A Comissão Pastoral da Terra Regional Amazônia se faz presente no 5º Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra, que está sendo realizado em São Luís do Maranhão de 21 a 25 de julho de 2025. Uma oportunidade para celebrar o Ano Jubilar e ser presença, resistência e profecia junto aos povos da terra, das águas e da floresta.
CPT 50 anos
O tema que conduz o congresso é “CPT 50 anos – Presença, Resistência e Profecia” e o lema “Romper Cercas e Tecer Teias: A Terra a Deus Pertence! (cf. Lv 25)”. Numa grande tenda são realizadas as plenárias, as discussões e as celebrações. E em sete tendas, com nomes inspirados em danças culturais e ancestrais dos povos negros e indígenas, são partilhadas as experiências, com momentos de reflexão sobre as diversas lutas camponesas e a contribuição da CPT como presença solidária junto aos povos para o enfrentamento do latifúndio, da exploração e da expropriação pelo grande capital, que historicamente o Brasil tem uma dívida social.

Um momento destacado tem sido a Caminhada dos Mártires, com uma celebração e a caminhada no Centro Histórico de São Luís. “Uma caminhada muito marcante, muito forte, para fazer memória a todos os povos que foram tombados pela violência desse grande capital, com os povos que defendem a vida, e defendem a terra, e defendem o bem viver”, segundo os participantes.
Nossa voz jamais vai se calar
Um momento de aprendizado, segundo Francisco Batista Arcanjo, do município de Tonantins, na diocese de Alto Solimões. Ele insiste na necessidade de mais agentes para realizar o trabalho da CPT na região, “junto do povo ribeirinho, aquele povo que sofre pelas ameaças do narcotráfico da região que assola os ribeirinhos.” O agente da CPT destaca o conhecimento e sabedoria que está descobrindo no congresso, a riqueza de cada cultura e a luta pelos territórios, pela água, pela floresta, pelas reservas, pela preservação dos lagos. É por isso, que ele enfatiza que “nossa voz jamais vai calar e vamos estar juntos nessa luta”.
Alberto dos Santos de Oliveira mora no assentamento da Reforma Agrária PA Panelão, no município de Careiro Castanho. Ele vê como grande dificuldade os incêndios: “quando ele vem, ele vem desbastando tudo e acabando com as nossas plantações, nossas criações.” Alberto é criador de abelhas e produtor de mel, e já perdeu 10 caixas de abelha por causa do incêndio. “O incêndio acaba a floresta e acaba a florada, e a abelha não tem como se alimentar e morre”, disse o apicultor. Do congresso, ele destaca sua importância, a busca de conhecimento, as trocas de sementes crioulas. Uma riqueza para ele e para sua comunidade.

Ameaças aos ribeirinhos
Adilson da Costa Silva, de Parintins, trabalha com os ribeirinhos do Baixo Amazonas, na regularização fundiária e acordos de pesca. Ele disse que “a importância da participação aqui no Congresso da CPT é que nós trazemos também as nossas experiências e a esperança de que esse trabalho continue e ele possa se ampliar para as outras áreas, inclusive não só na nossa região, mas na calha do Rio Amazonas e Solimões, onde os ribeirinhos moram e estão ali entre os pecuaristas”. Segundo Adilson, “é preciso regularizar esse território para que eles tenham território reconhecido. Os ribeirinhos são povos tradicionais, mas não têm território reconhecido. E é isso que nós buscamos junto à CPT”.
Da comunidade ribeirinha Centenário, no município de Itacoatiara, participa no 5º Congresso da CPT, Anilson Costa de Oliveira. Em suas lutas, ele denuncia as empresas supranacionais que querem expulsá-los de suas comunidades. Ele vê o congresso como espaço de apoio às comunidades que lutam por um pedaço de terra.