Cardeal Steiner: “Nesta noite somos envolvidos por um Deus menino”
“Somos então, queridos irmãos e irmãs, nesta noite envolvidos por um Deus menino, um Deus criança, um Deus humanado, audível, visível, Deus pobreza, Deus leveza, Deus candura, Deus infância”, afirmou o Cardeal Leonardo Ulrich Steiner, Arcebispo de Metropolitano de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, na noite de 24 de dezembro de 2025, durante a Missa do Natal do Senhor, na Catedral Metropolitana de Manaus, às 18h. A celebração foi concelebrada por Dom Derek Byrne, bispo emérito da Diocese de Primavera do Leste. Um recém-nascido é o sinal O cardeal iniciou sua homilia recordando que no quarto domingo do Advento o profeta Isaías indicava pedir ao Senhor que fizesse “ver um sinal que provenha da profundeza da terra, que venha das alturas do céu”. Em seguida, destacou que o Evangelho da noite do dia 24 responde ao sinal pedido, através do anúncio do anjo: “Isto vos servirá de sinal. Encontrareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura”. Ele explicou que o sinal “que é esperado pelas gerações, o rogado pelas descendências de Abraão, Isaac e Jacó” é um recém-nascido. “Finalmente o implorado por séculos nasceu. E eis que chegou Emmanuel, o Deus conosco. Nasceu para nós o Salvador, o Cristo, o Senhor. Numa das homilias de Natal, Santo Agostinho pergunta: ‘a que Deus adorais? Um Deus que nasceu?’ Sim, adoramos o Deus nascido na nossa carne, na nossa fragilidade humana. Sim, queridos irmãos e irmãs, adoramos um Deus que nasceu, que veio à luz. Nos enche de admiração e gratidão o anúncio do anjo”, enfatizou o arcebispo. O anúncio da grande alegria para todos os povos é o nascimento de um Salvador na cidade de Davi. Esse nascimento foge a lógica esperada pois, segundo o cardeal, o “sinal que nos foi oferecido e foi oferecido aos pastores é um sinal pequeno, delicado, frágil, apenas um recém-nascido” e não um “sinal da grandeza, do poder, da majestade, do triunfo, das imposições”. Por isso, “o sinal de Belém é apenas um menino, um recém-nascido, frágil, necessitado, pobre, envolvido em panos, deitado no comedouro de animais” é quase decepcionante. “Como pode o libertador, o salvador, o Deus conosco estar nesses sinais da desventura, do desalojamento, na periferia, na fragilidade, na quase desumanidade? Não era o esperado salvador, o forte, o guerreiro, o lutador? E eis que o anjo anuncia um necessitado de cuidados: ser amamentado, ser carregado, ser velado, nascido fora da cidade”, refletiu o arcebispo. Seu amor concreto toca a fraqueza humana Em sua reflexão o arcebispo conduziu os presentes pelo texto bíblico onde os pastores são tomados pelo medo, mas mesmo com temor creram nos sinais anunciados. E ao crerem foram em busca e encontraram o sinal: o recém-nascido. Ele sublinhou que encontrar “Deus na pequenez, Deus na nossa humanidade e fragilidade” revela a concretude do amor de Deus que toca a nossa humanidade, isto é, o “Deus deu-se a si mesmo”, o “recém-nascido Salvador, que é Jesus, o nascido em Belém”. “Ouvimos o profeta dizer, um filho nos foi dado. Deus se tornou filho nosso. na pobre manjedoura de um lúgubre estábulo, precisamente ali, Deus, porque veio ele à luz durante a noite, sem um alojamento digno na pobreza, enjeitado quando merecia nascer como maior rei, no meio do linho e dos palácios? Por quê? Para nos fazer compreender até onde chega o seu amor por nós”, explicou o presidente. Essa perspectiva do encontro do “Filho de Deus que nasceu descartado” com as nossas vulnerabilidades implica que “todo descartado, descartada é filha, é filho de Deus”. E dessa maneira, reconhecer a filiação de Deus para todos permite acolher “com ternura nossas próprias fraquezas”, disse o cardeal. E assim, compreender que “como em Belém, também conosco, Deus gosta de fazer grandes coisas através das nossas pobrezas e fraquezas, a santidade”. “Colocou toda a nossa salvação na manjedoura de um estábulo, sem temer as nossas pobrezas. Deixemos que a sua misericórdia transforme a nossa vida, dizia Papa Francisco numa de suas homilias da vigília do Natal”, explicou Steiner. Anunciado aos últimos O arcebispo prosseguiu dizendo que o Deus nascido torna-se “visível, palpável, audível” aos pastores “que viviam na distância, distanciados, viviam sem casa, sem teto”. E estes foram os primeiros a receber o anúncio e encontrar o menino Deus. Suas condições de vida os impediam de cumprir com prescrições religiosas, tornando-os impuros. No entanto, é a eles que “Deus pequeno” é anunciado”, explicou o cardeal. “Então não temamos o nosso Deus. Quanta alegria não devem ter experimentado esses homens e essas mulheres ao verem Deus tão próximo, tão pequeno, para ser acolhido. O anúncio dos anjos nesta noite, queridos irmãos e irmãs, nos consola e fortalece. Não tenhais medo. Sim, eu vos anuncio uma grande alegria para todo o povo nasceu o Salvador, mas a glória, glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens que ele ama. Todos nós em Jesus fomos amados, amadas”, enfatizou Steiner. Ele explica que, como os pastores naquela noite, “nós glorificamos a Deus por ter se feito um de nós, indicar o caminho da nossa finitude, o caminho da salvação”. E nesse horizonte somos convidados a não “termos medo das nossas fraquezas, da nossa finitude, das nossas limitações”. Isto porque a comunicação que o “Deus pequeno, Deus criança” traz é de que Ele está conosco e nasceu para nós. Não temer nossas fraquezas “Por que termos medo do menino que está sendo velado por animais? Por que ter medo se apenas uma criança envolta em panos deitado numa manjedoura é sinal da paz, da fraternidade? Por que medo se apenas um recém-nascido é cuidado por um pai e uma mãe na desventura do desalojamento? Talvez medo porque que Deus pudesse ser visto pego pelos braços no colo de Maria José? Quando antes na história poderíamos pensar que Deus haveria de ter o nosso corpo, assumir a nossa fraqueza?”, questionou o presidente. As respostas para essas perguntas são assimiladas ao contemplar…
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