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Dia: 18 de agosto de 2025

Encontro da CEAMA: “as vozes dos Bispos da Amazônia sejam acolhidas, escutadas e consideradas”

A Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), “um dos frutos do Sínodo”, segundo o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), convocou os bispos da Amazônia para um encontro de 17 a 20 de agosto, em Bogotá. Necessária presença das igrejas particulares na CEAMA O cardeal vê Querida Amazônia como “um texto extraordinário que ainda pode nos ajudar muito no futuro.” Ele ressaltou a necessidade da presença na CEAMA das igrejas particulares, pois não pode ficar em um grupo. Mesmo com os avanços, o arcebispo de Manaus disse que “ainda temos um caminho longo a percorrer para que realmente se torne uma conferência eclesial.” Daí a importância desse encontro, dada a necessidade de todos entrar no espírito do Sínodo, “deixar que esse espírito chegue às nossas dioceses, às nossas igrejas particulares, às nossas comunidades”. O arcebispo de Manaus destacou o trabalho sinodal que fazem os bispos da Amazônia brasileira. Por isso, “esse nosso encontro é uma ocasião para afirmarmos a CEAMA, para nos firmarmos como uma Igreja que seja realmente eclesial, isto é, sinodal. Uma Igreja que escute as comunidades, uma Igreja que sabe escutar os leigos, escutar a Vida Religiosa, escutar a todos.” Ele refletiu sobre a diversidade eclesial, que ajuda a construir a Igreja sonhada por Papa Francisco, “uma Igreja que realmente está preocupada com os pequenos. Uma igreja que está preocupada com os povos originários”. Igualmente, o cardeal Steiner destacou a necessidade de “sermos cada vez uma Igreja profundamente encarnada.” Ele disse aos bispos que “nas nossas pessoas, no nosso ministério estão presentes as nossas igrejas, as nossas comunidades. Nós não seríamos bispos se não estivéssemos nas nossas dioceses, nas nossas comunidades.” Isso faz com que o encontro seja oportunidade para que “a CEAMA seja profundamente sinodal e seja uma Igreja realmente e profundamente eclesial. A participação dos leigos se torne cada vez mais profética, cada vez mais ministerial”. A CEAMA um verdadeiro milagre Por sua vez, o prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Michael Czerny, disse que “a gestação e o nascimento da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) foram um verdadeiro milagre.” Ele destacou na CEAMA que “a sua missão foi definida em relação com uma pastoral compartilhada e inculturada que se devia promover entre as dioceses amazônicas”. Daí a relevância desse encontro dos bispos da Amazônia, que “tem como objetivo dar graças por tudo isso e, ao mesmo tempo, aprofundar seu chamado, redescobrir sua vocação e sua missão de maneira mais madura, e impulsionar uma nova etapa em sua caminhada.” O cardeal Czerny destacou na CEAMA que “os seus membros e participantes não são apenas bispos, mas que representam todas as vocações dentro do Povo de Deus”, sendo “uma Igreja não apenas de ministérios, mas também de carismas”, seguindo a proposta de Aparecida que afirmou que “os leigos devem participar do discernimento, da tomada de decisões, do planejamento e da execução” da vida e da missão de toda a Igreja. Ser eclesial não a faz menos episcopal Uma realidade que demonstra “uma brilhante e criativa recepção latino-americana, tanto do Concílio Vaticano II, como dos Sínodos sobre a Amazônia (2019) e sobre a Sinodalidade (2023-2024); abraçando a diversidade e potenciando a complementaridade; assim como convidando-nos a implementar dinâmicas comunicativas próprias de uma Igreja sinodal”, sublinhou o prefeito. Ele insistiu em que o fato de ser eclesial, não faz esta conferência menos episcopal, e fez um chamado a centrar-se na Igreja local, onde a Igreja molda “a sua própria identidade na escuta e diálogo com as pessoas, realidades e histórias do território”, segundo aparece em Querida Amazônia. O cardeal Czerny chamou a acrescentar na CEAMA a dimensão pastoral e territorial, que “supõe superar a concepção da Amazônia como um mero lugar geográfico e começar a compreendê-la como lugar da presença e revelação de Deus”, o que tem a ver com a necessidade de uma fé que “não é neutra nem abstrata, mas inculturada”. Junto com isso um chamado para que a CEAMA, mas do que fazer assuma o papel de “coordenar, articular e facilitar” e assim ajudar as igrejas locais “a enfrentar os principais desafios pastorais e realizar a sua missão”. É por isso que o encontro tem como objetivo “que as vozes dos Bispos da Amazônia sejam acolhidas, escutadas e consideradas, e que a CEAMA redefina a sua trajetória, relançando, acompanhando e ajudando as igrejas locais a realizar a sua missão”.

Leão XIV aos bispos da Pan-Amazônia: Anúncio do Evangelho, tratamento justo aos povos e cuidado da casa comum

O Papa Leão XIV enviou um telegrama aos bispos da Pan-Amazônia, reunidos de 17 a 20 de agosto na sede do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), em Bogotá. Assinado pelo Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, o telegrama é dirigido ao presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), cardeal Pedro Barreto, que convocou este encontro no qual participam mais de 80 bispos. Ajudar a realizar a missão Depois de saudar os participantes, a quem concede a bênção apostólica, bem como aqueles que estão confiados aos seus cuidados pastorais, o Papa agradece “o esforço realizado para promover o maior bem da Igreja em favor dos fiéis do amado território amazônico”. Junto com isso, destaca que “levando em conta o que se aprendeu no Sínodo sobre a escuta e a participação de todas as vocações na Igreja, exorta-os a procurar, com base na unidade e colegialidade próprias de um ‘organismo episcopal’, como ajudar de forma concreta e eficaz os bispos diocesanos e vigários apostólicos a levar a cabo sua missão”. Em suas palavras, Leão XIV convida a “ter presentes três dimensões que estão interconectadas na ação pastoral dessa região: a missão da Igreja de anunciar o Evangelho a todos os homens, o tratamento justo aos povos que lá habitam e o cuidado da casa comum”. O Papa sublinha a importância de que Jesus Cristo “seja anunciado com clareza e imensa caridade entre os habitantes da Amazônia”, exortando a esforçar-se “por lhes dar o pão fresco e límpido da Boa Nova e o alimento celeste da Eucaristia, único meio para serem verdadeiramente o povo de Deus e o Corpo de Cristo”. Pregar Cristo faz recuar a injustiça Uma missão movida pela “certeza, confirmada pela história da Igreja, de que onde se prega o nome de Cristo, a injustiça retrocede proporcionalmente”. Algo que afirma o apóstolo Paulo, como lembra o telegrama: “toda exploração do homem pelo homem desaparece se somos capazes de nos recebermos uns aos outros como irmãos”. Na doutrina da Igreja, Leão XIV sublinha “o direito e o dever de cuidar da ‘casa’ que Deus Pai nos confiou como administradores solícitos, de modo que ninguém destrua irresponsavelmente os bens naturais que falam da bondade e da beleza do Criador, nem, muito menos, se submeta a eles como escravo ou adorador da natureza”. Isso porque, como diz o texto enviado aos bispos da Amazônia, “as coisas nos foram dadas para alcançarmos o nosso objetivo de louvar a Deus e assim obter a salvação de nossas almas”, lembrando o que disse Santo Inácio de Loyola nos Exercícios Espirituais.

Cardeal Steiner no encontro da CEAMA: “um momento muito importante para podermos todos juntos refletir e caminhar”

Mais de 80 bispos da Pan-amazônia, com a participação dos bispos do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), estão reunidos na sede do Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), em Bogotá (Colômbia), de 17 a 20 de agosto de 2025. Um encontro de escuta para ajudar nos processos de construção de um Plano Sinodal para a Igrejas da Pan-Amazônia. Um encontro para retomar o Sínodo Uma dinâmica que tem sido ressaltada pelo arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da CNBB na missa de abertura, onde foi celebrada a Missa da Criação: “estamos aqui para retomar o Sínodo, nos colocarmos mais uma vez a caminho, tentando assim expressar também o sínodo nas nossas dioceses, nas nossas Igrejass particulares”, afirmou. Ele sublinhou que “é um momento muito importante para a Igrejas que se encontra na Pan-Amazônia, para podermos assim todos juntos refletir e caminhar”, vendo no texto do Evangelho do dia um elemento que “pode nos ajudar nesse caminho”. No “vem e segue-me” de Jesus, o cardeal Steiner vê “uma atratividade de eternidade.” Ele citou as palavras de São João Crisóstomo, que disse que “não foi um ardor medíocre que o jovem revelou, estava como que apaixonado”, ressaltando que a diferença de outros, o jovem, “aproximou-se de Jesus para conversar da eternidade, a vida eterna”, dado que “o jovem viu em Jesus certamente um caminho, o caminho da bondade, da compaixão, da misericórdia, da transformação, da eternidade”. A riqueza dos mandamentos O arcebispo de Manaus refletiu sobre os mandamentos, que “às vezes soam como norma, como obrigação, como preceitos. Mas mandamentos são sinalizações, indicações, são iluminações, é o caminho que havia percorrido.” Mandamentos que cardeal definiu como “exercitar-se continuamente nessas tarefas do Espírito, sim, conhecer as riquezas, as transformações, as maturações que os mandamentos possibilitam, a possibilidade de desabrochar a vida, a possibilidade de chegar à maturidade da fé do povo de Deus”. O presidente do Regional Norte 1 refletiu sobre as atitudes do jovem, mostrando os passos dados, mas “ele havia intuído que em Jesus havia algo mais. Em Jesus havia mais que bondade, havia mais do que caridade”, destacou o cardeal Steiner. Daí a resposta de Jesus: “só te falta uma coisa, vai e vende tudo que tens e dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Vem e segue-me”, reconhecendo que “Jesus propõe um passo a mais. Tudo a partir de um grande amor. Um amor livre, gratuito. Um tesouro que dá sentido a tudo. Seguir, mas segui-lo na liberdade”. Seguir Jesus é um grande tesouro Isso porque “seguir tem a força, o vigor de uma ruptura. É um salto mortal, um salto existencial inigualável. É como que morrer para viver em Cristo, de Cristo, entrar no seu seguimento”, afirmou o arcebispo de Manaus. Ele reforçou: “seguir Jesus é um grande tesouro. Um movimento maravilhoso e transformador que é mais do que a abnegação cristã. É a liberdade do Crucificado Ressuscitado”. Frente a isso a resposta do jovem, que mostra que “o terreno era fértil, mas esbarrou na gratuidade do seguimento, na pobreza do seguimento. Desapareceu a ligeireza, a prontidão, a disponibilidade, a busca. O que sobrou? A tristeza, a lentidão dos passos, não mais perguntas pela eternidade. E distanciou-se de Jesus com passos lentos, com ar de frustração. Tinha dado a impressão que era um homem livre, pronto, mas não era. Carregava demais, tinha amarras demais. Por isso saiu desiludido, não descobriu o tesouro do viver, a vida eterna, feita pobreza, feita gratuidade”. Uma dinâmica que envolva as Igrejas da Pan-Amazônia O evangelho de hoje, enfatizou o cardeal Steiner, “nos provoca ao seguimento, a razão de ser de uma dinâmica que envolva todas as nossas Igrejas particulares, todas as nossas Igrejas da Pan-Amazônia. É aquele convite de vender tudo e seguir, seguir para viver da grandeza, da bondade do Reino de Deus. As nossas Igrejas, as nossas comunidades serem sinal, visibilização do Reino de Deus, da sinodalidade”. Para isso, ele pediu que “o convite do seguimento na gratuidade possa nos ajudar no caminho que iniciamos com o Sínodo para a Amazônia. A deixar-nos guiar pelos sonhos de Querida Amazônia.” O cardeal insistiu em que “não se trata de uma nova organização, mas de uma inspiração. Um espírito que renova e funda o modo de ser Igrejas.” Por isso, ele fez ver aos bispos reunidos que “fomos colocados à frente das nossas Igrejass, nas nossas Igrejass. Todas as nossas Igrejass despertadas pelo ‘Se tu queres ser perfeito, vai e vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás o tesouro do céu. Vem e segue-me’. As nossas Igrejass particulares no seguimento gratuito de Jesus.” Diante disso ele questionou: “Então, o que importa?”, respondendo que “o que dá razão a nossa vida, a nossa Igrejas, às nossas Igrejass é o seguimento de Jesus, que é o modo do reino de Deus”.