da palavra. O povo ao escutar a palavra de pé se coloca na prontidão de quem deseja restaurar não apenas o templo e as muralhas, mas especialmente a sua relação com Deus. Está disposto à graça de uma vida nova que Deus está a oferecer”, disse o cardeal Steiner. Ele destacou que “Na disposição, aceitação e reverência do povo, Neemias convida: ‘Ide para vossas casas e comei carnes gordas, tomai bebidas doces e reparti com aqueles que nada prepararam, pois este dia é santo para o nosso Senhor. Não fiqueis tristes, porque a alegria do Senhor será vossa força.’ (Ne 8,8-10)” Segundo o arcebispo de Manaus, “a escuta disponível da Palavra de Deus, conduz às origens, à proximidade com Deus e, por isso, se comove. chora; interpelado pela Palavra quanto à sua origem, o povo se converte busca a mudança de vida, desperta para a alegria e a solidariedade, festeja, partilha. A escuta das origens, da fonte, é a força de povo de Deus.” No Evangelho proclamado, o cardeal ressaltou que “Jesus se levanta, recebe a palavra e a proclama de pé. Caiu-lhe nas mãos o profeta. De pé proclama e escuta a palavra do profeta que no passado indicava o futuro. Na palavra proclamada deixar percutir no presente o que o passado esperava, ansiava, desejava. Deixar ressoar as promessas do futuro que agora se tornaram realidade.” “De pé, na prontidão, disposição, disponibilidade, Jesus escuta a missão: ‘O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para proclamar um ano da graça do Senhor.’ E o fogo da paixão, que no Batismo se acendera em seu coração, crepitava com todo o ardor. Ele não se sente apenas ungido, mas o ungido por excelência, o Cristo prometido ao longo de todo o Antigo testamento. O Espírito que se apossa de Jesus, torna-se, assim, sua paixão, seu desejo, seu Amor. Por isso, diferentemente dos profetas, não há mais separação entre ele o Espírito. Ele e o Espírito são um como Ele e o Pai são um”, disse o arcebispo de Manaus, inspirado no comentário de Fernandes e Fassini, acrescentando que “sente-se enviado na força do Espírito.” “De pé, Jesus sente-se enviado, para aqueles que já não caminham: cegos, coxos, feridos no corpo e no espírito. Enviado pelo Espírito, leva o Espírito que transforma todas as coisas, mantém em vida todos os seres, que oferece aos desvalidos a graça e a libertação. Todos agora a caminho na força do Espírito”, disse o presidente do Regional Norte 1. “Proclama as bem-aventuranças, ensina a compaixão e o cuidado do Pai, como aos lírios do campo e os pássaros do céu; mostra transformação da vida na morte, recompõe os desvalidos, sacia os famintos, abre olhos aos cegos, concede passos aos descaminhantes, deixa todos se sentirem irmãos e irmãs. O Espírito que repousou sobre ele, o faz anunciador de um novo céu e de uma nova terra”, destacou das palavras do Evangelho. Segundo o cardeal Steiner, “como Jesus que de pé escuta a palavra e percebe a sua missão, caminha ao encontro das necessidades dos irmãos e irmãs, assim nós, que ouvimos a Palavra do Senhor de pé, com disposição e disponibilidade, somos enviados ao encontro dos irmãos e irmãs. Participamos, pelo batismo, da missão de Jesus.” Ele lembrou as palavras de São João Crisóstomo: “O sacramento do altar é sacramento do irmão; deixamos o altar da Eucaristia para ir ao altar do pobre. Os dois altares são inseparáveis, porque a finalidade da liturgia é gerar a Igreja da compaixão, à imagem de Deus. A Igreja transforma-se na sarça ardente, da qual ninguém pode se aproximar sem ver a miséria do povo e ouvir seus gritos (cfr Ex 3,7).”  Citando as palavras de Jesus, “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”, o arcebispo de Manaus enfatizou que “a palavra que também nos revela uma missão, nos envia, nos coloca a caminho; a Palavra…
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