Ontem a gente
celebrava uma das festas mais marcantes no calendário da Igreja católica: São
José. Entre suas qualidades, podemos destacar a sua capacidade para cuidar de
Jesus, um cuidado que é imagem do cuidado que Deus tem com cada um e cada uma
de nós, seus filhos e filhas. Ele cuida da humanidade desde o primeiro momento,
desde a Criação, confiando ao ser humano o cuidado de todas as criaturas.
Mas esse cuidado
pelos outros é uma atitude que tem se tornado rara em nossa sociedade, e temos
diversos exemplos disso. Em 2025, a Campanha da Fraternidade, que por mais de
60 anos acompanha a caminhada da Igreja católica no Brasil durante o tempo da
quaresma, nos faz um chamado ao cuidado da casa comum, assumindo a necessidade
de entrar no caminho da conversão ecológica.
Percorrendo as
ruas de Manaus, olhando seus rios e igarapés, a gente descobre a olho nu a
falta de cuidado. São muitas as situações em que percebemos o descaso com aquilo
que Deus nos deu, o que provoca sofrimento à natureza, mas também em muitas
pessoas, especialmente naqueles que têm menos condição, vendo atingido seu
bem-estar físico e espiritual.
Esse descaso é
também uma atitude presente no poder público, algo que claramente é reconhecido
em muitas comunidades do interior e muitos bairros das periferias de Manaus e
de muitas outras cidades do Amazonas e do Brasil. A falta daquilo que deveria
ser garantido: saneamento básico, atendimento sanitário, educação de qualidade,
energia elétrica, dentre muitas outras coisas, é uma constante em muitos
locais.
São muitas as
comunidades do interior que sofrem com a falta de energia elétrica, algo
constante, que se prolonga por horas, inclusive durante dias, causando graves
prejuízos para a população, que muitas vezes perde aquilo que tem e se vê
impossibilitada de realizar atividades básicas, o que conduz a uma perdida de
direitos e de qualidade de vida.
Qual a nossa
atitude diante dessa falta de cuidado? Até que ponto essas situações provocam
um questionamento em nossas vidas? Como nos posicionarmos como sociedade para
que o cuidado seja uma atitude mais presente em cada um, cada uma de nós, mas
também no poder público, obrigado a estar a serviço da população?
Mudar de atitude,
se converter para quem acredita em Deus, deve ser uma atitude presente, pois
esse pode ser um caminho para avançar como sociedade e como humanidade. No
final das contas, o cuidado do outro é o que nos define como seres humanos e
marca nossa diferença com os animais. Daí que possamos concluir que quando nos
desumanizamos, quando deixamos de cuidar, nos tornarmos animais irracionais.