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Dia: 26 de setembro de 2025

Irmã Joana Puntel: “a cultura digital não é mais online ou offline, ela é onlife”

A irmã Joana Puntel acaba de completar 80 anos. Em vez de receber presente, ela tem nos presenteado, junto com Marcus Tullius, com mais um livro: “Pastoral Digital: uma mudança paradigmática”. A religiosa paulina é uma das assessoras do Mutirão Brasileiro de Comunicação (MUTICOM), que acontece em Manaus de 225 a 28 de setembro de 2025, onde esta obra será lançada. Importância da ecologia integral no MUTICOM Ela considera “muito importante que esse MUTICOM esteja se dedicando, a comunicação esteja se dedicando a levar adiante o tema da ecologia integral”. A religiosa destaca o impacto que a encíclica Laudato Si, do Papa Francisco, teve no mundo todo, “ele que ajudou a criar muito a mentalidade sobre essa questão de que tudo está interligado”, explicando o que isso significa. Daí a relevância da comunicação se engajar dentro dessa temática, “ela escolhe essa temática para ser algo que ajude a avançar na mentalidade, primeiro de tudo, porque as coisas podem se tornar gastas de tanto repetir e, às vezes, não ter ação”. A Ir. Joana Puntel vai assessorar no MUTICOM sobre a educomunicação para a formação cidadã. Ela vai tratar sobre a questão do ser humano, “o ser humano que precisa ser formado para isso”, ressaltando que “educação e comunicação, elas estão interrelacionadas”. É por isso que “a educação que você dá para uma pessoa, o que você vai desenvolver, ela precisa estar ligada a tudo o que você vai fazer, o que você é antes de tudo como pessoa. Então os valores que você tem, os valores, a honestidade, a fraternidade, o respeito, a dignidade pelo outro”. “Conforme você é na sua vida, você também vai tratar não só os outros, mas todo o planeta, tudo o que está ao seu redor. E aí, então, você também tem razões profundas e vai se aperfeiçoar mais, digamos assim, com bibliografias, para você discutir também isso no contexto”, afirma a religiosa. Ela destaca a necessidade da formação humana, da formação cidadã para a cidadania. Partindo de que tudo está interligado, sublinha que “você é uma pessoa que precisa saber como que você trata os outros, porque, como diz assim um grande professor, nós não nascemos prontos, a humanidade não nasce pronta, ela se forma”. Entrar na cultura digital Sobre a temática do livro que está sendo lançado, ela afirma que “a pastoral digital não é uma pastoral diferente da pastoral de comunicação, mas é ajudar a pastoral da comunicação que nós já conhecemos a entrar cada vez mais dentro de uma cultura que é uma cultura digital. Não é simplesmente usar os meios, mas é dentro desse todo que nós vivemos numa cultura digital. E a cultura digital não é mais online ou offline, ela é onlife”, fazendo referência ao novo paradigma de Luciano Floridi, “onde leva em conta a pessoa, porque infelizmente quando se fala em comunicação, se pensa em meios”, inclusive na Pastoral da Comunicação. A irmã Puntel insiste em, sem deixar os meios de lado, incluir a pessoa nisso. Um livro dedicado à memória do Papa Francisco, que é definido como pastor da escuta e do discernimento, comunicador exemplar. A religiosa paulina vê Papa Francisco como alguém que praticou o que ele disse sobre comunicação, “que é essa escuta, ser firme, porque escutar e deixar fazer a mesma coisa não é realizar a comunicação.” O livro mostra que Francisco é um homem do processo, que leva a se perguntar “quais são os sinais dos tempos para você poder entrar em diálogo com o contexto de hoje”, uma reflexão que aparece numa conferência que ele fez para a Cúria Romana no Natal, “onde ele mostra essa questão dos processos que precisa abrir”, superando dinâmicas que levam a ficar parado, dando passos que levem a prestar atenção aos sinais dos tempos hoje. Algo que leva a refletir sobre a Inteligência Artificial, “que não se trata só de uma ferramenta, é de tudo que ela está provocando no ser humano, no sentido de repensar, de nova antropologia”, reflete a irmã Puntel. Ela destaca a necessidade de “escutar os sinais dos tempos, porque é ali que o Espírito fala também”. O ‘onlife’ Aprofundando no conceito ‘onlife’, a religiosa fala dos manguezais, onde convivem a água doce e a água salgada, uma metáfora usada por Luciano Floridi. O filósofo italiano defende que não é igual antigamente quando era ligado ou desligado um aparelho, hoje “você está continuamente ‘onlife’, porque a comunicação, o digital, ele está ao redor, ele está no que você pensa, não é mais assim que você puxa a gavetinha para dizer aqui está o digital. Nós nos movemos dentro desse digital, seja por aquilo que nós queremos usar no negócio, seja por aquilo que nós queremos consumir, você está continuamente ligado”. A religiosa vê esse fenómeno especialmente presente entre os jovens, falando da síndrome do FOMO (fear of missing out), o medo de ficar fora das novidades e eventos das redes sociais. Isso leva a ter a necessidade de sentir a vibração do celular, o que “mostra que nós vivemos dentro de um todo que se movimenta.” Nesse sentido, “quando a gente fala que tudo está interconectado, é nesse sentido, tudo. E isso está ficando assim, planetário.” A irmã Puntel lembra que agora saiu um livro chamado “A Soberania Planetária”, que é a questão da inteligência, as camadas neuronais. Magistério e Inteligência Artificial Diante do receio frente à Inteligência Artificial, também em ambientes eclesiais, a religiosa paulina destaca a importância de conhecer o Magistério da Igreja em relação a essa temática. Ela lembra a mensagem de Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz de 2024, afirmando que “quem quiser saber o que é a Inteligência Artificial e como é que a igreja se comporta, vai lá olhar essa carta”, aparece o tema da ética. Uma reflexão que tem se dado em diversos momentos, enfatizando que “a dignidade humana precisa ser defendida na Inteligência Artificial”. A religiosa insiste na necessidade de a Igreja reconhecer os progressos que nascem da Inteligência Artificial,…
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Cardeal Steiner: “sem medo aprofundar a comunicação e a Ecologia Integral”

“Desejar que nós não tivéssemos medo de discutir e aprofundar as questões da comunicação e da Ecologia Integral”. Essas foram as palavras do arcebispo de Manaus, Cardeal Leonardo Steiner, durante a mesa de abertura do 14º Mutirão Brasileiro de Comunicação. O evento buscará expandir horizontes para uma comunicação transformadora nas diversas realidades sociais e humanas. O cardeal destacou a exigência desse processo de aprofundamento, justamente por ele considerar diversos “aspectos e dimensões”. Isso para que não o reduza a “um mero cuidado para preservar as coisas”, mesmo que haja uma predominância em colocá-lo sob a lógica de desenvolvimento que destrói o meio ambiente. A poesia como parte do processo de transformação Essa observação é um convite a perceber que existem “outros elementos próprios nossos, do ser humano, que precisam ser refletidos”. E para que essa comunicação ganhe os contornos de transformação desejados o cardeal aponta que o caminho é o de retorno ao “poetar”. Já que a poesia perpassa o itinerário de transformação da vida humana. “Poesia que é a tentativa de colher a realidade na sua dimensão mais profunda. Lá onde nós somos atingidos. Nós somos atingidos por uma dimensão que o sustenta e guarda as nossas relações mais profundas”, explicou o arcebispo. Nessa perspectiva, o arcebispo questionou a dinâmica a ser assumida diante dessas questões, de como “sermos realmente pessoas que conseguem comunicar?”. Para isso, é necessário que haja uma transformação e o caminho é pensar “O que veio Jesus fazer? Transformar as nossas vidas”, explicou o cardeal.Por isso, o anúncio do Reino de Deus é também de “um modo de vida novo, onde tudo se sente em casa, onde tudo realmente possa ser”, e é o que precisa ser anunciado. Aprofundar dimensões exigentes Como anfitrião do evento, o cardeal Steiner reforçou o desejo de que mutirão “não tenha medo de chegar e aprofundar as dimensões mais exigentes”. E lembrou da existência de iniciativas dissonantes da perspectiva da Ecologia Integral, citando a PEC da destruição. Nela há “todo o pensamento, e todo o pensamento através disso” em busca de oportunidades para atingir seus objetivos utilitários, que Heidegger chamava de um pensamento calculante. “Então, desejo que as nossas discussões, os nossos debates sejam sem receio, sem medo, com toda a liberdade, para podermos realmente ser uma presença do Evangelho na nossa realidade. Assim ao menos é o que nós tentamos fazer sempre na Amazônia. Sempre buscarmos as razões mais profundas para podermos assim continuar a caminhar na esperança”, concluiu o cardeal. Ao final de sua colocação pediu ao presidente da Comissão Episcopal para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), uma das organizadoras do evento, Dom Valdir José de Castro, que declarasse a abertura oficial do MUTICOM. Ele retomou os agradecimentos aos envolvidos na preparação do evento e aos que ainda seguem trabalhando para realização do evento em todos os setores.