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Dia: 18 de setembro de 2025

Nossa força na Tríplice Fronteira está em caminharmos juntos

Entre os dias 16 a 18 de setembro um grupo de 28 missionários da tríplice fronteira de Brasil, Perú e Colômbia estiveram reunidos na Reserva Ecológica Ágape em Leticia- Colômbia.  O objetivo geral do encontro foi gerar espaço de formação, fazer memória do processo histórico dos encontros dos missionários da tríplice fronteira, refletir e tecer redes de cuidado com a vida na Amazônia. A convivência nestes dias se deu em um clima de harmonia, alegría de poder estar juntos compartilhando sonhos, esperanças e desafios. Diálogo como ferramenta de comunhão Em este espaço tivemos o acompanhamento da futura secretária da REPAM Panamazônica, Clara Gricel Ximena Lombana. Ela trabalhou com os missionários sobre direitos humanos e apresentou a cartilha da REPAM de orientação de como fazer a incidência política. A sugestão é que os missionários das três jurisdições eclesiásticas priorizem o diálogo como uma ferramenta poderosa de comunhão e que tenham um plano de trabalho comum no território e que seja um processo permanente na tríplice fronteira. O ideal é construir uma proposta de formação para os missionários (religiosos, leigos), sacerdotes e lideranças das comunidades do próprio território. Foi sentida a necessidade de que as três igrejas locais fortaleçam o diálogo e juntos possam buscar caminhos pastorais na tríplice fronteira.  Estão construindo novas territorialidades políticas. É um momento global muito delicado. Os povos indígenas são profecia e é importante empoderar-los. É muito importante estar na missão com a consciência de que não somos eternos, por isto é necessário tecer redes, fazer processos coletivos, superar a autoreferencialidade pessoal e institucional e pensar novos modelos de comunidades missionárias para a manutenção das presencias dos diversos carisma na Amazônia, considerando também os missionários do próprio território. Aprender, olhar, apostar     Os missionários que habitam este território amazônico da tríplice fronteira são convidados a tirar as sandálias dos pés e sentir a terra que pisa com a mente e com o coração, aprender com as pessoas, olhar os povos originários, afros e ribeirinhos; apostar pela incidência da justiça social e direitos ambientais. Agradecemos a REPAM por escutar e acolher nosso pedido de acompanhamento e formação. Agradecemos a todos os missionários que já passaram e deixaram suas pegadas de testemunho e profecia. Agradecemos a todos os missionários que estão presentes e que no cotidiano da vida tecem relações, redes de cuidado e compromisso com a vida, especialmente com os mais necessitados. Gratidão a Equipe Itinerante pela presença alegre e mística entre nós. Pelo grupo dos Missionários da tríplice fronteira, Ir. Lizete Soares da Cunha

Cardeal Steiner: “A Sinodalidade é o modo de ser Igreja assumido pelo Regional Norte 1”

O Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), finalizou a 52ª Assembleia. Aproximadamente 70 pessoas, das nove Igrejas Locais, estiveram presentes em Manaus, entre os dias 15 e 18 de setembro. O encontro foi um momento de aprofundamento das dinâmicas de Sinodalidade e de construção das diretrizes nacionais e regionais para a Ação Evangelizadora. O arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1, cardeal Leonardo Steiner, comentou que a sinodalidade é um modo de ser Igreja assumido pelo regional. E mesmo que já seja uma realidade presente, é possível continuar avançando nessa dinâmica. “O nosso regional se caracteriza já por ser uma igreja sinodal, mas isso não significa que não temos muito a caminhar ainda. Temos muito para caminhar. O próprio modo da Assembleia é um modo muito sinodal, a participação de todos, mas nós desejamos que esse modo sinodal esteja também presente nas comunidades, seja presente nas áreas missionárias, nas paróquias, e assim a igreja toda seja ela sinodal, onde todos participam, onde todos pelo batismo se sentem profundamente integrados na igreja, se sintam realmente povo de Deus”, explicou o arcebispo. A escuta presente na Igreja da Amazônia O cardeal Steiner participou do Sínodo da Sinodalidade. Em suas palavras, destaca que a Igreja da Amazônia possui elementos significativos para oferecer à sinodalidade na Igreja Universal. Mas que esse processo nasce da escuta e é como a igreja “pode contribuir, no sentido de nós buscarmos ouvir as pessoas, ouvir os fiéis, e da escuta, irmos como que planejando as nossas ações”. Essa compreensão levanta questionamentos de “como sermos uma igreja presente? Como anunciarmos o Reino de Deus? Como anunciarmos Jesus Cristo crucificado e ressuscitado nas diversas culturas, nas diferentes situações, nas tensões que muitas vezes existem?”. É nesse contexto “que podemos dar uma grande contribuição no sentido de sermos todos nós pessoas que escutam e porque escutam são capazes de perceber. Assim se pode anunciar o Reino de Deus. Assim se pode anunciar Jesus crucificado e ressuscitado”, reforçou o arcebispo. Prestar contas da Ação Evangelizadora O Documento Final do Sínodo norteou as discussões durante os dias de assembleia. Ele fornece pistas para que as igrejas do Regional Norte 1 identifiquem os caminhos a serem seguidos. O presidente do Regional enfatizou que é importante aprofundar o conhecimento desse documento principalmente quanto à prestação de contas da Evangelização. “Eu penso que aprofundada na nossa região ainda precisa muito a questão de fazermos uma avaliação, uma espécie de prestação de contas, não apenas financeira. Mas de como vai a nossa Ação Evangelizadora? Como estamos anunciando? Como somos presença?”, questionou o cardeal. Daí necessidade de que o caminho a ser percorrido seja de fazer que as comunidades se sintam “cada vez mais corresponsáveis pelo Anúncio, pela Evangelização, ao mesmo tempo também perceberem: não, aqui ainda precisamos caminhar, aqui ainda podemos dar mais, aqui ainda podemos participar mais”. E esse aspecto avaliativo “nos ajuda muito a sermos cada vez uma igreja mais viva, uma igreja mais presente, uma igreja mais consoladora, uma igreja mais samaritana, diante das dificuldades que existem”, destacou Steiner. Um processo coletivo A secretária executiva do regional, Ir. Rose Bertoldo, que coordenou a preparação da assembleia, avaliou o encontro como “um processo construído coletivamente e construído na Sinodalidade. Eu pude perceber que cada diocese, cada prelazia, as pastorais sociais, a vida religiosa que esteve presente, se sentiu construtora dessa Assembleia. Foi uma Assembleia de estudo, uma Assembleia muito leve, mas também com muita responsabilidade, que é a característica do Regional Norte 1”. Além disso, o Regional tem o desafio de continuar criando os processos que posteriormente se desdobrarão nas dioceses e prelazias, juntamente com as pastorais sociais e todos os organismos de participação. “E a gente vem estudando as diretrizes da ação evangelizadora que serão aprovadas em 2026 na Assembleia da CNBB Nacional, mas também já estamos apontando caminhos para a construção do nosso documento, as nossas diretrizes. A gente vai elaborar um documento inicial, já com as proposições que foram tiradas durante essa Assembleia, que depois serão complementados a partir das diretrizes nacionais e também dos encaminhamentos que a próxima Assembleia dará do documento”, explicou Ir. Rose Bertoldo. Conhecer o Documento Final Junto com isso, a expectativa é que as dioceses e prelazias continuarão a estudar o documento final do Sínodo da Sinodalidade. Esse processo continuado vai aos poucos moldando o futuro da Evangelização no Regional. “E essa é a ideia, é de dar a conhecer o documento para as nossas lideranças que estão lá nas comunidades. E também dar a conhecer tudo aquilo que a gente foi construindo como perspectiva de construção das novas diretrizes. Tendo esse olhar para a realidade, para o território do Regional Norte 1, que tem, assim, realidades que são comuns, mas também tem realidades que são específicas, dependendo de cada igreja local”, finalizou a secretária executiva.

52ª Assembleia Regional Norte 1: Procurar o caminho para promover uma evangelização sinodal

As Diretrizes da Ação Evangelizadora marcam a vida pastoral da Igreja do Brasil, também no Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1). Elas são iluminadoras para a caminhada da Igreja, e que ajudam para poder afirmar que “Jesus Cristo é anunciado com clareza em nossa região”, segundo disse o bispo auxiliar de Manaus, dom Zenildo Lima. O horizonte do Reino de Deus A Igreja do Regional Norte 1 tem feito um chamado á conversão, a descobrir os sinais de sinodalidade, a entender que as assembleias são momentos que tratam não só como a Igreja se organiza, senão como a Igreja é. Daí a insistência em que “estamos trabalhando nossa identidade”, disse dom Zenildo, procurando que “não fique longe da nossa perspectiva o horizonte do Reino de Deus”, recordando as palavras do arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1, cardeal Leonardo Steiner. A evangelização da Igreja no Brasil e as diretrizes não podem esquecer que o mundo é cada vez mais urbano, uma realidade presente no Brasil e na Amazônia. Junto com isso, o “ethos religioso brasileiro”, marcado hoje pela pluralidade de religiões, de caráter individual, mutante e palpável. Algo que provoca um descompasso entre o querer da Igreja no que faz referência à evangelização e os caminhos que está tomando a sociedade, com uma Igreja que tem uma incidência cada vez menor na vida cotidiana. Diante disso missão, comunidade e iniciação cristã aparecem como elementos que não podem ser ignorados. Iniciação à Vida Cristã, comunidades de discípulos missionários, liturgia e piedade popular, cuidar das fragilidades das pessoas e da casa comum, aparecem como elementos presentes nas novas Diretrizes que estão sendo elaboradas. Tudo isso em uma sociedade marcada pela indiferença, migração e crise humanista, a manipulação das ideias e informações, o cansaço, a crise política e o novo cenário religioso. Elementos que marcam a caminhada No Regional Norte 1, nas igrejas locais e as pastorais, existem elementos que marcam a caminhada: o anúncio querigmático, a centralidade da Palavra de Deus, a Iniciação à Vida Cristã, o seguimento de Jesus Cristo, a família, o diálogo com as novas expressões religiosas, a missão, a ecologia integral, a avaliação dos processos e o fundo para a Evangelização. Diante disso o grande desafio é procurar o caminho para promover uma evangelização sinodal, para evangelizar sinodalmente. Uma dinâmica que deve partir das situações e realidades que estão nos chamando a atenção, mas também das propostas que aparecem no Instrumento de Trabalho das Diretrizes: Iniciação à Vida Cristã, comunidades de discípulos missionários, liturgia e piedade popular e cuidar das fragilidades. Se busca assumir coletivamente como Regional Norte 1 as causas comuns que devem marcar o caminho evangelizador. Existem situações que levam à reflexão na Igreja do Regional Norte 1. Dentre outras, foi destacada a realidade política, as redes sociais e a internet como espaço em disputa e como instrumento de manipulação, gerando uma espiritualidade de guerra e de combate aos outros. Junto com isso, o impacto das facções, do garimpo, da pirataria, das guerras urbanas, do narcotráfico no território e nas pessoas. Uma realidade eclesial marcada pelo individualismo, a fragilidade da identidade católica, a falta de pertença e de inserção eclesial, a preocupação com a vida comunitária, lugar privilegiado para a vivência da fé e da formação para o discipulado missionário. Igualmente foi destacada a mobilidade religiosa, o avanço de grupos evangélicos neopentecostais de modo sistemático e organizado, a espiritualidade marcada pela teologia da prosperidade e do domínio, realidades que interpelam a evangelização sinodal. Caminhos de evangelização O Documento de Aparecida fala sobre a diferença do olhar do discípulo missionário, marcado pelo amor e o comprometimento, em vista de um processo de redenção de Deus, sempre muito amoroso. Daí surgem os caminhos de evangelização, com alguns elementos destacados: a Palavra de Deus, no estudo, na celebração, nos círculos bíblicos; a Iniciação à Vida Cristã como formação para o discipulado; as comunidades, lugar de evangelização, de formação do sujeito e da promoção da vida plena, de preocupação com a ecologia integral; a identidade missionária, caminho e fundamento da evangelização sinodal; a atenção aos jovens; a opção pelos pobres, como cabeçalho do comprometimento. Os elementos que não podem ser ignorados nas Diretrizes a serem construídas partem do binômio eclesialidade-sinodalidade, que leve a recolocar as estruturas em chave de sinodalidade, com um instrumento metodológico de avaliação das iniciativas evangelizadoras. Uma dinâmica que deve ter em conta a realidade atual deve marcar as propostas evangelizadoras em vista do cuidado da vida plena. Comunidade, formação, sinodalidade “Reafirmar a comunidade” deve ser sempre o propósito na Igreja católica, segundo o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1. Algo que deve ser feito, “pessoa a pessoa, não virtual”, em uma sociedade em que diante do avança da tecnologia e da Inteligência Artificial, “as relações não estão mais sendo construídas, mesmo familiarmente”, sublinha o cardeal. Ele destaca “a questão das relações da comunidade, das relações interpessoais, cada vez mais se exige um cultivo”. Igualmente, o presidente do Regional Norte 1 ressalta a questão da formação para todos, um elemento destacado no Sínodo da Sinodalidade e na reflexão da 52ª Assembleia Regional Norte 1. Uma formação “para poder darmos as razões da nossa fé”, e que deve ser oferecida às comunidades. Junto com isso a eclesialidade sinodal, um caminho feito no Regional Norte 1, mas que deve ser aprofundado. Refletindo sobre a avaliação, o cardeal Steiner afirma que “nós poderíamos avaliar as nossas ações, nossos projetos, mas é tão difícil, quase impossível, avaliar a fé, até que ponto nós cremos”. Nesse sentido, ele disse ter a impressão de que “a fé é que nos tem, não que nós temos fé”, que “nós fomos despertados para a fé”, que “a experiência da fé é algo extraordinário que não se consegue mensurar”. Junto com isso ele vê a necessidade de abordar a questão da ideologização da fé, “que não é mais fé, é uma ideologia”. O cardeal falou dessa “espécie de segurança que se busca hoje…
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Não ter medo de caminhar juntos

As nove igrejas locais que fazem parte do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil: Manaus, Alto Solimões, Tefé, Coari, Borba, Itacoatiara, Parintins, Roraima e São Gabriel da Cachoeira, estão reunidas em assembleia. A sinodalidade, caminhar juntos, está sendo o ponto central do debate. Testemunhas da riqueza da diversidade Em um mundo dividido, polarizado, enfrentado, sermos testemunhas de que a diversidade não pode ser elemento de divisão e sim algo que nos enriquece, é um grande desafio. As guerras cada vez mais mortíferas, o clima de crispação social, inclusive familiar, o enfrentamento entre as pessoas por motivos nímios, dentre outras situações, só pode ser superado se todos nós nos convencermos que podemos caminhar juntos. Mesmo diante dos desafios a serem enfrentados, a Assembleia do Regional Norte 1 tem mostrado que em muitas comunidades da Igreja católica são vivenciadas situações que representam um verdadeiro testemunho de acolhida dos outros, de valorização de cada pessoa, de compromisso com aqueles que sofrem, com os vulneráveis e descartados pela sociedade. Juntos somos mais Caminhar juntos, porque juntos somos mais, porque o outro nunca pode ser visto como um inimigo, porque a vivência da fraternidade é caminho para nossa realização pessoal, mas também para a construção de um mundo melhor para todos e todas, para a concretização do Reino de Deus. O Documento Final do Sínodo da Sinodalidade nos fala de conversão das relações, dos processos e dos vínculos. Diante disso devemos nos fazermos algumas perguntas: Como me relaciono com os outros? Que olhar eu tenho para com aqueles que pensam diferente? Que caminhos escolho na construção da sociedade? Que vínculos eu estabeleço com os outros? Valores que geram unidade Responder a essas perguntas e assumir a necessidade de entrar no caminho da conversão em nível pessoal e comunitário pode ajudar a descobrir a riqueza de caminhar juntos. Pode nos ajudar a sentir a necessidade de construir um mundo sustentado em valores que geram unidade, que nos levam a olhar para os outros como aqueles que nos ajudam a crescer. Em um mundo que aos poucos se desmorona, a sinodalidade deve ser um testemunho que ajude as pessoas a ter um olhar diferente, a resolver os problemas a partir da escuta, do diálogo e do discernimento em comum. Não tenhamos medo de caminhar juntos, de apostar na sinodalidade, de tentar outros modos de nos relacionarmos. Editorial Rádio Rio Mar