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Dia: 3 de maio de 2025

Um Papa que mostra que o Evangelho é sempre uma novidade

O cristianismo permanecerá vivo na medida em que as pessoas puderem descobrir a novidade que ele contém. Proclamamos alguém que está vivo entre nós, que não faz parte do passado, que nos abre para o presente e para o futuro como aquilo que nos leva a sonhar com a utopia de um mundo melhor para todos, todos, todos, com o Reino de Deus. A importância do Vaticano II Um Deus que se tornou mais compreensível para a humanidade com o Concílio Vaticano II. Foi nessa dinâmica conciliar que Francisco, o Papa dos deserdados da Terra, que nunca deu as costas aos pobres, exerceu seu pontificado. Esse é um legado pelo qual não devemos deixar de agradecer, pois tem sido um testemunho de autenticidade evangélica, que deve ser sempre um ponto de referência para a Igreja em qualquer momento da história. O grande desafio é responder às preocupações da humanidade, algo que Francisco tem feito em suas encíclicas, exortações e constituições evangélicas, mas também em suas homilias, discursos e em tantos momentos em que saiu do roteiro, que é onde o autêntico Bergoglio aparece. Um magistério que a Igreja, mas especialmente seu sucessor, deve continuar a promover ou, pelo menos, não deve deixar de levar em conta. Os últimos anos de seu pontificado foram marcados por seu firme compromisso com a sinodalidade, por seu chamado a olhar para o futuro, a ser corajosos, proféticos, uma qualidade que os cardeais pediram explicitamente para o próximo Papa nas congregações gerais, um Papa profético. Apostar na coragem que se sente quando se experimenta o impulso do Espírito, que nos leva a proclamar o Evangelho, com alegria e sem medo, como uma Igreja sinodal em missão. O batismo como sacramento fundamental Daí a necessidade de continuar em um caminho que tem como data marcante a Assembleia Eclesial convocada por Francisco para outubro de 2028. Seu sucessor é desafiado a encorajar esse processo, na prática, com um compromisso resoluto, sem ficar só em palavras. Mostrar que estamos diante de um caminho que tem como fundamento o Espírito que nos chama a viver em comunhão, a caminhar juntos, entendendo que o Batismo é o primeiro sacramento, o fundamento da vida cristã, independentemente do ministério que a Igreja confia a cada pessoa. Um Espírito que se revela quando, como e em quem Ele quiser. No final das contas, a Igreja é Mãe, e uma mãe sempre quer um futuro melhor para seus filhos, especialmente para aqueles que, por vários motivos, estão passando por momentos difíceis. Isso é o que pode construir a novidade que o futuro exige da Igreja. Está na hora de ela encontrar aquele que pode guiá-la, uma missão confiada aos 133 cardeais que entrarão na Capela Sistina na tarde de quarta-feira, 7 de maio, para eleger o sucessor de Pedro e Francisco.

Nona congregação geral: Um Papa profético e uma Igreja não fechada no Cenáculo

A quatro dias do início do Conclave, que começa na tarde de quarta-feira, 7 de maio, os cardeais participaram na manhã deste sábado, 3 de maio, da nona congregação geral. Estavam presentes 177 cardeais, dos quais 127 eleitores, e depois da oração, foi realizado o sorteio dos cardeais que irão acompanhar o cardeal Marx em suas funções durante o Conclave, sendo eleitos os cardeais Prevost e Semeraro, segundo informou o diretor da Sala Stampa vaticana, Matteo Bruni. 26 cardeais interviram neste sábado Bruni disse que na segunda-feira, no domingo não será realizada congregação geral e os cardeais devem celebrar missa nas paróquias de Roma onde eles são titulares, irão acontecer duas sessões na congregação geral, às 9 horas da manhã e 17 horas, no horário de Roma. Na nona congregação geral interviram 26 cardeais. Entre as temáticas destacadas pelo diretor da Sala Stampa a comunhão na Igreja e a fraternidade no mundo. Alguns cardeais recordaram com gratidão o Papa Francisco, citando frequentemente a Evangelium Gaudium e lembrando os processos iniciados pelo último pontífice. Foi falado de colaboração e solidariedade entre as igrejas, e sobre o serviço da Igreja e do Papa a favor da paz e do valor da educação. Uma Igreja luz do mundo Os cardeais pedem que o próximo Papa seja profético e que a Igreja não se feche no Cenáculo, mas que leve luz ao mundo que desesperadamente precisa de esperança, que conduz o Jubileu deste ano. Foram retornados alguns temas dos dias passados, como o da sinodalidade e da colegialidade, o olhar para o mundo, a sede e o interesse com que o mundo olha para a Igreja. Uma Igreja que vive no mundo, mas não no próprio mundo, com o risco de se tornar insignificante. Também tem sido falado de diálogo ecumênico e de missão. Aos poucos, os cardeais vão avançando em sua reflexão, fruto da escuta e do diálogo, em vista da eleição do sucessor de Francisco. Aos poucos vão se vislumbrando os rasgos que deveriam ser assumidos pelo próximo pontífice, uma dinâmica que marcou o rumo do conclave realizado em 2013.

Um Papa sem medo de sujar seus sapatos

A cada dia que passa, o ritmo cardíaco vai acelerando. A poucos dias do início de um Conclave incerto, embora haja nomes circulando, fala-se mais de atitudes, de maneiras de entender a Igreja e o papado. As poucas informações que saem da Sala do Sínodo, onde ocorrem as congregações gerais, dão origem a indagações, embora também possamos dizer que elas nos levam a sonhar. A missão é fundamento da Igreja Há elementos que não podem ser ignorados; eles são fundamentais para ser uma comunidade de discípulos e discípulas. Ninguém pode ignorar o fato de que a missão é o alicerce da Igreja. O mandamento de Jesus aos seus discípulos, incluindo todos nós que somos ou queremos ser hoje, obviamente todos os cardeais e o possível Papa, é “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura”. Pode ser usado o argumento de que todos os cardeais consideram a missão como algo fundamental em suas vidas, mas quando se fala em missão, pensa-se em realmente ir até os confins da terra. Trata-se de chegar às periferias, como Francisco tanto disse, especialmente naqueles lugares onde você suja os sapatos e entre aqueles com quem você pode sujar as mãos. Um Papa samaritano Esse é um perfil que não falta entre os eleitores. Há vários cardeais sem pompa, homens simples que já percorreram muitos quilômetros em estradas empoeiradas, que nunca tiveram o menor receio de se misturar com os descartados, de levantar os vulneráveis, de se mostrar samaritanos. Para que a misericórdia se torne carne, estender a mão aos pequenos é uma premissa necessária. Estamos saindo de um papado que é acusado de não ter olhado para a parte interna, para a estrutura eclesiástica. Algo que, por outro lado, Francisco nunca escondeu, pois optou por uma Igreja em saída, uma Igreja pobre e para os pobres. Admitindo a possibilidade de um papado mais equilibrado, seria um erro alguém se preocupar demais com o bem-estar da Igreja, com a estrutura, com o que está dentro, com a sacristia. Não podemos nos esquecer de que o testemunho é válido quando deixamos transparecer as atitudes de Jesus de Nazaré. Uma Igreja que não tem medo de se expor Uma Igreja e um Papa com sapatos sujos nos ajudam a tornar presente Aquele que andou pelos caminhos da Galileia, que saiu para encontrar as pessoas, que não ficou trancado em sua zona de conforto. Uma Igreja que se coloca em campo aberto, que assume riscos, movida por sua confiança no Senhor, para ir aonde a maioria não quer ir, aonde o medo não nos permite chegar. As perguntas são claras: o estilo de vida de Francisco influenciará a escolha de seu sucessor? A Igreja em saída, pobre para os pobres, que suja e gasta seus sapatos, terá continuidade? É um tempo de oração, de espera pelo sopro do Espírito Santo. Mas sem ignorar o fato de que o próximo pontífice será aquele que obtiver dois terços dos votos dos 133 cardeais que entrarão na Capela Sistina na tarde de 7 de maio.