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O poder da Palavra

O Tempo do Natal nos desafia a refletir sobre o poder de uma palavra, de uma Palavra que gera vida, nascida de Deus, e das palavras que semeiam morte e destruição. Somos questionados sobre o uso que cada um, cada uma de nós, fazemos das palavras. A pergunta que devemos nos fazer é para que usamos nossa capacidade de falar. O que é que a gente comunica, o que é que a gente transmite para os outros. Reparar naquilo que a gente comunica nos leva a perceber que muitas vezes nossa palavra nasce daquela parte de nós que se empenha em destruir os outros. São tantas as coisas negativas que brotam da nossa boca, que somos chamados a refletir sobre as consequências daquilo que a gente fala. Uma palavra que deveria ser instrumento de conhecimento, de crescimento para o outro, se torna uma bala que mata, que destrói vidas. A palavra deve ser construtora de um mundo melhor para todos e todas, deve ajudar a visibilizar o Reino de Deus no meio de nós. Sua Palavra, Jesus Cristo, é a melhor expressão de sua presença, e aqueles que se dizem seguidores e seguidoras dessa Palavra, discípulos e discípulas de Jesus, são desafiados a comunicar tudo aquilo que Deus quis transmitir no fato de se fazer carne e no modo em que isso aconteceu. Um Palavra, um sussurro de Deus, Ele se tornou presença entre nós em uma criança que se comunicava com sua presença. Um estar no meio de nós que nos desafia a entender o que Ele tem a nos comunicar. O que será que Deus quer me dizer hoje em tantas coisas pequenas, em tantas realidades que aparentemente não são importantes? Como entender o modo de se comunicar conosco e aprender essa linguagem que gera vida? Falar, se comunicar, para bendizer e nunca para maldizer, tirar da nossa vida tudo o que agride os outros, nos afasta deles e polariza nossa vida e nosso relacionamento com os outros, que nunca podem ser vistos como inimigos e sim como irmãos e irmãs. Quando estamos dispostos a nos fazermos pequenos, a nos comunicarmos no sussurro e não no grito, quando nossa palavra é caminho de diálogo e não de enfrentamento, vamos gerando vida, sendo Palavra encarnada do Deus da vida. Uma palavra que não manipula, mas que atrai, uma palavra que não domina, mas que ajuda a experimentar a grandeza de caminhar juntos, uma palavra que não divide, mas nos impulsiona na vivência da fraternidade. Pensemos antes de nos comunicar, não falemos a partir do impulso e sim de uma reflexão que nos ajuda a construir juntos, a gerar vida para todos e todas. É tempo de afinar o ouvido, de sintonizar com aquilo que Deus está nos dizendo para poder aprender a comunicar o que vem D´Ele. Deixemos que de cada um, de cada uma de nós possa brotar a Palavra que nos gerou e nos fez sua presença no meio aos outros, para assim poder tornar visível, audível, compreensível que vale a pena continuar fazendo carne o que Ele sempre nos comunicou e continua nos comunicando. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Cardeal Steiner: “Palavra pequena, criança de Belém, que o vosso choro nos desperte da nossa indiferença, abra os olhos perante quem sofre”

Citando o texto do Evangelho da Missa do Dia de Natal, o Prólogo de São João: “No princípio era a Palavra e a Palavra estava em Deus e a Palavra era Deus”, iniciou o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, sua homilia, afirmando que “agora a Palavra se fez carne e habita entre nós”, e que “é o que celebramos no dia do Natal.”  Segundo ele, “Na liturgia recordamos que a Palavra que tudo criara veio morar no meio de nós, se fez nossa Palavra e na nossa Palavra nasceu a esperança para todos nós.” Ele citou a Carta aos Hebreus, proclamada na segunda leitura: “muitas vezes e de muitos modos Deus falou outrora a nossos pais pelos profetas, mas nesses dias Ele nos falou por meio do próprio Filho.” Diante do texto, o arcebispo disse: “Agora não mais anjos, agora não mais profetas, não mais patriarcas, Deus a nos ensinar e a proclamar Deus no meio de nós.”. Isso porque “Deus insiste e busca apaixonadamente o coração humano, buscou pela manifestação dos anjos, pela vida dos patriarcas, na voz dos profetas, mas não resistindo no desejo de falar ao nosso coração, nos fala hoje pelo Filho. Deus se fez Palavra. O próprio Filho é a Palavra, o Logos, a Palavra eterna que se fez pequena, tão pequena que cabe numa manjedoura. A palavra que se fez criança para que pudéssemos compreender Deus em Jesus.” Desde então, destacou o cardeal Steiner, “a palavra já não é apenas audível, não possui somente uma voz. Agora a palavra tem o rosto, e por isso mesmo podemos ver a criança de Belém, Jesus de Nazaré. Tornou-se tão palpável, tão visível, tão audível, que já não mais profetas, mas a própria palavra que se faz carne e habita entre nós. Deus que se tornou palpável, audível, visível em nossa humanidade. Ele se fez palavra encarnada, palavra dada, doada, cordial, gratuita, uma verdadeira entrega de amor. Manifestou-se no silêncio de uma noite, ali no recolhimento, no acolhimento, na aceitação, Deus se tornou visível no meio de nós.” Verdadeiramente, refletiu o presidente do Regional Norte1, “a palavra carne da nossa carne, ossos dos nossos ossos, sangue do nosso sangue, é uma manifestação do amor livre e gratuito de Deus no nosso meio. Essa é a palavra que está no início de tudo, no início da nossa vida, no início da nossa fé, o sentido do nosso amor. O de vivermos como igreja, de formarmos comunidade, de sermos uma família. A palavra que tudo funda e tudo dá sentido. A palavra que cria e recria todas as coisas. A palavra que dá sentido até a morte. Dá sentido porque ela agora é a esperança. Ela é a nossa samaritanidade. é a medida da nossa justiça, da nossa solidariedade. É o sentido de sermos Igreja, comunidade de fé.” Segundo o cardeal Steiner, “ela que abre um novo céu e uma nova terra. Ela, a palavra, é o nosso céu e a nossa terra. Pois quando lemos a palavra nos recordamos de Jesus. E em Jesus vamos descobrindo as belezas da nossa fé, da nossa vida. E ali vamos descobrindo a grandeza do reino de Deus. O reino da verdade e da graça, o reino da justiça, do amor e da paz. A palavra, a palavra que se fez carne e habita entre nós.” Na segunda leitura, ele disse que “é iluminar a grandeza da palavra que é Jesus”, sublinhando que “não estremece, invadido de santo temor e tremor o nosso coração diante da beleza do extraordinário desta palavra feita criança.”  Ele citou São Gregório de Nazianzeno, que diz: “depois daquela tênue luz da lâmpada do precursor, veio a luz claríssima de Cristo. Depois da voz veio a palavra, depois do amigo, do esposo, veio esposo, uma palavra, disse o arcebispo, “tão audível, tão visível, tão dizível, tão próxima, tão audiente, tão convincente, Jesus na criança de Belém.” Ele enfatizou que “a palavra continua a ser carne na carne sofredora de Jesus de hoje. Ela se encarna na palavra que é escutada, na palavra silêncio, na palavra consolo, na palavra prece, feita oração, na palavra partilha, na palavra consorte, na palavra amorosa, na palavra que serve. Ela se encarna na palavra gesto, no pão repartido, no alimento oferecido, no revestimento da alma, no sofrer, reveste as pessoas na nudez do seu não bem querer. A palavra encarnada que vai se encarnando cada vez mais na medida em que nós vamos vivendo da palavra que é Jesus. Se a palavra está no princípio, é o princípio, o principiar, comecemos então a confiar cada vez mais em Deus.” Em palavras do arcebispo de Manaus, “ele está nos visitando, muitas vezes nos visita, mas às vezes é irreconhecível nas nossas cidades, nos nossos bairros. Ele também está preso nas nossas cadeias, Ele está dormindo nas ruas das nossas cidades, Ele bate as nossas portas, Ele nos busca no perdão, na misericórdia. Ele está presente nos assassinos, presente nos grupos armados, nas facções, Ele está presente nos traficantes, apesar de pensarmos que não, porque todos, mesmo na decadência humana, continuam a ser filhos e filhas de Deus.” O arcebispo questionou, “como anunciamos a palavra Jesus a esses irmãos e irmãs perdidos pelos caminhos?”, enfatizando que “Deus Jesus presente em todas as realidades humanas, também as mais deprimentes, as mais desconcertantes. A palavra Jesus, o nascido de Maria, Deus encarnado, a indicar que tudo foi feito para o nosso bem, apesar de tantos não viverem da paz, mas da violência, não viverem da concórdia, mas da agressão, não viverem da fraternidade, mas viverem da morte.” Diante disso, “somos, no entanto, no nascer de Jesus, a verdade que deve ser reafirmada”, ressaltou o cardeal Steiner. “A todos deu a capacidade de se tornarem filhos de Deus. Igualmente ele veio para iluminar a todo ser humano. Deus não desiste de nós, não desiste de ninguém. Deus não desiste de nenhum de nós. Por mais distantes que sejamos, por mais pecadores que sejamos, mesmo por sermos…
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Cardeal Steiner: “Deus abaixou-se para que dele pudéssemos nos aproximar”

Depois de citar o texto do Evangelho que diz: “Enquanto estavam em Belém, completaram-se os dias para o parto, e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2,4-8), o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner iniciou sua homilia lembrando que “aos domingos depois da missa, crianças vem para receber a benção. Quando me abaixo e fico à altura de olhos nos olhos, elas se aproximam, normalmente sorriem. É o que celebramos nesta vigília de Natal. Deus abaixou-se para que dele pudéssemos nos aproximar. Abaixou-se, colocou-se olhos nos olhos, para que o pudéssemos ver, sentir o seu perfume, perceber a suavidade de seu respiro.” O arcebispo incidiu e que “aproximou-se! Deixou-se envolver com faixas, panos e reclinado na manjedoura. Aproximou-se: nasceu pobre, peregrino, na simplicidade, no quase abandono! Nasceu escondido, no meio da noite, fora da cidade, sem casa, aos cuidados de Maria e José, em meio de animais. Aproximou-se, recebendo como berço, como lugar para repouso e acolhimento a manjedoura dos animais. Aproximou-se na fragilidade, na nossa humanidade, revelando o seu rosto. No nosso rosto, Deus veio mostrar-se, tornou-se visível. Veio ao nosso encontro na fraqueza, na ternura de uma criança, na singeleza e inocência e fraqueza da nossa humanidade; Deus feito menino, proximidade!” Segundo o cardeal Steiner: “O ‘Deus próximo’ fala-nos de humildade. Não é um ‘grande Deus’ distante… não. Está próximo. É de casa. Aproximou-se iluminando os que viviam à margem, os esquecidos, os pastores. Naquela noite, Aquele que não tinha um lugar para nascer é anunciado àqueles que não tinham lugar nas mesas e nas ruas da cidade. Os pastores foram os primeiros a receber a Boa Notícia da proximidade de Deus.” Recordando as palavras de Papa Francisco na Vigília do Natal de 2017, ele disse: “Pelo seu trabalho, eram homens e mulheres que tinham de viver à margem da sociedade. As suas condições de vida, os lugares onde eram obrigados a permanecer, impediam-lhes de observar todas as prescrições rituais de purificação religiosa e, por isso, eram considerados impuros. Traía-os a sua pele, as suas roupas, o seu odor, o modo de falar, a origem. Neles tudo gerava desconfiança. Homens e mulheres de quem era preciso estar distante, recear; eram considerados pagãos entre os crentes, pecadores entre os justos e estrangeiros entre os cidadãos. A eles – pagãos, pecadores e estrangeiros – disse o anjo aproximou-se deu a bela notícia: “Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo: ‘Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor’ (Lc 2, 10-11).” “Abaixou-se como ‘recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura’ (Lc 2,12). E os que se aproximaram na possibilidade do abaixamento de Deus, ficaram maravilhados a ponto de Lucas afirmar: ‘os pastores voltaram louvando e glorificando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto (Lc 2,20). Ouviram anjos, mas viram Deus menino: pobreza, singeleza, silêncio, respiro, suspiro. No meio da noite pelo abaixamento, viram que havia uma semelhança entre Deus e eles. No abaixamento de Deus, não eram mais marginalizados, empobrecidos, indignos, desfavorecidos. Agora não mais sós a cuidar dos rebanhos. Eram filhos e filhas amados de Deus. Deus se fez filho como nos anunciava profeta: “um filho nos foi dado”, refletiu o cardeal. Ele afirmou: “O esperado das nações, o implorado por gerações, hoje celebrado nas palavras do profeta como o nascido menino, o filho que nos foi dado (Is 9,5). Deus se abaixou a tal ponto que se fez nosso filho, na sua filiação somos todos filhas e filhas de Deus. Deus gerado em nossa humanidade. A humanidade, por desejo e ação de Deus, foi capaz de gerar Deus. Agora não mais distante, mas proximidade, carne da nossa carne, para dizer o quanto ama, pois sinal de bondade e de misericórdia.” “Agora Ele mesmo no meio de nós, como um de nós, não outro de nós. Um de nós, como nós, pequeno, necessitado, dependente, necessitado de amor materno, paterno. Custa-nos crer que Deus seja tão próximo de nós, que se tenha abaixado a tal ponto que o podemos tomar nos braços, abrigá-lo, acariciá-lo, sentir o seu perfume. Às vezes nos é penoso confessar que Deus seja apenas uma criança, tenha o nosso corpo, que participa das nossas necessidades, da finitude humana”, destacou o presidente do Regional Norte1 da CNBB. Segundo ele, “Nesta noite vemos e apalpamos a proximidade de Deus, o abaixamento de Deus; como está próximo, pede-nos que estejamos próximos uns dos outros, que não nos afastemos uns dos outros. Deus se fez homem, próximo dos pastores, dos Magos, dos pobres, dos necessitados e foi para todos, sinal de consolo, cura e salvação.” Lembrando novamente as palavras de Papa Francisco, o cardeal disse: “Estar próximo aos últimos, curvar-se diante de suas feridas, cuidar de suas necessidades, é lançar uma boa base na construção de comunidades unidas e sólidas, para um mundo melhor e um futuro de paz. É o próprio Cristo que vem ao nosso encontro nos pobres, para nos mostrar o caminho para o Reino dos Céus, Ele que se fez pobre para nos enriquecer com sua pobreza.” Recordando que “desejávamos chegar a Belém, porque Ele nos esperava. Agora ao contemplarmos o abaixamento de Deus, dobremos reverentes e contentes os joelhos: um Filho nos foi dado!”, o arcebispo de Manaus pediu: “dobremos os joelhos e reverentes e contemplantes acolhamos a Criança envolta em panos e deitada entre animais, pastores e anjos. Dobremos os joelhos diante de Deus indefeso, Deus gemido: Tu, colocado numa manjedoura, és a Vida, vida da nossa vida. Necessitamos da terna fragrância do teu amor, a fim de tornar-nos, esperança e paz para no mundo. Toma-nos sobre os teus ombros frágeis de menino: amados por Ti, também nós amaremos as irmãs e os irmãos. Então será Natal,quando pudermos confessar: ‘Senhor, Tu sabes tudo; Tu sabes que eu te amo!’ (Jo 21,17), amando os irmãos.” “Nesta noite, maravilhados com a presença do Deus-criança,…
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“A paz em um tempo de guerra nos ajude a pensar na harmonia, no cuidado”, pede o presidente do Regional Norte1 no Natal

A Paz é o pedido do arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1), cardeal Leonardo Steiner, com motivo da Solenidade do Natal do Senhor. Em sua mensagem, ele iniciou suas palavras citando o texto evangélico “E Paz na Terra aos homens por Ele amado”. Segundo o presidente do Regional Norte1, acontece “o nascer de Deus com o anúncio da paz”, enfatizando que “o anúncio da paz que anuncia o nascer de Deus”. Ele pediu que “a paz em um tempo de violência, a paz em um tempo de guerra nos ajude a pensar na harmonia, no cuidado, na necessidade da fraternidade”. O cardeal Steiner insistiu: “que o Natal nos aproxime, que o Natal nos ajude a construir a paz e sermos testemunhas da paz, que possamos viver num mundo de fraternidade”. Ele encerrou sua mensagem desejando um Feliz Natal e pedindo a benção de Deus. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Steiner: “Servindo se chega a Belém!”

O arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Steiner, iniciou sua homilia do quarto domingo do Advento dizendo que “estamos a caminho de Belém”, vendo a liturgia do dia “a nos indicar o caminho do serviço como caminho de Belém”, enfatizando que “servindo se chega a Belém!” “Maria, sai de casa, sobe as montanhas apressadamente, isto é, zelosa, diligente, comprometida, cuidadosa, materna, serva. Põe-se a caminho movida pelo fruto do ventre, que a faz caridade, serviço, alegria, disponibilidade; realmente ‘serva do Senhor’. A serva do Senhor que se faz criada, cuidadora de Isabel sua prima. Saiu e chegou para servir”, refletiu o presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Segundo ele, “o evangelista a acentuar a prontidão de Maria em atender a Palavra do anjo que na gravidez de Isabel de idade avançada, pronuncia o seu sim. Parte para assuntar o anúncio angélico, e chega à casa de Isabel, a antes estéril na velhice, para estar no cuidado da grávida do Preparador dos caminhos.” Relatando o agir de Maria, ele disse que “chegou à casa de Isabel que concebera e admira as maravilhas que Deus operara na prima idosa e na sua própria gravidez.” Um relato onde aparecem “duas mulheres grávidas; duas mulheres uma idosa e outra jovem. Isabel como a representar a espera de Israel, o Antigo Testamento que chega à plenitude. Maria, o a realização dos tempos, das rogações das implorações da predileção de Deus pela humanidade.” “Isabel que acolhe a Boa Notícia com gratidão e confiança e alegra: ‘Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?’, palavras do Espírito que a inspira e faz proclamar, admirar. Pois, ‘logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos o menino exaltou de alegria no meu ventre!’ O mexer-se do menino no ventre era exultação de alegria!”, disse o arcebispo. Segundo o cardeal Steiner, “o precursor a saltar de alegria no ventre materno pela promessa que está a se cumprir. Isabel reconhece na saudação de Maria o dom gratuito de Deus que vem realizar e completar as promessas, as expectativas do povo de Israel. No encontro entre as duas mulheres manifesta-se o dom do Espírito que faz a criança estremecer de alegria no seio de Isabel. A Boa Nova de Deus revela a sua presença numa das coisas mais comuns da vida humana: duas donas de casa em visitação e cuidado.” “A graça do Espírito Santo não admite demora”, disse o arcebispo, lembrando a pregação de Santo Ambrósio, “ao comentar o evangelho de hoje ao narrar que Maria apressadamente sobre as montanhas da Judéia”. Ele enfatizou: “Sim, o amor não admite demora.” Nessa perspectiva, o cardeal acrescentou: “Tomado pela graça do Espírito, concebendo o Filho de Deus, Maria parte e chega à casa de Isabel. O Espírito impulsiona a sair, chegar para servir, O Espírito que tudo vivifica desperta para o essencial: o amor. O espírito concede vida, supera a morte, transforma a morte em vida. Não admite demora. Ele apressa, impulsiona os passos, conduz para tudo o que é vida, fonte, nascente: Amor. Ele leva salvação. Nesse sentido Maria é uma visita salvífica, benfazeja. Como podem ser as nossas visitas aos doentes, aos desemparados, aos famintos. É uma saudação de vida, de esperança, de amor! O Espírito que fecunda, gera vida, não admite demora.” O arcebispo de Manaus sublinhou que “Santo Ambrósio, nos desperta para a admirável presença de Deus no ventre de Maria: ‘Isabel foi a primeira a ouvir a voz, mas João foi o primeiro a pressentir a graça; aquela que ouviu segundo a ordem da natureza, este exultou em virtude do mistério. Ela percebeu a chegada de Maria, ele, a do Senhor; a mulher ouviu a voz da mulher, o menino sentiu a presença do Filho; elas proclamam a graça de Deus, eles realizam-na interiormente, iniciando no seio das duas mães o mistério da misericórdia; e, por um duplo milagre, as mães profetizam sob a inspiração de seus filhos. A criança exultou, a mãe ficou cheia do Espírito. A mãe não se antecipou ao filho; mas estando o filho cheio do Espírito Santo, comunicou-o a sua mãe. João exultou; o Espírito de Nossa senhora também exultou. A alegria de João se comunica a Isabel; quanto a Maria, porém não nos é dito recebesse o Espírito Santo, mas que seu espírito exultou. Aquele que é incompreensível agia em sua mãe de modo incompreensível – Isabel recebe o Espírito santo depois de conceber; Maria recebeu antes. Por isso Isabel diz a Maria: Feliz és tu que acreditaste (Lc 1,45)”, citando o texto “Da Exposição sobre o Evangelho de São Lucas”. “No relato de Lucas demo-nos conta do cumprimento das promessas. Promessas que foram esperadas, suplicadas para que se cumprissem. Era a esperança a guiar os passos”, disse o cardeal Steiner. Ele lembrou Papa Francisco ao falar da esperança a nos dizer: “Por isso, a esperança é uma virtude que não se vê: trabalha por debaixo; nos faz olhar por debaixo. Não é fácil viver na esperança, mas eu diria que deveria ser o ar que um cristão respira, ar de esperança; do contrário, não poderá caminhar, não poderá ir avante porque não saberá aonde ir. A esperança – isto sim é certo – nos dá uma segurança: a esperança não desilude. Jamais. Se você espera, não será desiludido. É preciso abrir-se a esta promessa do Senhor, voltados para aquela promessa, mas sabendo que existe o Espírito que trabalha em nós. Que o Senhor nos dê, a todos nós, esta graça de viver em tensão, em tensão, mas não para os nervos, os problemas, não: em tensão pelo Espírito Santo que nos lança para a outra margem e nos mantêm na esperança.” Para o arcebispo, “agora já não mais espera e esperança, agora a presença da esperança a alimentar um povo.” Neste quarto domingo do Advento, ele destacou que “caminhamos com Maria grávida de Deus pelos caminhos do serviço, do cuidado. Já sentimos a sua proximidade, a sua presença e nos apercebemos todos amados e acolhidos,…
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Natal: tempo para descobrir tudo o que é Esperança e Luz na Comunidade

Em uma sociedade onde tudo passa rápido, muito rápido, onde a gente não lembra mais o que aconteceu na semana passada, somos desafiados a parar e reconhecer que nem todo dia é igual, que tem momentos em que vale a pena parar, nos colocarmos diante de nós mesmos, se acreditamos em Deus também diante d´Ele, e pensar naquilo que vale a pena. Que Deus, o todo-poderoso, se faça gente, se faça humano, se faça igual a nós, se encarne no meio de nós, é algo grandioso. Ele, como diz neste ano a Novena de Natal, é Esperança e Luz na Comunidade. Uma esperança que vai nos acompanhar ao longo do próximo ano, o Ano Jubilar, convocado pelo Papa Francisco para sermos Peregrinos da Esperança, uma esperança que sempre deve perpassar tudo o que fazemos em nossa vida pessoal, familiar, social e comunitária. Aprender com os outros, com aqueles que de diversos modos são Esperança e Luz para aqueles que com eles se deparam a cada dia. Pessoas concretas, que nos mostram que não é preciso fazer nada extraordinário para ser presença de Deus, mas que devemos viver o que é ordinário, o que faz parte do nosso cotidiano, de um modo extraordinário, ao modo de Deus. O que vem de Deus se encarna em espaços, pessoas, situações, e cada um, cada uma de nós, é desafiado a enxergar que Deus está aqui a cada momento, no meio de nós, iluminando nossa vida e nos alentando para não perder a esperança. Ele vem a nós cada dia para isso, para que ninguém perca a esperança, para continuar palpitando Deus em nossos corações, para fazer com que o que é de Deus, que ao longo da história, tem infundido sentido em tantas pessoas, tem sido luz e esperança para muitos homens e mulheres, possa continuar sendo isso mesmo hoje, aqui, neste momento e neste espaço em que cada um e cada uma de nós continua apostando na vida. Natal sempre foi isso, um tempo para recarregar o coração, para saciar nossa sede de Deus e entender que Ele sempre está aí, contigo, comigo, com todos e todas nós, com uma humanidade que, mesmo que alguns se empenhem em dizer o contrário, precisa D´Ele, e sabe que com Ele tudo flui, tudo vai além, e nós mesmos vamos além de onde nosso ser limitados nos permitiria chegar. Todos precisamos da Estrela que Deus coloca em nossa vida, que às vezes nãos vemos, por diversos motivos, mas que sabemos, temos certeza, de que sempre está aí, pronta a nos guiar até tantas realidades e situações que geram esperança em nossa vida, que nos iluminam. Tenhamos a coragem de segui-la, é Deus que a colocou para nos indicar o rumo, para que seguindo-a possamos entender onde está o sentido da nossa vida. Que o Natal que se aproxima seja tempo para parar e contemplar, para descobrir tudo o que nos leva a seguir o caminho com esperança. Só assim seremos verdadeiras testemunhas que poderão iluminar, com a Luz que vem de Deus, a vida de tantos que sentem a necessidade de caminhar com Ele, com o Deus encarnado, com o Deus que é gente, que mesmo sendo o maior se faz o menor, uma criancinha que nasceu no meio dos pequenos, dos que para o mundo não contam, mas são os prediletos de Deus. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Xamã Davi Kopenawa visita diocese de Roraima e fortalece defesa dos Povos Indígenas

Nesta quarta-feira (18), a Diocese de Roraima recebeu a visita do líder indígena e xamã Davi Kopenawa, representante da Hutukara Associação Yanomami. Durante a visita, Kopenawa participou de um almoço especial com o bispo da Diocese, Dom Evaristo Spengler, que também preside a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM Brasil). O encontro foi marcado por reflexões profundas sobre a luta dos povos indígenas e os desafios enfrentados diante de ameaças como o marco temporal. Em suas palavras, Davi Kopenawa destacou o papel da Igreja Católica na luta pelos direitos indígenas e denunciou os riscos do marco temporal, que ameaçam a permanência de comunidades indígenas em seus territórios ancestrais. “O povo indígena do Brasil enfrenta o mesmo problema. A Igreja está acompanhando a nossa luta, nossa batalha contra o marco temporal, que eu não conhecia antes. Isso é uma grande ameaça”, afirmou o xamã. Kopenawa utilizou metáforas poderosas para descrever os interesses ocultos que ameaçavam as terras indígenas: “O marco temporal estava escondido. Ele ficou em um buraco. Você sabe o que é um buraco em Brasília? É um lugar onde há interesses ocultos. Já foram assassinados milhares de nosso povo indígena no Brasil, e nós não queremos mais isso. Queremos que cada um possa usar o lugar onde nasceu, que é seu por direito. Dom Evaristo Spengler reafirmou o compromisso da Igreja Católica com a defesa dos povos indígenas, seus costumes e territórios. “A Terra, quando atacada, reage, e as reações trazem consequências graves, como as mudanças climáticas que estamos vivenciando”, destacou o bispo. Ele também ressaltou a importância de aprender com os povos indígenas a cuidar da “casa comum” e manter uma relação harmoniosa com a natureza. “A Igreja tem se colocado, de forma cada vez mais forte, na defesa dos povos indígenas. […] Muito obrigado, Davi, por estar aqui hoje em nossa casa, por se sentar à mesma mesa para compartilharmos esta refeição”, declarou Dom Evaristo, emocionado com a presença do líder indígena. Na mesma semana, o filme “A Queda do Céu”, que tem como protagonista Davi Kopenawa, foi exibido em uma sessão especial no dia 10 de dezembro, em alusão ao Dia Internacional dos Direitos Humanos. A longa abordagem da luta dos Yanomami pela preservação de sua cultura e territórios. Sobre o filme, Kopenawa afirmou: “Nossa imagem, os Yamam, é nossa alma, que permanece conosco. Essa luta, que cresceu, amadureceu e se fortaleceu, é realmente muito significativa. Esse filme é muito importante para todos vocês, para aqueles que querem enxergar nossa verdadeira origem.” O líder indígena ressaltou que o trabalho cinematográfico é uma forma de responder à sociedade que ainda ignora a existência e a luta dos povos originários. “Foi assim, sonhando, que fizemos esse bom trabalho para nossos filhos também. E os Yamam irão olhar para esse trabalho e ver a força da nossa luta.” A visita de Davi Kopenawa à Diocese de Roraima reforça a importância do diálogo entre diferentes setores da sociedade e a Igreja no enfrentamento dos desafios ambientais e sociais que ameaçam os povos indígenas. O encontro entre o xamã e o bispo Dom Evaristo simboliza a união de forças em prol da justiça, da paz e da preservação da cultura e dos territórios indígenas no Brasil. Fonte: Rádio Monte Roraima

3 seminaristas da Prelazia de Itacoatiara recebem admissão às Ordens Sagradas e Leitorado

A catedral de Nossa Senhora do Rosário sediou nesta terça-feira 17 de dezembro a Eucaristia de admissão às ordens sacras e do Ministério do Leitorado dos seminaristas da Prelazia de Itacoatiara. Na celebração, presidida pelo bispo local, dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos, foram admitidos às Ordens Sagradas Pedro José Correa e João Marcelo Salvador, e recebeu o Leitorado o seminarista Martinho Silva. Na mesma celebração, que contou com a presença do clero local e de padres e seminaristas da Arquidiocese de Manaus, bem como de vários irmãos e irmãs das diversas paróquias, presentes na Catedral para partilhar deste momento tão importante para a vida dos seminaristas da prelazia, foram apresentados os jovens vocacionados que no próximo ano farão experiência no Seminário Propedêutico São José, de Itacoatiara. O bispo local iniciou sua homilia destacando os elementos mais importantes das leituras, ressaltando que “Cristo é filho de Judá” e que ele veio “não para punir a humanidade, mas para a transformar e reconduzir à verdadeira relação com Deus”, dado que “em Jesus, Deus se fez efetivamente humano, e o sonho tornou-se realidade, o Deus conosco fez Deus para nós, apesar das nossas infidelidades e do nosso fraco acolhimento”. Segundo o bispo, “Cristo, pela sua humanidade, ergueu a sua tenda no meio de nós, tornou-se nosso companheiro na caminhada terrena”. Ele disse que na celebração com que inicia a Novena do Santo Natal, “acompanhamos nossos seminaristas com a nossa oração, com nosso apoio fraterno”, definindo o momento como “que a Igreja, que nós, acolhemos o seminarista como candidato para o ministério ordenado, ao diaconato e depois ao presbiterato”, mostrando o significado do rito de admissão as Ordens Sacras. Nesse rito, explicitou o bispo, “o seminarista mostra sua vontade de entregar-se a Deus e à humanidade no exercício da vocação sacerdotal”. Diante disso, “a Igreja responde por meio da benção, e nós confirmamos essa decisão com a nossa oração, com o nosso apoio”. Dom Tadeu insistiu no caráter espiritual e eclesial, o que faz com que faz com “esse ato marca de maneira significativa o processo formativo do seminarista”, vendo-o como “um passo a mais na caminhada de discernimento vocacional rumo ao sacerdócio, nele se dá o reconhecimento oficial de sua vocação”. Um passo que deve levar os seminaristas a “cultivar de forma mais intensa sua vocação e obedecer de maneira incondicional à vontade de Deus que os chama”. Finalmente, dom Tadeu sublinhou que “todos nós somos convidados a revestir-se de Cristo Jesus, isto é, imprimir em nós os mesmos sentimentos de Cristo para poder expressá-los na vida de cada dia”, o que significa “tornar-se um humilde servidor do Senhor, estar ao seu dispor, compartilhar seu caminho para poder participar de sua glória”. Igualmente, disse o bispo, “significa ser divinizado, participar do que ele é por natureza, ou seja, de sua divindade”, animando os seminaristas a permanecer unidos a Cristo para “realizar coisas grandiosas”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Com informações e Fotos da Pascom do Rosário

4 Seminaristas de Alto Solimões recebem Leitorado e admissão às Sagradas Ordens

Quatro seminaristas da diocese de Alto Solimões, Camilo Jailton Martins dos Santos, Hércules Vitorino Amaro, Adelson Quirino Dias e Alex Cacau Pedrosa, deram neste 15 de dezembro um passo a mais em seu caminho vocacional. O primeiro deles, que concluiu recentemente o segundo ano de Teologia foi instituído no Ministério do Leitorado, e os outros três, que concluíram o primeiro ano de Teologia, foram admitidos às Sagradas Ordens. Camilo, indígena do povo Kokama é da paróquia São Pedro Apostolo de São Paulo de Olivença, a mesma paróquia de Adelson, que é indígena Kambeba. Hércules é do povo tikuna e pertence à paróquia São Francisco de Assis de Belém do Solimões, e Alex e da paróquia Santo Antônio de Lisboa de Santo Antônio do Iça. A celebração, realizada na catedral dos Santos Anjos de Tabatinga, foi presidida pelo bispo diocesano, dom Adolfo Zon, que definiu a Palavra de Deus do terceiro domingo do advento como “um oásis no deserto”. Ele destacou na primeira leitura o chamado a estar alegres e o anúncio que faz o profeta Sofonias da chegada de Deus e sua presença em nossa existência. O bispo falou sobre a história da evangelização na região e dos primeiros missionários que semearam a Palavra de Deus. Ele disse que a celebração era um motivo de alegria, pois filhos da terra deram um passo a mais em seu caminho vocacional. Dom Adolfo Zon explicou o significado do rito de admissão às Sagradas Ordens, afirmando que “a Igreja, a comunidade, ela se compromete em criar as condições para que estes três irmãos nossos possam um dia aceder às Sagradas Ordens”, um compromisso da Igreja que também se dá para com quem recebe o Leitorado. São passos que são dados como fruto do discernimento, segundo dom Adolfo Zoo bispo, que falou das exigências que nascem do compromisso assumido, que tem as suas renúncias, mas tem também as suas alegrias. Ele pediu o compromisso e a oração “para que estes jovens, filhos das nossas famílias, possam perseverar até o fim e o dia de amanhã ser ordenados e estar ao serviço das nossas comunidades para elas crescer”. Igualmente se referiu ao rito do Leitorado, um Ministério que tem a ver com a Palavra de Deus, refletindo sobre a importância do Ministério da Palavra e de outros ministérios, como o Ministério do Catequista, seguindo o pedido do Papa Francisco, nas comunidades da diocese de Alto Solimões. Falando sobre a alegria, o bispo disse que ela é luz do Senhor, pois é o Senhor que suscita, é o Senhor que anima, é o Senhor que conduz para onde Ele quer. Igualmente, o bispo refletiu sobre a pergunta feita a João Batista no Evangelho do dia: “E nós que devemos fazer?” Ele colocou diversos exemplos para entender o que está nos sendo pedido hoje a partir do texto evangélico, ressaltando que “a presença de Deus em nossa vida traz consequências”, mas também chamando a refletir sobre as atitudes que devem estar presentes na vida dos batizados como fruto da escuta da Palavra e da luz de Cristo que ilumina e dá sentido à nossa vida. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Cardeal Steiner: “O caminho de Belém a nos pedir partilha, cuidado, dignidade para podermos contemplar Deus vestido de nossa humanidade”

No domingo da alegria, domingo laetare, o arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, iniciou sua homilia afirmando que “o caminho adventício, segundo o Evangelho que nos foi proclamado, desperta um espírito novo, o desejo de mudança. Mudança que desperta a alegria de receber um novo espírito!” Ele destacou as palavras da segunda leitura: “Irmãos, alegrai-vos sempre no Senhor;” e insistia: “eu repito, alegrai-vos.”  (H 4,4-6) e da primeira leitura: “Canta de alegria, cidade de Sião, rejubila, povo de Israel” (Sf 3,14). No Evangelho, o arcebispo disse que “são três os grupos de pessoas que fazem a mesma pergunta: o que devemos fazer?: a multidão em geral, os publicanos, isto é, os cobradores de impostos, e alguns soldados.” Segundo ele, “os que ouvem a pregação de João, deixam-se tocar pelo ensinamento e se entusiasmam pelo batismo da água, como se estivessem em preparação de um novo tempo”, sublinhado que “no Advento também nós nos perguntamos o que devemos fazer?” “À multidão que pergunta pelo caminho a ser seguido, João indica o caminho da partilha, daqueles bens necessários a todas as pessoas, do necessário para viver”, disse o cardeal Steiner, citando o texto bíblico: “Quem tiver duas túnicas, dê uma, a quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo”. Por isso, “duas túnicas, para duas pessoas. Uma túnica para quem anda despido, desvestido. A graça de vestir alguém, para que permaneça alguém, filho, filha de Deus. Vestir a nudez da fragilidade com a túnica do amor que sempre são duas: uma para ti e a outra para mim”, lembrou. O arcebispo questionou: “O que de mais básico que comer? O que de mais fundamental para sentir-se pessoa do que ter o necessário para viver?”, respondendo que “não necessita rastejar em busca de alimento.” Igualmente perguntou: “O que dignifica uma pessoa é ter o necessário para caminhar, manter-se de pé, poder trabalhar, servir?”, respondendo que “Sim para a multidão, para todos, para todas as pessoas vale a graça de cuidar para que todos tenham pelo menos o que comer e não deixar de viver pela dor da fome. Aquela fome que destrói e mata o humano do humano, onde desaparecem as presenças e permanece os rostos desfeitos, pois com fome da presença de um tu.” “Para a multidão a resposta da liberdade, da liberalidade: a fraternidade, a partilha, a cordialidade. Sim, aqueles gestos mais humanos que expressam a cura e a transformação.  O caminho de Belém a nos pedir partilha, cuidado, dignidade para podermos contemplar Deus vestido de nossa humanidade e alimentado pelo leite da nossa fragilidade”, enfatizou o cardeal Steiner. Ele lembrou que “os cobradores de impostos tocados pelo anúncio de João, pedem um novo caminho.” Diante disso perguntou: “E o que diz o Batista?”, respondendo com o texto do Evangelho: “Não cobreis mais do que foi estabelecido”. Isso Significa: “viver da liberdade e da justiça. Nada de comissões, de vantagens, de danos, de corrupção, quando se trata do dinheiro dos pobres e do dinheiro público. Tudo o que vai para além do justo e da solidariedade é injustiça, destruição, indignidade. João a nos oferecer aquela medida que condiz, que está justa e ajustada. Nos cobradores de impostos o Evangelho, talvez, esteja a nos indicar a possibilidade da pergunta do nosso agir a partir do nosso lugar de trabalho, nosso lugar de serviço, dos cargos e encargos na sociedade, mas também na Igreja. Nem demais nem de menos, mas o justo, o ajustado, a justiça. Nada de rouba, enganação, subtração do que é comum, do que é direito da pessoa.” Segundo o cardeal, “aos soldados que perguntam o que devem fazer, João a indicar o caminho: ‘Não tomeis à força dinheiro de ninguém, nem façais falsas acusações; ficai satisfeitos com o vosso salário!’” Isso deve nos levar a “não nos valermos da força, da violência; primar pela verdade, superando acusações falsas, notícias falsas. Cuidar a dignidade das pessoas, preservar a convivialidade, rejeitar tudo o que violenta a dignidade da pessoa. Pode acontecer de falsas acusações por raça, cor, religião. O convite que recebemos é o da compaixão e da verdade, pois possibilidade da convivência digna e salutar.”  Ele lembrou as palavras de Papa Francisco, “São as três respostas às três perguntas destes grupos. Três respostas para um idêntico caminho de conversão, que se manifesta em compromissos concretos de justiça e de solidariedade. É o caminho que Jesus indica em toda a sua pregação: o caminho do amor concreto ao próximo. Destas admoestações de João Batista compreendemos quais eram as tendências gerais de quem, naquela época, detinha o poder, sob diversas formas. As coisas não mudaram muito. Contudo, nenhuma categoria de pessoas está excluída de percorrer o caminho da conversão para alcançar a salvação, nem os publicanos considerados pecadores por definição: nem sequer eles estão excluídos da salvação. Deus não priva ninguém da possibilidade de se salvar. Ele está — por assim dizer — ansioso por praticar a misericórdia, praticá-la em relação a todos, e acolher cada um no abraço terno da reconciliação e do perdão.” Para o cardeal Steiner, “a pergunta ‘o que devemos fazer?’ denota também uma alegria, um despertar, um acordar para a beleza, para a admiração de uma nova vida; expressa o desejo de um novo caminho a ser seguido. E o Batista a ensinar que é preciso empreender o caminho da justiça, da solidariedade, da sobriedade: são os valores imprescindíveis de uma existência plenamente humana e autenticamente cristã.” “Pertencemos todos um pouco a cada grupo que pergunta: o que devemos fazer?”, disse o arcebispo. Isso, “porque também nós desejos de conversão, de uma vida saudável, salvífica, libertadora. O caminho do Advento a nos despertar para a necessidade do pouco. Aprender o segredo da verdadeira alegria que não consiste em ter muitas coisas, mas em sentirmo-nos amados, amadas por Deus ter-se feito nossa humanidade e proximidade. Advento como tempo de fazer-nos dom para os outros, ser graça para os outros e nos amarmos uns aos outros.” Diante da pergunta: “o que devemos fazer para despertarmos…
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