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Dia: 17 de novembro de 2025

Diocese de São Gabriel da Cachoeira aprofunda os caminhos da Sinodalidade em Assembleia Pastoral

Nos dias 14 e 15 de novembro a Diocese de São Gabriel da Cachoeira realizou a primeira Assembleia Pastoral da cidade. Com o tema “A Sinodalidade, passos e caminho para a uma Pastoral de Conjunto”, o encontro tratou da redivisão da presença missionária dos presbíteros e da vida religiosa consagrada, da iniciação cristã e da catequese nas comunidades urbanas. A experiência enfatiza o desejo de comunhão, participação e missão. Com mais de 100 participantes, entre leigas e leigos, as Irmãs Filhas de Maria Auxiliadora, as Irmãs Filhas de Santa Maria da Providência, as Irmãs Catequistas Franciscanas e as Irmãs Filhas de Nossa Senhora do Sagrado Coração. E também com os missionários do Sagrado Coração, os padres diocesanos locais e os padres fidei donum e o serviço pastoral paroquial dos Salesianos de Dom Bosco buscando uma melhor presença e experiência nas itinerâncias. No primeiro dia, foi apresenta a história desde o tempo das missões até o surgimento da nova área missionária que se chamará Sagrada Família, no bairro Miguel Quirino. Segundo Dom Vanthuy Neto, bispo da Diocese, com a ajuda de Pe. Sidcley e o Sr. Edivaldo, descobriram “espaços na cidade de São Gabriel onde nós não temos uma presença física ou uma capela ou mesmo uma comunidade humana”. E a partir disso, as comunidades urbanas se dividirão em três paróquias: Catedral Arcanjo São Gabriel, São João Bosco e Nossa Senhora Aparecida e a Área Missionária Sagrada Família. Caminhar juntos Durante o sábado, os participantes da assembleia identificaram a necessidade da construção de um Plano Pastoral de Conjunto para atender as necessidades da cidade. Especialmente após o último censo, que indicou um crescimento do número de evangélicos. Por isso, optaram por quatro caminhos: o da ministerialidade, da iniciação à vida cristã, da catequese e da sustentabilidade da Evangelização na região. Quanto a dimensão transversal da ministerialidade, as quatro áreas eclesiásticas da cidade contarão com uma comissão de trabalho para formação do povo de Deus à serviço nas comunidades. Já para os temas da iniciação cristã e da catequese, priorizarão a construção dos caminhos da catequese dentro da cidade, nas comunidades do Rio Negro, do Rio Curicuriari e do Rio Uaupés. Valorizando as duas experiências fortes das comunidades: o batismo e a catequese. Sustentar a vida comunitária Além disso, Dom Vanthuy Neto destaca “um clamor que veio das comunidades” de “como sustentar a Evangelização”. Essa perspectiva da sustentabilidade passa pelo dízimo, ofertas, envolvimento do povo, pela construção de capelas e sustento da formação do povo de Deus. Mas também pelo lado humano, com famílias que enfrentam o alcoolismo e o suicídio entre os jovens, nesse ponto, o carisma Salesiano apoiará a organização de um serviço juvenil. Ao final, as comissões de leigas e leigos formadas e demais participantes demonstram animação com o caminho pastoral iniciado para a cidade de São Gabriel, que os conduzirá a Assembleia do ano seguinte. Dom Vanthuy Neto sublinha que “a ideia é que se cada vez, mais se estreite uma comunhão”, principalmente com o crescimento urbano e as dinâmicas de êxodo rural e presença dos migrantes venezuelanos. Desse modo, o trabalho conjunto entre missionários, religiosos e religiosas; e padres diocesanos, nas quatro comissões, ajudaram a fazer o caminho completo em 2026. Fotos: Diocese de São Gabriel da Cachoeira

Leão XIV às Igrejas do Sul Global na COP30: “Tem se alcançado avanços, mas não suficientes”

Um dos legados da COP30 para a cidade de Belém é o Museu das Amazônias. Neste 17 de novembro, as Igrejas do Sul Global contribuíram com mais uma peça para seu acervo. Trata-se de uma rede que acompanhou os trabalhos do Sínodo para a Amazônia, realizado em outubro de 2019 no Vaticano. A entrega da peça foi acompanhada por uma mensagem em vídeo do Papa Leão XIV. A Amazônia, símbolo vivo da criação O Santo Padre enviou uma saudação às Igrejas particulares do Sul Global reunidas no local, com a qual ele quis acompanhar a voz profética dos cardeais que representam essas Igrejas: Jaime Spengler, Fridolin Ambongo e Felipe Neri Ferrão, presentes na COP30, “dizendo ao mundo com palavras e gestos que a Amazônia continua sendo um sinal vivo da criação com uma urgente necessidade de cuidado”, como afirma o Papa em sua mensagem. Leão XIV reconhece que “escolheram a esperança e a ação frente à desesperação, construindo uma comunidade global que trabalha em conjunto”. Além disso, ressalta que “tem se alcançado avanços, mas não suficientes”. Diante dessa situação, reconhece que “a esperança e a determinação devem se renovar, não só com palavras e aspirações, mas também com ações concretas”. A mudança climática não é algo distante O Papa cita alguns dos clamores da criação: “enchentes, secas, tormentas e um calor implacável”. Uma situação que faz com que “uma em cada três pessoas vive em grande vulnerabilidade em consequência dessas mudanças”. Diante dessa realidade, denuncia que “para eles, a mudança climática não é uma ameaça distante”. Por isso, “ignorar essas pessoas é negar nossa humanidade compartilhada”. Em suas palavras, reconhece que “ainda há tempo para manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5 °C, mas a janela está se fechando. Como custódios da criação de Deus, somos chamados a agir com rapidez, fé e profecia para proteger o dom que Ele nos confiou”. Não falha o Acordo de Paris, mas nossa resposta Em palavras do pontífice, “o Acordo de Paris tem impulsionado um progresso real e continua sendo nossa ferramenta mais poderosa para proteger as pessoas e o planeta. Mas devemos ser honestos: não é o Acordo que está falhando, senão nossa resposta. O que está falhando é a vontade política de alguns. A verdadeira liderança implica serviço e apoio em uma escala que possa fazer a diferença. Ações climáticas mais contundentes criarão sistemas económicos mais sólidos e justos. Medidas políticas e climáticas firmes constroem uma inversão em um mundo mais justo e estável”. Ao mesmo tempo, reconhece Leão XIV que “junto com cientistas, lideranças e pastores de todas as nações e credos. Somos guardiões da criação, não rivais por seus bens. Enviemos juntos uma mensagem global clara: nações que permanecem unidas na firme solidariedade com o Acordo de Paris e a cooperação climática.” Finalmente, antes de pedir que “Deus lhes abençoe a todos em seus esforços por seguir cuidando a criação de Deus”, o Papa pede “este Museu Amazônico seja recordado como o espaço onde a humanidade escolheu a cooperação frente à divisão e a negação”. SAUDAÇÃO DO SANTO PADRE LEÃO XIV ÀS IGREJAS PARTICULARES DO SUL GLOBAL REUNIDAS NO MUSEU AMAZÔNICO DE BELÉM –  17 DE NOVEMBRO DE 2025 Saúdo às Igrejas particulares do Sul Global reunidas no Museu Amazônico de Belém, acompanhando a voz profética dos meus irmãos Cardeais na COP 30, dizendo ao mundo com palavras e gestos que a Amazônia continua sendo um sinal vivo da criação com uma urgente necessidade de cuidado. Vocês escolheram a esperança e a ação frente à desesperação, construindo uma comunidade global que trabalha em conjunto. Tem se alcançado avanços, mas não suficientes. A esperança e a determinação devem se renovar, não só com palavras e aspirações, mas também com ações concretas. A criação clama em enchentes, secas, tormentas e um calor implacável. Uma de cada três pessoas vive em grande vulnerabilidade em consequência dessas mudanças. Para elas, a mudança climática não é uma ameaça distante. Ignorar essas pessoas é negar nossa humanidade compartilhada. Ainda há tempo para manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5 °C, mas a janela está se fechando. Como custódios da criação de Deus, somos chamados a agir com rapidez, fé e profecia para proteger o dom que Ele nos confiou. O Acordo de Paris tem impulsionado um progresso real e continua sendo nossa ferramenta mais poderosa para proteger as pessoas e o planeta. Mas devemos ser honestos: não é o Acordo que está falhando, senão nossa resposta. O que está falhando é a vontade política de alguns. A verdadeira liderança implica serviço e apoio em uma escala que possa fazer a diferença. Ações climáticas mais contundentes criarão sistemas económicos mais sólidos e justos. Medidas políticas e climáticas firmes constroem uma inversão em um mundo mais justo e estável. Caminhamos junto com cientistas, lideranças e pastores de todas as nações e credos. Somos guardiões da criação, não rivais por seus bens. Enviemos juntos uma mensagem global clara: nações que permanecem unidas na firme solidariedade com o Acordo de Paris e a cooperação climática. Que este Museu Amazônico seja recordado como o espaço onde a humanidade escolheu a cooperação frente à divisão e a negação. Que Deus lhes abençoe a todos em seus esforços por seguir cuidando a criação de Deus. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

“A vida por um fio”: “A agenda climática atualmente é a agenda da vida”

Ser defensor dos direitos humanos se tornou um risco em diversos lugares do Planeta. Para defender esses defensores existe a campanha “A vida por um fio”, focada nos líderes sociais que trabalham na proteção da Casa Comum na América Latina. Dela faz parte a Igreja Católica, e durante o Jubileu da Esperança tem realizado diversas atividades. Responsabilidade comum Uma delas aconteceu no Pavilhão da Organização de Estados Ibero-americanos (OEI), na Zona Verde da COP30, nesta segunda-feira 17 de novembro, com a presença do presidente de Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (CELAM), cardeal Jaime Spengler, o presidente da Federação de Conferências Episcopais da Asia (FABC), cardeal Felipe Neri Ferrão, o presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), cardeal Barreto, e a representante da Caritas Brasileira, Valquiria Lima. Juntos debateram sobre o tema “A vida por um fio: adaptação, mitigação e transição energética justa, transparência e responsabilidade no Sul Global”. Solidariedade com os líderes ameaçados O cardeal Spengler recordou que a campanha, liderada por diversas instituições, dentre elas o CELAM, o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e a Pontifícia Comissão para a América Latina (PCAL), foi lançada em 10 de dezembro de 2024 na Sala Stampa vaticana, coincidindo com o Dia Internacional dos Direitos Humanos, e tem como lema: “tecendo futuros, protegendo vidas”. O objetivo é “desenvolver diversas ações solidárias com os líderes que estão sendo ameaçados por seu trabalho em defesa dos direitos humanos e da casa comum”, salientou o presidente do CELAM. O arcebispo de Porto Alegre (RS) recordou que entre 2012 e 2024 foram registrados 2.253 assassinatos e desaparecimentos de defensores do meio ambiente e do território em todo o mundo, 146 em 2024, 48 deles na Colômbia. Vidas que em palavras de Spengler, “nos interpelam e nos mobilizam a levantar nossas vozes para que eles e tantas outras comunidades que zelam pela defesa dos direitos socioambientais e dos direitos humanos não continuem sendo vítimas da violência e de uma economia que mata, como costumava dizer o Papa Francisco”. Segundo ele, “a vida do planeta está por um fio, assim como a dessas pessoas, verdadeiros mártires da nossa Casa Comum, que derramaram seu sangue pela defesa de seus territórios e pelo cuidado do planeta”. Garantir informações verdadeiras “A agenda climática atualmente é a agenda da vida”, segundo Valquíria Lima, que fez um chamado a colocar no centro essa agenda. A representante da Caritas insistiu na necessidade de garantir informações verdadeiras, de combater a indústria da mentira, grande inimiga do combate às mudanças climáticas. Uma indústria da mentira ao serviço do lucro, o que demanda, diante do risco da desinformação na sociedade atual, garantir informações na íntegra, que segundo Valquíria Lima “é um ato de coragem”. A mentira, que se tornou instrumento de manipulação, muitas vezes através das redes sociais, leva a desacreditar relatórios dos cientistas, e faz com que a desinformação distorça o debate público. Sair juntos da crise Enfrentar a crise climática é uma responsabilidade comum, segundo o cardeal Pedro Barreto. Em suas palavras, ele ressaltou que “estamos ameaçados como humanidade, o que exige ações urgentes e consensuais em favor da vida e do cuidado da casa comum”. O cardeal peruano lembrou que os mais vulneráveis, entre eles os povos da Amazônia, são os que menos influenciam a mudança climática, porém os mais afetados. Dessa crise climática só é possível sair juntos, porque somos membros de uma mesma família humana, como dizia Papa Francisco. Algo que exige agir agora, como o presidente Lula insistiu no início desta COP, ainda mais pelo fato de realizá-la na Amazônia. Para isso, Barreto destacou que a Igreja, de maneira desinteressada e firme, quer colaborar nessa tarefa, dada a fé no Deus Criador. Um caminho no qual é necessário unir a ciência com a fé, neste tempo oportuno, neste Kairos, que chama a trabalhar juntos. O Trabalho da Igreja na Ásia “Na Ásia, estamos vivenciando com grande intensidade os efeitos desastrosos da crise climática”, declarou o Cardeal Ferrão. Diante dessa realidade, “em março passado, por ocasião do décimo aniversário da Laudato Si’, a Federação das Conferências Episcopais da Ásia publicou uma carta pastoral dirigida a todas as Igrejas da Ásia sobre o cuidado da nossa casa comum, um apelo à conversão ecológica”. Um texto que, segundo o Cardeal, “destaca a devastação que a crise climática está causando em todo o continente asiático. Ao mesmo tempo, descrevemos os diversos sinais de esperança que estão surgindo na Ásia como resposta das nossas comunidades às consequências desastrosas da crise climática, e lançamos um apelo à ação para que todas as pessoas, comunidades, governos e líderes religiosos respondam à crise climática”. Importância da Educação Ambiental Uma necessidade é a educação ambiental, com um investimento de qualidade para garantir seu papel fundamental. Essa educação vai reforçar esse caminho, dado que vai providenciar informação íntegra e verdadeira, evitando que o debate entorno do clima se degrade. Uma educação que vai ajudar no progresso social, no avanço da democracia, combatendo tudo aquilo que cria confusão na mente do povo. Junto com isso, a importância da família como escola de educação integral, que favoreça a integralidade da pessoa humana e da criação de Deus.

Justiça Climática no Sul Global: “horizonte na busca de uma convivência harmônica”

A justiça climática é uma preocupação para a Igreja católica. Refletir sobre essa temática foi o objetivo do painel realizado no início da segunda semana da COP30, que está acontecendo em Belém (PA), de 10 a 21 de novembro de 2025. Diálogo entre atores sociais e eclesiais No Pavilhão do Banco de Desenvolvimento para Latinoamérica e o Caribe (CAF), na Zona Azul da COP três cardeais debateram sobre o tema “Construir a justiça climática no Sul Global”. O arcebispo de Goa e presidente da Federação das Conferências Episcopais da Ásia, cardeal Felipe Neri Ferrão, o arcebispo de Manaus e presidente do Conselho Indigenista Missionário do Brasil (CIMI), cardeal Leonardo Ulrich Steiner, e o presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), cardeal Pedro Barreto. Junto com eles, a secretária da Pontifícia Comissão para América Latina (PCAL), Emilce Cuda, o vice-presidente da CAF, Cristian Asinelli, e o vice-presidente da Rede de Universidades para o Cuidado da Casa Comum (RUC), Carlos Greco. Um diálogo entre diversos atores, uma das propostas que tem impulsionado Papa Francisco e Papa Leão XIV, que quer ajudar a avençar na construção da justiça em diversos âmbitos, também na realidade climática. Uma dinâmica que as universidades que fazem parte da RUC têm assumido, segundo seu vice-presidente, ajudando a sensibilizar os jovens através da formação acadêmica, sobre a necessidade da consciência ambiental e o cuidado da Casa Comum. Apoiar o desenvolvimento A CAF reconhece o papel tradicional da Igreja Católica em questões ambientais, que se intensificou com o impulso do Papa Francisco, especialmente com a Laudato Si’. Asanelli destaca sua voz potente e seu chamado para reconhecer que “estamos vivendo uma dupla crise ambiental e social porque os efeitos do ambiente também estão ligados às questões sociais”. Essas crises sociais e ambientais são causas de migrações, algo que preocupa a CAF, que chama a “resolver entre todos e todas”, recordando as palavras de Emilce na introdução do painel.  Asanelli insistiu na importância da presença da Igreja Católica na COP30. O vice-presidente da CAF lembrou que o presidente Lula destacou na Assembleia das Nações Unidas, em setembro, o trabalho do Papa Francisco em favor da ecologia integral e do cuidado da Casa Comum. Igualmente, enalteceu o trabalho pela paz de Francisco e de Leão XIV, mostrando que a América Latina é uma região de paz, onde os problemas se resolvem de forma diplomática. Uma paz que é condição necessária para a justiça climática, o desenvolvimento social e a própria vida. COP30: a esperança posta em ação Para o cardeal Barreto, a COP30 “é a esperança posta em ação!”. O presidente da CEAMA lembrou da importância da Cúpula do Rio 1992, que iniciou a busca por consenso climático por parte da ONU, com avanços que tem sido tímidos e com respostas globais ineficazes, como registra Laudate Deum. Para o cardeal peruano, “chegou o momento de sairmos juntos desta crise socioambiental, pois somos parte de uma única família humana”, como diz Fratelli tutti. Por isso, insiste que a COP30 “é decisiva e urgente”, ainda mais se levarmos em consideração os dados científicos e a grande desigualdade entre os países do Norte e do Sul Global, onde os pobres, que nunca são ouvidos, “enfrentam condições de vida que atentam contra sua dignidade inalienável”. A isso se soma que a pressão financeira sobre as economias mais pobres se intensifica. Entre os sinais de esperança, citou algumas iniciativas de conservação no Peru. Isso evidencia a necessidade de soluções que promovam equidade e bem-estar para todos, especialmente para as comunidades mais vulneráveis. Uma realidade que levou Barreto a dizer: “Esta é a hora da justiça socioambiental!”, citando as palavras do Papa Leão XIII: “no rosto ferido dos pobres encontramos impresso o sofrimento dos inocentes e, portanto, o mesmo sofrimento de Cristo”. Corrigir erros históricos A Ásia é um dos continentes que “se encontra na linha de frente ao sofrer os efeitos desastrosos da crise climática”, em palavras do cardeal Ferrão. Para o purpurado, “a justiça climática no sul global consiste fundamentalmente em corrigir um erro histórico profundamente enraizado”. Isso coloca um desafio, “restaurar nossa relação com nossa casa comum com vistas a proteger as gerações futuras”. A justiça climática exige uma abordagem holística, afirmó. Algo que, em palavras do cardeal Ferrão, demanda cinco mudanças não negociáveis: a distribuição equitativa dos encargos e benefícios da ação climática, em particular o apoio financeiro; financiar as comunidades afetadas pelas mudanças climáticas; reconhecer as vulnerabilidades específicas, o contexto histórico e os conhecimentos ecológicos tradicionais das comunidades do Sul; apoio proativo à resiliência climática e à aplicação da justiça; reconhecer a liderança das mulheres, setor mais vulnerável e protagonistas da construção de uma resposta eficaz de resiliência. Diferença entre direito e justiça Por sua vez, o cardeal Steiner, a partir de sua experiência na Amazônia, abordou três questões. A primeira, a diferença entre direito e justiça, dado que “quase sempre discutimos direitos. Não conseguimos abordar a questão da justiça”. Nesse sentido, destacou que “a justiça é um horizonte onde nos movimentamos”, considerando a justiça ecológica como “o horizonte que nós queremos nos movimentar na busca de uma casa comum, de uma convivência harmônica”. Ele denunciou que “nós temos povos inteiros que são colocados de lado e são ignorados pela sociedade em termos de uma justiça ecológica”, mesmo sabendo que ‘eles vivem a justiça ecológica, sabem conviver, mas são ignorados quando nós discutimos a questão ecológica”. O segundo ponto que o cardeal destacou foi a questão da dívida ecológica dos países do Norte Global, “que não querem ouvir falar de justiça ecológica”, e fazem de tudo para que não seja aprovado aquilo que possa nos ajudar na superação das mudanças. Uma questão abordada por Papa Francisco, que levou o cardeal a insistir na necessidade do debate sobre uma justiça ecológica. Finalmente, estabelecer uma nova relação com as criaturas, seguindo uma compreensão medieval, “onde todas as criaturas são sinais de um mesmo amor. São dimensões diferentes ou manifestações diferentes de um mesmo amor”. Um pensamento esquecido que tem provocado graves consequências na Amazônia,…
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