Dário Bossi chama as CEBs da Prelazia de Tefé a “criar uma sociedade do cuidado”
A Assembleia das Comunidades Eclesiais de Base da prelazia de Tefé, que acolhe a paróquia São Joaquim de Alvarães, de 09 a 13 de julho, está sendo uma oportunidade de reflexão para os mil participantes chegados das 14 paróquias e 03 áreas missionárias que fazem parte desta Igreja local, que anuncia o Evangelho na região do Médio Solimões. Quatro temáticas Depois de refletir sobre os influenciadores digitais na Igreja católica, os participantes irão abordar quatro temáticas: ecologia integral e sinodalidade; compromisso para a justiça social; missionariedade; e desafios e perspectivas em um mundo polarizado. Para refletir sobre “Casa Comum: Ecologia Integral na Sinodalidade”, uma urgência diante do avanço do negacionismo, que desmonta a urgência de cuidar da Casa Comum, o assessor do tapiri, o padre Dário Bossi, partiu da realidade, lançando uma pergunta: “O que está acontecendo com a nossa casa?”, que foi respondida desde diversas perspectivas: saúde e bem viver, organização social, e espiritualidade. Nas comunidades da prelazia de Tefé, com relação à saúde e ao bem viver, foi denunciado a poluição dos rios consequência da falta de cuidado, fazendo um chamado a fortalecer os laços familiares como base de desenvolvimento das pessoas e o cuidado como atitude que nasce da condição de discípulos e discípulas. Daí a importância da organização social, que tem a ver com a educação, com a necessidade de se organizar como comunidade para reivindicar, para avançar nas políticas públicas, que garantam maior atenção à população. Nesse cuidado, a espiritualidade católica, mesmo diante do abandono dessa dimensão, leva a um compromisso de cuidado com as pessoas e o meio ambiente, diante do tráfico de drogas ou o garimpo ilegal. Um compromisso que não é fácil de assumir diante do medo que as pessoas experimentam em consequência das ameaças. As motivações de nossas decisões Diante dessa realidade, a missão é cuidar, uma atitude pessoal e coletiva, que leve a “criar uma sociedade do cuidado”, segundo o padre Bossi. Ele fez um chamado a refletir sobre as motivações que nos levam a tomar as decisões, a empreender as mudanças, a ser uma Igreja presente em todos os lugares onde as pessoas e a Casa Comum sofrem. Aos 10 anos da Laudato si´, um texto atual, que gera esperanças e dialoga com outras espiritualidades, o assessor fez uma apresentação das linhas mais destacadas da encíclica de Papa Francisco. O padre Bossi referiu-se à insurreição do planeta, que levou o Papa Francisco a dizer que “Deus perdoa sempre, as pessoas perdoam às vezes, a natureza não perdoa nunca”. Tudo isso diante dos povos crucificados e de uma natureza martirizada, uma realidade que tem a ver com a nossa fé, com a missão da Igreja. Isso porque “responder a esta insurreição é uma resposta cristã”, enfatizou o assessor. Unir forças, criar laços na defesa da Casa Comum “A ecologia integral une forças, cria laços, para responder ao grito da Terra e o grito dos pobres”, sublinhou o assessor da Comissão para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Isso demanda um esforça comum de educação para o cuidado, que é oposto a dominar. O desafio é substituir o domínio pelo cuidado, um convite que Francisco fazia em Laudato si´, superar uma economia que mata, que demanda outras maneiras de viver as relações econômicas. Dário Bossi recordou as palavras do secretário geral da ONU, Antônio Guterres, que disse que a humanidade declarou guerra à natureza, o que demanda a paz com a natureza. Para promover a paz com a natureza, inspirado em Francisco de Assis, fez algumas propostas: defender os territórios e os modos de vida; conectar-se às ancestralidades; acreditar nas novas gerações, apostar em quem vem depois; a partir de baixo, quem muda a história não são os poderosos, quem faz a diferença na história é o povo, dado que “nós somos semeadores de mudança”, geradores de mudança, definindo ações concretas, nascidas de uma Igreja sinodal, que pode de fato traçar à luz das indicações e das pistas que o Papa Francisco nos deu. Longe de ser questões distantes, a ecologia integral e a sinodalidade mostram “uma extrema conexão entre a visão, a perspectiva, a utopia e o sonho, que o Papa Francisco projetou para nós, e o trabalho cotidiano, cheio de contradições, mas também de compromissos, de esperança, de boas práticas e de boas notícias que temos aqui no território”, segundo o padre Bossi. Ele destacou a importância de “uma leitura crítica, completa, capaz de fazer conexões e conversas, que compreende o papel da Igreja, que não pode se isolar no mundo espiritualizado, mas é chamada a acolher a espiritualidade de quem caminha no cotidiano escutando o grito dos pobres e da terra e respondendo a ele”.