A Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), inicia uma nova etapa. Um passo concretizado com a apresentação da nova secretária executiva, Clara Ximena Lombana, e dos novos membros da presidência, Carol Jeri Pezo, a Ir. Ana Maria Palomino, dom Evaristo Spengler e padre Júlio Caldeira. O evento foi realizado em Manaus, sede da secretaria executiva desde 2020, anunciando que a partir de 2026 a sede do Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (CELAM), em Bogotá, sediará a secretaria executiva da rede.
Uma Pan-Amazônia mais fraterna e sinodal
Em suas palavras de acolhida, o presidente da REPAM, dom Rafael Cob, enfatizou que “o sonho que compartilhamos está se realizando”, recordando a fundação da rede em Brasília, em 2014. Ao longo desses anos, a rede foi se consolidando, ressaltou. Esse caminho compartilhado o levou a expressar sua gratidão a todos que colaboraram ao longo do caminho, especialmente aos membros da secretaria executiva nos últimos cinco anos, que compartilharam brevemente suas experiências durante esse período, bem como à REPAM Brasil e à Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), pela trajetória percorrida em conjunto.
Dom Rafael Cob agradeceu à nova secretaria executiva e à nova presidência, que o bispo do Vicariato de Puyo (Equador) continua a liderar. Isso marca uma nova etapa “para continuar construindo o Reino de Deus com os pobres”, buscando criar uma região Pan-Amazônica cada vez mais fraterna e sinodal. Um sentimento de gratidão que foi expressa pela vice-presidente nos últimos anos, Ir. Carmelita Conceição, que acolheu os novos vice-presidentes, lendo a carta de nomeação para os próximos três anos.

União para se fortalecer
Os membros da nova vice-presidência assumem sua missão como um desafio, segundo expressou a Ir. Ana Maria Palomino, religiosa Laurita. Esta nova experiência é vista como uma oportunidade para renovar seu compromisso com a Amazônia, elemento central do carisma de sua congregação, para dar continuidade ao trabalho iniciado e desenvolvê-lo ainda mais. Palomino enfatizou a necessidade de união para se fortalecer e caminhar em estreita colaboração com os povos indígenas para continuar avançando e fortalecendo a Igreja sinodal.
Assumir a vice-presidência da REPAM é uma oportunidade de servir à Igreja junto com os povos amazônicos, caminhar com eles e criar processos em que suas vozes possam ser ouvidas, afirmou Carol Jeri. A integrante da Cáritas Madre de Dios destacou que a REPAM tem realizado um processo de formação com significativa participação leiga, entrelaçando seus compromissos com o território amazônico. Ela lembrou a importância da visita do Papa Francisco a Puerto Maldonado, uma demonstração do compromisso da Igreja com os povos amazônicos.
Um sentimento de gratidão presente em Júlio Caldeira. O missionário da Consolata, partícipe de diversos modos da caminhada da REPAM desde sua fundação, disse assumir a vice-presidência com espírito de serviço, como oportunidade para seguir tecendo juntos um caminho que acompanha a vida dos povos amazônicos. Ele destacou que sua vocação missionária é fruto do chamado a entregar a vida na Amazônia.

Compromisso, cuidado e gratidão
A nova secretária-executiva da REPAM, que assumirá o cargo em 1º de janeiro, resumiu esse novo caminho em três palavras: compromisso, cuidado e gratidão. Um compromisso que começou durante sua participação como aluna na primeira Escola de Direitos Humanos da rede. Esse compromisso, ela renovou, aprofundou e fortaleceu por meio de seu serviço aos povos e comunidades da Amazônia, construindo assim o Reino diariamente em uma região pan-amazônica que representa um tesouro para o mundo.
Em um momento marcado pela escuridão, violência, fundamentalismo e desesperança, sua nova secretária-executiva enfatizou que “hoje, mais do que nunca, o planeta precisa de uma REPAM que seja o sal e a luz do mundo, que ofereça abrigo, que se entrelace com as comunidades a partir de seus clamores, suas causas e seus processos”.
Diante disso, Ximena Lombana vê como sua responsabilidade nutrir a semente plantada e “fazer com que ela produza uma colheita abundante para o processo e para as circunstâncias em que nos encontramos”. Um caminho a percorrer em fraternidade com a Rede Eclesial Mesoamericana (REMAN) e a Rede Eclesial do Aquífero Guarani e Gran Chaco (REGCHAG), unindo forças para fazer a diferença como redes eclesiais de ecologia integral.
Lombana expressou sua gratidão àqueles que estiveram ao seu lado em seu trabalho na Amazônia nos últimos anos e àqueles que lhe confiaram este novo serviço. Diante deste novo desafio, ela enfatizou a importância da “força das organizações eclesiais amazônicas que, unidas, podem fazer a diferença, respondendo de forma mais eficaz ao clamor do povo e da natureza”. Uma união daqueles que “acreditam neste compromisso com uma vida digna, com a justiça e com o bem viver dos povos”.

Caminho comum CEAMA-REPAM
O presidente da CEAMA, Cardeal Pedro Barreto, expressou sua alegria com este novo passo no caminho conjunto entre a REPAM e a CEAMA. “Consolidar o processo da REPAM nos faz lembrar o passado com muita gratidão”, disse o cardeal peruano, citando várias pessoas que participaram dessa essa experiência inédita que fez da Amazônia uma fonte de vida no coração da Igreja. Essa memória agradecida do passado “nos motiva a caminhar mais juntos nessa continuidade”.
Barreto disse que vê a REPAM como “a resposta de Deus às necessidades da Amazônia”. Em sua intervenção, ele destacou a grande responsabilidade com que a REPAM assumiu a preparação do Sínodo para a Amazônia, enfatizando a importância da escuta nesse processo. O cardeal lembrou o último encontro do Papa Francisco com os presidentes da CEAMA e da REPAM, alguns meses antes de sua morte, quando ele pediu que nós “continuássemos caminhando juntos”. Ele também reconheceu que a REPAM o ajudou a entender que existe apenas uma Amazônia. O cardeal, que já foi presidente da REPAM, pediu que se olhasse para o futuro com esperança e que se assumisse um compromisso de serviço por amor a todos os povos da querida Amazônia.



