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Dia: 21 de agosto de 2025

Bispos da Pan-Amazônia enviam ao Papa Leão XIV a “cruz amazônica” e a “pombinha da paz”

Gesto simbólico desde o encontro de Bogotá reafirma o compromisso com a defesa da vida, dos povos e da Casa Comum No marco do Encontro de Bispos da Pan-Amazônia, realizado em Bogotá de 17 a 20 de agosto, os participantes enviaram ao Papa Leão XIV dois significativos presentes: a cruz amazônica e a pombinha mensageira da paz, símbolos de comunhão, esperança e compromisso com a defesa da Casa Comum e da paz. A cruz amazônica: vida que brota da dor Os bispos receberam durante o encontro cruzes amazônicas elaboradas pelo artesão boliviano José Dorado, de San Miguel de Velasco. São 130 peças confeccionadas com madeira proveniente de árvores queimadas na Chiquitania, região boliviana duramente atingida pelos incêndios florestais. Abençoadas por Dom Robert Flock, bispo de San Ignacio de Velasco, as cruzes representam a dor da terra ferida e, ao mesmo tempo, a esperança de que do sofrimento possa renascer a vida. Este gesto busca manter viva a memória dos 2,8 milhões de hectares devastados em 2024, o pior ano de incêndios em duas décadas na Amazônia. A pombinha mensageira da paz O segundo presente, a “pombinha da paz”, foi trazido do Peru por Carmen de los Ríos e está envolto em tecido da comunidade nativa amazônica Ashaninka. Confeccionada por povos andinos, simboliza o desejo de que “da Amazônia rezamos pela paz”. Símbolo universal da paz, a pombinha, na tradição católica, representa o Espírito Santo, sinal de pureza, paz e presença divina. O cardeal Pedro Barreto, presidente da CEAMA, destacou que este sinal nos convida a ser instrumentos do Espírito Santo, a fortalecer o serviço missionário e a reconhecer os povos originários como guardiões da Casa Comum. Envio ao Papa Leão XIV Ambos os presentes foram entregues ao cardeal Michael Czerny, prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral e representante do Vaticano no encontro. Durante a Eucaristia de encerramento, na Catedral Primaz de Bogotá, em 20 de agosto, Czerny recebeu a cruz e a pombinha em nome dos bispos, comprometendo-se a levá-los pessoalmente ao Papa Leão XIV. Com este gesto, os bispos da Pan-Amazônia reafirmam sua missão de ser construtores da paz e guardiões da criação, em comunhão com toda a Igreja universal. Encontro de bispos da Amazônia Durante quatro dias, 90 bispos de 75 jurisdições amazônicas, convocados pela Conferência Eclesial da Amazônia – CEAMA, juntamente com representantes de organismos como o CELAM, a CLAR, a Cáritas ALC, a REPAM, o Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral e várias conferências episcopais, participaram do encontro realizado em Bogotá, na sede do Conselho Episcopal Latino-americano – CELAM. As jornadas foram marcadas por espaços de escuta, oração e diálogo, nos quais foram compartilhados avanços, desafios e resistências do processo sinodal. Segundo os organizadores, o objetivo foi apresentar propostas concretas que permitissem consolidar a missão da CEAMA como organismo eclesial capaz de acompanhar de maneira mais próxima as comunidades da região. Nesse contexto, o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, ofereceu uma mensagem que animou os participantes a redescobrirem a força do seguimento de Jesus como motor do compromisso pastoral e da missão da Igreja na Amazônia. “Não se tratou de uma nova organização, mas de um espírito que renova e dá sentido à nossa forma de ser Igreja”, afirmou, sublinhando a dimensão espiritual que deu identidade ao encontro. Julio Caldeira imc

Os bispos da Amazônia apostam na CEAMA, “oportunidade de serviço e renovação para cada comunidade”

Os bispos da Amazônia, reunidos na sede do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho, em Bogotá, a quem agradecem pela acolhida e hospitalidade, de 17 a 20 de agosto, em um encontro convocado pela Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), publicaram uma mensagem ao final do evento. Um texto, divulgado em 21 de agosto, no qual se define a CEAMA como um sinal de esperança cinco anos após o Sínodo da Amazônia. Reconhecer avanços, resistências, desafios e esperanças Um encontro no qual se quis “ouvir e identificar os processos que, inspirados pelo Sínodo da Amazônia e pela Exortação Apostólica Querida Amazônia, nos permitiram reconhecer nossos avanços, resistências, desafios e esperanças”, segundo a mensagem. O documento agradece as palavras enviadas pelo Papa Leão XIV, nas quais ele indica que “a missão da Igreja de anunciar o Evangelho a todos os homens (cf. AG 1), o tratamento justo aos povos que ali habitam e o cuidado da casa comum”. O episcopado amazônico, que se sente “pastores em uma Igreja sinodal”, agradece e reconhece a entrega generosa e arriscada de numerosos membros do Povo de Deus na Amazônia, destacando o exemplo dos mártires, “um testemunho vivo que nos anima continuamente na nossa missão evangelizadora”. Da mesma forma, valorizam-se os avanços significativos “na escuta, na articulação das dioceses, na revitalização dos diversos conselhos, no planejamento pastoral e na formação teológica, espiritual, ministerial e pastoral que busca responder aos sinais dos tempos”. Junto com isso, “uma maior consciência em relação à ecologia integral, ao bioma, à defesa do território e aos direitos de seus habitantes, particularmente dos povos originários”, enfrentando as ameaças que sofrem por sua defesa do ecossistema amazônico, tão importante para a vida de suas comunidades. Resistências e medos A mensagem reflete sobre as resistências e os medos de uma Igreja sinodal e com rosto amazônico, que se manifesta na falta de discernimento e em certo autoritarismo, clericalismo e pouco espírito missionário e disposição e audácia para ir às periferias. Os bispos sentem-se impulsionados a “ser instrumentos de comunhão, comunicação e sinodalidade” e desafiados a gerar prioridades sinodais para a região, bem como a crescer em espírito profético. Tudo isso em “uma Igreja centrada no batismo, do qual surgiram todas as vocações e ministérios”. Nela, os pastores da Amazônia se comprometem a ouvir e compartilhar “com sensibilidade as culturas e espiritualidades dos povos que a habitam”. Uma atitude que nasce do fato de ser terra e da crise climática gerada por um tratamento irresponsável e desrespeitoso. Algo que leva os bispos a renovar seu compromisso com a ecologia integral e o cuidado da casa comum, a caminhar com as comunidades e aprender com a sabedoria ancestral dos povos indígenas. A partir daí, a mensagem ressalta que “a Amazônia não é uma terra vazia para ser explorada; é uma terra habitada, amada e cuidada há gerações, e é lugar da presença de Deus”. Bispos que caminham com o povo Na Igreja da Amazônia, seus bispos dizem caminhar juntos, “cuidando de nossos fiéis e sendo cuidados por eles”, colocando-se ao lado do povo, “compartilhando as alegrias e os sofrimentos das nossas comunidades, aprendendo da sua fé simples e do seu testemunho de ser sal e luz da terra (cf. Mt 5,13-14), deixando-nos sustentar por sua proximidade e por sua oração”. O episcopado amazônico reconhece a CEAMA como “espaço privilegiado de comunhão, discernimento e missão” e se compromete “a fazê-la crescer, fortalecer-se e consolidar-se, para que seja oportunidade de serviço e renovação para cada comunidade cristã da região, e sinal de esperança para toda a Igreja”. Para isso, apostam em programas de formação e esperam encontrar formas de sustentabilidade econômica. Um compromisso que eles confiam à intercessão de Maria, Mãe da Amazônia.

Inter Norte da Cáritas em Manaus busca o Jeito de Ser Cáritas na Amazônia

O Centro de Treinamento Maromba da arquidiocese de Manaus acolhe de 19 a 24 de agosto o Inter Norte da Cáritas Brasileira, com mais de 60 representantes dos regionais Norte 1, Norte 2, Norte 3 e Noroeste. Um encontro dividido em três momentos para abordar o monitoramento nos regionais e no Inter Norte e a formação de incidência, que tem como tema “Jeito de Ser Cáritas na Amazônia: Cuidar, Conviver, Defender, Respeitar e Celebrar”. Avaliar, planejar e refletir Os participantes iniciaram o encontro, que “busca avaliar a caminhada das entidades-membro, planejar ações conjuntas para o próximo período e refletir sobre os principais desafios enfrentados nos territórios da região amazônica”, segundo os organizadores, com um momento de mística, que deu passo aos trabalhos de monitoramento nos regionais, abordando a importância de se fazer PMAS, refletindo sobre os espaços de gestão, a importância de participar, o que priorizar e descobrir as condições de funcionamento enquanto Inter Norte. O encontro, um espaço de convivência, celebração e esperança, está sendo oportunidade para fazer uma articulação e diagnóstico a partir das áreas de atuação da Cáritas, monitorando as ações, permitindo que cada articulação e regional compartilhe conquistas, dificuldades e prioridades. O objetivo é descobrir os âmbitos, tipos e caminhos a serem seguidos, com exemplos concretos. Para isso, será elaborado o piloto do Plano de Incidência em cada Regional. Segundo a articuladora da Cáritas Regional Norte 1, Márcia Maria Miranda, “este é um momento de reafirmar nosso compromisso de ser presença solidária na Amazônia, cuidando da Casa Comum, defendendo os direitos dos povos e fortalecendo nossa missão como rede Cáritas”. Conhecimento da realidade local Os participantes do encontro visitarão realidades e projetos locais acompanhados pela Cáritas: comunidades indígenas, Cáritas paroquial e Centro de Acolhida para a população em situação de rua, abordando igualmente o cenário atual brasileiro e amazônico diante do contexto conjuntural. Um momento para refletir sobre os espaços de gestão, sobre as ações da Cáritas e os resultados, desafios, aprendizados e aquilo que ainda deve ser feito. Na pauta do Inter Norte aparece a reflexão sobre as mudanças climáticas e a COP 30, mostrando a visão da Igreja acerca das Mudanças Climáticas. Para isso, será apresentado o resultado da Pesquisa do Projeto Clima e Pobreza. Igualmente, com relação à COP 30 e a Cúpula dos Povos, será apresentado as propostas da Cáritas. Os participantes irão retomar a reflexão sobre o Sínodo para a Amazônia e o Sínodo sobre a Sinodalidade e abordarão a importância da comunicação na incidência. Fotos: Arthur Amorim

Frente à tentação da individualidade, assumamos que juntos somos mais

Escutar é um dos grandes desafios para poder caminhar juntos. Essa escuta ajuda a avançar no diálogo e descobrir aqueles elementos que nos unem. Na Igreja católica, esse caminhar junto recebe o nome de sinodalidade, uma dinâmica impulsionada decisivamente pelo Papa Francisco, que teve na Igreja da Amazônia seu banco de provas. Uma novidade na história da Igreja Em 2019 foi realizado o Sínodo para a Amazônia, que muitos consideram um passo prévio para o Sínodo sobre a Sinodalidade. Um dos frutos do Sínodo para a Amazônia foi a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), uma novidade na história da Igreja, que já foi vista como exemplo de sinodalidade. Nos últimos dias, de 17 a 20 de agosto, a CEAMA convocou os bispos da Pan-Amazônia para um encontro em Bogotá (Colômbia). Foi o primeiro encontro dos bispos da região depois do Sínodo para a Amazônia e da criação da Conferência Eclesial da Amazônia. Uma reunião que monstra a disposição a continuar o Sínodo para a Amazônia, e sobretudo ser uma Igreja sinodal, que caminha junto, uma Igreja encarnada e inculturada, onde existe preocupação para se ajudar. O encontro enriquece A tentação da individualidade, de decidir em pequenos grupos, sem escutar as diversas vozes, também está presente na vida da Igreja católica, inclusive na região amazônica. Ninguém pode esquecer que o encontro enriquece, dado que nele se faz presente a diversidade de uma região onde a interconexão entre povos e culturas sempre foi presente, também na vida da Igreja. Mesmo enfrentando alguma dificuldade, a sinodalidade é uma realidade viva na Igreja da Amazônia. Isso é algo que devemos aproveitar no dia a dia das comunidades, dado que a prática da sinodalidade, do caminhar junto é algo que nos aproxima do Evangelho e nos ajuda a assumir dinâmicas comunitárias, tão presentes na vida e nas culturas dos povos da Amazônia. Um caminhar junto que é um testemunho para uma humanidade cada vez mais enfrentada e dividida. Dispostos a caminhar junto Cada um, cada uma de nós tem que se questionar: estou disposto a caminhar junto? Sinto a necessidade de escutar, de dialogar, de buscar junto o caminho a seguir? Me abro à novidade que está presente na vida daqueles com quem me relaciono? Olho para o outro como alguém que me enriquece, que me ajuda a descobrir novos caminhos, que me enriquece? Diante de realidades comuns somos desafiados a enfrentar juntos as problemáticas presentes em nosso meio. Juntos somos mais e na companhia dos outros temos a possibilidade de chegar mais longe. Não tenhamos medo dos outros, não vivamos instalados na desconfiança. Pratiquemos a fraternidade que nos faz melhores e nos ajuda a experimentar a presença do Deus comunhão que está no meio de nós. Editorial Rádio Rio Mar