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Yanomami E Nós

“Ter de resisti à dor, à dor. Sem compreender por que à dor, à dor. Ter de suportar viver à dor, à dor. E sem merecer à dor, à dor. Se é esse o meu destino, quem é o algoz que me traçou. Quem me contaminou. Quem me doou a dor.” (Milton Nascimento) A dor e a revolta que afloram quando os olhos são agredidos pelas fotografias de crianças Yanomami esqueléticas, meio moribundas, lembrando as imagens da Biafra e do Holocausto! Humanos, esqueletos ambulantes, quase esquecidos dos passos. Aquelas imagens do passado acusavam a nossa desumanidade, a incapacidade de compadecimento, a perda da alma. As imagens de hoje a denunciar a segregação, a injustiça, a morte lenta de um povo, a perda de nossa alma. Alma no dizer do poeta: “quando a alma não é pequena”. Tudo pela ideologia do mercado, do dinheiro: ouro. O ser humano que ali habita não conta. São envenenados. Como lembra Davi Kopenawa: “Os Yoanomami nunca morreram de fome. Estou aqui, tenho 66 anos e quando era pequeno, ninguém morria de fome. Agora o garimpo está matando o meu povo e também os parentes Munduruku e Caiapó. Quando os indígenas ficam doentes, eles não conseguem trabalhar ou caçar.” Eis a causa da desnutrição, da morte. É pouco dizer do descaso das pessoas responsáveis pelos órgãos que deveriam preservar as terras, as águas, a “casa”, a cultura, a vida dos povos indígenas. As mais de 500 crianças mortas clamam por justiça! A justiça poderá resgatar a alma da nossa humanidade, da indiferença e agressão em relação aos que aqui habitavam antes da chegar dos europeus. Os bispos do Regional Norte I da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, manifestaram a sua indignação e solidariedade: “estarrecidos e profundamente indignados, estamos vendo as imagens dos corpos esqueléticos de crianças e adultos do Povo Yanomami no Estado de Roraima, resultado das ações genocidas e ecocidas do Governo Federal anterior, que liberou as terras indígenas já homologadas para o garimpo ilegal e a extração de madeira, que destroem a floresta, contaminam as águas e os rios, geram doenças, fome e morte. Mais de 570 crianças já perderam a vida.” (Presidência CNBB Norte I) Com Milton Nascimento repetimos a pergunta acusatória: “quem é o algoz que me traçou. Quem me contaminou. Quem me doou a dor.” As imagens não podem percorrer as trilhas do esquecimento e da indiferença. A dor é grande demais para que as autoridades e a sociedade brasileira se deixem tomar pelo momento e depois ingresse no tempo de um passado esquecido. Há necessidade urgente de responsabilização! A quanto tempo se está a denunciar a situação dos povos indígenas, a quanto tempo os indígenas a clamar por direito de viver e, no entanto, ignorados pelas autoridades e mesmo pelos grandes meios de comunicação. Como se não fosse Brasil, como se não fossem pessoas, como se não fossem filhos e filhas de Deus. Ou como diz o poema de Nascimento: “Homem não existe para ser só animal. A sua história é mais que corporal.” A esperança a guiar nossos desejos e propósitos, o horizonte da convivência e dignidade. Esperança, pois vemos que os indígenas assumem o Ministério e os Órgãos que devem estar a serviço desses povos. Esperança de que o Supremo Tribunal Feral julgue o quanto antes a RE 1.017.365 de repercussão geral. Indefinição sobre marco temporal abre brecha para perseguir lideranças indígenas, invasões, violência, morte… Vale lembrar que não é eles ou nós, nem eles e nós. Somos Yanomami E Nos!   Cardeal Leonardo Steiner Arcebispo de Manaus

Dom Evaristo Spengler: Vou para Roraima “em espírito de serviço e de prontidão para aquilo que Deus quer”

Nomeado Bispo da Diocese de Roraima num momento em que “estava pronto para continuar essa missão por muito tempo aqui no Marajó”. Mas em obediência à Igreja e com alegria, Dom Evaristo Spengler se dispõe para assumir sua nova missão. Essa nova caminhada, ele quer fazer de modo sinodal, enfrentando os desafios que fazem parte da realidade local, migrantes, indígenas, mas sabendo que “são desafios muito grandes, que não se podem enfrentar apenas a nível de Igreja, mas em comunhão com todos”. Em Roraima, Dom Evaristo chega “com grande espírito de escuta, com os olhos abertos, com os ouvidos atentos”, querendo se integrar numa Igreja marcada por um “espírito de descoberta do que Deus quer de nós a cada momento”. Sempre caminhando juntos, em unidade, buscando “o fortalecimento das nossas comunidades”. O senhor acaba de ser nomeado Bispo da Diocese de Roraima. Em sua primeira mensagem ao povo de Deus da sua nova Diocese o senhor mostra sua surpresa diante dessa nomeação. Como está vivenciando este momento em sua vida pessoal, mas também em sua vida como Bispo? Eu estou apenas seis anos aqui no Marajó e quando fui nomeado para a Amazônia vim com muita alegria. Nós iniciamos um processo sinodal na Prelazia no início do ano 2020 para preparar uma assembleia do povo de Deus que acontece a cada quatro anos, e fomos interrompidos pela pandemia, e só conseguimos após uma longa escuta nas comunidades fazer a assembleia agora em julho de 2022, e aí começamos a fazer o Plano de Pastoral, que foi aprovado em janeiro de 2023, há poucos dias. Haviam sido feitas novas nomeações para coordenações pastorais e estava pronto para continuar essa missão por muito tempo aqui no Marajó. Mas Deus apresenta suas surpresas, e quando o Núncio disse que o Papa Francisco havia me nomeado para a Diocese de Roraima, eu acolhi com muita disponibilidade e apertura de coração e com atitude de serviço. Eu sou franciscano e sempre quero ter essa obediência à Igreja, e vou com alegria a acolher esses novos irmãos que Deus me dá na Diocese de Roraima. Uma diocese que tem uma história, da qual o senhor é consciente. Como o senhor valoriza o que já foi vivido na Igreja de Roraima ao longo de mais de um século de prelazia e diocese e de mais de três séculos de evangelização? Eu sou muito grato a todo o trabalho realizado por todos os bispos, padres, religiosas, lideranças das comunidades e vou agora a me integrar nessa caminhada. Não vamos começar uma nova história, mas vamos continuar a história que já tem mais de cem anos e eu quero aprender com o povo, com os padres, aprender da realidade, estar atento ao que Deus quer para essa missão na Diocese de Roraima. É a soma dos dons, a soma dos valores, sempre na escuta dos sinais que Deus nos dá é que nós vamos fazer uma caminhada sinodal, caminhar juntos como povo de Deus. Uma diocese marcada por uma realidade social às vezes conflituosa, às vezes complicada, garimpo, povos indígenas, migrantes, desafios grandes para alguém que está chegando. Como o senhor pensa que podem ser enfrentados esses desafios? Eu já teria feito uma visita a Roraima, juntamente com a Comissão de Enfrentamento ao Tráfico Humano, em 2018. Infelizmente não pude estar lá, porque naquele período faleceu uma irmã minha e fui para o funeral. Mas sempre tive um acompanhamento próximo de toda a migração venezuelana que chega até Roraima, o trabalho feito na diocese, um trabalho grandioso, um trabalho competente, um trabalho que merece todo o nosso respeito e a nossa consideração. Também tenho acompanhado de muitos anos a questão dos indígenas yanomami. Eu lembro que a primeira vez que me chamou a atenção, estava fazendo um curso de seis messes no Chile e lá a gente ouvia muito poucas notícias do Brasil. Naquele tempo ainda não tinha a facilidade da internet e dos meios de comunicação como temos hoje. Eu assistia o principal jornal do país e durante seis messes só teve três notícias do Brasil, uma delas foi o massacre dos indígenas yanomami. A partir daquilo começou a me chamar a atenção a história desse povo, comecei a estudar mais, comecei a conhecer melhor. Agora recentemente essa tragédia humanitária que se desenvolve em relação a esse povo yanomami, pelo qual tenho grande respeito. A Igreja sempre esteve ao lado desse povo, e também eu chegando quero me colocar ao lado deles para estar resgatando cada vez mais junto com todos a dignidade, o respeito, ao nosso povo yanomami. A própria CNBB me fez uma comunicação de que está fazendo uma doação de cestas básicas, alimentação para o povo yanomami através da Diocese de Roraima. A Igreja está muito atenta, são desafios muito grandes, que não se podem enfrentar apenas a nível de Igreja, mas em comunhão com todos os homens e mulheres de boa vontade e também com todos os organismos institucionais poderemos ajudar o nosso povo a ter mais vida e vida em abundância. Pastoralmente, a Diocese de Roraima sempre foi uma Igreja viva, comprometida, com grande presença missionária. Dentro da dinâmica da sinodalidade que a Igreja está vivendo hoje, como o senhor pensa que pode ser continuado esse trabalho evangelizador? Eu vou com grande espírito de escuta, com os olhos abertos, com os ouvidos atentos, a toda a realidade do povo, à história já construída, a todas as forças que ajudam a esta Igreja a ser mais viva, e eu quero me integrar. Então vamos trabalhar com certeza com um espírito de sinodalidade, e é nesse espírito de descoberta do que Deus quer de nós a cada momento que vamos fazendo nosso caminho conjunto para frente. Caminhar juntos é muito importante, caminhar na unidade, caminhar de fato na busca do projeto de Deus. Caminhar na unidade não significa que todos pensem da mesma forma, mas com pensamentos diferentes. Com atitudes que convivem, o Deus que nos chama nos envia em missão para dar uma…
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Nazaré Silva: Desafiados a “ter um olhar humano para com a dor do outro”

O Evangelho é sempre atual, Palavra viva, que se concretiza no tempo atual. Daí as palavras da jovem Nazaré Silva ao comentar a passagem das Bem-aventuranças no Evangelho de Mateus, que a Liturgia da Palavra deste 4º Domingo do Tempo Comum nos apresenta: “Bem aventurados os povos indígenas, em especial os Yanomami; Bem Aventurados os povos do campo; Bem Aventurados os ribeirinhos; Bem aventurados os roraimenses;  Bem aventurados os Amazonenses; Bem aventurados os migrantes; Bem Aventurados todos os fiéis que compõem o Regional Norte I; Bem aventurados todos os de puro coração, que se dirigem ao senhor Jesus Cristo”. A jovem da Diocese de Roraima, nos faz ver que “a liturgia do 4º domingo do Tempo Comum nos interpela a uma ação concreta: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus“. Em suas palavras, Nazaré faz memória “de todas as pastorais e movimentos que atuam diretamente com os grupos vulneráveis: Pastoral da Criança, Pastoral Indigenista, Pastoral do Migrante,  Pastoral do Menor, Cáritas, CPT (Comissão Pastoral da Terra), dentre outras”. Também nos lembra que “no ano que a Igreja do Brasil nos convida a refletir sobre a Fome a partir da Campanha da Fraternidade, que tem por lema ‘Dai-lhes vós mesmos de comer!’, nos apresenta como inquietação o enfrentamento da fome: como podemos nos calar em um país como o Brasil, líder mundial na produção de alimentos, dadas pessoas sem alimento na mesa? Como podemos admitir que pessoas, famílias e até comunidades inteiras passem fome?”. Nazaré lembra do acontecido na última semana em Roraima, destacando que “nesta semana, em que nossos olhares se voltam aos povos Yanomami, que sofrem com a fome a doença, decorrente do garimpo ilegal em terras indígenas, crianças, mulheres, homens e idosos encontram-se em estado de dor, somos convidados e convidadas, para que nos espaços que ocupamos (trabalho, escola, universidade, pastoral, catequese, dentre outros),  a provocar reflexão a respeito das estruturas injustas da sociedade, a ter um olhar humano para com a dor do outro, a necessidade de boas práticas como a Economia de Francisco e Clara”. Um texto que nos ajuda a ter certeza de que “quando cuido do outro, estou cuidado de mim”, nos convidando a que “sejamos sal e luz nos espaços que ocupamos”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Encerrado Retiro do Clero de Coari, Tefé e Alto Solimões: caminhar com Jesus como discípulos de Emaús

Encerrou na manhã do dia 27 de janeiro o Retiro Interdiocesano do clero das Igrejas locais de Coari, Alto Solimões e Tefé, as Igrejas que ficam as margens do Rio Solimões. Um retiro que aconteceu na Casa de Retiro Santo Afonso na cidade de Coari, e que contou com a participação de 37 padres. Junto com eles estiveram presentes os três bispos: Dom Adolfo Zon da Diocese de Alto Solimões, Dom Marcos Piatek da Diocese de Coari e Dom José Altevir da Silva da Prelazia de Tefé, que foi o pregador do retiro. Ao longo dos dias de retiro, Dom Altevir traçou 7 passos para os participantes refletiram a partir da pedagogia de Jesus em seu caminhar com os discípulos que iam a caminho de Emaús. Na sua reflexão o Bispo da Prelazia de Tefé, no primeiro passo que seria o encontro, partiu da ideia de que “o caminhar com é dispor-se a conhecer, é sentir de perto a necessidade do outro”. Num segundo passo, a escuta nos leva a descobrir que “Jesus toma a iniciativa, mas não interrompe o assunto. Ouvir faz parte do acolhimento”, questionando aos presentes sobre se “eu sinto a dor do meu irmão presbítero?”. O terceiro passo, a realidade, vendo que “Jesus quer entendê-los nos seus sofrimentos, nas suas angustias e buscas”, levou Dom Altevir a refletir sobre a identidade do discípulo missionária a partir do Documento de Aparecida e questionar se “meu irmão presbítero importa para mim?”. O quarto passo, a catequese, levou a pensar em como “a Palavra de Deus ajuda a entender os fatos aquece o coração, pois as Escrituras indicam o caminho a seguir”, fazendo um convite a se colocar ao dispor daquele que chama. No quinto passo, a acolhida, Dom Altevir quis mostrar que “a sensibilidade aumenta à medida que se conhece as Escrituras”, pois isso faz com que “cresce a confiança e vem o convite”. O Bispo mostrou ao clero que “fomos escolhidos e enviados pelo próprio Deus a sermos discípulos”, pedindo que Deus os anime na caminhada. O sexto passo, o celebrar, mostrou que “é a memória do jeito de ser e fazer de Jesus que nos permite abrir os olhos e reconhecer a presença viva do Ressuscitado”. Finalmente, o último passo refletido foi a missão, sendo chamados a descobrir que “é através da experiência de caminhar e de partir o pão que os nossos olhos se abrem para a missão”, assumindo que “já não sou eu, é Cristo que vive em mim”. Um elemento que tem que levar os padres a se perguntar se eles confiam no irmão padre e se o outro pode contar com eles. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 Com informações do Padre Marcelo Gualberto e fotos do Padre Valdivino

A Bíblia protagonista da 4ª Etapa da Escola de Formação da Diocese de São Gabriel da Cachoeira

A Diocese de São Gabriel da Cachoeira realizou durante a segunda quinzena do mês de janeiro a 4ª Etapa da Escola de Formação de Lideranças, que contou com a participação de cerca de 70 lideranças das diferentes paróquias e pastorais. Desta vez foi estudada a Palavra de Deus. Na primeira semana a Ir. Tea Frigerio abordou o tema da Mulher na Bíblia, algo que a religiosa enfrentou como um desafio, dado que teria que falar sobre essa temática para os povos originários, que são a grande maioria na Diocese. Ela disse ter sentido o receio de “confrontar meu pensar com o pensar das culturas indígenas sobre a mulher”, mas após a experiência ela disse ter saído enriquecida. Um auditório formado em sua maioria por homens, “mas o diálogo, a troca de ideias, as conversas, a inculturação daquilo que eu dizia, no mundo e na cultura deles, foi muito enriquecedor para mim. Perceber como em todas as realidades têm ideias, têm ideologias, têm pensamentos sobre a questão da mulher, sobre a estrutura social onde a mulher ela é dominada, ela é relegada a um papel dependente. Isso legitimado pela Bíblia e legitimado também pelas culturas. Legitimado muitas vezes pelos mitos ou pelas narrações bíblicas”. O curso começou partindo do que é um paradigma, convidando a desconstruir, a se abrir a outras maneiras de pensar, a propostas de igualdade e de inclusão, afirmou a assessora. No caso da mulher, “ela propõe a reflexão sobre as diferenças culturais, sobre as exclusões, sobre as hierarquias que nós fazemos na sociedade”, afirmou a Ir. Tea. Ela apresentou um método da leitura feminista, libertadora da Bíblia, a partir da vida de hoje e da vida na Bíblia. A partir do texto bíblico foi estudada a figura da mulher israelita, na sociedade, na família e na religião, e como isso influencia a atuação de Jesus. Foi abordada a questão das mães e das matriarcas em Israel, seguindo um itinerário e mostrando sua relação com o poço, sempre trazendo o olhar para os nossos dias. A partir das mulheres que não tem nome na Bíblia foi refletido sobre a violência contra a mulher, o feminicídio e a violência doméstica, estudando diferentes mulheres na Bíblia. Também foi estudado sobre as profetisas, destacando que em sua profecia, o centro é a vida. Em relação à mulher no Segundo Testamento foi abordada a prática profética de Jesus com as mulheres. A reflexão mostrou que “as mulheres na relação com Jesus, elas educam, formam e ensinam a Jesus”, se parando em algumas mulheres, que se encontraram com Jesus e interagiram com ele, se tornando protagonistas de seu próprio destino e entraram a formar parte do grupo de discípulos e discípulas que acompanharam Jesus. Foi estudado o Evangelho de João, onde aparecem 7 mulheres, todas elas protagonistas na comunidade ao lado de Jesus. Tudo na perspectiva do hoje, se questionando sobre o papel da mulher na Igreja, em casa, sobre a violência, o feminicídio, o caminho que a mulher esta percorrendo para encontrar seu protagonismo na sociedade e na Igreja, como presença que defende a vida em seu agir e relacionar. Tudo isso permitiu “interagir com muita simplicidade, muita lealdade, muita honestidade, reconhecendo que muitas vezes, na própria mitologia da cultura indígena como na mitologia da Bíblia se vitimiza e se mantem à mulher num papel subordinado, mas a mulher saber encontrar brechas para saber ser protagonista”, insistiu a Ir. Tea. O curso foi também oportunidade para estudar o Livro dos Atos dos Apóstolos, “percebendo nele o testemunho do nascimento da Igreja”, segundo o padre Luciano Motti, assessor desta parte. Um texto de grande importância “para a compreensão da identidade da Igreja, para a identidade da missão da Igreja”, que nasce como comunidade, que é onde se dá a vivência da fé em Jesus. Segundo o assessor é “uma comunidade que se forma em torno da experiência do testemunho da Páscoa de Jesus, que se sustenta no ensino dos apóstolos e no aprofundamento da Palavra de Deus, se sustenta pela comunhão fraterna, se sustenta por uma vida de oração e na Eucaristia”. “A Igreja apresentada nos Atos dos Apóstolos é uma Igreja que além de nascer comunidade, ela nasce missionária, nasce voltada para fora, nasce essencialmente como testemunho”, destacou o Padre Luciano. Ele destacou nessa Igreja “a abertura aos outros, a abertura aos mais diversos, aos excluídos, aos estrangeiros, aos pagãos”, assim como aos ministérios, destacando o papel protagonista da mulher. O assessor lembrou que a comunidade nascente não perfeita, tem seus dramas, tem seus conflitos, mas é uma Igreja que os resolve pela via do diálogo e em assembleia, respeitando a diversidade de ministérios, com espaço para o protagonismo de todos os cristãos. O padre destacou que tem sido uma semana para ler juntos os Atos dos Apóstolos e buscar “aprofundar a compreensão desta experiência original, originante, fundante do cristianismo, tendo os olhos na vida das nossas comunidades, pisando o chão que é pisado pelas nossas comunidades”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Mensagem de Dom Evaristo à Diocese de Roraima: “uma Igreja que tem clareza da sua opção de estar ao lado dos povos indígenas, migrantes e vulneráveis”

Após uma nomeação inesperada, Dom Evaristo Pascoal Spengler tem se dirigido ao Povo de Deus da Diocese de Roraima. Em suas primeiras palavras diz ter se encantado “com a fé do povo simples e com os grandes apelos missionários” da Prelazia do Marajó, que ele vê como “porta de entrada para a Amazônia com suas belezas e seus encantos, mas também seus dramas, seus desafios sociais e evangelizadores”. No Marajó, Dom Evaristo diz ter descoberto “a abertura missionária para toda a querida Amazônia, e a importância da Amazônia para a Igreja e para o mundo”. Diante da nomeação do Papa Francisco, o Bispo eleito da Diocese de Roraima diz tê-la recebido “com muita disponibilidade e abertura de coração para acolher a nova realidade e seus desafios como um apelo de Deus”. Seu novo Bispo agradece a “todos os que desde o início contribuíram no trabalho evangelizador” na Diocese de Roraima, dizendo chegar “em uma Igreja adulta e experiente”. Em Roraima ele chega “com espírito franciscano”, esperando encontrar irmãos, que “são sempre um dom, um presente de Deus”. Um Bispo que diz chegar “para somar, juntamente com os presbíteros, religiosos e religiosas e todos os batizados e batizadas que vivem sua vida de fé em comunidades, movimentos e paróquias, e servem nas pastorais, organismos eclesiais, equipes e conselhos”. Da nova realidade reconhece seus desafios: “povos indígenas, migração, garimpo ilegal, violência, conflito de terras e territórios e o desafio da evangelização nessa realidade”. Mas também sabe “que a Igreja local é missionária, servidora e profética”, destacando “o serviço prestado pela Diocese aos migrantes venezuelanos”. Uma Igreja que segundo seu novo Bispo, “pauta as suas opções iluminada pelo Evangelho e não por aplausos ou críticas. É uma Igreja que tem clareza da sua opção de estar ao lado dos povos indígenas, migrantes e vulneráveis”. Dom Evaristo é consciente de chegar num momento marcado pela tragédia humanitária que enfrenta o povo Yanomami, que define como “um escândalo da sociedade brasileira com repercussões internacionais”. Diante disso ele quer “somar com todos os de boa vontade, no esforço do resgate pelo respeito e dignidade deste povo, que vive a paixão de Cristo diante dos nossos olhos. Quero estar ao lado e apoiar a todos aqueles que defendem a vida, promovem a paz, e desenvolvem o cuidado da Casa Comum”. Se sabendo limitado, o Bispo eleito da Diocese de Roraima afirma que “é necessário contar mais com a misericórdia de Deus e a ação do Espírito, do que com as nossas forças, e caminhar sempre com os irmãos em espírito de sinodalidade”. Ele lembra seu lema presbiteral, que é a promessa de Deus a Moisés: “Vai, eu estou contigo”. Por isso reconhece que “nossa única segurança é a presença do Deus que nos chama e nos envia através do seu Filho Jesus Cristo”. Igualmente lembra seu lema episcopal: “Avança para Águas Profundas”, que segundo Dom Evaristo, “não permite que eu me acomode”. Finalmente, o Bispo agradece as mensagens de boas-vindas recebidas e “a acolhida e a fraternidade manifestada pelos bispos do Regional Norte 1 da CNBB”. Para sua nova missão pede a oração de todos e a intercessão de Nossa Senhora do Carmo, enviando sua benção. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Se não enxerga o genocídio yanomami você deixou de ser humano e ainda mais cristão

Negar aquilo que nos incomoda, as situações desumanas, os graves pecados contra os descartados, não minora o que eles representam. O sofrimento dos povos indígenas é uma constante no Brasil desde que em 1500 Pedro Alvares Cabral chegou na chamada Costa do Descobrimento. Mais de 500 anos de cenas que muitos consideram normais, como algo que faz parte da vida e da história, mas que outros consideram ou consideramos vergonhosas, situações que colocam em questão a própria condição humana, que nos animalizam, deixando para trás uma atitude que pode ser considerada o elemento primeiro para considerar que alguém é humano: a compaixão. Também é a compaixão aquilo que define o Deus cristão, Ele é misericordioso e clemente, lento para a cólera, mas paciente e generoso em seu amor. Por isso podemos dizer que só quem vive a compaixão com aquele que está jogado na beira da estrada é cristão. Se alguém não faz isso pode ser chamado de fariseu, de mestre da Lei, mesmo que se empenhe em dizer que Deus está acima de tudo. Não é a primeira vez que o Povo Yanomami sofre as consequências daquilo que o Papa Francisco chama uma economia que mata, uma realidade muito presente na querida Amazônia. Mas o acontecido recentemente clama aos céus, saber que ao menos 570 crianças menores de 5 anos morreram nos últimos 4 anos só pode ser definido com uma palavra: genocídio. Numa população de 38 mil pessoas, essas 570 crianças representam uma porcentagem elevadíssima, colocando em risco a sobrevivência desse povo no futuro. Ainda mais quando essa situação é consequência do descaso de um governo empenhado em matar os índios, em acabar com eles para poder dispor daquilo que seus ancestrais guardaram secularmente, a casa comum. O lucro de uns poucos colocado acima de uma sociedade e uma cultura ancestral para beneficiar quem nunca se preocupou com o cuidado da vida. A gente fica estarrecido com as reações de pessoas que se dizem gente, inclusive de cristãos, de católicos, que na verdade nunca entenderam o que significa a fé no Deus encarnado, no Deus que está no meio de nós, naquele que está doente, que está nu, que está com fome e com sede, naquele que sofre, que se tornou vítima pela falta de humanidade e de ser cristão dos outros. É tempo de parar e pensar, de nos questionarmos como sociedade e definir os caminhos a seguir. Será que vamos escolher a vida ou vamos ficar com o lucro? Será que vamos defender os descartados ou vamos nos somar ao grupo dos que defendem o lucro acima de tudo? Aprendamos com aqueles que realmente nos ensinam o que vale a pena: ser humanos e acreditar no Deus encarnado. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Ir. Mary Agnes Njeri Mwangi: Com os yanomami aprendi “a ser uma mulher de esperança e resiliência, a sempre recomeçar”

O sangue dos povos indígenas, o sangue dos yanomami corre nas veias da Ir. Mary Agnes Njeri Mwangi. Bem é verdade que a missionária da Consolata nasceu no Quênia, mas desde que no ano 2000 chegou no Brasil, ela sempre permaneceu na missão Catrimani, lugar de presença dos missionários e missionárias da Consolata no meio de um dos povos mais atacados ao longo do último século no Brasil. Uma missão que a religiosa vê como “uma presença de consolação, uma presença de defesa da vida, de promoção da vida”. Segundo ela, “tem sido também uma presença de ser mulher entre as mulheres”, algo que tem se concretizado no trabalho com as mulheres, nos encontros em diferentes regiões no território Yanomami. Neste tempo de convivência a Ir. Mary Agnes, que foi auditora na Assembleia Sinodal do Sínodo para a Amazônia, diz ter aprendido “a ser uma mulher de esperança e resiliência, a sempre recomeçar, porque a vida é muito atropelada aqui, em alguns momentos há surtos de epidemiologia, invasão do território”. A religiosa insiste em que “aprendi a sempre a recomeçar, quando a vida parece que não existe, sempre tem a mão de Deus que vem ao encontro e recomeçamos. Aprendi muito esse modo de sempre estar disposta a recomeçar, construir, a fazer algo novo, a superar, a estar calma, a constância e o amor na convivência”. Isso numa região que tem passado momentos muito difíceis e onde se vive o momento atual com preocupação. Na missão Catrimani muitos indígenas não são conscientes do que está acontecendo em outras regiões do território. Lá não chegam meios de comunicação, o povo não tem acesso a ver as imagens, só se informam com que o que falam na radiofonia, relata a missionária da Consolata. Diante da situação que o Povo Yanomami vive, a Ir. Mary Agnes insiste em que “falta realmente presença, presença em muitas regiões yanomami, pessoas que podem estar com eles, conversar, compartilhar, isso faz falta, essa presença de pessoas inseridas, que podem também dialogar com o povo neste momento, que podem escutar qual é o problema e acompanhar o povo no dia a dia. O povo está vivendo nesse momento essa situação de desamparo, de estar só”. As missionárias da Consolata estão acompanhando algumas comunidades, mas como acontece em muitas regiões da Amazônia, essa é uma região de difícil acesso, “são viagens longas, a pé, de barco”, relata a religiosa. Os problemas maiores, aqueles que estão aparecendo na mídia, acontecem em regiões distantes da missão Catrimani, onde elas não conseguem chegar. “E mesmo se nós conseguíssemos chegar seria destampar um buraco aqui para ir tampar outro buraco em uma outra realidade”, afirma a religiosa. Diante disso, a Ir. Mary Agnes lança um grito de socorro, “o povo vive nessa ausência de pessoas que possam realmente doar a vida e estar junto com eles. Estar tempo, não é só ir e voltar, mas ficar na região como presença”. Um tempo de dor do povo que a missionária diz estar vivendo como uma experiência em que “o Senhor está animando a minha vocação e também essa opção das missionárias da Consolata, ficar junto ao povo, as missionárias e os missionários”. Ela insiste na importância de “estar sempre presente, junto ao povo e colaborar naquilo que podemos”. À Igreja a religiosa faz um apelo para poder ter uma presença maior. Ela lembra da missão do Xirei, uma das regiões mais atingidas atualmente, onde havia uma comunidade religiosa até 2006, e essa comunidade deixou por falta de pessoas que podiam dar continuidade. Uma experiência que começou nos anos 90, quando havia outra situação grave quanto está hoje. A religiosa disse que “hoje está pior, mas agora não tem essa presença, eu sinto que o Senhor me pede, oxalá seja verdade, que a Igreja procure outras religiosas e religiosos que possam atuar em outros frentes na área yanomami, porque aqui é a única presença da Diocese. Eu sinto esse chamado do Senhor, primeiro a afirmação da minha opção, da nossa opção como Consolata, missionários e missionárias de continuar aqui, mas também esse apelo à Igreja do Brasil e do mundo para tentar abrir outras frentes nessas realidades”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Diocese de Roraima acolhe Dom Evaristo e lhe convida a “continuar conosco a celebração do mistério da vida”

A Diocese de Roraima emitiu uma nota de acolhida ao seu 10º Bispo, Dom Evaristo Spengler, onde seu administrador diocesano, Padre. Lúcio Nicolletto diz se alegrar “em comunhão com toda a nossa Igreja diocesana ao acolhê-lo no meio de nós com as palavras do Evangelho: ‘Bendito aquele que vem em nome do Senhor!’”. Sobre a Diocese de Roraima, a nota afirma que “somos um povo marcado pela beleza das criaturas do céu e da terra, dos nossos igarapés e buritizais, pelos nossos lavrados, serras e rios: somos povo da Amazônia! Somos um povo marcado pela multietnicidade, pela beleza da miscigenação de raças, línguas, tradições e culturas que nos deixam entrever em cada dimensão de nossa vida cultural, social e eclesial a necessidade da convivência com o diferente como paradigma de crescimento integral, como eixo norteador do nosso esforço para sermos um só coração e uma só alma!”. Junto com isso é destacado que “somos um povo marcado pela necessidade do encontro com o estrangeiro que há mais de cinco anos está batendo à porta de nossas casas, comunidades e instituições pedindo acolhida, proteção, promoção e integração para restaurar aquela dignidade que o poder opressor arrancou e esmagou em nome de logicas de interesses particulares. Somos um povo que busca caminhos de integração entre pessoas que vivem frequentemente o triste fardo de mudanças ou transferência para outros estados do Brasil em busca de trabalho ou oportunidades de vida melhores”. Em relação aos povos indígenas, a nota denuncia que eles são “ainda pouco ou nada respeitados, conhecidos e valorizados como verdadeiros guardiões da nossa casa comum”. O texto faz referência ao calvário do Povo Yanomami, “infinitas vezes denunciado ao longo de anos também pela Igreja católica de Roraima, mas regularmente desconsiderado, temos prova desse compromisso urgente com a vida que precisamos assumir como inadiável”. Um povo que “precisa crescer sempre mais na consciência de uma fé que seja fruto de uma opção fundamental por Cristo e pelo seu Reino na evangélica opção pelos mais pobres, excluídos e marginalizados”, destaca a nota de uma diocese que diz ter consciência “de que precisamos crescer no compromisso de sermos uma Igreja que quer se fazer carne e quer armar a sua tenda nesse recanto da região amazônica sabendo que só assim poderemos anunciar a Boa nova do Evangelho de Cristo como fonte de sentido e de libertação para todos os povos”. Nesse sentido é ressaltado que “nossa diversidade sociocultural é um convite e um compromisso para trabalharmos em comunhão em defesa da Vida em todas as suas dimensões, mormente quando é ameaçada pelos impactos causados por um equivocado conceito de progresso que confunde desenvolvimento com crescimento meramente econômico, multiplicação de riqueza material, expansão indiscriminada do agronegócio, deixando de promover, muitas vezes, a justiça social e o bem-estar de todos e para todos, assim como reza o Documento pelos 50 anos do Encontro de Santarém”. Finalmente fazem um convite a Dom Evaristo para caminhar com sua nova diocese, “e assim poderá experimentar a reconfortante presença de Cristo Jesus que caminha certamente com o povo de Roraima, rumo ao reino definitivo, lutando conosco para a construção de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária! Venha dom Evaristo, e sinta a alegria da presença de tantos batizados e batizadas que vivem seu sacerdócio batismal como fonte de alegria e de compromisso na mesma missão evangelizadora! Venha caminhar conosco, caríssimo dom Evaristo! Aqui em Roraima certamente encontrará o afago de inúmeros abraços acolhedores de missionários e missionarias que querem somar com o clero e o laicato dessa diocese para continuar sendo fermento bom na massa de nossa humanidade. Venha, dom Evaristo para continuar conosco a celebração do mistério da vida repartindo para nós o pão da vida e como Francisco e Clara de Assis, ensinar que a vida é comunhão e missão para que todos tenham vida e vida em abundância!”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Evaristo Spengler novo Bispo de Roraima. Regional Norte1 o acolhe com imensa alegria

O Papa Francisco nomeou neste 25 de janeiro de 2023 a Dom Evaristo Pascoal Spengler, OFM, como novo Bispo da Diocese de Roraima. Nascido em Gaspar (SC), no dia 29 de março de 1959, era até agora Bispo da Prelazia do Marajó no Pará. Com pós-graduação em Teologia Bíblica pelo Studium Biblicum Franciscanum, em Jerusalém, Dom Evaristo realizou sua profissão solene na Ordem dos Frades Menores em 2 de agosto de 1982. Foi ordenado diácono em 21 de novembro de 1982 e presbítero, no dia 19 de maio de 1984. Foi nomeado Bispo da Prelazia do Marajó pelo Papa Francisco em 1º de junho de 2016, sendo ordenado Bispo por seu confrade Dom Leonardo Ulrich Steiner, atual Cardeal Arcebispo de Manaus, em 6 de agosto de 2016. O Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em nota da presidência, disse acolhê-lo “com imensa alegria para ser o novo Bispo da Diocese de Roraima”. A nota lembra que “como pastor da Igreja do Marajó, o senhor abraçou com tal generosidade e coragem sua missão na nossa querida Amazônia, que nós o elegemos para ser Presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica, REPAM-Brasil”. O texto faz referência à situação que está vivendo o Povo Yanomami na Diocese de Roraima, destacando a recente mensagem da REPAM-Brasil, onde o novo Bispo da diocese “revelou o amplo conhecimento que possui sobre a tragédia humanitária que enfrenta o Povo Yanomami, provocada pelo garimpo ilegal, pelo desmatamento, pela poluição das águas, sinais da perversidade provocada pela ausência de políticas públicas e pela negligência planejada com os modos de vida e com a cultura dos povos indígenas”. A presidência do Regional Norte1 da CNBB anima o novo Bispo da Diocese de Roraima a que “não tenha medo, a missão que o espera é exigente e desafiadora, mas o Senhor que o chama, também o acompanhará sempre com a sua graça e a força do seu Espírito”. Finalmente, antes de pedir a intercessão de Nossa Senhora do Carmo, Padroeira da Diocese de Roraima, pela missão que a Igreja está lhe confiando, os Bispos do Regional Norte1 afirmam que “pode estar certo de que contará sempre com a acolhida fraterna, a solidariedade permanente e as preces constantes de seus irmãos no ministério episcopal”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1