Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Dia: 9 de fevereiro de 2025

Dom Samuel é acolhido na arquidiocese de Manaus para “verdadeiramente ser um instrumento de Deus”

A arquidiocese de Manaus, numa Eucaristia celebrada na Catedral de Nossa Senhora da Conceição, acolheu seu novo bispo auxiliar, dom Samuel Ferreira de Lima, nomeado pelo Papa Francisco no dia 25 de novembro de 2024 e ordenado no dia 1º de fevereiro de 2025 em Rodeio (SC). A celebração contou com a presença dos bispos de Manaus, de várias dioceses do Regional Norte1, do clero local, da Vida Religiosa, seminaristas, representantes das paróquias, áreas missionárias, comunidades, pastorais, movimentos e organismos da arquidiocese. No início da celebração, depois de ser lida a Bulla pontifícia de nomeação, repetindo o gesto realizado na ordenação, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, junto com os bispos auxiliares, dom Zenildo Lima e dom Hudson Ribeiro, entregaram o báculo, sinal de pastoreio, a dom Samuel. O novo bispo iniciou sua homilia destacando no Evangelho a realidade do rio, algo presente no povo da arquidiocese de Manaus, “o rio que traz vida, o rio que faz a ligação entre as pessoas, o rio que traz o alimento.” Entretanto, disse o bispo, “Pedro vive uma experiência de frustração, a experiência do cansaço, da dor, de ter trabalhado a noite inteira e nada ter conseguido”. Nessa situação, “Jesus faz um convite a ele: lançar as redes em águas mais profundas”, ressaltando que “esse convite que Jesus faz a Pedro, também faz a cada um de nós, que diante dos dilemas da vida, muitas vezes nos sentimos cansados, acabrunhados, desesperançados, alquebrados pelas situações que humilham, que degradam, que excluem, que nos distanciam da verdadeira dignidade de sermos filhos e filhas do Deus amado.” “Pedro acolhe a Palavra, Pedro aceita o convite que Jesus faz e lança as redes em águas mais profundas”, disse dom Samuel, explicitando que “o significado em lançar as redes em águas mais profundas em nossa vida, significa a partir da palavra de Deus que nos faz perceber, como diz o profeta Isaías, que somos pecadores, que somos limitados, mas a Palavra vem como um toque em nossa boca. Para nos libertar, para nos dignificar, para nos impulsionar a se responsabilizar, a ir.” O bispo auxiliar enfatizou que “cada um de nós é chamado a se colocar nessa disposição, de acolher a palavra de Deus, e no toque dela, se lançar na disposição de deixar o Senhor agir através de nós, de Ele nos enviar. Cada um de nós, como batizados, somos enviados ao mundo para anunciar a boa nova do Evangelho, como nos diz São Paulo na Carta aos Coríntios, anunciar isso, que morreu por nós, que nos libertou do pecado e da morte. E que nos convida a lançar as redes em águas mais profundas”, que significa “cada dia se perguntar qual o sentido daquilo que nós estamos fazendo, para onde estamos indo, qual é a intensidade, a profundidade da vivência de fé que nos motiva a agir em prol dos irmãos, anunciando a boa nova.” “O Evangelho é sempre um questionamento e uma provocação a todos nós. O Evangelho deve fazer com que todos nós nos sintamos inquietos, confrontados, porque precisamos cada dia nos converter”, disse o bispo auxiliar de Manaus. Segundo ele, “precisamos cada dia aprofundar a vivência de fé e a nossa espiritualidade para não fazer da nossa vivência de fé uma cultura religiosa. Não viver nas superficialidades divinas, não viver nas superficialidades dos ritos, mas ao contrário, fazer com que a paciência seja mais forte. A palavra de Deus se traduz em nossa vida como sentido, como razão, como elemento que dá significado aquilo que a gente faz, aquilo que a gente vive, o trabalho que a gente exerce.” E é a partir dessa experiência, segundo dom Samuel, “que Jesus diz a Pedro que ele não vai ser mais um pescador comum, um homem simples, mas pescador de homens.” Por isso, o bispo afirmou que “todos nós somos chamados hoje a ser pescadores de homens. Pescar, trazer a humanidade, os homens, para sua dignidade plena de filhos de Deus. Trazer os homens para a vivência do Evangelho que liberta e nos faz ser realmente irmãos e irmãs”, lembrando as palavras de João 10,10: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em plenitude”. Somos desafiados a “fazer a pescaria dos homens, homens caídos pelas ruas, pelas situações de sofrimento, de opressão, de abandono, de exclusão, resgatar o humano em sua plenitude”, lembrando a inauguração da Casa da Esperança, inaugurada na última sexta-feira para “resgatar, pescar o homem para sua dignidade, trazer a vida aos seres humanos, trazer para a plenitude de Deus, para junto do seu coração.” Dom Samuel Ferreira de Lima sublinhou que “essa deve ser a nossa missão, por isso todos os dias devemos nos questionar e se perguntar até que ponto estamos verdadeiramente aprofundando a nossa fé, até que ponto estamos assumindo o Evangelho como a razão do nosso viver, até que ponto estamos encarnando a Palavra de Deus para que ela se torne Palavra viva em nosso ser e em nosso agir.” Ele disse que “essa provocação constante nos faz ir aprofundando, adensando e nessa experiência se colocando na disponibilidade de servir e no serviço realmente ser plenificado.” O bispo franciscano citou São Francisco: “É dando que se recebe”, afirmando que “à medida que a gente partilha, que a gente se doa, que a gente se coloca, realmente a gente é plenificado em Cristo, a gente é renovado na graça, a gente é transformado no Espírito.” Diante disso ele fez um convite para que “peçamos essa disposição que o povo tinha que ir ao encontro de Jesus para ouvir a palavra e através da palavra se sentirem esperançados e ali retomar a vida numa nova perspectiva, num novo dimensionamento, numa nova postura, uma postura que nos faz esperar em Deus.” Por isso, disse o bispo, “somos convidados neste ano a sermos peregrinos da esperança, aqueles que envolvidos pelo Espírito de Deus vão ao encontro dos irmãos. Levar o amor, a fraternidade, a misericórdia, a compaixão, o cuidado, o cuidado com a vida, o cuidado com…
Leia mais

Cardeal Steiner: “Avançar, para a profundidade do Reino que nos é ofertado”

No 5º domingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia lembrando que “Jesus rodeado da multidão, sobe na barca de Pedro e começa a ensinar. O lugar, o púlpito, do ensino de Jesus é a barca de Pedro. Na realidade, o lugar do ensinamento de Jesus é o lugar do ganha pão do pescador. A vida do pescador torna-se o lugar da pregação. Mais que da pregação da escuta. Por isso, Jesus envia Pedro para águas mais profundas depois de uma noite sem pesca.” “Jesus, Palavra do Pai, é buscada, comprimida pela multidão desejosa da boa nova! A Palavra que começa a ressoar, ao distanciar-se tomando a barca, a cotidianidade de Pedro, como lugar de ensinamento. A palavra dirigida à multidão é uma palavra para cada pessoa! Ao procurar o coração de Pedro, Jesus procura o coração de todos os escutadores da Palavra”, afirmou o cardeal. Após citar o texto bíblico: “Avança mais para o fundo, e ali lançai vossas redes para a pesca!”, ele disse que Pedro responderá à provocação de Jesus: “Mestre, trabalhamos a noite inteira e não pescamos nada”. Diante disso, o arcebispo questionou: “Como avançar para profundidade, se perdemos uma noite, e o cansaço tomou conta de nossos braços e de nosso coração? Como avançar para a profundidade e recomeçar, depois da frustração, da perda do pão? Como sair da noite do fracasso para o raiar de um novo dia?” Segundo o presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), “a força da Palavra transforma, revigora, acalenta, desperta a esperança, fortifica o espírito abatido: ‘pela tua palavra, lançarei as redes’! No lançar, lançar-se, atirar-se nas profundezas insinuadas pela Palavra. E na aceitação do convite a surpresa: que abundância! Inacreditável como o avançar para as profundezas produz frutos abundantes! Não só. Como da frustração do ganha-pão, nasce a abundância, nova visão, nova percepção. Como da abundância nasce a solidariedade, a ajuda mútua, a comunhão de forças! Mais: como da abundância que nasce das profundezas, brota o espanto, a confissão, a admiração! E da admiração e espanto, uma nova vocação! Provocador o texto proclamado”! “A palavra de Jesus que reverbera na nossa cotidianidade, na nossa vida diária, nos dissabores, nas alegrias, em todos os momentos de nossa vida. Mas, especialmente quando no labor de nossas mãos se faz noite e saímos de mãos vazias. Nesse dissabor recebemos, como Pedro, o convite para as águas mais profundas, Depois da secura, da noite incompreendida, bem trabalhada, mas mal trabalhada, coração vazio, o vazio de quem apenas permanece a lavar as redes e desejando guardá-las, um encontro opara recomeçar. É do encontro com Jesus que somos convidados, convidadas a avançar e não retroceder. Avançar, para a profundidade do Reino que nos é ofertado.  Nesse partir, retomar, aprofundar é que descobrimos a grandeza e a abundância da vida com Jesus. É ali que nasce a atração por Jesus e a admiração. E da admiração recebemos a missão de ensinar”, disse o cardeal Steiner. Ele chamou a “ensinar, animar, iluminar, ajudar a abrir veredas no emaranhado da vida. Como seguidores e seguidoras de Jesus somos provocados a usar de todos os meios para que Jesus, o Reino de Deus, seja anunciado, conhecido e amado. Participamos, expomos, as frustrações, as decepções, as noites frustradas, e sentimo-nos provocados, atraídos pela profundidade. Recebemos o convite para avançar para águas mais profundas. Sabemos que lançar-se para águas mais profundas, é deixamo-nos tomar pela força e suavidade do Reino de Deus, pelas profundezas do mistério amoroso de Deus, pelas águas sobre as quais sempre repousa o Espírito do Senhor. Lenitivo que nasce das profundezas da misericórdia de Deus, onde se manifesta a abundância de uma vida nova, de um Reino novo.” “Às águas mais profundas às quais Jesus nos envia, nos faz perceber que não estamos sós, sempre podemos contar com as irmãs e os irmãos para servir, ajudar, socorrer, misericordiar. Vamos aprendendo que a vida do Evangelho pertence a todos, e a todos cabe espalhar, esparramar, testemunhar a superabundância da vida nova, da Boa notícia. Somos convocados e provocados à comunhão, à solidariedade, ao anúncio e ao testemunho”, segundo o arcebispo de Manaus. Inspirado em Aparecida, o cardeal disse que “diante da grandeza, a abundância da vida que Jesus nos oferece, nasce a admiração e gratidão.” Segundo ele, “a fecundidade e os sinais da presença da vida de Jesus, despertam admiração, espanto e encanto. Quando atraídos pelas águas extraordinárias da Palavra de Deus somos como Pedro levados à maior disponibilidade e ousadia no servir e no anúncio. Nos alegramos e louvamos pelas obras benfazejas que a Palavra suscita e realiza em nós. Somos provocados ao anúncio, mas também à graça da celebração, da meditação. A Eucaristia, a celebração comum, torna-se fonte e cume da comunidade de fé. Da profundidade das águas da Palavra vamos ao encontro da Palavra feita Pão.” Ele lembrou que “nós, como Pedro, somos, então, tomados pela reverência e reconhecemos a nossa fraqueza e miséria. Na admiração e gratidão, percebemos melhor a nossa fragilidade e fraqueza. Por isso, nos expomos sempre mais à graça da profundidade da Palavra, das águas mais profundas, à força e suavidade do Espírito e ao amor misericordioso do Pai.” “A admiração e a gratidão transformam Pedro, num homem de esperança e de confiança. É um esperançado, um aguardador e construtor de novos tempos, novos céus e nova terra. Sabemos, então apontar novos horizontes, oferecer novo sentido, despertar vida nova nos ribeirinhos, nas pequenas comunidades. É para toda a comunidade eclesial somos discípulos missionários, discipulas missionárias”, sublinhou o cardeal Steiner. Segundo o arcebispo, “a vida cristã é um risco, quando permanecemos à margem, lavando as redes da noite do vazio de nós mesmos. É um risco, quando não nos entregamos de corpo e alma, por inteiros, todo inteiros ao serviço dos irmãos, das irmãs! É um risco, quando não chegamos até as periferias geográficas e existenciais e deixamos de anunciar e proclamar a grandeza do Reino de…
Leia mais