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Padre Zenildo Lima: “Recuperar elementos da sinodalidade que não somente considerem o caminhar, mas também o Caminho”

Padre Zenildo Lima: “Recuperar elementos da sinodalidade que não somente considerem o caminhar, mas também o Caminho”

A Igreja de Manaus está acostumada com “uma caminhada de
comunhão,
e por
conseguinte, expressão de sinodalidade
”, segundo o Padre Zenildo Lima,
lembrando uma história marcada pelas Assembleias Arquidiocesanas de Pastoral,
realizadas há quase 40 anos.

Assembleias
determinadas pela “elaboração de um Plano de Evangelização com indicação de
atividades pastorais bem específicas”, um elemento que faz com que “tem nos
custado engrenar numa perspectiva que tem em vista muito mais horizontes,
caminhos, processos
”, insistiu o Reitor do Seminário São José. Nessa
perspectiva, ele ressaltou a necessidade de “recuperar
elementos da sinodalidade que não somente considerem o caminhar, mas também o Caminho”
.

Um
caminho identificado com uma pessoa: “Jesus é o caminho, a verdade e a vida”. Tendo
como fundamento o Caminho de Emaús, o Padre Zenildo retomou o caminho
percorrido pela assembleia sinodal, reinterpretando-o à luz do caminho de Emaús.
Trata-se de descobrir “as dimensões nas quais e às quais nossa presença de
Igreja deve se intensificar, sinalizando o Reino de Deus mediante processos de ousadia
missionária que se constroem em dinâmicas de solidariedade
”.

Discípulos
que desiludidos, decepcionados, eles estão indo na direção errada, fugindo da
comunidade dos apóstolos em Jerusalém. Segundo o Padre Zenildo Lima “Jesus não
bloqueia o caminho deles, nem lhes diz para voltarem atrás. Eles farão isso
livremente quando os tempos estiverem maduros. Em vez disso, ele caminha com
eles”. Um desafio a ir para as periferias, segundo lembra o Papa Francisco,
lembrando que no processo sinodal “nossas comunidades se reconhecem como
comunidades missionárias, muitas delas nasceram de experiências missionárias e
com espírito missionário
”.
 

Um apelo
missionário que desafia a chegar naqueles que se afastaram, “as famílias e
particularmente a juventude despontaram novamente como um apelo missionário
para nossas comunidades”, lembrou o padre. E fazê-lo do jeito de Jesus, que “não
fala antes de escutar
”. Ele vai descobrindo as magoas dos discípulos, magoas
também presentes hoje naqueles que não se sentem entendidos pela Igreja, algo
agravado durante a pandemia.
 

Corresponsabilidade
na missão numa Igreja em estado permanente de missão, numa Igreja em saída, que
no Documento Final do Sínodo para a Amazônia “apresenta-se
como samaritana, misericordiosa e solidária, que serve e acompanha os povos
amazônicos e se constitui um Igreja com rosto destes mesmos povos
”, um chamado
à inculturação.

Uma
escuta que mostrou o quanto as comunidades são fundamentais no alcance
das pessoas, em seu processo de conversão e sustentação da fé
”, ressaltando que
“as comunidades estão no centro da dinâmica evangelizadora e do caminho do
discípulo missionário”. Nessa perspectiva foi ressaltado que “a fragilidade das
comunidades compromete o trabalho da evangelização”.

Daí a
necessidade de desenvolver a “arte de conversar”, de entrar em contato com os
argumentos de quem pensa diferente. Tendo como fundamento a Palavra, pela qual
as comunidades sentem sede. “Ela é sustento das comunidades por meio dos
círculos bíblicos, leitura orante e vida litúrgica; embasa o discurso profético
da Igreja e possibilita o diálogo com as outras Igrejas”, afirmou o Padre
Zenildo. Comunidades que reclamam processos de formação mais consistentes, sustentados
em acompanhamentos diferenciados e inculturados.

 

Um
chamado a refletir sobre “a vida litúrgica da comunidade, com a qualidade das
celebrações e das homilias
, a polarização dos discursos ou ausência de algumas
questões latentes na vida do povo quando se celebra o mistério”. Isso desde a oscilação
na compreensão da espiritualidade presente nas comunidades, desde os diferentes
modos de desenvolver a liderança.

Um processo sinodal que desafia a
Igreja de Manaus a “ousarmos abraçar os sofrimentos das pessoas, os seus
momentos de desespero
”, segundo o Reitor do Seminário São José. Ele insistiu em
que “não saberemos explicar por que sofrem. Nenhuma teoria resolverá o problema
do sofrimento. Mas podemos abraçá-las na história daquele homem cujos
sofrimentos foram necessários para que ele pudesse entrar na sua glória”. Um desafio
a ir aos lugares da miséria, “a nos fazer hóspedes dos que caminham
desesperançados”, para estar com eles.

Diante da presença de ameaças
estruturais, surge o desafio para a Igreja da Amazônia, de ser “profética,
servidora e defensora da vida, assume esta defesa dos mais pobres como um
imperativo
”. Também no campo da ecologia e da promoção de uma vida social,
econômica e política sob o signo da justiça, da solidariedade e da paz.

O Padre Zenildo Lima destacou que “Deus
na Amazônia tem rosto indígena e a Igreja deve ter rosto amazônico
”. Isso o
levou a refletir sobre os povos indígenas, violentados no mundo urbano, sobre a
questão ambiental, destacando que “o cuidado da casa comum deve perpassar todas
as ações da evangelização”.

Uma Assembleia que deve ajudar a perceber
que “a tentação de respostas imediatas é muito grande, comprometendo inclusive
a dinâmica sinodal
”. Daí a necessidade de reflexões mais aprofundadas. Uma
sinodalidade que deve atingir a comunhão de bens, a solidariedade nos recursos humanos,
financeiros e estruturais, chamadas a “uma dinâmica mais ousada de partilha que
assegure esta qualidade de presença eclesial”. Sinodalidade que também deve
atingir a comunicação.

Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

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