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Cardeal Steiner: “Uma conversão não é aparência, mas transforma, revigora, matura a nosso existir”

Cardeal Steiner: “Uma conversão não é aparência, mas transforma, revigora, matura a nosso existir”


No
início da quaresma, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, disse
em sua homilia na Antífona da missa das Cinzas somos lembrados: “Ó Deus, vós
tendes compaixão de todos e não rejeitais nada que criastes”. Na invocação da
benção das cinzas rezaremos: Ó Deus, que não quereis a morte do pecador, mas a
sua conversão
, escutai com bondade as nossas preces e dignai-vos abençoar estas
cinzas que vamos colocar sobre as nossas cabeças… consigamos, pela
observância da Quaresma, obter o perdão dos pecados e viver uma vida nova, à
semelhança do vosso Filho ressuscitado” (Benção das cinzas).

Segundo
ele, estamos diante de “um caminho que a Igreja nos propõe da confiança, e por
isso, da conversão: sermos transformados pela cruz e ressurreição de Jesus”,
ressaltando que “Papa Francisco na sua Mensagem para a quaresma, chama o
caminho da esperança.” O arcebispo de Manaus recordou que “como seguidores e
seguidoras de Jesus percorrermos juntos os passos da conversão
, alimentados e
fortificados pela vida nova que nos é oferecido por Jesus Crucificado e
ressuscitado. Juntos, como comunidade como família percorrermos as sendas da conversão,
da mudança de vida, atraídos pela esperança que nos atrai e não decepciona.”

É
tempo de voltarmos para Deus
como nos ensinava a primeira leitura: ‘Voltai para
mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos. Voltai para o
Senhor, vosso Deus; ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de
misericórdia inclinado a perdoar o castigo’ (cf. Joel 2,12-13). Percebermos a
bondade, a compassividade e a misericórdia de Deus. Converter-nos, tocados pela
compaixão e a misericórdia de Deus. Como que encantados pelo cuidado compassivo
e a dedicação misericordiosa de Deus, nos voltarmos para ele de todo o coração.
Conversão: nos voltarmos para o Deus de nossos pais”, afirmou o cardeal Steiner.

Na
segunda leitura, ele destacou que “nos lembrava que podemos experimentar o
momento favorável, o dia da salvação (cf. 2Cor 6,2). O caminho quaresmal como
possibilidade de sermos sempre tomados pela salvação
; nos sentirmos salvos e
libertos, porque sempre mais seguidores, seguidoras de Jesus que deu sua vida
por nós.”

“Uma
conversão que toque a profundeza de nossa alma, transforme nosso coração, abra o
horizonte da presença de Deus. Uma conversão não é
aparência, mas transforma, revigora, matura a nosso existir
. Os exercícios
quaresmais da esmola, da oração e do jejum que nos são indicados podem, segundo
o Evangelho, permanecer na aparência, sem despertar para uma vida nova, uma
profundidade da fé, da experiência do Evangelho”, enfatizou. Ele lembrou que “na
proclamação, por três vezes escutávamos: ‘O teu Pai, que vê o que está
escondido, te dará a recompensa’. Ao dar a esmola, ao jejuar, ao rezar, Jesus
pede que o façamos na simplicidade, sem ostentação, de coração sincero e puro.
Talvez, esteja a indicar a transparência do jejuar, do rezar e dar a esmola,
isto é, sem interesses, na gratuidade. Jesus a nos dizer que a esmola, o jejum,
a oração, não são trocas, nem mesmo para sermos melhores, apenas disposição e
disponibilidade para a ação de Deus. “O teu Pai, que vê o que está escondido,
te dará a recompensa”. Tudo na singeleza de quem se dispõe à graça da Cruz e
ressurreição. Sim, queridos irmãos e irmãs, tudo na gratuidade, na admiração de
quem se coloca a caminho para ser atingido pela ação amorosa redentora de
Jesus.”

O
arcebispo de Manaus recordou que “hoje cedo abrimos a Campanha da Fraternidade
com uma caminhada. Ao celebrarmos 10 anos da Encíclica Laudato Sì e os
800 anos do Cântico das Criaturas, a Igreja no Brasil retoma como realidade a
ser meditada e rezada no tempo da quaresma a Ecologia. ‘Fraternidade e Ecologia
Integral’, guiados pelo texto do Gênesis: ‘Deus viu que tudo era muito bom’.” Nessa
perspectiva, ele sublinhou que “Papa Francisco de modo insistente chama a
atenção de toda a humanidade para a urgência de uma necessária mudança de
atitude em nossas relações com o meio ambiente, recordando que a atual ‘crise
ecológica é um apelo a uma profunda conversão interior’ (cf.
Laudato
,
217).
Conversão interior que é também uma
conversão ecológica
, para sermos sempre mais fiéis ao Evangelho”, citando as
palavras de Papa Francisco na mensagem para a Campanha da Fraternidade de
22025:  “Que todos nós possamos, com o
especial auxílio da graça de Deus neste tempo jubilar, mudar nossas convicções
e práticas para deixar que a natureza descanse das nossas explorações
gananciosas”, e afirmando que “somos convocados ao cuidado da Casa Comum.”

O
cardeal Steiner refletiu sobre as práticas quaresmais, recordando que “na
abertura da quaresma o Evangelho nos indicava o
jejum, a esmola e a oração o
jejum, para uma verdadeira conversão.
No caminho quaresmal ajudados pela
Ecologia Integral, somos convidados ao jejum para superar a lógica do
consumismo sem ética, sem sentido social e ambiental
. Esse modo de esvaziamento
para deixar evidente o significado de cada criatura e por isso, da ecologia
integral.”

O arcebispo destacou “o exercício da esmola, como partilha, como
crescimento da vida em fraternidade
. Nos pertencemos! No pertencimento o
cuidado com todos os seres. Esmola que é cuidado para com o outro, mas também
com as outras criaturas, com o mundo que nos rodeia. Darmos o cuidado e o
cultivo para que a nossa mãe terra não seja destruída, e acabemos destruindo a
Casa Comum. A esmola do cuidado, possa suscitar a fraternidade com a criação
inteira para vivermos de maneira harmoniosa, integral.”

Ele refletiu sobre “a oração: contemplação! Contemplar as criaturas,
reconhecendo os laços com que o Pai nos uniu a todos os seres
. Deixar brotar um
Cântico onde ressoe a fraternidade: irmão sol, irmã luz, irmãs água, terra mãe!
Como lembra a Carta aos romanos: oferecer a Deus um sacrifício vivo, santo e
agradável (12,1).”

Voltando
em sua reflexão aos exercícios quaresmais, o cardeal Steiner disse que “talvez,
nos exercícios quaresmais do jejum, da esmola e da oração, como caminho de
conversão, possa brotar a gratidão e gratuidade. Gratidão e gratuidade que
nascem do reconhecimento de que Deus criou o mundo
,
inscrevendo nele uma ordem e um dinamismo que o ser humano não tem o direito de
ignorar. Gratidão porque cada uma das
criaturas reflete algo de Deus e tem uma mensagem para transmitir. Com sua
morte e ressurreição Jesus Cristo assumiu em si mesmo este mundo material.
Ressuscitado, habita no íntimo de cada ser, envolvendo-o com o seu carinho e
penetrando-o com a sua luz (cf. LS, 221). A gratidão e a gratuidade, levam à
conversão interior, à conversão ecológica.”

Na
Mensagem para o tempo da Quaresma de Papa Francisco, o arcebispo ressaltou que “nos
indicou o a comunidade, o Reino de Deus como lugar da conversão
. Nesta
Quaresma, escreveu, Deus nos pede que verifiquemos se nas nossas vidas e
famílias, nos locais onde trabalhamos, nas comunidades paroquiais ou
religiosas, somos capazes de caminhar com os outros, de ouvir, de vencer a
tentação de nos entrincheirarmos na nossa autorreferencialidade e de olharmos
apenas para as nossas próprias necessidades. Perguntemo-nos diante do Senhor se
somos capazes de trabalhar juntos ao serviço do Reino de Deus, como bispos,
sacerdotes, pessoas consagradas e leigos; se, com gestos concretos, temos uma
atitude acolhedora em relação àqueles que se aproximam de nós e a quantos se
encontram distantes; se fazemos com que as pessoas se sintam parte da
comunidade ou se as mantemos à margem.”

A quaresma nos oferece a graça de aprofundarmos a
nossa fé em Jesus Cristo Crucificado-ressuscitado
, que se fez plenitude do
Reino de Deus em nossa humanidade. É tempo de graça, benção, transformação, de
mudança de vida. É caminho que nos concede o dom de darmos a razão da fé e da
esperança (cf. 1Pd 3,15). As razões da fé e da esperança que, no tempo da
quaresma deste ano, passam pela conversão à ecologia integral”, enfatizou o
arcebispo de Manaus.

Finalmente,
o arcebispo citou as palavras de Papa Francisco para a Campanha da Fraternidade
de 2025: “desejo que esse itinerário quaresmal dê muitos frutos e nos encha a
todos de Esperança, da qual somos peregrinos neste Jubileu. Faço votos que a
Campanha da Fraternidade seja novamente um poderoso auxílio para as pessoas e
comunidades desse amado País no seu processo de conversão ao Evangelho de Nosso
Senhor Jesus Cristo e de compromisso concreto com a Ecologia Integral.
Confiando estes votos aos cuidados de Nossa Senhora Aparecida, concedo de bom
grado a Bênção Apostólica a todos os filhos e filhas da querida nação
brasileira, de modo especial àqueles que se empenham no cuidado com a Casa
Comum, pedindo que continuem a rezar por mim.”



Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte 1


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