Av. Epaminondas, 722, Centro, Manaus, AM, Brazil
+55 (92) 3232-1890
cnbbnorte1@gmail.com

Dia: 23 de março de 2025

Dom Edson Damian: “Ou mudamos nossos hábitos destrutivos na relação com a nossa casa comum, ou provocaremos um colapso planetário sem retorno”

Durante a Quaresma, a Comissão para Ecologia Integral e Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), uma das promotoras da Campanha da Fraternidade 2025, oferece a todos os irmãos e irmãs de caminhada na fé um itinerário espiritual a partir da reflexão do Evangelho do domingo. No terceiro domingo a reflexão foi por conta de dom Edson Damian, bispo emérito da diocese de São Gabriel da Cachoeira e membro da Comissão Especial para a Ecologia Integral e Mineração da CNBB. Ele iniciou sua fala lembrando que “Jesus nos conta a parábola da figueira estéril. A figueira estéril simboliza o povo de Deus da primeira aliança, principalmente as autoridades, que não acolheram a boa nova de Jesus. Apesar de não oferecer frutos de conversão, a figueira recebe mais uma oportunidade. Deus tem paciência, insiste, mas é preciso mudar, converter-se, antes que seja tarde. Mais tarde, tarde demais.” O bispo atualizou “este convite à conversão dentro do tema da Campanha da Fraternidade deste ano, dedicada à ecologia integral, ao cuidado de nossa casa comum, que está sofrendo inúmeras agressões que colocam em risco a nossa própria sobrevivência.” Segundo ele, “o modelo capitalista, baseado na exploração insaciável dos recursos naturais, na queima de combustíveis, o consumo de combustíveis fósseis, como os derivados do petróleo, a expansão desenfreada do consumo, está gerando uma série de problemas ambientais: a degradação do solo, a destruição das florestas, os incêndios criminosos, o extrativismo predatório, a escassez da água, a extinção de muitas espécies e as mudanças climáticas.” Dom Edson Damian sublinhou que “estamos assistindo a cada dia eventos climáticos extremos. Ondas de calor, enchentes e furacões estão se tornando mais frequentes e destrutivos, ceifando vidas, provocando migrações forçadas e empurrando milhões de pessoas para a pobreza.” O bispo emérito de São Gabriel da Cachoeira recordou que “o Papa Francisco, desde 2015, com a encíclica Laudato Si´, sobre o cuidado da casa comum e, em 2023, com a exortação Laudate Deum, afirma, que não estamos reagindo de forma satisfatória diante dos efeitos climáticos. O mundo que nos acolhe está se desfazendo e quase nos aproximando de um ponto de ruptura, isto é, sem volta.” Portanto, ressaltou o bispo, “estamos num momento decisivo para nós e para o nosso planeta. Ou mudamos nossos hábitos destrutivos na relação com a nossa casa comum, ou provocaremos um colapso planetário sem retorno. Já estamos experimentando seu prenúncio nas grandes catástrofes que assolam o nosso planeta, em todas as regiões. E não existe planeta de reserva, só temos este. E embora a Terra sobreviva sem nós, nós não viveremos sem ela.” Ele insiste em que “ainda é tempo, mas o tempo é agora. Mais tarde, tarde demais.” “Nessa conversão ecológica, passar da lógica extrativista e predatória, que contempla a terra como um reservatório inesgotável de recursos, para uma lógica do cuidado, através da proteção das florestas e dos rios, combatendo os incêndios, o uso abusivo de venenos e agrotóxicos, o consumismo insaciável”, é o chamado de dom Edson Damian. Diante disso, ele disse que “precisamos aprender a viver com sobriedade, lutando pela justa distribuição dos frutos da terra, para que os bens essenciais à nossa sobrevivência e os alimentos cheguem às mãos de todos e de todas. Vivendo assim, estaremos colaborando com nosso bondoso Pai Criador, que ao contemplar esse planeta tão grande e tão bonito, viu que tudo era muito bom.” Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Pastoral da Juventude Regional Norte 1 realiza 1ª Etapa da Assembleia

Nos dias 22 e 23 de março de 2025, aconteceu de forma online a 1° Etapa da Assembleia Regional da Pastoral da Juventude do Regional Norte 1 – Amazonas e Roraima. Os participantes da assembleia realizaram o primeiro passo metodológico: o Ver. Durante o encontro, aconteceu um momento de escuta da realidade do Regional durante o triênio e escuta das realidades das igrejas locais que compõem o Regional.  Igualmente, foi refletido sobre o tema, lema e iluminação bíblica da assembleia que irão nortear nossos passos até a conclusão da Assembleia. Para finalizar, foi realizado o envio dos delegados para a 2° Etapa da assembleia, que acontecerá de forma presencial de 6 a 8 de junho, em Manaus. Entre a etapa online e presencial, serão formados subgrupos do delegados, que terão como missão responder o instrumental de trabalho. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1, com informações da PJ

Dom Evaristo Spengler: “É importante que se vivencie e que se anuncie a fé a partir da vivência em comunidade”

As coordenações da dimensão bíblico-catequética das igrejas locais que fazem parte do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1) se reuniram de 21 a 23 de março de 2025 na Maromba de Manaus. O tema de reflexão foi em volta da Iniciação à Vida Cristã com inspiração catecumenal. A importância dessa temática, segundo o bispo de Roraima e referencial dessa dimensão no Regional, dom Evaristo Spengler, destaca que “a importância reside em que, como disse Tertuliano, ninguém nasce cristão, torna-se cristão, faz-se cristão através do testemunho. Então, quando nós falamos de iniciação à vida cristã, também estamos falando da transmissão da fé.” Segundo o bispo, “Jesus é o mesmo, o Evangelho é o mesmo, mas o destinatário dessa fé está dentro de um mundo diferente do que no passado. Então é necessário um retorno às origens do início das comunidades cristãs.” Analisando a história da Igreja, dom Evaristo Spengler sublinhou que “durante muito tempo, na Idade Média, abandonou-se um método que foi muito importante, o método da iniciação à vida cristã com inspiração catecumenal. É importante ter uma comunidade que testemunhe a fé, que se vivencie e que se anuncie essa fé a partir da vivência em comunidade. Nós estamos aqui refletindo a importância de que cada diocese tenha a sua coordenação diocesana da Iniciação à Vida Cristã, o fortalecimento dessas comissões, o envolvimento de todas as pastorais, dos padres, do bispo, o envolvimento da Liturgia, o envolvimento das pastorais todas, para que não seja apenas um pequeno grupo que faça uma catequese isolada, mas essa transmissão da fé seja feita em comunidade.” Ele insistiu em que “temos que ter um projeto de Iniciação à Vida Cristã em cada uma das dioceses. E aí, a importância de envolver o padre, envolver a Vida Religiosa e os leigos que estão à frente das nossas comunidades.” Tudo isso porque “nós estamos num mundo hoje que se relativiza muitas coisas. E nós queremos mostrar a importância de um Deus que se revela através do seu filho Jesus Cristo e a necessidade de que nós o conheçamos para poder segui-lo e amá-lo. A igreja é discípula de Jesus Cristo, todos nós cristãos somos esses discípulos. Então ser introduzidos na fé, caminhar durante toda a nossa vida nessa fé, essa é a nossa tarefa como igreja.” Nessa perspectiva, Dom Evaristo Spengler advertiu que “senão nós seríamos uma igreja que apenas apresenta uma doutrina ou uma moral cristã, mas que não entra no coração.” É por isso que “o objetivo da iniciação da vida cristã nessa inspiração catecumenal é transformar a vida daquele que quer seguir a Jesus Cristo e que ele naturalmente em toda a sua vida seja um discípulo. Não apenas que vá na missa, não apenas que siga algumas leis que a igreja propõe, mas que ele seja de fato um seguidor de Jesus e tenha essa consciência ao longo de toda a sua vida.” Com relação aos desafios que estão enfrentando as comunidades, as paróquias, as igrejas locais, os catequistas para poder avançar nesse caminho, o bispo disse que “o primeiro desafio é de fato conhecer a realidade no nosso regional. Nosso regional é muito amplo, tem comunidades ribeirinhas, tem comunidades quilombolas, tem comunidades urbanas. Então ter uma boa coordenação, em cada diocese, depois em cada paróquia, em cada comunidade.” Ele lembrou que “nós estamos fazendo todo um levantamento do número de catequistas que temos nesse regional, o número de catequizandos que nós temos nas várias fases, os itinerários que estão sendo seguidos.” O objetivo de uma coordenação bem-organizada é, segundo o bispo de Roraima que nós possamos trabalhar mais em comunhão, mais em conjunto, que o caminho seja sinodal, um caminho que caminhe na mesma direção.” Daí a importância de uma reunião que tem ajudado a “estreitarmos os laços entre as nossas dioceses, as nossas prelazias, a arquidiocese e o Manaus.” De cara ao futuro, ele espera que “a partir dessa reunião, nós possamos trabalhar muito em sinodalidade, muito em união, muito em conjunto nessa proposta da Iniciativa da Vida Cristã em estilo catecumenal.”  Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1

Cardeal Steiner: “Não se trata de procurar culpas, pecados, mas de abrir todo o nosso ser à graça da cruz e da ressurreição de Jesus”

No terceiro domingo da quaresma, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia dizendo que “na caminhada quaresmal o Evangelho a indicar uma vida cheia frutos, uma vida frutuosa; evitar a esterilidade, a inutilidade de existir. É o movimento de conversão que leva à libertação, à salvação. A transformação da escravidão do egoísmo e do pecado, em mulheres e homens novos, livres para que em nós se manifeste a vida em plenitude, a vida do Reino de Deus. O convite a uma transformação da existência, a uma mudança de mentalidade, viver a graça do Evangelho, a Boa Nova. O caminho da vida e não da morte, o caminho da conversão, da frutificação. No tempo da quaresma, quando meditamos fraternidade e ecologia integral, a conversão ecológica.” Ele lembrou que “o assassinato de alguns judeus no templo por Pilatos e a queda de uma torre perto da piscina de Siloé, é o início do ensinamento de Jesus neste terceiro domingo da quaresma. Jesus a dizer que aqueles que morreram nestes desastres não eram piores do que os que sobreviveram. Afasta o ensinamento de que a pessoa atingida por alguma desgraça, era consequência por pecado grave cometido. O justo, a pessoa justa, estava livre morte violenta.” “Após cada uma das mencionadas circunstâncias de morte, Jesus a ensinar”, disse o cardeal, citando o texto evangélico: “se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo”. Segundo ele, “nos leva compreender que todos estamos necessitados de conversão, de mudança de vida. Sim, ‘se não vos arrependerdes perecereis todos do mesmo modo’. Perecer, não chegar à plenitude da vida, à realização plena, permanecer no caminho que conduz à morte. Jesus a convidar redirecionar os nossos passos no caminho da salvação. A mudança de vida, a conversão que conduz à existência maturada e plenificada. Permanecer no caminho do descuido, conduz à morte.” “Diante de tantas situações dramáticas que atingem o ser humano, somos convidados a uma maior vigilância sobre nós mesmos. Meditarmos, confrontarmos a nossa condição humana que um dia chegará ao fim, mas que, naturalmente, busca a plenitude. Sondar, descobrir a nossa fragilidade, despertar-nos e voltar para Aquele que concede sentido à nossa própria fragilidade e infertilidade. Não se trata de procurar culpas, pecados, mas de abrir todo o nosso ser à graça da cruz e da ressurreição de Jesus. Ele a nos indicar o caminho da conversão como uma vida aberta, liberta, pascoal. Ele a suscitar em nós o desejo da vida, não a morte. Deseja a frutificação não a esterilidade”, afirmou o arcebispo de Manaus. “Tão como o Evangelho nos ensinar como pode acontecer a mudança de vida, a conversão”, disse o cardeal Steiner. Citando o texto: “Disse ao vinhateiro: Já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a! Por que está ela inutilizando a terra? Ele, porém, respondeu: Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então tu a cortarás”, ele deduz que “somos gerados, destinados a frutificar, a dar frutos! Uma vida frutífera, cheia de frutos! A esterilidade de uma vida, conduz à morte.” Uma realidade que o leva a dizer que “a conversão como percepção de que a fraqueza pode transformar-se em frutos quando houver cuidado, disponibilidade, receptividade à vida que tem sua fonte na cruz e ressurreição.” Ele lembrou as palavras de Santo Agostinho falando da fraqueza como tristeza e que a tristeza pode tornar-se motivo de alegria: “Por isso, diz o Apóstolo: quem mais me dará alegria se não aquele que por mim é entristecido? E em outra passagem: a tristeza que é segundo Deus produz um arrependimento salutar incapaz de voltar atrás. A pessoa que se entristece segundo Deus se entristece dos seus pecados com a penitência, por causa da tristeza causada da própria culpa que produz a justificação. Então te arrependes de ser o que és, para ser o que ainda não és.” (Santo Agostinho, Sermão 254, 2-3) “Quaresma a pedir conversão, cavar e adubar nossos dias com a esmola, o jejum e a oração, para frutificar, superar a inutilidade de viver. Quaresma tempo de floração, despertação dos frutos que podem surgir da cruz e da ressurreição do Senhor. Quaresma tempo de graça e maturação na fé. Tempo para sondar a dimensão da dor e do sofrimento, da própria morte, como caminho de vida nova, com frutos abundantes. Quaresma convite à conversão, a mudar mentalidade, de tal modo que a vida encontre a sua verdade e beleza mais em dar que possuir, mais em semear o bem e partilhar que o acumular. Esse tempo pleno de graça quando deixamos fecundar e transformar a nossa fraqueza em vida pascal”, destacou o arcebispo de Manaus. Ele recordou o ensinamento de São João Crisóstomo: “Cristo deixou-nos na terra a fim de que nos tornássemos faróis que iluminam, doutores que ensinam; a fim de que cumpríssemos o nosso dever de fermento; a fim de que nos comportássemos como anjos, como anunciadores entre os homens; a fim de que fôssemos adultos entre os menores, homens espirituais entre os carnais a fim de os ganharmos; a fim de que fôssemos semente e déssemos frutos numerosos. Nem sequer seria necessário expor a doutrina, se a nossa vida fosse irradiante a esse ponto; não seria necessário recorrer às palavras, se as nossas obras dessem um tal testemunho. Não haveria mais nenhum pagão, se nos comportássemos como verdadeiros cristãos” (Sermão 10, in 1Tm.). Isso porque “uma vida fecunda, frutuosa, cheia de frutos; graciosa a espargir bondade e semear o bem. Aqueles frutos que nascem da graça e do amor da cruz e da ressurreição.” O cardeal recordou que a Campanha da Fraternidade, ‘Deus viu que tudo era muito bom’, “nos envia para a conversão ecológica, na busca de uma fraternidade também com as criaturas. A ecologia integral ensina que a casa em que habitamos não pode ser compreendida de maneira fragmentada, compartimentada. Ela nos indica o caminho da contemplação para uma…
Leia mais