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Dia: 21 de maio de 2025

Dom Hudson Ribeiro: Maior incidência política das universidades para obter resultados na COP 30

O II Encontro Sinodal de Reitores de Universidades para o Cuidado da Casa Comum que acontece na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), conta com a presença de representantes de universidades de toda América, da Espanha, Portugal e Reino Unido. Entre os participantes está o diretor da Faculdade Católica do Amazonas, dom Hudson Ribeiro. O melhor somos nós Na reflexão em torno ao sonho cultural, o bispo auxiliar de Manaus, em vista da COP 30, contava que durante o mestrado na Universidade Católica de Milão, ele teve uma experiência no Benin, que tem como símbolo um pássaro chamado sankofa, que no desenho olha para trás e tem um ovo na boca. Sem saber o que significava, diante dos poucos recursos da comunidade, ele murmurou que lá não tinham nada. Diante disso, uma senhora irritada disse assim para ele: “você não vê, aqui nós temos o melhor e o melhor desse lugar somos nós”. Um ensinamento que lhe levou a aprender a trabalhar com o que nós temos, o melhor somos nós. Uma realidade que o bispo auxiliar de Manaus disse ter encontrado também na Amazônia, “escutando as comunidades indígenas, escutando as comunidades ribeirinhas, que o elemento chave para facilitar o diálogo, preservar a cultura, seria a memória”. Segundo ele, “a memória está no centro daquilo que a gente professa como fé, como cristãos católicos”. Algo presente na Eucaristia e na Bíblia, dado que “quando o povo perdia a memória, a memória se retomava”. Nesse sentido, “a retomada da memória ela persegue a história da salvação”. Ir se encontrando Diante da mudança cultural que leva a olhar para frente, de progredir, isso faz com que “essa mudança epistemológica cultural tem os destroços, porque a gente não olha para trás”, segundo o bispo. Ele relatou o que acontece em Manaus com o encontro das águas do Rio Negro com o Rio Solimões. Rios que vem de longe, mas que ajudam a entender encontros como este, onde “a gente faz parte dos afluentes desses rios que vão se encontrando”. O encontro das águas, onde os dois rios caminham juntos por 14 quilómetros, é visto como expressão de um diálogo tão grande, que os leva a se juntar em um rio, a Amazonas, que se alarga. Falando da tecnologia social, ele disse que aí, “nós trazemos presente a temática do fazer memória. E fazer memória é o que tem ajudado as nossas comunidades ribeirinhas, os povos indígenas, de fato, a sobreviver e a saber tirar da floresta, de fato, a preservação”. Dom Hudson Ribeiro referiu-se a diversos elementos que ajudam a resgatar a memória, questionando “quanto nós estamos valorizando a memória, ao nos aproximarmos das nossas pesquisas, do nosso ensino, estamos olhando para frente, quanto olhamos para trás, para aprendermos do que não é possível mais fazer, para manter aquilo que já era possível e viável para que a gente continue de fato caminhando lado a lado como dois rios até se encontrar e desaguar no mar ou no oceano, dando sequência à vida. Necessidade de incidência política nas universidades Ele também se posicionou sobre o cada vez menor espaço das mulheres. Diante disso, ele reclamou das universidades maior incidência política como caminho para obter resultados na COP 30, porque quem vai debater lá na COP são chefes de Estado. “Então, nós podemos pensar nessas provocações a partir de ocupações de espaços políticos de agenda pública”, ressaltou dom Hudson Ribeiro. Nesse sentido, ele disse que “sem isso, os nossos avanços serão bastante limitados”, mostrando que a Faculdade Católica do Amazonas começou a investir nas escolas de formação. O bispo auxiliar de Manaus recordou, seguindo o pensamento de Papa Francisco, no Pacto Global pela Educação, a importância de “escutar as crianças, os adolescentes e os jovens, torná-los protagonistas. Não falar sobre, mas eles estarem conosco dizendo o que eles pensam, o que eles querem”. Nessa perspectiva, “essa nova formação de uma geração que possa ser escutada com possibilidade de incidência política, a gente precisa responder nas nossas instituições. Não dá para fazer isso dizendo que isso não é nosso. Isso é nosso. A gente precisa ocupar, voltar a ocupar os espaços que eram e que nós fomos perdendo”.

A RUC apela a novos modelos de formação inspirados nas culturas originárias

A Rede de Universidades para o Cuidado da Casa Comum (RUC) está reunida na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) para o II Encontro Sinodal de Reitores de Universidades para o Cuidado da Casa Comum. O encontro busca construir pontes entre o Norte e o Sul com as universidades, segundo Emilce Cuda, secretária da Pontifícia Comissão para a América Latina. Um congresso, promovido pelo Cardeal Prevost, agora Leão XIV, e pelo Cardeal Tolentino, que gere conexão entre os diversos atores, que provoque, por meio dos painéis, um debate entre todos, com a participação de todos, reforçou a teóloga argentina. O sonho cultural Seguindo os sonhos do Papa Francisco em Querida Amazônia, o Congresso abordou o sonho cultural em seu segundo dia de trabalhos. Vale lembrar, como Francisco disse aos participantes do primeiro encontro da RUC, realizado no Vaticano em 2023, que “cultura é o que permanece depois que esquecemos o que aprendemos“. É por isso que alertou sobre os universitários de laboratório e a necessidade de formar na linguagem da cabeça, do coração e da mão. O estado atual da nossa Casa Comum estimula a reflexão e a ação nas universidades em vista do desenvolvimento sustentável, levando ao ensino pelo exemplo e a trabalhar a incidência, como destacou Rafaela Diegoli, do Instituto Tecnológico de Monterrey. Não podemos ignorar as palavras de Francisco, que disse que “profissionais de sucesso não podem ser formados em sociedades fracassadas“. Uma realidade que exige entender como aplicar a tecnologia em cada contexto, conhecê-la para adotá-la e aderir a ela, como disse Alejandro Guevara, da Universidade Ibero do México. Novas abordagens educacionais De acordo com María Eugenia García Moreno, da Universidade Mayor de San Andrés, na Bolívia, são necessárias abordagens diferentes das tradicionais na educação. Essas abordagens oferecem formação universitária para aqueles sem educação formal, mas que possuem conhecimento ancestral. O desafio é pensar de forma sustentável para agir de forma sustentável, o que exige uma mudança cultural e uma formação integral, como propõe Ester Sánchez, da Universidade Nacional de Cuyo, na Argentina. Falar em Biodiversidade e Tecnologia é um dos grandes desafios hoje. O argentino Axel Barceló, da Fundação H. A. Barceló, reconhecendo o papel da tecnologia como uma ferramenta que reduz o trabalho, ele vê a necessidade de a humanidade controlar essa tecnologia. A biodiversidade é uma questão fundamental para a COP 30, afirma Peter Rozic, da Universidade de Oxford, que enfatizou a importância da ecologia integral, que “quer ouvir o chamado da Terra, que estamos matando, o chamado dos pobres, dos defensores do território“. Uma biodiversidade que está ligada ao tema cultural, refletindo sobre a importância de codificar práticas de biodiversidade em diversas línguas indígenas. Levar em consideração os povos indígenas Nesse sonho social, o caminho do Rio até Belém deve, segundo John Martens, da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá, levar em conta o conhecimento dos povos indígenas para que a educação seja integral. Isso ocorre porque o verdadeiro conhecimento é sabedoria, com um componente ético e religioso. Nesse sentido, Eugenio Martín de Palma, da Universidade de Santa Fé, Argentina, afirma a necessidade de trabalhar os ensinamentos de Francisco em relação ao tema das universidades, visto que um novo modelo de universidade está surgindo. Ele estava se referindo ao que Francisco chamou de Universidade do Sentido, que, em contraste com o modelo racionalista e cientificista da modernidade, exalta cada homem e o homem inteiro. Temos que ter consciência da necessidade de aprender a trabalhar com o que temos, disse Dom Hudson Ribeiro, bispo auxiliar de Manaus e diretor da Faculdade Católica do Amazonas. Com base em seu conhecimento sobre comunidades indígenas e ribeirinhas, ele enfatizou a necessidade de preservar a memória para preservar a cultura, olhando para trás e tendo em mente o que o futuro reserva. Algo que ele vê no Encontro das Águas, fenômeno natural em Manaus, onde por 14 km os rios Negro e Solimões continuam se misturando até formar o Amazonas. A partir daí, ele pediu que se questione até que ponto a tecnologia nos ajuda a fazer memória e como a pesquisa universitária dá valor à memória. Mudança nos modelos de formação Esses conteúdos levaram os participantes a refletir em grupos que ajudaram a descobrir perspectivas. Trata-se de redefinir elementos que ajudem a mudar os modelos de formação, com novas práticas e propostas que reflitam o compromisso social das universidades para além das soluções acadêmicas ou tecnológicas, com planejamento, promovendo mecanismos que reduzam as lacunas de conhecimento e com planos locais que fomentem o compromisso comunitário com o cuidado da nossa casa comum. Devemos abordar os conflitos e impactos ambientais de forma responsável, reconhecendo que os desastres socioambientais não são apenas o resultado de novos fenômenos naturais, mas também de disputas pelo acesso ao habitat. Da mesma forma, como garantir os direitos trabalhistas em diálogo com os novos formatos gerados pela tecnologia e pela terceirização. O desafio é levar conhecimento para além da universidade, transferir cultura e criar espaços interculturais que promovam o cuidado com a nossa casa comum. Daí a importância da conscientização para reconhecer o presente que recebemos da biodiversidade. Trata-se de começar a ver o mundo de forma diferente, reconhecendo as contribuições do conhecimento ancestral para a educação, sabendo que ele vem do território, que eles protegem com suas próprias vidas. Daí a necessidade de os grandes projetos realizar estudos de impacto cultural e ambiental, usando a tecnologia a serviço da sociedade e das culturas. Isso requer uma educação integral que abranja conhecimento científico e tecnológico, mas que também tenha caráter humanístico e seja um caminho para a responsabilidade ambiental e ética. Pontes entre a OEI e a RUC Da Organização dos Estados Ibero-americanos, seu Diretor de Cultura, Raphael Caillou, afirma que a cultura contribui para a inclusão e é um mecanismo importante para a coesão social e a criação de uma cultura de paz. Da mesma forma, ele refletiu sobre a relação entre cultura e o fortalecimento de políticas públicas e o aumento da educação formal. A educação é um…
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Leonardo Rufino da Silva: a Diocese de Coari ordena mais um presbítero

Com alegria e espírito de comunhão a Diocese de Coari celebrou, no dia 17 de maio de 2025, às 19h, na quadra da Igreja Matriz da Paróquia São Sebastião, em Caapiranga (AM), a Solene Celebração Eucarística com a Ordenação Presbiteral do diácono Leonardo Rufino da Silva. Ele escolheu como lema da sua vida presbiteral a seguinte frase: “Viu e encheu-se de compaixão” (Mt 9,36). A liturgia da ordenação Presbiteral foi presidida por Dom Marcos Piatek, bispo da Diocese de Coari e concelebrada por vários Padres com a presença dos numerosos fiéis, irmãs religiosas e seminaristas. Após as leituras bíblicas, o bispo, em nome da Igreja, interrogou o Diácono Leonardo sobre a liberdade e idoneidade para receber o Sacramento da Ordem. Na sua homilia o bispo lembrou, que a Ordenação Presbiteral, se realiza no Ano Santo, o Jubilar da Esperança trazendo a frase do recém-eleito Papa Leão XIV: “O mundo precisa de sacerdotes santos, não de gerentes. A formação deve ter como objetivo a santidade e não apenas a competência”. Logo no início o bispo parabenizou a paroquia pela bonita preparação do ambiente da ordenação, mas chamou a atenção para as palavras do saudoso Papa Francisco, que dizia: “Na vida de um sacerdote, o invisível é mais importante do que visível!” e a frase de Santo Agostinho, pai espiritual do Papa Leão XIV: “Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em Ti”. Comentando as leituras bíblicas Dom Marcos lembrou o chamado à santidade de todos e de cada um conforme a sua vocação. A vocação presbiteral é vivenciada não apenas com o nosso esforço humano, mas sobretudo com a força do Espírito Santo, que nos consagra para a missão, ao exemplo do profeta Isaias e do próprio Jesus (Is 61,1-3; Lc 6,4). O modelo do sacerdócio é Melquisedeque e sobretudo, o próprio Jesus, o Sumo e Eterno Sacerdote (Hb 5,1-10). O bispo destacou os três múnus (tarefas) da vocação presbiteral: anunciar (profeta), celebrar (sacerdote) e servir-administrar (rei). Hoje em dia é muito importante o testemunho! O bispo lembrou a frase de Santo Inácio de Antióquia: “Os que fazem profissão de pertencer a Cristo serão reconhecidos não tanto pelo que dizem, mas pelo que fazem. É boa coisa ensinar, se quem fala prática, o que ensina. O nosso Deus e Senhor, Jesus Cristo, o filho do Deus vivo (Mt 16,16), primeiro ‘fez’ e depois ensinou (At 1,1).” O presbítero é um homem que tem olhos fixos no povo, na Igreja e sobretudo em Jesus: “A última luz que o Padre tem que ver, antes de dormir, não pode ser da TV, nem do computador, precisa ser a luz do Sacrário” (Bento XVI). Dom Marcos Piatek destacou com profundidade a missão do presbítero: homem consagrado a Deus para o serviço do Evangelho, portador de tesouros sagrados grandes como a Eucaristia, o Perdão dos Pecados, a Unção dos Enfermos. Finalizando a sua reflexão o bispo destacou quatro amores do sacerdote: Jesus Cristo; a Sagrada Escritura; a Igreja; e a Virgem Maria. O bispo agradeceu a Deus pelo dom do sacerdócio do Diácono Leonardo, agradeceu aos pais e familiares dele por ter oferecido o seu filho e irmão para Deus e para a Igreja de Coari. Agradeceu a todos aqueles que acompanharam o Diácono Leonardo longo o processo formativo em Coari e, por longos 07 anos, em Manaus, no Seminário São José da Arquidiocese de Manaus. Agradeceu aos benfeitores e a todos aqueles que acompanharam com a sua oração a caminhada vocacional dele. Após a homilia o Diácono Leonardo fez publicamente a sua “Profissão de Fé”, que assinou de próprio punho e o “Proposito do Eleito” – os compromissos sacerdotais. Em seguida foi cantada a Ladainha de Todos os Santos, enquanto o diácono, em sinal de consagração e humildade, estava prostrado no chão. O momento alto da Ordenação Presbiteral foi a “Imposição das Mãos” do bispo e depois dos Padres e a “Oração de Ordenação”. Em seguida foi celebrada a “Imposição das Vestes Presbiterais”, a “Unção das Mãos”, a “Primeira Benção Sacerdotal” e a “Entrega do Pão e do Vinho”. Por fim, o neo presbítero, foi acolhido com o abraço da paz pelo bispo e o clero em sinal da acolhida na Família Presbiteral. Convicto de sua missão e doação o neo presbítero fez publicamente e assinou de próprio punho o “Juramento de Fidelidade”.  Pe. Leonardo foi consagrado presbítero para sempre, tornando-se mais um servidor da Igreja e do povo de Deus nesta porção da Igreja na Amazônia.  A celebração contou com a concelebração de todos os Padres que atuam na Diocese de Coari, além da presença do Pe. Pedro Cavalcante, reitor do Seminário Arquidiocesano São José de Manaus, do Pe. Marciney, formador dos estudantes de filosofia e de um missionário redentorista. As onze paróquias da diocese estiveram representadas por seus párocos, vigários e caravanas de leigos e leigas, expressando a comunhão eclesial e a alegria de toda a Igreja por esta vocação que floresce no meio do povo. Na procissão dos dons, realizado pela juventude da paróquia, foram trazidos os frutos da região como forma de sustento das famílias. Antes da benção final o recém ordenado Pe. Leonardo fez seus agradecimentos, dizendo: “Querido povo de Deus, esta noite é histórica. É noite de vitória. É noite de realização. Hoje, um sonho se fez carne. Uma vocação ganhou voz. Um ‘sim’ se transformou em missão”. Antes da benção especial para o neo presbítero, o bispo agradeceu a presença orante de todos e, nas mãos do Pe. Edinei, à Paroquia São Sebastião, em Caapiranga. Parabenizando o Pe. Leonardo lhe desejou a copiosa benção de Deus, proteção de Maria e a vivência da vocação presbiteral no contexto da Igreja da Amazônia segundo o último Sínodo dos Bispos vivendo a sinodalidade, a participação e a missionariedade.  Após a benção final todos os participantes foram convidados para bonita confraternização. Louvamos a Deus pelo dom da vocação de Pe. Leonardo Rufino da Silva e pedimos que o Senhor da Messe continue a enviar…
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