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Dia: 11 de julho de 2025

Dom Zenildo Lima: “As comunidades não podem ser igual casa de conjunto habitacional, todas iguais”

A missionariedade é uma dimensão fundamental na vida da Igreja, na vida das comunidades eclesiais de base. Na Amazônia, as CEBs são “um barco missionário que inclui todos e todas”, segundo o bispo auxiliar de Manaus e referencial das comunidades eclesiais de base no Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), dom Zenildo Lima. Uma reflexão presente na VI Assembleia das Comunidades Eclesial de Base da prelazia de Tefé, que se celebra na paróquia São Joaquim de Alvarães de 09 a 13 de julho, com a presença de mil representantes das 14 paróquias e 03 áreas missionárias em que se divide essa igreja local. A Igreja casa O bispo destacou a importância das imagens, seguindo o exemplo de Jesus, que se servia das parábolas, uma dinâmica presente na catequese da Igreja ao longo da história. Dom Zenildo Lima usou a imagem da casa para falar da Igreja, sustentada em quatro pilares, quatro esteios, nas casas de madeira da Amazônia: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária. Dom Zenildo Lima refletiu sobre as experiências de vida que as pessoas vivem em suas casas, mas também nas comunidades. A casa como lugar de encontro, em volta da mesa, como local de encontros marcantes, como local onde vamos descobrindo nossa identidade. Nessa perspectiva, o bispo destacou a importância de as comunidades ter sua identidade, de recuperar a identidade de nossas comunidades, onde a gente tem que vivenciar a experiência de encontro amoroso, de encontro afetuoso. “As comunidades não podem ser igual casa de conjunto habitacional, todas iguais”, disse o bispo referencial das CEBs no Regional Norte 1. A Igreja barco Falando da Igreja como barco, dom Zenildo disse que “CEBs não pode ser barco de turismo, tem que ser barco de pesca”. Isso porque “um barco de pesca é simples, funcional, sempre em movimento. Carrega redes, instrumentos de trabalho e pescadores que conhecem a dureza das águas, mas também a alegria da pesca abundante”, segundo o bispo. Nessa perspectiva, ele definiu as CEBs como “comunidades que se reúnem para partilhar a Palavra, a Eucaristia, fortalecer a fé, discernir a vida e sair ao encontro dos irmãos e irmãs com gestos concretos de solidariedade, justiça e anúncio do Reino”. Frente a isso, “um barco de turismo é bonito, confortável, cheio de poltronas, música ambiente e paisagens para admirar. Tudo é feito para agradar os passageiros. Mas ele não pesca, ele passeia. Está ali para entreter, não para transformar. Se uma CEB se transforma num barco de turismo, perde sua razão de ser: deixa de evangelizar e passa a girar em torno de si mesma”, sublinhou dom Zenildo. Uma Igreja que se envolve com a vida do povo É por isso que, em palavras do bispo auxiliar de Manaus, “as CEBs foram pensadas como um jeito de ser Igreja, como expressão da Igreja em saída: uma Igreja que rema contra a corrente, que se envolve com a vida do povo, que escuta as dores da terra e dos pobres. Não podemos correr o risco de cair na tentação do comodismo, de nos contentar com reuniões fechadas, eventos para nós mesmos, e um certo ‘turismo espiritual’ que nos afasta da realidade”. Um barco missionário, que acolhe, que conduz, que entrega. Um barco que promove a inclusão, a corresponsabilidade e a sinodalidade, refletindo sobre relações, processos, vínculos e formação. O bispo, seguindo o Documento Final do Sínodo sobre a Sinodalidade, questionou: Quais as convicções que nos sustentam para estarmos juntos no Barco? Como diferentes sujeitos com diferentes responsabilidades, podem atuar em comunhão? Como se dá a tomada de decisões e o acompanhamento das mesmas nas diferentes instâncias da comunidade? Como experimentamos nosso senso de pertença à comunidade e como ela está enraizada na realidade? Nossas experiências de formação educam para caminharmos juntos? Ajudam a ser comunidades sinodais e em saída missionária? O barco missionário das CEBs tem que ajudar as pessoas a viver como seguidores de Jesus, disse dom Zenildo. O bispo fez um chamado a descobrir que Jesus está conosco, Ele está no barco, ajuda a superar as dificuldades. Mas sabendo que o barco missionário tem que ir ao encontro dos outros, atravessar o rio, mesmo correndo riscos. Diante da diferença com os outros, o bispo questionou como a gente reage, se o faz com agressividade ou se aprende com os outros. O desafio missionário é fazer com que todos tenham vida e para isso é necessário se sentir responsável pelo cuidado das pessoas. Um barco missionário Na reflexão eclesiológica, “a Igreja se compreende, as comunidades de base se compreendem como comunidades eclesiais missionárias, como um barco missionário que inclui todos e todas”, sublinhou dom Zenildo Lima. Segundo ele, “missionariedade, mobilidade, Igreja em saída, inclusão permearam esta reflexão”. O bispo refletiu sobre “os movimentos que acontecem dentro do barco, que são movimentos que exigem sinodalidade, os movimentos que acontecem fora do barco, que são movimentos que exigem comprometimento no que diz respeito ao cuidado da casa comum, no que diz respeito a novas experiências religiosas”. Realidades em que somos “sempre iluminados pela Palavra que apresenta Jesus presente no barco conosco, sempre iluminados pela caminhada da Igreja em nossa região, sempre iluminados pelo testemunho de pessoas que deram a vida por esta Igreja em Tefé”, disse o bispo. Ele definiu a VI Assembleia das Comunidades Eclesiais de Base da prelazia de Tefé como “grande encontro de uma Igreja sinodal, de uma Igreja em saída, de um compromisso com a plenitude da vida e com a missão”.

VI Assembleia das CEBs de Tefé reflete desafios e perspectivas em um mundo polarizado

Na vida das comunidades eclesiais de base, onde o protagonismo laical é um elemento que as define, o ofício divino das comunidades é um dos modos comuns de oração, que mais uma vez se fez presente na VI Assembleia das Comunidades Eclesial de Base da prelazia de Tefé, que se celebra na paróquia São Joaquim de Alvarães de 09 a 13 de julho, com a presença de mil representantes das 14 paróquias e 03 áreas missionárias em que se divide essa igreja local. Os participantes continuam refletindo sobre quatro temáticas: ecologia integral e sinodalidade; compromisso para a justiça social; missionariedade; e desafios e perspectivas em um mundo polarizado. Essas reflexões fazem parte da vida das comunidades, uma necessidade para poder responder aos desafios atuais. O fenómeno da polarização Um dos maiores desafios que enfrenta a sociedade atual é a polarização, um fenómeno que também se faz presente na Igreja católica. O secretário executivo da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, Daniel Seidel, refletiu sobre essa realidade, mostrando a necessidade de procurar soluções que ajudem a superar dinâmicas em que uns ganham e outros perdem, dado que o trabalho comunitário é o que salva. Diante da atual realidade brasileira, Seidel refletiu sobre realidades presentes no atual panorama no país. O Brasil é um país onde a democracia está ameaçada, com um claro desequilíbrio entre os três poderes: executivo, legislativo e judiciário. Fenómenos como a distribuição do orçamento público, a judialização de muitas leis, a enorme influência das redes sociais, a desinformação. Junto com isso, a COP30 é um momento importante diante desse cenário mundial e brasileiro, que demanda o compromisso da sociedade e da Igreja. O sociólogo analisou o papel de Papa Francisco e Papa Leão XIV, a contribuição no campo da ecologia integral com a Laudato si´, o Sínodo para a Amazônia, assumindo o caminho iniciado pela Igreja da região desde Santarém 1972, um caminho que está dando continuidade o Papa Leão XIV, que acaba de celebrar pela primeira vez a Missa pela Criação. Papas que nasceram na experiência da Igreja latino-americana, na profecia da sinodalidade, do reconhecimento das mulheres nos ministérios eclesiais e nos espaços de decisão na Igreja. Agenda de lutas Existe uma agenda de lutas, que as comunidades eclesiais de base são desafiadas a assumir. Dentre elas aprender com os povos originários o bem-viver; se envolver no plebiscito popular sobre a jornada de trabalho e a taxação dos super-ricos; a Campanha a Vida por um Fio de autoproteção de lideranças e comunidades ameaçadas; enfrentamento à extrema direita, ocupando os espaços nas redes digitais; conversão pastoral, ecológica, cultural e sinodal, para fazer realidade os sonhos de Papa Francisco em Querida Amazônia: social, ecológico, cultural e sinodal; garantir a aplicação do Sínodo sobre a Sinodalidade: participação, comunhão e missão, dando passos corajosos para ser uma Igreja com rosto amazônico, samaritano, em saída para as periferias. Todo isso, sem medo, com a inspiração da divina Ruah. Na sociedade brasileira existem, segundo Daniel Seidel, heranças históricas que marcam a consciência política: colonialismo, racismo e discriminação regional, a cidadania pelo trabalho, autoritarismo, machismo, preconceito e violência contra as mulheres, consumismo e materialismo. São fenómenos que mostram a atual mudança de época, que tem como sinais o antropoceno, que provoca mudanças climáticas e aquecimento global; crise das instituições e valores; necropolítica; ultraliberalismo e fundamentalismo; fé-sentido-experiência; pandemia que coloca em questão a ideia de super-homem; distopia e utopia. Essa realidade demanda profecia, anúncio e denúncia que gera esperança. Uma atitude que demanda discernimento dos apelos que Deus faz na realidade, que leva a denunciar as injustiças, estruturas e sistemas que negam a vida e cultuam a morte. Todo discípulo é chamado a anunciar a boa notícia, a esperançar, a reaprender o valor da sobriedade feliz, a seguir o exemplo de Maria, a utilizar as redes sociais como instrumento de comunicação estratégica e incidência política e cultural.

Festa do Carmo na Diocese de Parintins celebra Jubileu de 70 anos

A diocese de Parintins celebra em 2025 o Jubileu de 70 anos. Erigida a 12 de julho de 1955, pelo Papa Pio XII, como prelazia de Parintins, foi desmembrada da arquidiocese de Manaus, tendo como padroeira Nossa Senhora do Carmo, sendo confiada aos padres do Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras (PIME). Em 30 de outubro de 1980 a prelazia foi elevada a diocese pelo Papa João Paulo II, no mesmo ano em que foi concluída a Catedral de Nossa Senhora do Carmo. Peregrinantes com Maria O Jubileu está fazendo parte da festa de Nossa Senhora do Carmo, que está sendo realizada de 06 a 16 de julho e que em 2025 tem como tema: “Peregrinantes com Maria, a Rainha de toda a Criação”. Maria, que é Mãe da Esperança, guia um festejo, do mesmo modo que guia a caminhada da diocese de Parintins, que iniciou com uma procissão fluvial, uma carreata e o Círio, que conduziu a imagem da padroeira até a Catedral. O novenário está sendo momento de festa para a Igreja de Parintins, contando com a participação do povo das paróquias, comunidades, pastorais, organismos públicos. Um caminho que será encerrado com a grande festa de dia 16 de julho, que tradicionalmente concentra milhares de devotos, chegados de todos os municípios dessa igreja local. Missa e Procissão Solene No dia da festa está previsto diversas celebrações eucarísticas ao longo do dia na catedral de Nossa Senhora do Carmo. A festa será encerrada com a Missa e Procissão Solene, às 17 horas, percorrendo as ruas da cidade de Parintins, onde os devotos acompanham esse momento de fé tão importante na vida dos parintinenses. A alegria do Jubileu é oportunidade para a Igreja de Parintins agradecer a Deus pelo percurso percorrido ao longo de 70 anos. Uma Igreja missionária, que levou o Evangelho nos rios e igarapés dessa região do Baixo Amazonas com o empenho de muitos homens e mulheres, bispos, padres, religiosos, religiosas, leigos e leigas, que ao longo dos anos entregaram sua vida para fazer presente o reino de Deus.