Cardeal Steiner: “Ser como o mestre! Ser como Jesus que vive no cuidado de todos, especialmente dos mais necessitados”
Na homilia do oitavo domingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner iniciou lembrando que “o Evangelho de hoje continua o sermão da planície que iniciamos a dois domingos em nossa liturgia dominical. Quantos direcionamentos, quantas elucidações, quantas direções, quantas iluminações, quantas implicações, quantos horizontes nos sugere o Evangelho oitavo domingo do tempo comum! Quantas dinâmicas a nos oferecer e desafiar! Ficamos admirados com o caminho que Jesus nos oferece neste na liturgia deste domingo.” Citando texto: “Um discípulo não é maior que o mestre; todo discípulo bem formado será como o mestre”, ele disse que “Jesus nosso mestre e Senhor e nele somos todos discípulos, discípulas! Somos seguidores e seguidoras de Jesus, somos seus discípulos missionários e discípulas missionárias, e, por isso, suas testemunhas. Ele o verdadeiro e único mestre que recebemos, a quem ouvimos, seguimos e anunciamos. Não nos tornamos mestres para os outros. Com Ele mestre, caminhamos juntos, nos ensinamos mutuamente, apreendendo uns com os outros. Ele, caminho, verdade e vida! Só Ele o nosso caminho, a nossa verdade e a razão do viver. Ele a nos ensinar, guiar, transformar, conduzir, despertar para a razão de nosso viver, amar! Ele a guiar, a conduzir, a frutificar.” Seguindo com o texto: “Todo discípulo bem formado será como o mestre!”, ele fez um chamado a “Ser como o mestre! Ser como Jesus que vive no cuidado de todos, especialmente dos mais necessitados no corpo e no espírito. Ele caminhando ao encontro dos enfermos, dos sem olhos, sem língua, manchados no corpo e na alma, excluídos da sociedade e da religião. O mestre da vida e da salvação! Mestre que desperta para a vida, a intimidade, os amores; desperta para o outro, nos conduz pelas sendas da paz. Desperta em nós a esperança que não decepciona. Como nos ensina Papa Francisco: “a partir da intimidade de cada coração, o amor cria vínculos e amplia a existência, quando arranca a pessoa de si mesma para o outro. Feitos para o amor, existe em cada um de nós uma espécie de lei de êxtase: sair de si mesmo para encontrar nos outros um acrescimento do ser. Por isso, o homem deve conseguir um dia partir de si mesmo, deixar de procurar apoio em si mesmo, deixar-se levar”, citando Fratelli tutti 88. “Atraídos, iniciados e guiados por Jesus, nos desviamos de caminhos difíceis, dos abismos existenciais, das violências, das mortes. Ele a nos guiar, somos salvos, redimidos, percorremos veredas verdejantes, mesmo no deserto, pois bem guiados pelos olhos que Jesus nos concede com o dom de sua vida”, enfatizou o arcebispo de Manaus. Sengo ele, “A quem não é dado ver, não despertado para ver da alma, pode levar a outra pessoa para o abismo, seguir caminhos indesejados. Os olhos impedidos do sensorial veem com outra sensibilidade que vê veredas, obstáculos, belezas, grandezas, desvios, encantos. O sentido do ver passa por outros sentidos que possibilitam ver o invisível. O ver invisível que conduz para paisagem sempre mais livres, admiráveis, encantadoras, pois despertados pela graça da fé que faz ver sem ver.” “A cegueira no Evangelho proclamado a nos falar do caminho a percorrer. Mas também de quem está na disponibilidade de ajudar no caminhar”, disse o cardeal, que lembrou as palavras de Papa Francisco no Angelus de 3 de março de 2019: Com a pergunta: “Um cego pode guiar outro cego?” (Lc 6,39), nos indicar sabedoria para conduzir pelos caminhos da salvação, da misericórdia, da esperança, caso contrário corre-se o risco de causar danos às pessoas que a Ele se confiam. Jesus a nos dizer da responsabilidade da nossa presença na vida dos irmãos e irmãs, dos filhos: os pastores de almas, as autoridades públicas, os legisladores, os mestres, os pais. Somos todos alertados do papel delicado de despertar vidas e ajudá-las no caminho da maturação e a discernir sempre o caminho certo pelo qual conduzir as pessoas, nos diz Papa Francisco.” O presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil refletiu sobre “como ir ao encontro do próximo, como participar do ministério do seu ensinar”, lembrando a pergunta do texto evangélico: “Por que vês tu o cisco no olho do teu irmão, e não percebes a trave que há no teu próprio olho?” Segundo ele, “ver é mais que ver com os olhos. Ver é uma abertura própria do humano que possibilita abrir mundos e perceber realidades, belezas, encantos, mas também as decadências, as deficiências, as restruturações do viver e conviver. Essa possibilidade humana que nos leva a percepção da vida verdadeira, da comunhão com Deus, da vida em santidade. Um ver que pode ter sua opacidade, o ver que distorce a verdade, as virtudes, o bem-querer. No Evangelho vem denominado de trave, isto é um empecilho significativo, impeditivo. O que impede inclusive de libertar os olhos de ciscos que em determinadas ocasiões fazem lagrimejar e impedir de ver a beleza e a grandeza. É pouco, mas ofusca no lagrimejar; um incomodo. Mas os olhos que foram limpos e, com Ele a nos guiar, até vemos sem ver; olhos de salvíficos, de benditos. Com ele sempre vermos, mesmo sem a retina dos olhos.” Ele lembrou que “Santo Agostinho, nos ajuda na meditação do Evangelho diante da ensinar de Jesus: ‘Irmão, deixa-me tirar o cisco que tens no olho’. Primeiro, diz ele, afasta o ódio para longe de ti; poderás então corrigir aquele a quem amas. E Ele chama ‘hipócrita’ com justiça, porque censurar os vícios deve ser uma atitude própria de homens justos e bondosos; quando tivermos de censurar ou corrigir, façamos com escrupulosa preocupação esta pergunta a nós próprios: e eu, nunca cometi este erro? E fiquei curado? Mesmo que nunca o tenhamos cometido, recordemos que somos humanos e que podíamos tê-lo cometido. Se, por outro lado, o tivermos cometido, recordemos a nossa fragilidade, para que seja a benevolência, e não o ódio, a ditar-nos a reprovação ou a censura. Um homem peca por cólera, e tu vais repreendê-lo com ódio. Ora, entre…
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