Cardeal Steiner: “Jesus é o vinho novo na celebração das Bodas entre Deus e a humanidade”
“Celebramos neste domingo, na Igreja no Brasil, a Solenidade de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil”, disse o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte 1), cardeal Leonardo Ulrich Steiner, no início de sua homilia. Segundo ele, “o Evangelho nos ensinava que Jesus iniciou a sua presença de salvação com um sinal. As Bodas de Caná na Galileia foi o primeiro sinal de Jesus realizado, indicando o encontro entre Deus e a nossa humanidade. Os sinais sinalizam, indicam realidades que no dia a dia não percebemos. Sinais despertam para a razão, verdades e grandezas desapercebidas e, no entanto, nos deixam participar da festa, do encontro”. Maria percebe a dificuldade O primeiro sinal, recordou o cardeal, “expressa a celebração do amor de dois recém-casados que se encontram em dificuldade no dia mais importante da vida. No meio da festa falta um elemento essencial, o vinho, e a alegria corre o risco de desaparecer entre os convivas. Maria, a Mãe de Jesus, percebeu a dificuldade e diz a Jesus: ‘Eles não têm mais vinho’. As palavras e o gesto de Nossa Senhora é o sinal da participação e do cuidado dela para com a festa de casamento. Nas palavras de Jesus, Nossa Senhora diz aos serventes: ‘Fazei tudo o que ele vos disser!’” Segundo o cardeal, “o mandato, o mandamento, da transformação, a mudança, a alegre continuidade das bodas, pede serviço, trabalho: encher as talhas com águas. O servir é que transforma o encontro das núpcias em sabor, em degustação da preciosidade do amor. As talhas que guardavam a água para a purificação estavam vazias. Jesus pede que sejam enchidas e transforma a água das talhas em vinho. A festa de casamento, sinal da comunidade humana que não tem mais vinho e, por isso, perdeu a alegria de viver, indicando que a humanidade perdeu a esperança”. “Na transformação da água em vinho vemos que Jesus é o vinho novo na celebração das Bodas entre Deus e a humanidade”, sublinhou o arcebispo de Manaus. Isso porque “Ele é o vinho novo da celebração do amor que concede a alegria do encontro e a esperança do caminho. Sinal de que a purificação exterior, não possibilita a alegria, não devolve a esperança. A Mãe de Jesus percebeu que havia necessidade de um vinho novo, um vinho melhor para experimentar a alegria de conviver, experimentar a esperança. O ‘Fazei o que ele vos disser’, acende a esperança, possibilita a alegria de quem vislumbra a beleza e a ternura da celebração do amor”. Falta-lhes o essencial “Irmãs e irmãos encanta o milagre do Evangelho de hoje!”, disse o cardeal. Segundo ele, “a delicadeza da percepção de Maria, o cuidado de Jesus em encher novamente de água as talhas da purificação, o trabalho generoso dos servos, o servir a água transformada em vinho. Toda narrativa Joanea indicando a transformação da nossa vida, da existência humana. Nossa Senhora participando das núpcias, dos encontros de amor, de nossas vidas, percebendo a falta, a penúria, a necessidade, a quase mendicância da nossa vida, atenta à nossa pobreza, fraqueza, dizendo: ‘Eles não têm mais vinho!’ Como que dizendo: falta-lhes o essencial, falta-lhes o vital, o mais importante, falta o que dê sentido ao encontro, falta o vinho… sem o essencial, sem o vital, não acontece mais a festa, vem a morte, desaparece o encanto de viver, a força de viver. E ela, então, nos repete hoje a palavra: ‘Fazei tudo o que ele voz disser!’” “E nós aceitamos o convite de encher as talhas da purificação. As talhas, a nossa vida, tanta capacidade, com tanto de possibilidade de purificação, de transformação na medida em que caminhamos entre a nossa casa, o nosso coração, e a fonte, Deus fonte de nossas vidas. E depois de pensarmos que fizemos tudo o que deveríamos fazer, talhas cheias, repletas da generosidade de nossa pobreza, transbordantes das possibilidades das nossas deficiências, somos, mais uma vez convidados: ‘Agora tirai e levai ao mestre-sala’. Depois de termos feito tudo o que poderíamos fazer vem o convite da transformação: servir! No servir às necessidades dos que desejam celebrar a bodas da vida que somos purificados, transformados, plenificados”, afirmou o cardeal Steiner. Isso porque “o Evangelho na Bodas de Caná nos revela o amor transformativo de Deus; o amor próximo, terno e compassivo, consolador!”, recordou. A vida do seu povo Na primeira leitura, ele destacou que “Rainha Ester vê as necessidades do povo e vai em socorro. Se apresenta ao rei correndo o risco de morte e implora: ‘A vida do meu povo, eis o meu desejo’! Não pensou em si mesma, mas na vida de seu povo. O rei acolheu o pedido de Ester e salvou o povo. O sinal de Ester é o sinal dos pequenos, dos humilhados, que não temem o poder frente a liberdade do conviver. Ester pôs toda a sua vida a serviço da vida do seu povo. Tornou-se sinal de beleza, de inteligência, da esperança, da libertação do povo”. Na segunda leitura, o arcebispo referiu-se a outro sinal: “apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas”. Segundo ele, “uma mulher e um dragão, a fragilidade e a pequenez da mulher, que acabara de dar à luz e a força e a violência do dragão, que destrói e persegue. O Apocalipse a indicar a realidade de conflito e perseguição que as primeiras comunidades cristãs da Ásia Menor estavam sofrendo. Os cristãos eram perseguidos, aniquilados, destruídos pelo Império Romano. O dragão é o símbolo desse mal, da força destruidora. A mulher vestida de sol é o sinal de que o mal é vencido. O sinal, Deus gerado menino, não pode ser dominado pelo mal. A Mulher, força das pequenas comunidades, vence a tentação do medo e confia que Deus veio para permanecer junto ao seu povo”. Aparecida, a Mãe atenta O cardeal Steiner relatou que “em 1717,…
Leia mais