Encontro da CEAMA: “as vozes dos Bispos da Amazônia sejam acolhidas, escutadas e consideradas”
A Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), “um dos frutos do Sínodo”, segundo o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), convocou os bispos da Amazônia para um encontro de 17 a 20 de agosto, em Bogotá. Necessária presença das igrejas particulares na CEAMA O cardeal vê Querida Amazônia como “um texto extraordinário que ainda pode nos ajudar muito no futuro.” Ele ressaltou a necessidade da presença na CEAMA das igrejas particulares, pois não pode ficar em um grupo. Mesmo com os avanços, o arcebispo de Manaus disse que “ainda temos um caminho longo a percorrer para que realmente se torne uma conferência eclesial.” Daí a importância desse encontro, dada a necessidade de todos entrar no espírito do Sínodo, “deixar que esse espírito chegue às nossas dioceses, às nossas igrejas particulares, às nossas comunidades”. O arcebispo de Manaus destacou o trabalho sinodal que fazem os bispos da Amazônia brasileira. Por isso, “esse nosso encontro é uma ocasião para afirmarmos a CEAMA, para nos firmarmos como uma Igreja que seja realmente eclesial, isto é, sinodal. Uma Igreja que escute as comunidades, uma Igreja que sabe escutar os leigos, escutar a Vida Religiosa, escutar a todos.” Ele refletiu sobre a diversidade eclesial, que ajuda a construir a Igreja sonhada por Papa Francisco, “uma Igreja que realmente está preocupada com os pequenos. Uma igreja que está preocupada com os povos originários”. Igualmente, o cardeal Steiner destacou a necessidade de “sermos cada vez uma Igreja profundamente encarnada.” Ele disse aos bispos que “nas nossas pessoas, no nosso ministério estão presentes as nossas igrejas, as nossas comunidades. Nós não seríamos bispos se não estivéssemos nas nossas dioceses, nas nossas comunidades.” Isso faz com que o encontro seja oportunidade para que “a CEAMA seja profundamente sinodal e seja uma Igreja realmente e profundamente eclesial. A participação dos leigos se torne cada vez mais profética, cada vez mais ministerial”. A CEAMA um verdadeiro milagre Por sua vez, o prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Michael Czerny, disse que “a gestação e o nascimento da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA) foram um verdadeiro milagre.” Ele destacou na CEAMA que “a sua missão foi definida em relação com uma pastoral compartilhada e inculturada que se devia promover entre as dioceses amazônicas”. Daí a relevância desse encontro dos bispos da Amazônia, que “tem como objetivo dar graças por tudo isso e, ao mesmo tempo, aprofundar seu chamado, redescobrir sua vocação e sua missão de maneira mais madura, e impulsionar uma nova etapa em sua caminhada.” O cardeal Czerny destacou na CEAMA que “os seus membros e participantes não são apenas bispos, mas que representam todas as vocações dentro do Povo de Deus”, sendo “uma Igreja não apenas de ministérios, mas também de carismas”, seguindo a proposta de Aparecida que afirmou que “os leigos devem participar do discernimento, da tomada de decisões, do planejamento e da execução” da vida e da missão de toda a Igreja. Ser eclesial não a faz menos episcopal Uma realidade que demonstra “uma brilhante e criativa recepção latino-americana, tanto do Concílio Vaticano II, como dos Sínodos sobre a Amazônia (2019) e sobre a Sinodalidade (2023-2024); abraçando a diversidade e potenciando a complementaridade; assim como convidando-nos a implementar dinâmicas comunicativas próprias de uma Igreja sinodal”, sublinhou o prefeito. Ele insistiu em que o fato de ser eclesial, não faz esta conferência menos episcopal, e fez um chamado a centrar-se na Igreja local, onde a Igreja molda “a sua própria identidade na escuta e diálogo com as pessoas, realidades e histórias do território”, segundo aparece em Querida Amazônia. O cardeal Czerny chamou a acrescentar na CEAMA a dimensão pastoral e territorial, que “supõe superar a concepção da Amazônia como um mero lugar geográfico e começar a compreendê-la como lugar da presença e revelação de Deus”, o que tem a ver com a necessidade de uma fé que “não é neutra nem abstrata, mas inculturada”. Junto com isso um chamado para que a CEAMA, mas do que fazer assuma o papel de “coordenar, articular e facilitar” e assim ajudar as igrejas locais “a enfrentar os principais desafios pastorais e realizar a sua missão”. É por isso que o encontro tem como objetivo “que as vozes dos Bispos da Amazônia sejam acolhidas, escutadas e consideradas, e que a CEAMA redefina a sua trajetória, relançando, acompanhando e ajudando as igrejas locais a realizar a sua missão”.