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Dia: 10 de julho de 2025

Dário Bossi chama as CEBs da Prelazia de Tefé a “criar uma sociedade do cuidado”

A Assembleia das Comunidades Eclesiais de Base da prelazia de Tefé, que acolhe a paróquia São Joaquim de Alvarães, de 09 a 13 de julho, está sendo uma oportunidade de reflexão para os mil participantes chegados das 14 paróquias e 03 áreas missionárias que fazem parte desta Igreja local, que anuncia o Evangelho na região do Médio Solimões. Quatro temáticas Depois de refletir sobre os influenciadores digitais na Igreja católica, os participantes irão abordar quatro temáticas: ecologia integral e sinodalidade; compromisso para a justiça social; missionariedade; e desafios e perspectivas em um mundo polarizado. Para refletir sobre “Casa Comum: Ecologia Integral na Sinodalidade”, uma urgência diante do avanço do negacionismo, que desmonta a urgência de cuidar da Casa Comum, o assessor do tapiri, o padre Dário Bossi, partiu da realidade, lançando uma pergunta: “O que está acontecendo com a nossa casa?”, que foi respondida desde diversas perspectivas: saúde e bem viver, organização social, e espiritualidade. Nas comunidades da prelazia de Tefé, com relação à saúde e ao bem viver, foi denunciado a poluição dos rios consequência da falta de cuidado, fazendo um chamado a fortalecer os laços familiares como base de desenvolvimento das pessoas e o cuidado como atitude que nasce da condição de discípulos e discípulas. Daí a importância da organização social, que tem a ver com a educação, com a necessidade de se organizar como comunidade para reivindicar, para avançar nas políticas públicas, que garantam maior atenção à população. Nesse cuidado, a espiritualidade católica, mesmo diante do abandono dessa dimensão, leva a um compromisso de cuidado com as pessoas e o meio ambiente, diante do tráfico de drogas ou o garimpo ilegal. Um compromisso que não é fácil de assumir diante do medo que as pessoas experimentam em consequência das ameaças. As motivações de nossas decisões Diante dessa realidade, a missão é cuidar, uma atitude pessoal e coletiva, que leve a “criar uma sociedade do cuidado”, segundo o padre Bossi. Ele fez um chamado a refletir sobre as motivações que nos levam a tomar as decisões, a empreender as mudanças, a ser uma Igreja presente em todos os lugares onde as pessoas e a Casa Comum sofrem. Aos 10 anos da Laudato si´, um texto atual, que gera esperanças e dialoga com outras espiritualidades, o assessor fez uma apresentação das linhas mais destacadas da encíclica de Papa Francisco. O padre Bossi referiu-se à insurreição do planeta, que levou o Papa Francisco a dizer que “Deus perdoa sempre, as pessoas perdoam às vezes, a natureza não perdoa nunca”. Tudo isso diante dos povos crucificados e de uma natureza martirizada, uma realidade que tem a ver com a nossa fé, com a missão da Igreja. Isso porque “responder a esta insurreição é uma resposta cristã”, enfatizou o assessor. Unir forças, criar laços na defesa da Casa Comum “A ecologia integral une forças, cria laços, para responder ao grito da Terra e o grito dos pobres”, sublinhou o assessor da Comissão para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Isso demanda um esforça comum de educação para o cuidado, que é oposto a dominar. O desafio é substituir o domínio pelo cuidado, um convite que Francisco fazia em Laudato si´, superar uma economia que mata, que demanda outras maneiras de viver as relações econômicas. Dário Bossi recordou as palavras do secretário geral da ONU, Antônio Guterres, que disse que a humanidade declarou guerra à natureza, o que demanda a paz com a natureza. Para promover a paz com a natureza, inspirado em Francisco de Assis, fez algumas propostas: defender os territórios e os modos de vida; conectar-se às ancestralidades; acreditar nas novas gerações, apostar em quem vem depois; a partir de baixo, quem muda a história não são os poderosos, quem faz a diferença na história é o povo, dado que “nós somos semeadores de mudança”, geradores de mudança, definindo ações concretas, nascidas de uma Igreja sinodal, que pode de fato traçar à luz das indicações e das pistas que o Papa Francisco nos deu. Longe de ser questões distantes, a ecologia integral e a sinodalidade mostram “uma extrema conexão entre a visão, a perspectiva, a utopia e o sonho, que o Papa Francisco projetou para nós, e o trabalho cotidiano, cheio de contradições, mas também de compromissos, de esperança, de boas práticas e de boas notícias que temos aqui no território”, segundo o padre Bossi. Ele destacou a importância de “uma leitura crítica, completa, capaz de fazer conexões e conversas, que compreende o papel da Igreja, que não pode se isolar no mundo espiritualizado, mas é chamada a acolher a espiritualidade de quem caminha no cotidiano escutando o grito dos pobres e da terra e respondendo a ele”.

CEBs da Prelazia de Tefé: Tornar presente o Reino de Deus

As comunidades eclesiais de base da prelazia de Tefé estão reunidas na paróquia São Joaquim de Alvarães, de 09 a 13 de julho, para sua VI Assembleia. Mil pessoas chegadas das 14 paróquias e 03 áreas missionárias que fazem parte dessa Igreja local, que buscam impulsionar “Uma Igreja sinodal em saída: vida plena e missão”, tema do encontro. Comunidades que tornam presente o reino de Deus Após uma animada celebração de abertura, os participantes do encontro iniciaram seus trabalhos, divididos em 04 grupos, tapiris na linguagem da Amazônia, para refletir sobre os influenciadores digitais na Igreja, ecologia integral e sinodalidade, compromisso para a justiça social, a missionariedade, e os desafios e perspectivas em um mundo polarizado. São as comunidades eclesiais de base que evangelizam o interior da Amazônia, mas também levam a Boa Notícia às periferias das cidades. Elas assumem as palavras de Papa Francisco, que dizia que “evangelizar é tornar presente o reino de Deus no meio de nós”, segundo lembrou o assessor da Comissão para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, padre Dário Bossi. O missionário Comboniano disse que tornar presente o reino no meio de nós é cuidar, curar, as feridas do mundo, sendo uma Igreja hospital de campanha; é viver de graça, uma dificuldade no mundo hoje, onde tudo é retribuído, mas que é assumido nas CEBs; é uma Igreja que caminha leve, com pouca coisa; é doar a paz, como Igreja que visita, que se desloca, que não fica no comodismo, quer conhecer, quer encontrar qualquer pessoa que seja, católica ou não católica, uma Igreja que vai ao encontro. Mergulhar nas águas mais profundas Comunidades eclesiais de base que se concretizam na luta comum pela preservação do lago, pelos direitos, segundo o bispo da prelazia de Tefé, dom José Altevir da Silva. Comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas, “que evangelizam com os pés nas margens dos rios”, segundo o bispo. Ele fez um chamado a “dar um verdadeiro mergulho nessas águas mais profundas, da escuta, nas águas profundas da conversão pastoral, nas águas profundas do compromisso profético, nas águas profundas da defesa pela vida em nossa casa comum”. Dom Altevir insistiu na necessidade do protagonismo feminino e juvenil nos espaços de decisão da Igreja, na convivência pacífica na casa comum, a força do laicato e da participação popular nas estruturas comunitárias, a influência da realidade social, política em nossa fé, ficando atento ao que vai ser ameaça para a nossa fé. Ele se referiu aos novos horizontes de evangelização em um mundo polarizado, e aí ser sinal de reconciliação e de justiça. O bispo da prelazia convidou os participantes a viver a assembleia com o coração aberto, com o espírito em diálogo com todos. Os influenciadores digitais As redes sociais é uma realidade que faz parte da vida das pessoas em todos os cantos do planeta, também no interior da Amazônia, onde aos poucos a internet se fez presente na vida do povo. Daí a importância da reflexão sobre os influenciadores digitais na Igreja católica, uma temática abordada por José Abilio Barros Ohana. Ele definiu as redes sociais como ambiente de conversa, refletindo sobre a repercussão na vida das pessoas e das comunidades. Não podemos esquecer que o Brasil é o segundo país que mais usa as redes sociais. Uma realidade que encerra riscos, dado que que a desinformação e as mudanças climáticas são os grandes riscos no mundo de hoje, segundo o assessor. Ele insistiu em que rede social é espaço de conversa, mas não de construção, algo que se faz realidade na vida concreta, também no campo religioso, que precisa da caminhada em comunidade. A vivência religiosa não pode se limitar ao mundo virtual, uma reflexão importante diante de uma vivencia cada vez mais ligada a influenciadores digitais, seguidos fielmente por milhões de pessoas, que colaboram com elas, inclusive financeiramente. O fim é a comunidade Se faz necessário entender que a rede social não pode ser o fim da vida da comunidade, é um meio, o fim é o território, é a comunidade, segundo Abilio Ohana. Ele defende a necessidade da regulação do uso da internet, em vista de serem usadas para o bem comum e não para o prejuízo das pessoas, dos territórios, da vida, amparados por grandes grupos econômicos com interesses próprios econômicos, políticos, de poder, que são contrários à vivência da Igreja sinodal. O critério é o Evangelho, o desafio é o como, segundo Abilio Ohana. Ele fez um chamado a dar as mãos com aqueles que constroem nos territórios, destacando a importância da Pastoral da Comunicação. Nas comunidades eclesiais de base o mundo digital ajuda, mas também atrapalha o trabalho que é feito no território. Daí a importância dessa reflexão, “um momento importante de alerta, de conversa, de receber o retorno de quem realmente mora nos territórios”, destacou o assessor.

Dom Altevir: CEBs, “um chamado às águas mais profundas”

A prelazia de Tefé realiza de 09 a 13 de julho, na cidade de Alvarães, a VI Assembleia das Comunidades Eclesiais de Base. Um encontro que mostra uma Igreja que ‘luta e que acredita que o amanhã pode ser e vai ser bem melhor”, segundo disse o bispo da prelazia e secretário do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), dom José Altevir da Silva, na saudaçao aos mil participantes. O bispo acrescentou que “é com profunda alegria e gratidão a Deus que eu acolho a cada uma, a cada um de vocês, cada comunidade aqui presente e aquelas que vocês trouxeram, cada um de vocês, porque vocês são delegados, representando as nossas comunidades.” Celebrar a vida e resistência com alegria Nas palavras do próprio bispo, o encontro “é um sinal de alegria muito grande, por isso acolho vocês, nossas comunidades dessa amada Prelazia de Tefé. Sejam todos bem-vindos para a nossa VI Assembleia das CEB´S. Tempo de escuta, o tempo de partilha, oração, discernimento, onde o Espírito Santo sopra e nos guia na missão. Este é o momento sagrado, onde fortalecemos a nossa caminhada sinodal, reafirmando o protagonismo do povo de Deus reacendendo o compromisso com o Reino de Deus no coração da Amazônia em nossa amada prelazia.”  Acentuou ainda que “é tempo de celebrar a vida, a resistência e a esperança que brota no chão das comunidades, dos rios, igarapés, do sonho de cada jovem, criança, adulto, idosos. É tempo de renovação da fé, da escuta mútua e comunhão. Que Maria, Nossa Senhora que caminha conosco, Mãe de Deus e nossa mãe, discípula-missionária nos acompanhe com ternura e coragem. Por isso, com o coração cheio de esperança, alegria, vibração.” O bispo incentivou que esses mesmos sentimentos tomassem conta de “cada uma, de cada um de nós nessa Igreja Particular, eu declaro oficialmente aberta a VI Assembleia Eclesial de Base da Prelazia de Tefé.” Lutar juntos fortalece nossas comunidades Dom Altevir recordou o que significa essa experiência de “viver em comunidades eclesiais de base. Quando vamos juntos, lutar pela preservação do lago. Quando a comunidade vai junta lutar para que as espécies de peixes sobrevivam. Quando a comunidade está junto para celebrar, para lutar pelos seus direitos. Isso é vivência de comunidade de base, aumentando cada vez mais o fortalecimento das nossas lutas nas águas e nas terras dessa querida Prelazia.”  O bispo ofereceu também um “caloroso acolhimento as comunidades ribeirinhas que evangelizam com os pés nas margens dos rios, lagos e igarapés.” Ele também enfatizou que ela ocorre “com o coração no Evangelho, ou seja, uma mão na Bíblia e a outra na vida. É assim que o catequista local faz para evangelizar. Uma mão na Bíblia, outro na vela para clarear o caminho das comunidades, para sustentar essa caminhada.” A presença laical é a beleza da assembleia Com um número expressivo de participantes, o prelado fez questão de saudar à todos “nosso clero, os religiosos e religiosas, seminaristas, diáconos permanentes, cristãos leigos e leigas, uma salva de palmas para os cristãos leigos e leigas, são vocês a beleza dessa assembleia.”  O bispo dirigiu seus cumprimentos à imprensa “que cumpre o seu papel de levar ao mundo o testemunho daquilo que nós estamos vivenciando.” Em sua fala evocou que “uma igreja sinodal em saída é o tema que nos une e o lema nos inspira também a evangelizar nas águas mais profundas. Então essa assembleia, nós somos chamados a dar um verdadeiro mergulho nessas águas mais profundas, da escuta, nas águas profundas da conversão pastoral, nas águas profundas do compromisso profético, nas águas profundas da defesa pela vida em nossa Casa Comum.” Diálogo para vencer a indiferença Dom Altevir reforçou que “o nosso objetivo geral é fortalecer a sinodalidade da Igreja na Prelazia de Tefé e para isso nós vamos refletir temas centrais à nossa missão, como o protagonismo feminino e juvenil”, ressaltando a “mulher dentro das áreas de decisões da Igreja” com um pedido de palmas. E também a “convivência pacífica na Casa Comum, o compromisso de todos nós, a força do laicato e da participação popular nas estruturas comunitárias, a influência da realidade sócio-política e nossa fé, que é o tema transversal e que posteriormente seria aprofundado juntamente com a temática dos influenciadores digitais na Igreja Católica.” Em relação à essa temática “é uma situação que não podemos recuar. E nós devemos nos preparar para saber com inteligência, sabedoria e muita fé, conviver e aproveitar o melhor que isso pode oferecer, porque sem dúvida tem coisa boa também. Ficar atento ao que vai ser ameaça para a nossa fé e também descobrir novos horizontes de evangelização em um mundo polarizado, onde queremos ser sinal de reconciliação e de justiça”, disse o bispo.  Ao final, dom Altevir convidou os participantes a viverem esses dias “com o coração aberto, com espírito de diálogo com todos para vencer a indiferença” e pediu que o “Espírito Santo nos conduza e Maria Mãe da Igreja, da Igreja na Amazônia, interceda por nossa caminhada”.

Brasil: um país onde ser diferente coloca a vida em risco

17 anos. Essa era a idade de Fernando Vilaça da Silva, que faleceu nesta segunda-feira, 7 de julho, depois de ser espancado no bairro Gilberto Mestrinho, em Manaus, na madrugada do sábado dia 5. Ele sofreu traumatismo craniano, hemorragia intracraniana e edema cerebral após ser espancado ao reagir a ofensas homofóbicas proferidas por um grupo de pessoas durante uma confraternização na rua. Crimes que ficam impunes Mais um episódio que mostra que no Brasil ser diferente é perigoso, muito perigoso, colocando em risco a vida das pessoas. O problema é que a sociedade assiste impassível a esses episódios, que muitas vezes ficam impunes. Inclusive as pessoas que dizem, dizemos ter consciência da gravidade dessas situações, fazemos pouco ou nada para mudar essa realidade. Não é a primeira vez que esses episódios se repetem, inclusive muitas vezes não são nem revelados. São situações que aumentam o clima de violência presente na sociedade brasileira, onde a intolerância para com aqueles que são ou pensam diferente se tornou motivo para acabar com eles. A convivência entre diferentes é sinal de que a sociedade é sadia, e essa convivência está se tornando cada vez mais difícil. A orientação sexual, as opções políticas ou religiosas, e tantas outras situações que fazem parte da vida das pessoas têm se tornado motivos de enfrentamento que gera violência, que provoca a morte das pessoas. O acontecido com o adolescente Fernando é um exemplo disso, mas provavelmente não será o último episódio semelhante. Gerar atitudes de respeito Se faz necessário parar e refletir, procurar espaços que gerem atitudes de respeito para com os outros, especialmente para com aqueles que não são iguais à gente. A família, a escola, as igrejas, e tantas outras instituições presentes na sociedade, devem ser espaços que gerem nas pessoas atitudes que favoreçam a convivência com todos, superando preconceitos que destroem o convívio social e acabam com a vida de pessoas inocentes. Junto com isso, se faz necessário a aplicação das leis que regulam a vida do país. A impunidade faz com que situações similares possam se repetir. Todos aqueles que desrespeitam a lei devem ser julgados, como único caminho para superar a violência cada vez mais institucionalizada. Uma tarefa de todos Superar essa realidade é uma tarefa comum, que deve implicar o conjunto da sociedade, que tem que ser assumida por cada um, cada uma de nós. Devemos superar as palavras, as atitudes que geram violência, que provocam o enfrentamento com o diferente, que não permitem descobrir a riqueza da diversidade. Somos nós, eu e você, que vamos fazer com que a realidade possa mudar. Aqueles que morrem são bem mais do que nomes, são pessoas concretas, muitas vezes com toda a vida por diante, como foi o caso de Fernando. Qual o sentimento que sua morte provoca em cada um, cada uma de nós? O que estamos dispostos fazer, o que vamos fazer para que essas situações não se repitam? É hora de refletir, mas também de nos envolvermos para que ninguém morra por ser diferente. Editorial Rádio Rio Mar