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Dia: 12 de julho de 2025

Assembleia das CEBs de Tefé se posiciona contra PL da Devastação

A VI Assembleia das Comunidades de Base da Prelazia de Tefé, que está realizada em Alvarães, com a participação de mil representantes das 14 paróquias e três áreas missionárias que fazem parte dessa prelazia, deu a conhecer uma carta onde faz um “Apelo pela Vida, pela Casa Comum e contra o PL da Devastação”. Grito de alerta, esperança e libertação O texto (leia aqui a carta completa) faz “ecoar um grito de alerta, esperança e de libertação, diante da iminente votação do Projeto de Lei 2.159/2021, conhecido como PL do Licenciamento Ambiental, o PL da Devastação, que tramita na Câmara dos Deputados, em Brasília, e pode ser votado a qualquer momento.” Segundo os assinantes, “esse projeto representa uma grave ameaça à Casa Comum, pois pretende enfraquecer drasticamente o controle social e ambiental sobre grandes empreendimentos, permitindo a dispensa de licenciamento para atividades de alto impacto ambiental; o fracionamento dos processos, dificultando a avaliação real dos danos; a redução ou eliminação da consulta aos povos indígenas e comunidades tradicionais; o enfraquecimento dos órgãos ambientais, como o IBAMA e o ICMBio”. A carta rejeita “a lógica do lucro desenfreado que alimenta esse projeto. É a mesma lógica que desmata, polui, expulsa famílias, povos e comunidades, silencia vozes, envenena rios e destrói o futuro das gerações. O capital que tudo quer dominar despreza a floresta, os peixes, os povos e os sonhos.” Diante disso mostra a importância “dos saberes e cuidados tradicionais necessários para preservar e sustentar a existência.” Igualmente, o texto lembra o chamado do Papa Leão XIV em sua mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, em 2025: “num mundo onde os mais frágeis são os primeiros a sofrer os efeitos devastadores das alterações climáticas, do desflorestamento e da poluição, cuidar da criação torna-se uma questão de fé e de humanidade”. SIM à vida Igualmente, a carta se une à nota da CNBB sobre o PL do Licenciamento Ambiental, de maio de 2025. Os assinantes dizem “NÃO ao PL da Devastação”, e “SIM à vida, à floresta em pé, à pesca artesanal viva, às águas livres, aos territórios preservados, às culturas respeitadas, as terras indígenas e quilombos demarcadas, a cidade saudável e confortável, à espiritualidade enraizada no chão que é dom de Deus.” Igualmente, se critica “o modelo econômico dominante baseado na lógica da privatização da terra e das águas”, e a “engenharia política onde o congresso nacional brasileiro tem um papel de defesa dos interesses dos grupos econômicos em prejuízo dos territórios e das comunidades.” Diante disso, a carta conclama todo o povo brasileiro a “escutar o clamor da Amazônia e dos seus povos, para resistir ao retrocesso, e a assumir a conversão ecológica como caminho de fé e compromisso com a justiça”. Finalmente, os assinantes afirmam que “aceitar a destruição do meio ambiente e apoiar o PL da Devastação é trair o sonho de Deus para a humanidade”, e pedem “que os planos de Deus para a Casa Comum, planos de paz, beleza e cuidado, não sejam destruídos pela ganância de poucos em detrimento da dignidade de muitos”.

Fraternidade e Compromisso Social: Valores centrais na vida das CEBs

A Fraternidade como Caminho de Compromisso para a Justiça Social, inspirada na frase evangélica: “Vós sois todos irmãos”, tem sido tema de reflexão na VI Assembleia das Comunidades Eclesiais de Base da Prelazia de Tefé, que reúne em Alvarães mil representantes das 14 paróquias e três áreas missionárias da prelazia. Dignidade de todos e solidariedade“A fraternidade é um caminho essencial para a justiça social, pois ela implica em reconhecer a dignidade de todos e promover a solidariedade, o cuidado com o próximo e o respeito mútuo. Ao cultivar a fraternidade, criamos uma sociedade mais justa, igualitária e pacífica”, disse o padre Ademar Henriques, professor da Universidade Estadual do Amazonas. Um valor central, que “atua como um motor para a construção de uma sociedade mais justa”, que convida a “transcender as diferenças e a reconhecer a humanidade comum em todos, promovendo a solidariedade e o respeito mútuo”, segundo o assessor. Uma atitude que se manifesta em diversas esferas, que se concretiza na “ação social em prol de uma sociedade mais justa”, disse o padre Ademar. Mais do que um ideal, estamos diante de “um caminho concreto para a transformação social”, sustentado no cuidado e a igualdade, caminho de soluções para as desigualdades, de inclusão social e superação de preconceitos. O princípio da fraternidade é a liberdade, e se faz presente no amor ao próximo, a justiça social, a tolerância, a paz e a solidariedade. Daí a necessidade de cultivá-la e incentivá-la em todos os níveis. Acesso de todos a serviços básicos Ligado ao conceito de fraternidade está o conceito de justiça social, que busca reduzir desigualdades e garantir o acesso equitativo a recursos, direitos e oportunidades, promovendo uma sociedade mais justa e inclusiva, onde todos têm acesso aos serviços básicos. Para avançar na justiça social se faz necessário avançar em equidade, igualdade, inclusão, respeito à diversidade, acesso à proteção social, reconhecimento e aplicação dos direitos humanos. Nessa conjuntura, o assessor questionou: “Qual a importância da justiça social em nossas comunidades?” Segundo o padre Ademar Henriques, a justiça social promove a coesão social, favorece a estabilidade social e prosperidade, a cidadania, a redução das desigualdades. Princípios e virtudes A partir da análise de Leonardo Boff, o assessor se referiu a quatro princípios e quatro virtudes. Entre os princípios está o cuidado, o respeito, a responsabilidade universal e a cooperação incondicional. Por sua vez, as virtudes são a hospitalidade, a convivência com o diferente, a tolerância e a comensalidade. Esses princípios e virtudes devem levar as comunidades a refletir sobre como eles se fazem presentes na vida das pessoas e da própria comunidade. Uma temática que deve levar as comunidades a “refletir sobre a fraternidade como compromisso social, levando em conta que todos nós somos irmãos. Todos nós temos as nossas diferenças, mas todos nós temos nossa igualdade. Todos nós temos o nosso cuidado, mas também nós temos as nossas responsabilidades”, segundo o assessor. O professor da Universidade Estadual do Amazonas vê isso como um caminho para que “em nossas comunidades a gente possa concatenar as ideias”, em vista de alcançar “uma linguagem universal, uma linguagem fraterna, uma linguagem onde o respeito a todos possa ser feito a partir do cuidado que eu possa ter com os meus irmãos”.