Celebração de gratidão da Igreja de Manaus a Francisco, o Papa da Amazônia
A Igreja de Manaus se reuniu no início da noite da Terça-feira da Oitava da Páscoa, na catedral de Nossa Senhora da Conceição para “uma celebração de gratidão”, segundo explicitou seu arcebispo, o cardeal Leonardo Steiner. Ele disse que “nós devemos tanto ao ministério de Papa Francisco, o Papa da Amazônia.” Ele enfatizou que Papa Francisco “viu na Amazônia a necessidade de um cuidado com toda a ecologia integral.” Junto com isso, o Papa da Misericórdia, mostrando que “misericórdia quer dizer dos desvestidos, dos sedentos, dos famintos, dos sem casa, dos aprisionados, de todos.” É por isso que o arcebispo de Manaus fez um chamado a “louvar e bendizer a Deus por esse ministério. Esse ministério que sempre nos devolveu o desejo de sermos cada vez mais seguidores e seguidoras de Jesus. Queremos louvar e bendizer por esse ministério de 12 anos”, equiparando os 12 anos, com as 12 tribos de Israel, os 12 apóstolos. Um Papa com quem “nós aprendemos a apreciar a esperança e levar esperança. E nunca jamais nos esquecermos dos mais pequeninos, dos mais pobres.” Francisco, uma vida impactante Na homilia, o bispo auxiliar, dom Zenildo Lima, refletiu sobre a fecundidade do acontecimento pascal, afirmando que “vamos nos maravilhando com o alcance da ressurreição de Jesus e, com a força contagiante que a vida doada de Jesus vai atraindo, vai reunindo, vai congregando a vida dos homens e mulheres”, pelo fascínio de uma vida bem vivida. Nesse contexto, o bispo retomou a história de Papa Francisco, sublinhando que seu legado “já é experimentado, mas não porque nós fazemos uma síntese dos seus discursos, das suas palavras, mas porque a vida dele está nos impactando diretamente. O legado do Papa Francisco para nós não é uma lembrança, não é um conteúdo, não é um conceito, é uma experiência que nós vivenciamos e estamos vivendo sim aqui nesta noite na nossa igreja catedral.” Segundo dom Zenildo Lima, “somos tomados por um sentimento, somos que contagiados por uma força, somos como que impelidos e atraídos para um jeito novo de viver nossa experiência de fé, nossa experiência eclesial.” A partir de seu Magistério pontifício, ele destacou que “os nossos horizontes pela alegria do Evangelho são alargados. Nós não somente queremos o bem, a vida plena para os homens e mulheres, mas se não para toda a realidade criada a partir do agir de Deus.” Ele falou de Laudato Si´ e Laudate Deum como documentos que “nos abriram novos horizontes para compreender os alcances do Reino de Deus.” O bispo auxiliar referiu-se à fraternidade, ao chamado a sermos peregrinos da esperança. Ensinou a viver a comunhão, a sinodalidade Ele lembrou elementos presentes na Carta da Igreja de Manaus publicada poucas horas depois da morte de Papa Francisco, onde aparece que “nós aprendemos tanto deste Papa sobre a comunhão, que ele chamou tão insistentemente de sinodalidade.” O bispo refletiu sobre aqueles que, quebrando a comunhão, se sentem donos da verdade, que promovem guetos mais do que abertura. Igualmente, na carta se reconhece a figura de “um pastor próximo de quem é pequeno e de quem é descartado” e de uma Igreja pobre para os pobres. Um Papa que “se faz grande por estar com os pequenos.” Igualmente, recordou em Francisco, “o incansável grito pela paz, por uma nova ordem mundial”, um Papa que “nunca teve receio, nunca teve medos, nunca teve censuras que não lhe permitissem dizer a verdade com afeição, mas uma verdade que nos convidava a um novo jeito de viver a partir das relações entre as nações e a partir da relação entre cada homem e cada mulher”. Um Papa que apelava a todos aqueles que no mundo têm responsabilidades políticas, “para que não cedam a lógica do medo, uma lógica que nos fecha, mas usem todos os recursos disponíveis para ajudar os necessitados, para combater a fome, para promover iniciativas que favoreçam o desenvolvimento.” Peregrino nas periferias Um Papa da esperança, “o pastor com cheiro das ovelhas, que peregrinou nas periferias do mundo, nos precede agora como o grande peregrino da esperança”, que quase incapacitado de caminhar, abriu as portas santas, definindo seu pontificado como de abertura de portas, de acolhida. Dom Zenildo Lima refletiu sobre a esperança, “uma esperança de quem se compromete. Não se trata de uma esperança alienante, alienada, mas uma esperança responsável, estabilizadora.” Igualmente se referiu à misericórdia, lembrando essa presença em seu brasão: Miserando atque eligendo (Com misericórdia o elegeu). No Papa Francisco, o bispo auxiliar sublinhou sua simplicidade e sua cosmovisão extraordinária, que se especifica em sua compreensão da ecologia integral, algo que “o aproximou tanto de nós e das nossas terras”, colocando como principal exemplo disso o Sínodo para a Amazônia e a Querida Amazônia, afirmando que “nós, de certo modo, fomos acolhidos nos sonhos do Papa. Ele sonhou conosco, com a nossa vida, com a nossa terra, com a nossa gente, com uma Amazônia capaz de cuidados. Ele sonhou conosco, com a nossa cultura, com as nossas diversidades. Ele sonhou conosco, com a riqueza deste chão, com seus biomas, fauna, flora, seus recursos hídricos, seus povos, suas populações originárias. Sonhou conosco, Igreja da Amazônia, Igreja com rosto amazônico, e se a gente costuma dizer que na morte as pessoas vivem a experiência do sono eterno.” Francisco uma inspiração Daí, o bispo fez um chamado a que nós continuemos nos sonhos do Papa Francisco, a encontrar nele uma inspiração e com ele querer a vida para todos, todos, todos. Ideias que dom Zenildo Lima vê nas últimas alocuções do Papa Francisco, que chamava a derrubar as barreiras que criam divisões, que acarretam consequências políticas e econômicas nefastas, a cuidar uns dos outros, aumentar a solidariedade, a trabalhar em prol do desenvolvimento humano integral de cada pessoa humana. Um Papa que iniciou seu pontificado com um novo modo de se comunicar, a quem a Igreja de Manaus agradece por seu pontificado. Dele recordaremos, mais do que os seus gestos, as suas palavras, o seu sorriso, o seu humor, “o seu…
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