Assembleia das CEBs de Tefé se posiciona contra PL da Devastação
A VI Assembleia das Comunidades de Base da Prelazia de Tefé, que está realizada em Alvarães, com a participação de mil representantes das 14 paróquias e três áreas missionárias que fazem parte dessa prelazia, deu a conhecer uma carta onde faz um “Apelo pela Vida, pela Casa Comum e contra o PL da Devastação”. Grito de alerta, esperança e libertação O texto (leia aqui a carta completa) faz “ecoar um grito de alerta, esperança e de libertação, diante da iminente votação do Projeto de Lei 2.159/2021, conhecido como PL do Licenciamento Ambiental, o PL da Devastação, que tramita na Câmara dos Deputados, em Brasília, e pode ser votado a qualquer momento.” Segundo os assinantes, “esse projeto representa uma grave ameaça à Casa Comum, pois pretende enfraquecer drasticamente o controle social e ambiental sobre grandes empreendimentos, permitindo a dispensa de licenciamento para atividades de alto impacto ambiental; o fracionamento dos processos, dificultando a avaliação real dos danos; a redução ou eliminação da consulta aos povos indígenas e comunidades tradicionais; o enfraquecimento dos órgãos ambientais, como o IBAMA e o ICMBio”. A carta rejeita “a lógica do lucro desenfreado que alimenta esse projeto. É a mesma lógica que desmata, polui, expulsa famílias, povos e comunidades, silencia vozes, envenena rios e destrói o futuro das gerações. O capital que tudo quer dominar despreza a floresta, os peixes, os povos e os sonhos.” Diante disso mostra a importância “dos saberes e cuidados tradicionais necessários para preservar e sustentar a existência.” Igualmente, o texto lembra o chamado do Papa Leão XIV em sua mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, em 2025: “num mundo onde os mais frágeis são os primeiros a sofrer os efeitos devastadores das alterações climáticas, do desflorestamento e da poluição, cuidar da criação torna-se uma questão de fé e de humanidade”. SIM à vida Igualmente, a carta se une à nota da CNBB sobre o PL do Licenciamento Ambiental, de maio de 2025. Os assinantes dizem “NÃO ao PL da Devastação”, e “SIM à vida, à floresta em pé, à pesca artesanal viva, às águas livres, aos territórios preservados, às culturas respeitadas, as terras indígenas e quilombos demarcadas, a cidade saudável e confortável, à espiritualidade enraizada no chão que é dom de Deus.” Igualmente, se critica “o modelo econômico dominante baseado na lógica da privatização da terra e das águas”, e a “engenharia política onde o congresso nacional brasileiro tem um papel de defesa dos interesses dos grupos econômicos em prejuízo dos territórios e das comunidades.” Diante disso, a carta conclama todo o povo brasileiro a “escutar o clamor da Amazônia e dos seus povos, para resistir ao retrocesso, e a assumir a conversão ecológica como caminho de fé e compromisso com a justiça”. Finalmente, os assinantes afirmam que “aceitar a destruição do meio ambiente e apoiar o PL da Devastação é trair o sonho de Deus para a humanidade”, e pedem “que os planos de Deus para a Casa Comum, planos de paz, beleza e cuidado, não sejam destruídos pela ganância de poucos em detrimento da dignidade de muitos”.