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Dia: 28 de setembro de 2025

Cardeal Steiner no término do 14ºMuticom: “uma responsabilidade a partir do Evangelho”

O encerramento do 14° Mutirão de Comunicação (Muticom) aconteceu neste domingo (28) no Encontro da Águas. Um momento marcado por muita alegria e sentimento de responsabilidade “a partir do Evangelho” como reforçou o cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1, e assumida pelos participantes de serem comunicadores e comunicadoras do Reino Novo. “Nos encontramos em um momento crucial em relação à Terra, mas o momento crucial das nossas relações. Nós temos uma responsabilidade, temos uma responsabilidade não porque achamos que temos responsabilidade, mas o temos a partir do Evangelho. O cuidado e o cultivo”, alertou o arcebispo. Nesta perspectiva, o Cardeal Steiner enfatizou que como “comunicadores e comunicadoras, anunciamos Jesus Cristo Crucificado e Ressuscitado”. E por isso, é de responsabilidade coletiva “comunicar a harmonia contemplada nas criaturas que inspira relações de fraternidade universal”. E dessa forma “despertaremos para relações fraternas, reconhecendo que tudo está interligado.” O convite final é para que todos levem a alegria, a esperança e todos os aprendizados construídos ao longo da programação do evento para as dioceses, paróquias e regionais. Ao final da celebração foi lida e aprovado o texto da Carta de Encerramento do 14° Mutirão de Comunicação junto com o compromisso assumido por todos os presentes. Os documentos se encontram na íntegra abaixo: Compromissos assumidos Mensagem final do 14° Mutirão de Comunicação

Regional Norte 1 participa de Seminário Nacional da Campanha da Fraternidade 2026

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil realizou de 25 a 28 de setembro de 2025 o Seminário da Campanha da Fraternidade 2026, que traz como tema “Fraternidade e Moradia”, e como lema “Ele veio morar entre nós”. O Regional Norte 1 esteve representado pela Ir. Rosiene Gomes, articuladora regional das pastorais sociais, e o padre Alcimar Araújo, vice-presidente da Cáritas Arquidiocesana de Manaus e vice-reitor do Seminário São José. Um grito que emerge da realidade Segundo a religiosa, “estes dias foram dias de grande aprendizado, de experiências, de uma convivência muito agradável, com a participação dos 19 regionais do Brasil e acompanhado também de testemunhos muito vivos, concretos da nossa realidade hoje.” Segundo a Ir. Rosiene “a temática proposta sobre a moradia é um grito que emerge das nossas realidades, um grito urgente de tantas pessoas que sofrem no dia a dia por não ter um teto, não ter uma casa para viver com mais dignidade”. “O que norteou o seminário foi o Texto base da Campanha da Fraternidade, aonde nós vimos o ver, o iluminar e o agir”, relatou a articuladora das Pastorais Sociais do Regional Norte 1. Ela desataca a presença de assessores com grande experiência e capacidade de apresentar a temática proposta. Junto com isso, a importância da partilha de algumas experiências concretas de vários grupos que realizam sua missão nesse campo da moradia. Trabalho com moradores de rua Dentre as partilhas cabe destacar a Pastoral da Moradia, uma pastoral nova no Brasil, que está crescendo nos vários regionais. O Regional Norte 1 ainda não conta com essa pastoral, mas a Ir. Rosiene vê que essa pode ser uma das propostas a surgir na Campanha da Fraternidade 2026, mostrando o compromisso como Igreja, como cristãos. Os participantes do Seminário conheceram o trabalho que a Pastoral do Povo de Rua realiza junto aos moradores de rua no centro de Brasília. Divididos em grupos, os participantes do Seminário foram ao encontro das pessoas que passam a noites nas calçadas da capital do país, dividindo a janta com essas pessoas, sendo também um momento de conversa, de escuta de seus relatos de vida, de suas experiências de vida, segundo conta a religiosa. Esse momento foi acompanhado por uma celebração, sendo rezado o Ofício Divino, tendo a participação dos moradores de rua, que apresentaram as suas músicas, os seus louvores. A Ir. Rosiene destaca esse momento como uma novidade, como algo muito expressivo. Ela disse acreditar que “esta campanha também é uma extensão da própria campanha que vivemos este ano sobre a Ecologia Integral, que é o cuidado com a casa comum. A luta pela moradia também fala da vida, do cuidado com a vida em todas as suas dimensões e sobretudo a vida humana.” Um seminário que é “ponto inicial para começarmos já a pensar como vamos viver esta campanha nas nossas realidades”, concluiu. Cada número é uma pessoa O padre Alcimar Araujo ressaltou a importância de o seminário “para a gente aprofundar a reflexão sobre a problemática da moradia no Brasil. A gente viu em números tudo isso, mas o mais importante é perceber que cada número é uma pessoa. Uma pessoa idosa, uma pessoa doente, uma criança, um pai, uma mãe.” Ele disse que “aí nós percebemos que sem o teto, que é a porta de entrada para todos os direitos, é muito complicado a gente fazer valer os direitos das pessoas”. O presbítero da arquidiocese de Manaus afirma que “a Igreja reflete sobre isso, é a voz profética da Igreja sobre tudo isso.” Ao longo de 2026, o padre Alcimar espera que “a gente consiga articular e rearticular as pastorais sociais, sobretudo, a Pastoral da Moradia nos estados, nos municípios, reaproximar-se dos movimentos de moradia, porque existem no Brasil já, e assim a gente possa fazer valer as políticas públicas que existem para moradia. Em Manaus, nós sabemos que tem um déficit enorme, assim como em outros municípios, mas também não só entregar casas, mas formar lá e também com qualidade e dignidade para todos”.

Cardeal Steiner: “O abismo que se abre na parábola entre os dois modos de viver”

No 26ºDomingo do Tempo Comum, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, iniciou sua reflexão afirmando que “o Evangelho a nos apresentar duas pessoas e nelas dois modos de vida, de viver. Um pobre, desvalido, esquecido, maltrapilho, faminto; existencialmente no chão, como que sem chão. Não sabemos como sobrevivia, pois nem migalhas lhe eram permitidas. Temos diante dos olhos um homem, sem valia, desprotegido, apenas protegido e cuidado pelos cães. Um rejeitado da vida, sem eira nem beira”. Olhos fechados para o outro Segundo o arcebispo, “ousaríamos dizer como o profeta Isaías: ‘Não tinha aparência nem beleza para que o olhássemos, nem formosura que nos atraísse. Foi desprezado, como o último dos homens, homem de dores, experimentado no sofrimento e quase escondíamos o rosto diante dele; desprezado, não lhe demos nenhuma importância.’ (Is 53,2-3). Nossos olhos conseguem vê-lo na fome, na miséria, no desprezo, mas se fecham quando vemos suas feridas sendo lambidas pelos cães”. “A deshumanidade nos aterroriza, nos ataca, pode nos tornar insensíveis; ela nos machuca, nos faz sofrer. O afastado e desprezado nos leva a quase descompaixão. E, no entanto, este homem tem um nome: Lázaro. Lázaro que é a expressão de ‘Deus ajuda’, ‘Deus é meu auxílio’. Talvez até possa nascer em nós o desejo de uma prece: Deus vinde em seu auxílio, Deus seja o seu auxílio. E somos conduzidos em nosso olhar meditativo e contemplativo para a morte que conduz à vida: “Quando o pobre morreu, os anjos levaram-no para junto de Abraão”. Da miséria à vida, ao seio, à vida abraâmica, à descendência de Deus. Um abismo, encontro no desencontro”, disse o cardeal Steiner. Uma narrativa que nos incomoda Em suas palavras, ele mostrou que “quase nos incomoda a narrativa de Lucas ao contemplar o desprezado e esquecido sendo conduzido à vida da Trindade. Aquele estranhamento de uma vida, não-vida, uma vida não vivida e que se torna vida eterna. Será necessário passar pela não-vida, para entrar na vida eterna?” O presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), recordou as palavras de Santo Agostinho no Sermão 24,3: “Não foi a pobreza que conduziu Lázaro ao céu, mas a sua humildade. Nem foram as riquezas que impediram o rico de entrar no descanso eterno, mas o seu egoísmo e a sua infidelidade”. “O outro modo de vida apresentado pelo Evangelho é de uma pessoa que vive vestido com roupas finas e elegantes. Um estilo de vida que circula entorno de si mesmo, no descuido de si. No seu aparecer, na sua aparência tem luxo e elegância falsa. No seu conviver é de festa, prazer diário. Todos os dias no esplendor e no vagar existencial sem relações, sem envolvimento, sem comprometimento. Já não enxerga mais a entrada de sua vida e viver, perdeu o ingresso, a porta do convívio, perdeu os olhos para além de si mesmo. Os convivas são apenas a possibilidade da veste de si mesmo. Existe ele e mais ninguém”, refletiu o arcebispo de Manaus. Diante disso, o cardeal Steiner sublinhou que “a vida é dom! Ele, no entanto, acaba desprezando a sua vida. Não sabe assumir como dom. Quando dom, está a serviço dos outros, principalmente dos necessitados, dos pobres, que estão à porta do existir. Fechou sua vida à solidariedade, à comunhão, impedindo satisfazer as necessidades mais profundas de sua humanidade: cuidar, partilhar. É apenas desencontro!” Confundir utilidade com felicidade Ele recordou as palavras de Papa Francisco à Pontifícia Academia das Ciências Sociais: “Hoje estamos diante de um paradigma dominante, amplamente difundido pelo ‘pensamento único’, que confunde utilidade com felicidade, divertir-se com o viver bem, e afirma ser o único critério válido para o discernimento. Esta é uma forma sutil de colonialismo ideológico. Trata-se de impor a ideologia de que a felicidade consiste apenas no que é útil, nas coisas e posses, na abundância de coisas, na fama e no dinheiro.” Isso mostra “o sabor do dom da vida que se esvai. Perde o gosto de viver, da solidariedade, do amar sem porque, da gratuidade da porta aberta, do encontro com os necessitados”. O cardeal, seguindo as palavras do profeta Amós na primeira leitura, disse que “fazem ressoar a vida que se perde, se esvazia, se esvai e que acaba desterrada: ‘Ai dos que vivem despreocupadamente em Sião, os que se sentem seguros nas alturas de Samaria! Os que dormem em camas de marfim, deitam-se em almofadas, comendo cordeiros do rebanho e novilhos do seu gado; os que bebem vinho em taças e se perfumam com os mais finos unguentos e não se preocupam com a ruína de José’ (Am 6,4-7)”. Palavras do profeta que o levaram a afirmar: “insensível, viver um mundo à parte, descuidado com a mundo que o rodeia, desligado da graça de pertença à tribo de José. Vida que flutua, desenraizado, sem fonte que satisfaça a sede de viver. Vida destruída, sorvida por si mesma, tomada pelo vazio do viver. Traição!” O abismo do mim mesmo “O abismo que se abre na parábola entre os dois modos de viver e que se fecha ao encontro é a inércia, o esquecimento, a indiferença diante daquele que está à porta. O abismo está na indiferença que às vezes atinge a cada um de nós quando somos indiferentes, nos habituamos a ver pessoas famintas, deserdadas e descartadas, somos indiferentes diante da pobreza, da violência, da injustiça. O abismo que vai se formando quando os olhos deixaram de alcançar a porta e quem está à porta, para além da porta do existir. E perdemos a sensibilidade para as chagas que hoje afligem a tantas pessoas”, refletiu o arcebispo de Manaus. Ele citou as palavras de São Jerônimo: “Oh! Quão infeliz és tu entre os homens! Vês um membro do teu corpo prostrado diante da porta e não tens compaixão! Em meio às tuas riquezas, o que fazes do que te é supérfluo?”. Partindo disso, ele afirmou que “o abismo entre os dois modos de viver podem nos atingir, quando perdemos a…
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