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Cardeal Steiner: “Na mesa com Jesus há lugar para todos”

Cardeal Steiner: “Na mesa com Jesus há lugar para todos”

Lembrando que “o nome Mateus significa dom
de Deus, presente de Deus, dádiva de Deus”, iniciou o cardeal Leonardo Steiner
sua homilia do 10º Domingo do Tempo Comum. O arcebispo de Manaus disse que “
Mateus sabia de seu
pecado, da sua traição, do seu desalinho em relação à Lei e seu povo.
O dom de Deus narrando o seu encontro
com Jesus, como foi atingido pelo mestre, como foi chamado e veio a participar
da pregação do Reino
”.

Antes do chamado de Mateus, “Jesus
acabara de curar um paralítico, dizendo: os teus pecados estão perdoados,
levanta-te toma a tua maca e volta para casa (Mt 9,1-8)”, mostrou Dom Leonardo.
“Ele cura, redime, transforma e devolve à casa o homem que jazia em uma maca. E
ao chamar Mateus entra na sua casa:
‘Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e
disse-lhe: Segue-me!’ Continua a curar a levar a salvação, apresenta a
misericórdia, se faz misericórdia. Entra na casa de Mateus e faz refeição com
ele. E na casa de Mateus busca curar e sanar a todos os necessitados de saúde,
de salvação
”, afirmou o cardeal.

Se perguntando “Quem era
Mateus?”, Dom Leonardo disse que
“ele desempenhava a função de cobrador de impostos. Era
um dos que cobrava impostos aos israelitas, para entregar aos romanos: um
traidor da pátria. Cobradores de impostos, os publicanos eram homens,
desprezados, odiados; considerados pecadores, impuros. Os publicanos,
transgressores, eram pessoas indesejáveis de quem se deveria guardar distância,
deveriam ser excluídos, pois não viviam segundo a Lei.
Os publicanos eram
pessoas desclassificadas, excluídas da vida social e religiosa, catalogadas
como pecadoras, e sem possibilidade de salvação”.

O cardeal lembrou as palavras de São Lucas “ao narrar a subida do fariseu e do publicano ao templo: ‘Não
sou como os outros, ladrões, desonestos, adúlteros e nem como esse publicano’. E
Jesus ao olhar para Mateus viu nele um anunciador, testemunhador, propagador do
Reino de Deus. O chamou e Mateus não se desviou do
chamado, mas logo seguiu:
Ele se levantou e seguiu a Jesus’”.

O arcebispo de Manaus
considera “admirável que o pecador, o transgressor, se levante imediatamente e
siga a Jesus
. Admirável que deixe a banca, o lugar do ganha pão, do lucro
seguro
, sem objeções nem pedidos de esclarecimento, deixa tudo e aceita ser
discípulo, numa adesão plena, total e radical a Jesus e ao anúncio do Reino. Um
verdadeiro discípulo que na sua cotidianidade se encontra com Jesus, escuta o
seu convite e segue: ‘levantou-se e o seguiu’”.

“Ao se levantar, tem
estradas a percorrer, caminhos a experimentar, itinerários por fazer, veredas
por ensinar. Desalojado de sua banca é tomado pela alegria do seguimento, pela
graça da salvação
. Na emoção do chamado convida o Mestre para sentar-se à mesa em
sua casa, para refeição. Não mais impostos, enganos, servir os estrangeiros,
mas convívio, fraternidade, partilha, vida nova”, afirmou o cardeal.

Dom Leonardo recordou que “o sentar-se à mesa, o banquete, era na tradição
judaica, o lugar do encontro, da fraternidade, dos laços de família, de
comunhão. Sentar-se à mesa com alguém significava estabelecer laços profundos,
íntimos, familiares, com essa pessoa
. Jesus nos ensina em outras passagens que
o banquete é o símbolo do Reino de fraternidade, de comunhão, de amor sem
limites, que Ele veio anunciar a todos”.

Citando o texto do Evangelho de Mateus: “Enquanto
Jesus estava à mesa em casa de Mateus, vieram muitos cobradores de impostos e
pecadores e sentam-se à mesa com Jesus e seus discípulos.”, o cardeal disse que
“os publicanos e os
pecadores, os
transgressores, vieram participar do banquete, da mesa, da mesa do
amor; do amor sem limites.
Jesus à mesa do publicano sem encontra entre os pecadores, entre outros
publicanos.
Soava mal sentar-se entre
pecadores, cobradores de impostos.
Um verdadeiro escândalo! Mas, o Mestre sente-se bem entre eles, conversa,
dialoga, ensina. Foi para isso que vim: salvar os pecadores, dar saúde aos
doentes, oferecer misericórdia. Vim sanar, recuperar, devolver a saúde,
reintegrar, para que vivam eticamente, sejam misericordiosos, anunciadores do
novo Reino. Levem uma vida justa e honesta, nada mais de negócios escusos,
corrupção, de vida a serviço do dinheiro”.

Segundo o arcebispo de Manaus, “Jesus na casa de
Mateus a nos mostrar que ninguém excluído. Na mesa com
Jesus há lugar para todos
. Ele busca a todos para participar do banquete da
misericórdia, da vida. Ele vai em busca, pois ‘
Aqueles
que tem saúde não precisam de médico, mas sim os doentes’.
Deus não se afasta de nós quando pecamos, quando
agimos mal, pelo contrário se aproxima para que tenham a vida, vivamos com
dignidade”.

Dom Leonardo recordou as palavras do profeta Oseias
na primeira leitura: “Quero a misericórdia, o amor, e não os sacrifícios,
conhecimento de Deus, mais que que holocaustos”, e que “o Evangelho nos
admoestava:
Quero misericórdia e não sacrifício’”. Ele
insistiu em que “
Jesus viu, olhou, repousou
seu olhar sobre Mateus e ofereceu-lhe misericórdia. O olhar de Jesus o desperta
e ele se vê, se sabe pecador: sabia que não era amado por ninguém, e até era
desprezado. Precisamente aquela consciência de ser pecador abriu a porta à
misericórdia: deixou tudo e seguiu”, inspirado nas palavras do Papa Francisco.

Seguindo com o ensinamento pontifício, disse que “todos
os pecadores que encontraram Jesus tiveram a coragem seguir, mas se não se
sentissem pecadores não o podiam seguir
. A primeira condição para ser salvo é
sentir-se em perigo, é perceber-se pecador; a primeira condição para ser curado
é sentir-se doente. E ao sentir-se pecador é a condição para receber olhar de
misericórdia. O olhar de Jesus que nos busca, deseja, afável, belo, bom,
misericordioso, amorável. É o olhar do amor, o olhar da misericórdia, o olhar
que nos salva e nos oferece a confiança da salvação, da reconciliação, do novo
Reino”.

Dom Leonardo fez ver que “aos que se sentem agredidos com a presença
de Jesus entre os publicanos, ele adverte:
eu não
vim para chamar os justos, mas os pecadores
. E
poderíamos pensar que se refere aos publicanos. Mas talvez, esteja se refendo
aos fariseus que se consideravam justos e puros. Todos necessitam de médico
. Uma ideia presente no ensinamento de Santo Ambrósio comentando a vocação de
Mateus quando diz
: “Encontrei um médico que habita no céu,
mas distribui seus medicamentos na terra. Minhas feridas só ele pode curar,
pois não as tem em si. Do meu coração pode tirar a dor; da alma, o pavor,
porque as coisas mais ocultas conheces”.



Segundo o arcebispo de Manaus, “Jesus está entre
aqueles que são considerados traidores, transgressores, mas também entre os
fariseus
. Os fariseus não se consideram necessitados, pecadores, mas eram
julgadores das fraquezas dos outros. As palavras de Jesus são dirigidas também
a eles, pois também necessitam do remédio, da cura espiritual, da liberdade de
espírito”.

“E no chamado de Mateus nos vemos: também nós temos transgressões,
agressões; uma vida que não condiz com a grandeza e a beleza do Evangelho. Especialmente
quando julgamos o modo de vida dos outros, quando excluímos as pessoas
necessitadas que nos buscam, às vezes até nos incomodam”, insistiu o cardeal. Ele
disse que “deixamos de nos examinar segundo o ensinar de Jesus e nos colocamos
acima dos pecadores e publicanos do nosso tempo
.
Talvez,
se examinarmos de modo decente a nossa vida, veremos como somos também nós
carentes de saúde espiritual, necessitados de misericórdia, distantes do Reino
de Deus, da santidade. Sim, irmãos e irmãs, somos necessitados de misericórdia,
de compaixão”.

Dom Leonardo fez um convite a que “como Mateus,
sigamos a Jesus com nossas fraquezas e pecados, e saibamos acolher a fraqueza e
a miséria dos irmãos
. Deus também busca os
irmãos e as irmãs que transpiram álcool, cheiram à droga, à urina. Não exclui,
mesmo que tenhamos a percepção de que vivem alheios à realidade, pois ‘
Aqueles que tem saúde não precisam de médico, mas
sim os doentes. (…) Quero misericórdia e não sacrifício. De fato, eu não vim
para chamar os justos, mas os pecadores.’”

Citando as palavras de São João Crisóstomo, que nos chama a admirar a obediência de quem é chamado, Dom Leonardo pediu nos deixar “atingir pelo olhar amoroso de Jesus, a misericórdia. O olhar que
convenceu a Mateus há de nos atrair. Senhor ajuda-nos a levantar da banca dos
negócios de nós mesmos e da banca de negócios da vida. Possamos segui-te pelo
caminho da misericórdia, do consolo, da justiça, do serviço aos necessitados, da
saúde salvífica”.

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação Regional Norte1

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