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Dia: 17 de abril de 2025

Missa Crismal em Manaus: “Somos ordenados para fazermos memória de Deus”

A arquidiocese de Manaus celebrou na manhã da Quinta Feira Santa a Missa Crismal, com a presença de grande parte do clero que trabalha nessa Igreja local, da Vida Religiosa e de numerosos fiéis que se uniram para participar de um momento importante na vida da Igreja. Enviado para animar, resgatar Uma celebração presidida pelo arcebispo local, cardeal Leonardo Steiner, que iniciou sua homilia lembrando as palavras do texto de Lucas lido no evangelho: “Jesus foi à cidade de Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu costume, entrou na sinagoga no sábado e levantou-se para fazer a leitura.” Segundo o arcebispo, “voltou à espacialidade onde fora concebido, gerado, crescido, criado, e na Palavra de hoje, onde leu a sua missão: ‘hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir’. Sente-se enviado pelo Espírito para animar, resgatar, reanimar no corpo e no espírito: o Reino da verdade, da justiça e da graça!” O cardeal Steiner lembrou aos presentes que “aqui estamos como igreja particular, como Arquidiocese: nossas comunidades, nosso presbitério, ministros e ministras não ordenados, vida consagrada, seminaristas; expressões do Povo de Deus em nossa igreja particular, para celebra o Santo Crisma.” Nazaré, lugar de criação de Jesus Analisando o texto, ele sublinhou que “Nazaré, pode significar ‘consagrar-se a Deus’, mas também ‘ramo’ ou ‘rebento’. Nazaré onde brotou o ramo do tronco de Jessé, pois o lugar do anúncio, da presencialização do Filho de Deus no ventre da Virgem. O lugar do sim da Virgem que abre a finitude humana para a presença humanada de Deus. Lugar da criação de Jesus, da maturação, do trabalho corpo a corpo com o pai operário. Nazaré onde cresceu em ‘sabedoria, idade, e graça diante de Deus e dos homens’ (Lc 2,52). Conforme o Evangelho proclamado, o lugar da escuta dos profetas, do encontro do Povo do Deus com a sua história. Nazaré a iluminação do Espírito que repousa unge e envia em missão: ‘hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir’!” Diante desse significado, o presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), disse que “somos convidados a voltar a Nazaré, o lugar do nascer da vida em Cristo Jesus. Voltarmos a Nazaré estarmos em casa com Jesus, Maria e José e participarmos do mistério amoroso, gracioso e salvífico que renova a face da terra, pois o Espírito a repousar, ungir e enviar. Voltamos a Nazaré e na escuta, deixar ressoar a vocação e a missão de discípulos missionários, discípulas missionárias. E de Nazaré somos enviados para anunciar o Reino da verdade, do amor e da salvação.” Voltar a Nazaré Nazaré, disse o cardeal, se dirigindo aos irmãos presbíteros e diáconos, “o ressoar da Palavra e da prece que ilumina a nossa vida e missão de ordenados. Voltamos a Nazaré e escutamos que o Espírito repousa sobre nós, pois O invocaram sobre nós, impuseram as mãos, fomos ungidos e enviados em Missão. Voltamos à Nazaré com o desejo de sermos continuamente gerados e crescermos, plenificarmos a nossa vida, missão, o nosso ministério. As nossas mãos, queridos padres, foram ungidas depois do Espírito repousar sobre nós, para abençoar, bendizer, ungir, jamais amaldiçoar! A ungir com o Espírito que concede rebento novo onde a vida parece ter secado, a esperança onde o sofrimento, a morte, parece destruir a nossa humanidade, a participação na redenção onde há sangue derramado e não recolhido; ungir a cegueira que não quer ver o cuidado amoroso de Deus, ungir os prisioneiros para que possam inspirar o desejo de liberdade, pois tantos encarcerados pelo mercado que sufoca, destrói as relações, o desejo de eternidade. O Espírito que unge para desestruturar a religião que não liberta, não oferece a verdade, a transparência da fé.” Em palavras do cardeal Steiner, “voltar a Nazaré, à espacialidade de nossa vida, missão e ministério, para escutarmos mais uma vez que o Espírito do Senhor está sobre nós, porque nos consagrou com a unção para sermos anunciadores, proclamadores da Boa-Nova transformante e redentora que traz esperança para os pobres; proclamar a boa-Nova que liberta os encarcerados, ensimesmados, presos no eu. Voltar a Nazaré e escutar a Boa-nova que abre horizonte e deixa ver, contemplar, admirar. Aquela boa-Nova que tomou conta do nosso ser presbítero e que liberta os oprimidos, os destruídos, os presos por espíritos mudos e desencaminhados. Voltar e escutar a palavra que o Espírito nos faz presença de graça, pois um verdadeiro jubileu de esperança.” Fazer memória “Em Nazaré nos encontramos para renovar as nossas promessas sacerdotais, pois celebramos o memorial de uma pertença”, afirmou o arcebispo, citando as palavras da celebração da Eucaristia: “Fazei isto em memória de mim”! Segundo ele, “o memorial que antecede à cruz salvadora: ‘fazei memória de mim’. Na participação do memorial, somos ordenados para memorar, para fazermos memória de Deus.” “O memorial que fazemos com as comunidades, é ao mesmo tempo memória da história da salvação, história do Povo de Deus, mas também pessoal, pois benevolência de Deus para conosco. A memória do encontro com Deus que toma a iniciativa, que cria e salva, que nos transforma; a memória da Palavra que inflama o coração, salva, dá vida, purifica, cuida e alimenta. Na nossa vida e ministério fazemos memória no serviço, proclamando Deus no seu amor, na sua fidelidade, na sua compaixão. A nossa vida e missão e ministério como expressão do memorial na conformidade do Reino plenificado na Cruz”, refletiu o arcebispo de Manaus. O cardeal Steiner ressaltou: “irmãs e irmãos, somos os seguidores e seguidoras de Jesus que fazem memória, deixando-nos guiar pelo Memorial em a nossa vida, e buscamos despertar para esse memorial do amor o coração dos irmãos e irmãs”. Diante disso, ele questionou: “Somos nós memória de Deus? Procedemos verdadeiramente como animadores esperançados que despertam nos outros a memória de Deus, que inflama o coração? Ou está Ele esquecido porque preocupados demais com uma religião de normas e preceitos?”, respondendo que “Jesus, memória da Trindade é caminho, verdade e vida!” Isso porque, “todo discípulo…
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Viver sem Photoshop

Na semana passada viralizou uma imagem do Papa Francisco chegando na Basílica de São Pedro sem sua batina branca. O motivo de algo que escandalizou algumas pessoas, mas também teve muitas reações de aprovação, foi o pedido do Santo Padre para ser conduzido a rezar no túmulo de São Pio X enquanto passeava nos jardins vaticanos. Cuidar a imagem até o extremo Em uma sociedade onde a aparência é considerada superior à essência, onde a imagem é cuidada até o extremo, onde o photoshop se tornou instrumento para adaptar nossa imagem aos nossos desejos, a foto do Papa Francisco nos mostra que ele vai em outra direção. Francisco nos mostra que rezar é mais importante que as vestes que são usadas para nossa oração. Igualmente, ele não tem problema em mostrar sua fragilidade, não pretende esconder que ele está doente, que ele é gente. Santo Inácio de Loiola, o fundador da Companhia de Jesus, a congregação da qual o Papa fazia parte, insiste em que o padre, antes de ser ministro ordenado, ele é batizado, e antes de tudo isso, ele é pessoa. Um serviço à humanidade Francisco tem clareza de que seu ministério pontifício é um serviço à Igreja católica, mas também a toda a humanidade. Ele tem mostrado isso muitas vezes, mas sobretudo na Quinta-Feira Santa. Seu costume de lavar os pés aos vulneráveis, aos descartados da sociedade, inclusive a homens e mulheres não cristãos, nos mostra o modo dele entender seu pontificado. Ele sempre se coloca a servir, na simplicidade, sem muito interesse pela aparência. Francisco é alguém que não se preocupa em retocar sua imagem, ele testemunha o Evangelho com suas atitudes de vida, com sua disponibilidade para se colocar ao serviço, para escutar os clamores da humanidade e da casa comum, para ser voz daqueles que a sociedade faz questão de não escutar, de não deixar falar. Não responder a estereótipos A vida se torna exemplo para os outros, se faz testemunha, quando ela é verdadeira, quando a gente não esconde, não disfarça aquilo que nós somos. Muitas vezes nos deparamos com pessoas que se empenham em responder a estereótipos sociais, inclusive a estereótipos eclesiásticos. No atual pontífice, se faz visível a autenticidade de alguém que não se empenha em responder a esses estereótipos. Diante disso, ainda mais no dia em que fazemos memória da entrega de Jesus, somos desafiados a nos questionarmos sobre aquilo que determina nossa vida como pessoas. Mas também como cristãos, na medida em que dizemos ter fé no Deus que se fez carne em Jesus Cristo. Somos presença dele quando vivemos do jeito dele, quando não temos problema em mostrar nossa humanidade, quando queremos viver sem retoques, sem photoshop. Editorial Rádio Rio Mar