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Cardeal Steiner: “O anúncio do Reino, ele não cabe em vestimentas, ele só cabe no coração, na vida das pessoas”

Um momento de receber, de agradecer. Assim definia o Cardeal Leonardo Steiner a celebração eucarística que encerrou a I Experiência Vocacional Missionária Nacional, realizada de 5 a 16 de janeiro na Arquidiocese de Manaus, a Diocese de Coari e a Prelazia de Itacoatiara, juntando 280 missionários e missionárias de 94 dioceses e várias congregações religiosas. Na homilia, ao elo das leituras do dia, o Arcebispo de Manaus afirmou que “não é tempo de jejum no anunciar do Reino de Deus. O Reino de Deus é que possibilita os encontros, o Reino de Deus é que possibilita a verdade do amor, o Reino de Deus é que leva à plena maturação”. Diante disso ele questionou “como então jejuar, deixar de anunciar, deixar de falar, deixar de pregar, deixar de levar?”. O Cardeal ressaltou que “não é tempo de jejum para quem compreendeu a Jesus, a sua vida, a sua morte e Ressurreição”. No texto do Evangelho, Dom Leonardo destacou que “esse anúncio não é possível colocar em panos velhos coisas novas, nem vinho novo em odres velhos, isto é, este anúncio, ele é único, ele é próprio, ele não cabe em recipientes, ele não cabe em vestimentas, ele só cabe no coração, na vida das pessoas, na nossa vida”. “Porque cabe na nossa vida, entra na nossa vida, é que não conseguimos jejuar, nos é dado o dom da Palavra, nos é dado o dom do testemunho, e então nos é dado o dom da missão”, disse o Arcebispo de Manaus. Uma missão que seguindo o texto da Carta aos Hebreus, “é para a consumação, é para o serviço”, o que o levou a afirmar que “toda vocação é serviço na missão. Toda missão nos dá o servir, servir na Palavra, servir no testemunho, servir no lava-pés, servir no consolo, servir na samaritaneidade, servir na fraqueza, servir no perdão, servir na misericórdia, servir na reconciliação, sempre servir, porque nascemos do povo de Deus, todos nós, nas nossas vocações, nascemos do povo de Deus, mas especialmente aqueles que se sentiram chamados, convocados, para servirem de modo próprio dentro da Igreja, nos sacrifícios, isto é, nos sacramentos”. “Isso é para a consumação, não é para desgraça, não é para desonra, não é para frustração, mas para a consumação, para a realização”, disse Dom Leonardo. Segundo ele, “não podemos jejuar se desejamos uma vida plena, plenificada, não podemos jejuar porque Ele sempre está conosco, Ele que é o nosso anúncio, Ele que é a nossa Palavra, Ele que é o nosso testemunho”. Com relação a sua história pessoal, o Cardeal Steiner relatou como em sua paróquia, sendo coroinha, tinha um frade que foi missionário, e gostava de reunir os coroinhas e contar as histórias de missão dele. Histórias que encantavam os coroinhas e foi despertando em algum deles o desejo da missão, dizendo que o seu sonho de menino era ser missionário na África, continente onde só pisou uma vez. Dom Leonardo disse que a frustração na sua vida foi que o sonho de menino não se realizou. Uma missão que se concretizou em sua nomeação como Bispo da Prelazia de São Felix do Araguaia. “Lá é que a Amazônia me encantou, o modo de ser do povo, das comunidades, essa religiosidade quase esquecida e mesmo às vezes negada”, disse o Cardeal. Uma Igreja no Brasil que foi crescendo na missionariedade, algo que ele percebeu em seus 8 anos como Secretário Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), crescendo na consciência missionária, “e como nós fomos percebendo que realmente a missão da Igreja é evangelizar”, destacando os textos que mostravam “o desejo de sermos uma Igreja em missão”, em missão permanente segundo recolhe o Documento de Aparecida, sermos discípulos missionários. Um tempo em que desejou ir para a Amazônia, sendo nomeado Arcebispo de Manaus, que segundo Dom Leonardo, “alguns acharam que tinha sido castigo, mas era minha realização”. Nesse ponto, ele destacou “como as comunidades são acolhedoras, como os leigos estão presentes na Igreja, mulheres e homens”, algo vivenciado durante a experiência missionária. O Arcebispo de Manaus destacou a receptividade, a fé do povo, as necessidades de pobreza, de fome, que existe em muitas das comunidades, “mas como existe solidariedade, eu nunca vi tanta solidariedade como aqui no tempo da pandemia, algo emocionante”, insistiu.   Uma Igreja que tenta caminhar a partir dos sonhos da Querida Amazônia, “uma caminhada que a nossa Igreja na Amazônia já vem fazendo há muito tempo desde o Documento de Santarém”, afirmou Dom Leonardo. Ele vê esses 4 sonhos como “verdadeiras dimensões de um modo de evangelizar, um modo da Igreja ser missão. Não deixar nada de lado, tudo missionado, tudo pensado, tudo refletido, tudo rezado, mas especialmente uma Igreja profundamente encarnada”. Daí animou os missionários e missionárias a “se encarnar onde Deus deu a graça de viver”, sem esquecer que “nós saímos do povo e voltamos para o povo para servir, servir em missão”. O Arcebispo de Manaus chamou os participantes da experiência a levar consigo a alegria, a levar uma teologia que nasce da dor do povo, que ele vê como “uma riqueza para nossa pobreza”, destacando o fato de que tudo é feito na fé, de que o Reino de Deus está presente, que vivem do Reino de Deus. “Uma teologia que precisamos entender”, insistiu, fazendo um chamado aos seminaristas a que sirvam ao povo, “ser padre não é um status, estamos ao serviço do Reino. O serviço nos realiza, é a maturação da nossa vida”. Aos formadores participantes da experiência, a quem agradeceu pela sua presença, os convidou a “pensarmos o processo formativo a partir da missão da Igreja”, pedindo a todos que “Deus nos dê a alegria de vivermos o Reino de Deus, que Ele nos dê a alegria de testemunha-lo”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Admiração, encantamento, gratidão resumem a I Experiência Vocacional Missionária Nacional

A Missão é uma vocação na Igreja, disse Dom Leonardo Steiner aos participantes da I Experiência Vocacional Missionária Nacional que está sendo encerrada em Manaus, depois de mais de uma semana de “levar a Palavra de Deus, de ser uma presença da Palavra de Deus” em centenas de comunidades da Arquidiocese de Manaus, a Prelazia de Itacoatiara e a Diocese de Coari. O Cardeal agradecia aos 280 missionários e missionárias pela presença nessas Igrejas da Amazônia, explicando brevemente o jeito de ser Igreja na Arquidiocese de Manaus, onde as Áreas Missionárias se tornaram o modo de ser presença do Evangelho na vida do povo. Uma experiência missionária que é fruto de um processo já realizado, de diferentes experiências missionárias em nível diocesano e regional com seminaristas, segundo explicitou Dom Maurício da Silva Jardim, Bispo da Diocese de Rondonópolis-Guiratinga. O Bispo, que foi Diretor Nacional das Pontifícias Obras Missionárias (POM) por 6 anos, enfatizou que as POM buscam promover o espírito missionário na Igreja de cada país, e fez ver que a experiência vivida nasceu com o protagonismo dos seminaristas que decidiram realizar um Congresso, buscando uma reflexão sobre a missão, e esta práxis missionária. Os missionários e missionárias chegaram de todos os cantos do Brasil, 94 dioceses e várias congregações religiosas, com diferentes expectativas, que se uniram àquelas dos organizadores da experiência, com as que buscaram crescer como pessoas e como seguidores de Jesus, segundo o Padre Zenildo Lima. O reitor do Seminário São José de Manaus foi relatando as expectativas surgidas dos objetivos da experiência, em relação com a comunhão com a Igreja, com a caminhada vocacional, um elemento importante dado que a Igreja do Brasil está realizando o III Ano Vocacional, conhecer a realidade da Amazônia, aprender a caminhar com os outros, uma expressão de sinodalidade, e o que a experiência significa na caminhada formativa dos seminaristas. Uma experiência de encontro, sustentando na interculturalidade, a escuta, o anúncio, o aprendizado, segundo fez ver o Padre Zenildo Lima. Uma experiência que tem provocado admiração, encantamento, gratidão, superando assim o cansaço de chegar até lugares de difícil acesso. Daqui para frente, o importante é entender, seguindo as palavras do Livro do Atos dos Apóstolos, que “Não podemos deixar de falar o que vimos e ouvimos”, algo que leva a refletir sobre como o vivido nesses dias pode ajudar, incidir, iluminar a vida dos missionários e missionárias. Nesse sentido, os COMISEs, uma realidade cada vez mais presentes nos seminários diocesanos e nas casas de formação de diferentes congregações religiosas, segundo disse Ítalo Dalton, coordenador nacional, podem ajudar a avançar nessa vivência missionária por parte daqueles que um dia serão os presbíteros da Igreja do Brasil, superando estereótipos e preconceitos que dificultam a concretização dessa vivência missionária. De volta para a Diocese de Joinville (SC), Mateus Siedschlag disse levar “muito aprendizado, aprendizado com o povo, com a cultura e principalmente quebra de paradigmas, porque a gente vem, querendo ou não, com uma visão que a gente tem de lá”. O seminarista do segundo ano de Teologia que visitou a Amazônia pela primeira vez, afirmou que “lá se fala muito dos problemas que tem aqui, das dificuldades e das caraterísticas, das qualidades também, mas quando a gente vem para cá e vivencia, então a gente vê realmente que tem sim dificuldades, mas também não são tão como aparece lá”. Ele, que participou da experiência da Área Missionária São José do Rio Negro, destacou as muitas ações que são realizadas na Igreja de Manaus, “especialmente nas áreas missionárias onde a Igreja tenta atender, da forma que consegue, mas busca tentar solucionar os problemas e também levar a evangelização, a Palavra de Deus”. O coração de Sildo Morais já ardia desde que foi anunciado o processo de inscrição para esta Experiência Missionária Pés a Caminho. O seminarista da Diocese de Caxias (MA), chegou em Manaus carregando “a experiência do meu povo”, de uma outra região da Amazônia. Ele está levando “a acolhida generosa desse povo e aquilo que cada experiência vivida na comunidade me ensinou para esse processo formativo, para minha dimensão futuramente como sacerdote”. Ele, que acabou recentemente a Teologia, insistiu em que “não existe sacerdócio sem a dimensão pastoral, sem a dimensão missionária”. A experiência missionária ajudou a descobrir uma Igreja ministerial, com grande importância dos leigos, das mulheres, um povo que acolhe, generoso. Também foi momento de partilha de estilos de vida, de modos de viver a fé nas diferentes regiões do Brasil, momento para que os futuros presbíteros tenham abertura a todas as realidades que fazem parte da Igreja universal. Foi pedido que esta experiência e a missiologia se tornem algo ordinário no processo formativo dos futuros padres, um eixo transversal, ajudando a entender que a Igreja é muito mais do que a própria diocese. De fato, foi denunciada a pouca presença e incentivo da missão nos processos formativos. Nesse sentido, Dom Leonardo Steiner insistiu em “processos formativos que levem a ser missionários, não celebrantes de sacramentos”, e junto com isso que tudo no processo formativo é para a missão, para o bem do povo de Deus, buscando não uma Igreja de conservação e sim uma Igreja em saída, uma Igreja missionária. Os missionários e missionárias viram, escutaram e levam muitas experiências que irão enriquecer sua vida, experiências que também ajudarão às comunidades locais a refletir e crescer. Mas acima de tudo, esta experiência, que quer ser estabelecida como algo a ser continuado, cobra maior sentido no pedido que os seminaristas fizeram aos formadores, aos bispos, à Igreja do Brasil: Não deixem a missão de lado. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo: “Para degustar Deus não bastam as palavras, nem ritos, não bastam os conceitos, nem os discursos teológicos”

O encontro de Jesus com João; o encontro de João com Jesus é o ponto de partida da reflexão do Cardeal Leonardo Steiner no 2º Domingo do Tempo Comum. “João a batizar com água, Jesus a batizar com o Espírito! O preparador que reconhece o Messias e anuncia o tempo novo do Espírito. Jesus o anunciado que agora se anuncia e envia o Espírito Santo”, afirmou o Arcebispo de Manaus.  Falando sobre a conversão, ele disse que “o batismo que Jesus nos oferece, não é um banho externo parecido com as águas do rio Jordão. O batismo novo é do Espírito, um banho interior. O banho interior que comunica o Espírito que penetra, impregna e transforma o coração. Este Espírito é o Espírito da vida!”. É por isso que “Deixar-se batizar por Jesus, significa acolher o Espírito como fonte da vida nova”. Um Espírito de Jesus que “é o do amor, capaz de libertar da covardia, do egoísmo, dos nossos interesses meramente pessoais, do nosso bem-estar, do eu que nos aprisiona e reduz. Esse Espírito nos impregna do amor cordial, da partilha, da compaixão, da redenção, da floração da vida”, destacou o Arcebispo de Manaus. Segundo o Cardeal “o Espírito de Jesus é um espírito de conversão. Significa deixar-nos transformar por essa vida nova que tudo ressignifica e transforma. Aprender a viver com a sensibilidade de quem aprendeu o sentido da solidariedade, da cordialidade, da caridade”. Um Espírito que “desperta o melhor que há em cada um de nós, em cada comunidade, na Igreja. Concede um coração novo com maior capacidade de ser fiel ao Evangelho, ser fiel ao acolhimento das fraquezas pessoais e do próximo. Supera a violência, a agressão, a destruição” ressaltou.  Citando as palavras do novelista Julien Green em relação a nossa indiferença, onde diz que “todo mundo acreditava, mas ninguém gritava de assombro, de felicidade ou espanto”, Dom Leonardo disse que “nós cristãos nem sempre nos damos conta da apatia e indiferença que vai tomando conta da nossa vida interior, vai se apagando o fogo do Espírito”. Segundo Dom Leonardo, “temos a impressão de que fomos batizados com água e ainda não fomos batizados com o Espírito Santo e fogo”. “Às vezes continuamos a repetir o que aprendemos na catequese, o que os outros nos disseram, o que lemos na superficialidade de certos textos, mas falta a experiência de Deus. Muitas vezes, nos servimos de uma moral, nos servimos de determinadas ideologias, mesmo aquelas que afirmamos serem do espírito, mas falta uma relação de filha, de filho com Pai”, advertiu o Arcebispo de Manaus. Não podemos esquecer que “a vida do Evangelho não é um livro de determinações, mas livro da vida, livro da conversão, da transformação, da vida nova, do serviço, da dedicação aos pobres. Se o Evangelho apenas indicasse a assistência social, seria de grande valor, de sentido, mas indica um caminho extraordinariamente fecundo: uma relação de filhos e filhas de Deus entre nós. O outro não é objeto, posse, mas um irmão, uma irmã”, insistiu. “Podemos ser pessoas boas que cumprem fielmente e de modo admirável as nossas práticas religiosas e nossas orações, mas acabamos não conhecendo ao Deus vivo e verdadeiro que alegra a nossa vida e a transforma, liberta, amadurece, transfigura”, afirmou Dom Leonardo.  O Cardeal Steiner fez ver que “pode ser que seguimos escutando e repetindo as palavras de Jesus como vindas ‘do exterior’. Quase não nos detemos a escutar sua voz interior, essa voz amistosa e estimulante que ilumina, conforta e faz crescer em nós a vida do Reino. Dizemos de Deus palavras maravilhosas, admiráveis, mas pouco nos ajudam a pressentir Deus com proximidade e assombro, como essa Realidade na qual nos sentimos vivos e seguros, nos sentindo amados sem fim e de maneira incondicional”. Por isso, ele insistiu em que “para degustar Deus não bastam as palavras, nem ritos, não bastam os conceitos, nem os discursos teológicos. É necessária a experiência de termos sido encontrados amados, amadas. Que cada um de nós se aproxime da Fonte e beba”, citando palavras de Pagola. Refletindo sobre o ouvir e o falar, o Arcebispo de Manaus fez ver que também “falamos com o olhar, falamos com as mãos, falamos com o andar, com o rosto; toda a nossa pessoa fala. Fala como estamos, fala o que somos. O Espírito não fala em próprio nome. Fala sempre o que ouve. Ele é plena receptividade e plena doação de vida no falar e no ouvir”.   O Espírito fala “o que ouve do Pai, mas ouve também o Filho e fala o que ouve do Filho. Ele não fala por si mesmo, mas fala o que ouve”, afirmou, questionando: “Que fala é essa que o Espírito ouve e anuncia? Que fala é essa que deixou de ser nosso modo usual de fala?”. Afirmando que Deus é amor, ele insistiu em que “a sua única fala é a fala do amor, a sua fala é amor. É o amor rege a vida da Trindade”. Daí o Cardeal insistiu em que “nossa vida nasceu e renasce na graça do amor que nos gerou e nos concede a escuta e as palavras da fraternidade, da irmandade”. Comparando o Espírito que o Batismo de Jesus nos concede e o espírito que estamos a viver em diversas realidades da nossa pátria, o Arcebispo de Manaus destacou que “o Espírito do batismo e da pregação de Jesus não é o da agressão, da depredação, da confusão, da agressão, da deposição, da violência, da destruição que vimos e ouvimos. O Espírito que anuncia o futuro, ‘as coisas futuras’, é muito diferente daquele que anda a soprar em determinados locais e mentes”. Olhando para a atual realidade no Brasil, Dom Leonardo denunciou que “o Espírito que ouve e diz cria a fraternidade, oferece a conciliação, observa o respeito, desperta a cordialidade, cuida a urbanidade e cultiva as diferenças. Nada de destruição do outro, nada de ideologização da convivência, nada de destruição com notícias falsas, nada de fazer valer pela força,…
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Dom Michele Tomasi, Bispo da Diocese de Treviso (Itália), visita Diocese de Roraima

Dom Michele Tomasi, Bispo da Diocese de Treviso (Itália), está visitando a Diocese de Roraima, onde nesta sexta-feira, 13 de janeiro, foi entrevistado pela Rádio Monte Roraima FM, a Rádio da Diocese. Acompanhado do padre Lúcio Nicoletto, administrador diocesano da Diocese de Roraima, Dom Michele, falou sobre sua visita ao extremo norte do Brasil, onde o Bispo disse que se sente muito bem, e já sentia boas energias antes de chegar no Brasil. Segundo Dom Michele Tomais, “eu já sentia isso antes de chegar aqui, mas, realmente quando eu cheguei aqui, me senti muito acolhido. É muito, muito lindo e agradeço porque tudo aquilo que estou experimentando, me faz ter certeza de que realmente aquilo que eu já estava sentindo, é real. Estou bastante entusiasmado, isso me faz muito bem”. O padre Lúcio explicou sobre novos projetos de parceria entre a Diocese de Roraima e a Diocese de Treviso, ressaltando que a presença de Dom Michele Tomasi ajudará no acompanhamento pastoral de algumas comunidades. “Uma equipe começará a trabalhar aqui na nossa Diocese de Roraima assumindo a área missionária de Pacaraima, Amajari e ajudando também o acompanhamento pastoral de algumas comunidades que a gente conhece melhor com Santa Helena. Então, nós acolhemos esse projeto que já faz três anos que estava em gestação. E agora com a presença de Mons. Michele isso já nos dá a possibilidade de que esse projeto, que é um sonho, vá se realizar” explicou o administrador diocesano. O Bispo da Diocese de Treviso disso que estava com vontade de vir para o Brasil há três anos, mas por conta da pandemia teve que adiar. “Eu sou bispo há três anos em Treviso, eu estava com vontade de vir desde antes da pandemia. Agora retomando eu estou indo aqui dar uma passadinha rápida porque eu pretendo visitar também os demais locais das nossas Dioceses, e daqui estou indo para o Paraguai” finalizou Dom Michele. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Com informações da Diocese de Roraima

Conceição Silva: “Estar em pecado é quem entra na lógica desse sistema pecaminoso que calunia e difama”

No início do Tempo Comum, após as festas da Epifania e do Batismo de Jesus, que neste ano será marcado pelo Evangelho de Mateus, Conceição Silva, nos faz ver que “ele apresenta Jesus como Mestre da Justiça anunciando a chegada do Reino de Deus“. Segundo a membro das Pastorais Sociais da Arquidiocese de Manaus, “para os primeiros cristãos Jesus é o Cordeiro Pascal que doa sua vida como servo e liberta seu povo do cativeiro”. Falando do Evangelho deste domingo, ele diz que “ressalta a figura de João Batista que nos confirma que o amor de Deus marcou para sempre nossas vidas. Não há mais razão para ficarmos triste ou amargurados, pois, Deus está conosco, Ele está no meio de nós”. Algo que se faz presente no fato de que “João reconheceu Jesus ao batizá-lo dizendo: ‘eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo’”. “Hoje para nós estar em pecado é quem adere ao sistema de corrupção, destruição, desamor, enfim quando se torna colaborador de todos os males dessa sociedade”, afirma Conceição Silva. Por isso, ela insiste em que “estar em pecado é quem entra na lógica desse sistema pecaminoso que calunia e difama as pessoas que se engajam na promoção de um mundo mais justo e solidário. Os que lutam para eliminar os pecados desse mundo tão desigual, é que são fortalecidos com a presença do Cordeiro”. “Toda a vida de Jesus é animada pelo Espírito Santo que unge para a missão de comunicar a vida e o amor fiel de Deus. Ele assumiu verdadeiramente o Espírito do Pai ao ponto de se intensificar com Ele, pois o seu Batismo no Espírito Santo, comunica o amor de Deus a quem adere ao seu projeto de vida”, segundo a leiga. Ela insiste em que “o Espírito Santo também descansa sobre nós, pois precisamos de sua assistência, é ele quem revela Cristo e quem confirma para nós as obras que em nós são realizadas, é ele quem nos motiva a desempenhar a nossa missão aqui na terra e dá testemunho, que deve ser baseado na nossa vivência diária. Na medida que vamos assumindo nossa condição de filhos e filhas de Deus, tornando-nos também pessoas divinas”. Falando da vida, ela afirma que “em nossa realidade hoje precisamos averiguar se o testemunho que estamos dando ao mundo é realmente o de alguém que vive pleno do Espírito Santo ou de quem o guarda e não se importa com Ele. Para nós o testemunho do cristão não pode ser apenas o anúncio de que Deus nos salva em Jesus, mas deve ser antes de tudo sinal concreto de uma nova vida, fazendo de nós colaboradores da nova criação, de um novo céu e uma nova terra, onde o cordeiro quer nos conduzir”. Em relação com a Igreja, Conceição Silva destaca que ela “é sempre chamada a fazer o que São João Batista fez, mostrando a humanidade do Cordeiro que se opõe as maldades do mundo”. Nesse sentido, “o percurso sinodal da Igreja, que está atualmente em andamento, nos proporciona um ambiente favorável para somar forças, em busca de um mundo mais humano e fraterno nesses tempos de tantos desafios em consequência da pandemia, da insegurança alimentar e principalmente as constantes ameaças ao nosso sistema democrático de direito”. Finalmente, ela convida a rezarmos pelo Sínodo da Igreja: “Vem Espírito Santo, tu que suscitas novas linguagens e põe palavras de vida em nossos lábios. Livra-nos de nos tornamos uma Igreja museu, bela, mais muda, com muito passado, mais pouco futuro. Vem no meio de nós, para que na experiência sinodal, não nos deixemos vencer pelo desencanto, a profecia não dilua, não acabemos por reduzir tudo a discursos estéreis. Vem, Espírito de Amor, abre os nossos corações à escuta, vem Espírito de Santidade, renova o santo povo fiel de Deus, vem Espírito Criador, renova a face da terra. Amém”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

A barbárie nunca pode ser o caminho a seguir

Escolher a barbárie como caminho para construir o futuro de uma nação nunca pode ser a alternativa certa. O acontecido em Brasília no último domingo, é fruto de tudo o que foi plantado durante os últimos anos, especialmente durante os últimos meses, ao longo da campanha eleitoral e no tempo depois da eleição encerrada no dia 30 de outubro de 2022, de uma polarização que tem se transformado em violência extrema. A invasão da sede dos três poderes da República só pode provocar um sentimento de tristeza e indignação, quem apoia e incentiva esse tipo de atos, ainda mais com as gravíssimas consequências que isso teve para o patrimônio nacional, só pode ser visto como alguém que precisa de acompanhamento psiquiátrico. Não é possível aceitar esse tipo de atos vandálicos sob nenhum tipo de hipótese, pois isso mostra a incivilidade dessas pessoas que de jeito nenhum podem ser vistos como cidadãos e cidadãs, mesmo que muitos deles se apresentem como gente de bem. A sociedade brasileira precisa reagir com firmeza diante desses fatos, é algo que vai além do poder público, são os brasileiros e brasileiras que devem se posicionar e desde a união escolher o país que querem construir, mostrando assim o que significam as instituições democráticas. A maior força numa sociedade é o diálogo, daí a necessidade de procurar instrumentos que garantam a convivência pacífica e o respeito por aqueles que pensam diferente, que nunca podem ser vistos como inimigos só pelo fato de ter posturas divergentes. O acontecido em Brasília no último domingo é algo que se repete em menor escala nos diferentes níveis da sociedade brasileira, e isso é inaceitável. O Brasil não pode renunciar a um sistema democrático que ajudou a superar uma ditadura onde as imposições se tornaram comuns, algo que hoje a grande maioria do povo brasileiro não está disposto aceitar. Independentemente de ideologias, a democracia deve ser algo inegociável, um princípio intocável para o povo brasileiro. Deixar crescer o clima de ódio consequência de polarizações, só pode conduzir a consequências nefastas para o conjunto da sociedade brasileira. Se faz necessário uma educação para a fraternidade e o diálogo e aí as igrejas deveriam desempenhar um papel fundamental. Infelizmente, pessoas que se dizem “cristãs” e coloco cristãs entre aspas, apoiam e justificam o acontecido em Brasília no último domingo. Ser cristão implica ser cidadão, se comprometer com a paz, olhar para o outro desde um sentimento fraterno que nos leva a poder caminhar juntos, mesmo com as divergências presentes em cada pessoa humana. Não nos deixemos conduzir por aqueles que usam o nome de Deus em vão, que se servem da religião cristã para favorecer projetos de morte e destruição. Não escutemos aqueles que desde a distância agem com covardia e não aceitam a vontade da maioria. É tempo de desmascarar os violentos e apostar num futuro de paz e fraternidade a exemplo daquele que chamamos o Príncipe da Paz. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio RioMar

Missão vocacional na Amazônia: “Adquirir um outro olhar sobre a Igreja”

Missão é experiência de encontro, momento de ensinamento e aprendizado, de partilhar a vida e a fé, de encontrar Deus naquele com quem a gente se depara. A I Experiência Vocacional Missionária que reúne na Arquidiocese de Manaus, na Diocese de Coari e na Prelazia de Itacoatiara 280 missionários e missionárias, em sua grande maioria seminaristas, está sendo muito enriquecedora para quem chega e para quem recebe. Daniel Barreto está no 4° ano de Teologia na Diocese de Quixadá (CE) e faz parte do grupo itinerante que está conhecendo diferentes realidades da Arquidiocese de Manaus. Ele diz estar vivendo a experiência como momento de conversão. Deus fez com que ele tenha superado sua expectativa, que era “de apenas conhecer a realidade da Igreja na Amazônia, que já e de grande importância”, mas ele está vivendo “uma experiência de conversão na minha vida e vocação”. Daniel destaca o encontro com diversas pessoas, escutando seus testemunhos como algo que “é de imenso valor para a minha vocação”. Uma experiência que está ajudando os missionários a “adquirir um outro olhar sobre a Igreja”, destaca o seminarista da Diocese de Quixadá, que está compreendendo que “serei ordenado não somente para a minha Diocese, mas serei sacerdote para a Igreja, e com isso um amor inflamado por Deus, pela Igreja e consequentemente pelo povo”. Uma Igreja que vive as mesmas dificuldades que são vividas no sertão cearense, mas numa cultura diferente. Uma experiência missionária que está ajudando a aprofundar na missão, dado que o sacerdote “é chamado a continuar com a missão evangelizadora que Cristo deixou para cada batizado”. Do mesmo grupo participa Reginaldo Fernandes, da Diocese de Caratinga-MG, que será ordenado diácono no dia 5 de março, que considera muito rica a experiência, destacando a diferente realidade e a importância de “testemunharmos a presença da Igreja que é muito viva aqui também nesta região”. Ele está sendo marcado pelo “testemunho de fé das pessoas, que mesmo diante de tantas dificuldades, tantos desafios, tantas limitações, permanecem firmes na fé e acreditando na presença de Deus, presença da Igreja católica também aqui nesta porção do nosso país”. Uma experiência que diz vai contribuir muito para ele, “fortalecendo ainda mais este meu desejo de estar ao serviço da Igreja como futuro sacerdote, de estar ao serviço do povo de Deus”. Dona Inira acompanha os 5 missionários que participam dessa experiência na Paróquia Nossa Senhora do Rosário da Prelazia de Itacoatiara (AM). Ela diz estar “tendo a oportunidade de sentir a realidade do povo da nossa comunidade, está sendo uma grande experiência. Eu pude perceber o quanto o nosso povo precisa da Palavra de Deus, precisa ser ouvido, acolhido, e que a missão está servindo para dar esse alento”. Dois desses seminaristas são Taylor Ferrari da Diocese de Cachoeiro do Itapemirim (ES) y Bruno Maia da Arquidiocese de Manaus (AM). Para o seminarista capixaba, “participar desta experiência me faz conhecer o rosto da Igreja na Amazônia”. Ele relata as inúmeras realidades que desafiam não somente o missionário, mas a população em geral, vendo o tempo passado em Itacoatiara como “dias enriquecedores na nossa caminhada enquanto seminaristas, entrar em contato com a realidade particular de um povo é de estrema importância para a formação dos futuros padres”. Ele relata a realidade das enchentes do Rio Amazonas e o sofrimento que isso provoca, algo que também destaca Bruno Maia, para quem é importante o fato de conviver com “seminaristas chegados de todo Brasil para conhecer nossa realidade”. Mesmo diante das dificuldades que o povo vive, ele ressalta a sede de Deus que o povo tem em suas vidas. Na comunidade São Sebastião, da Área Missionária São José do Rio Negro, na Arquidiocese de Manaus, Aleisson Amaral, da Diocese de Araçuaí (MG), diz estar aprendendo com a comunidade. Segundo o seminarista, “eles são indígenas do Povo Baré que vieram do município de São Gabriel da Cachoeira. Eles se organizam na Associação e na Aldeia, e vivem a religiosidade, são devotos de São Sebastião, fazem também os festejos do Divino Espírito Santo, festejam Santo Alberto e São Pedro”. Uma comunidade que se reúne aos domingos para celebrar a Palavra e a celebração da Santa Missa uma vez por mês, destaca Aleisson. “Estamos visitando as famílias, conhecendo a realidade, aprendendo deles, também experimentando a culinária, o modo como eles fazem as coisas. Estão nos ensinando, tem sido muito bom vivenciar e experimentar coisas novas, saber que também aqui na Amazônia o povo tem fé, o povo é batalhador e que procuram do seu jeito viver em comunidade, viver seguindo Jesus Cristo”, segundo o seminarista da Diocese de Araçuaí. Uma experiência missionária que está lhe ajudando a “me aproximar cada vez mais de Jesus Cristo a través do testemunho de fé de muitas pessoas que estão espalhadas no mundo”. Nessa comunidade moram Dona Rosa e Dona Ana, que fazem ver a grande importância de receber os missionários. Eles “nos trazem a paz, o ânimo, o incentivo para podermos caminhar juntos no dia a dia junto com os comunitários. A gente precisa muito disso, eles nos ensinam, visitam à gente, transmitem coisas boas e a gente acaba aprendendo com eles também”, afirma Dona Rosa. Dona Ana, falando em língua nheengatu diz ter sido “muito bom que os missionários vieram nos visitar, ensinar à gente, há muito tempo que a gente esperava por isso, o nosso coração está alegre, estamos felizes de receber vocês, a gente só tem a agradecer a todos vocês”. Uma alegria que também está vivendo Dona Rose, da Comunidade Nossa Senhora de Fátima, na Paróquia Cristo Libertador de Manacapuru, Diocese de Coari. “Queremos agradecer a Deus por esse momento, por essa oportunidade que Ele está dando à Paróquia Cristo Libertador com os missionários. Esta missão está sendo muito importante, ela nos ajuda como líderes”, agradecendo aos missionários pela sua presença. Testemunhos de quem está vivendo a experiência missionária desde diferentes perspectivas, mas que mostram a riqueza de um momento importante na vida dos missionários, dos seminaristas, que dentro de seu processo…
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O povo ticuna avança em evangelização intercultural e numa Igreja com rosto amazônico e indígena

O Sínodo para a Amazônia insiste em avançar numa evangelização intercultural, em fazer realidade uma Igreja com rosto amazônico e rosto indígena. A Paróquia São Francisco de Assis, em Belém do Solimões, Diocese de Alto Solimões, mesmo diante dos desafios enfrentados e a necessidade de seguir amadurecendo, pode ser considerada como um bom exemplo desse jeito de ser Igreja, intercultural e com rosto indígena. O trabalho dos Frades Capuchinhos com o povo ticuna vai mostrando que isso é possível, segundo foi comprovado mais uma vez na 3ª Reunião Geral Diocesana de Pastoral Ticuna, realizada 04 a 08 de janeiro de 2023. 180 indígenas ticuna de 20 comunidades de toda a Diocese, Ministros da Palavra, Catequistas, Agentes do Dízimo, Jovens, coordenadores, vocacionados, Missionários, Caciques, homens e mulheres, se reuniram para partilhar, escutar os desafios de cada comunidade, avaliar o caminhar de cada Comunidade Eclesial Missionária. Ao longo de 05 dias de intenso trabalho, os participantes do encontro foram trabalhando em grupo e recebendo formação em torno aos 04 pilares que sustentam as Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária. A partir desses pilares as comunidades têm assumido compromissos para cada um dos pilares, valorizando a Bíblia, as celebrações de forma inculturada, a catequese e a reza do terço, os jovens e o combate do alcoolismo, sua língua e cultura, o encontro foi realizado em língua ticuna, a ecologia, a missionariedade e as vocações ticuna, especialmente neste III Ano Vocacional que a Igreja do Brasil está vivendo. A reunião contou com a presença do Bispo Diocesano Dom Adolfo Zon e do Arcebispo de Ancona (Itália) Dom Ângelo Spina que junto com um grupo de padres, leigos e seminaristas está visitando a Diocese de Alto Solimões, em busca de avançar na cooperação missionária. O encontro foi momento para elaborar um calendário pastoral diocesano tucuna para o ano 2023, com formações para os indígenas e encontros de jovens em prol da sobriedade, a ecologia e a valorização da cultura. Também foram organizadas as visitas missionárias onde missionários e missionárias do povo ticuna, junto com o diácono Antelmo Pereira Ângelo, o primeiro diácono permanente do povo ticuna. De fato, já foram enviados os primeiros 07 Missionários e Missionárias ticuna para três semanas de missão e formações nas comunidades ticuna mais distantes da Diocese, em Tonantins e Santo Antônio do Içá. Essas visitas são vistas como motivo de enorme alegria para o povo e os missionários e missionárias, vivendo plenamente seu protagonismo eclesial na construção do Reino de Deus, na construção de uma Igreja amazônica com rosto indígena. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Luiz Fernando Lisboa: “A missiologia é um tema transversal que deve perpassar toda a Teologia”

A missão é algo intrínseco a dom Luiz Fernando Lisboa, missionário em Moçambique durante 20 anos. O atual Bispo da Diocese de Cachoeiro do Itapemirim (ES) participa da I Experiência Vocacional Missionária que reúne 280 missionários e missionárias, a grande maioria seminaristas, de 5 a 17 de janeiro de 2023 na Arquidiocese de Manaus, a Diocese de Coari e a Prelazia de Itacoatiara. Aos poucos a Igreja do Brasil vai crescendo em consciência missionária, incentivando a missionariedade entre os seminaristas. Dom Luiz Fernando faz um chamado a promover a ajuda entre as igrejas locais, uma Igreja mais ministerial, com maior protagonismo do laicato, especialmente das mulheres. O senhor foi durante 20 anos missionário em Moçambique, onde foi Bispo da Diocese de Pemba. Desde sua experiência como missionário na África, como definiria a vida missionária da Igreja do Brasil? Nós já demos vários passos. Até um tempo atrás havia ainda muito choro, nós somos poucos, nós temos necessidades, nós não temos condições de ajudar… Ainda hoje encontramos pessoas que usam esse tipo de terminologias, somos poucos, temos muitas paróquias, temos muito trabalho aqui, mas já há de uns anos para cá uma abertura para uma consciência maior da missão. Dioceses que se abrem, regionais que se abrem para assumir trabalhos em outras áreas, em outras partes do mundo. Em Moçambique por exemplo, nesse momento, o maior grupo de missionários estrangeiros é o de brasileiros. Uma presença bastante forte de missionários brasileiros, entre leigos, religiosas e religiosos, padres. A Igreja do Brasil já cresceu um pouco em consciência missionária. O senhor participa da Experiência Vocacional Missionária onde tem mais ou menos 240 seminaristas entre religiosos e diocesanos, chegados de uma terceira parte das dioceses do Brasil. Isso pode ser visto como um sinal de esperança para que a Igreja do Brasil seja mais missionária no futuro? Com certeza, não só esse encontro, que é o primeiro, mas a própria organização dos COMISEs nos regionais e nas dioceses estão ajudando a despertar nos seminaristas a partir de dentro do seminário essa consciência da missão. Essa primeira experiência missionária vem ajudar porque é uma experiência nacional que envolve seminaristas de um terço das dioceses do Brasil, 94 dioceses, e vai ajudando a criar consciência nos seminários e também nos formadores, porque alguns formadores estão aqui, essa consciência da missão. A Igreja é missão, e todos nós participamos da missão da Igreja, que é continuação da missão de Jesus. Se o seminarista na sua formação adquire essa consciência, é muito mais fácil depois nós termos pessoas que se propõe ajudar outras igrejas irmãs, ajudar igrejas que têm mais necessidades e preparar pessoas para a missão ad gentes. Quando estava em Pemba como bispo, recebi um jovem missionário que adquiriu essa consciência da missão participando do COMISE quando era seminarista. Depois foi ordenado e propôs-se a ir para a missão ad gentes e fez um excelente trabalho. Ele voltou por problema de saúde e agora já se dispôs a retornar para lá uma vez que já está melhor. Uma experiência missionária que está acontecendo na Amazônia, vista muitas vezes no Brasil, inclusive dentro da Igreja, como uma região exótica. Como esta missão pode ajudar a ter uma visão diferente da Amazônia e da realidade da missão na Amazônia? Pode ajudar em primeiro lugar porque é aqui que se realiza essa experiência. Dois terços daqueles que estão presentes aqui estão vindo pela primeira vez para o Norte, não conhecem Manaus, inclusive eu não conhecia, e olha que já tenho quase 40 anos de padre, não conhecia Manaus. Já fiquei na África muitos anos, mas nunca tinha vindo para cá, não tinha feito uma experiência aqui. Isso pode ajudar muito, tomar consciência da realidade, conhecer a Igreja daqui que é uma Igreja bastante ministerial, com envolvimento grande dos leigos e leigas. E ter o contato com a realidade pode ajudar a que muitos futuramente venham para cá. Não só dentro daquele projeto de igrejas irmãs, mas que nós nos proponhamos a ser missionários para a Igreja, não num determinado lugar, mas onde a Igreja precisar. Eu conheci dioceses onde o Bispo não sabe onde colocar os padres de tantos padres que tem. Os padres já estão morando em 3 ou 4 e cada ano ordena 5, 6, 7. Por que não repartir com a Amazônia, por que não disponibilizar, independentemente de ser igreja irmã ou não? Nós temos os encontros anuais dos bispos, e seria bonito que um bispo chegasse para o outro e dissesse, olha eu vou te enviar 2, 3 padres para que você os coloque onde você está precisando. Quem sabe isso vai criando uma maior consciência para todos nós entendermos que a Igreja é uma só, que o Bispo, ele não fica circunscrito a uma diocese, ele não é Bispo de uma diocese, ele é Bispo da Igreja. Cada Bispo tem responsabilidade com as outras igrejas, não só olhando dentro do seu território, dentro da sua diocese, mas ter uma visão mais alargada da Igreja como um todo. O senhor disse que dois terços dos missionários, inclusive o senhor, é a primeira vez que vem na Amazônia. O que o senhor espera encontrar na Igreja de Manaus, nas comunidades que ao longo dos dias está visitando nessa experiência missionária? Eu tenho a mente e o coração aberto para aquilo que eu vou encontrar. Eu faço parte de uma equipe itinerante, estou visitando várias realidades, eu com meu grupo. Eu espero aprender bastante, ter os olhos, os ouvidos e o coração bem abertos para aquilo que eles vão partilhar conosco, e se houver oportunidade nós também vamos partilhar. Essa troca de informações, de ser igreja, cada um desde a sua realidade pode nos enriquecer a todos. Mas eu tenho certeza de que vamos sair daqui todos muito mais enriquecidos, conhecendo melhor a Igreja no Brasil. E como ajudar os bispos a incentivar em suas dioceses essa vida missionária, não só entre os padres, mas também entre os seminaristas? Cada bispo em primeiro lugar deveria…
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Ir. Cidinha Fernandes: “Quando Deus se manifesta, rompe-se as fronteiras geográficas, culturais, os pobres são socorridos em suas necessidades”

No Domingo da Epifania a Ir. Cidinha Fernandes reflete sobre alguns convites que nos são feitos. A religiosa destaca que “na Primeira leitura, recebemos um convite: ‘levanta, acende as luzes porque a tua luz chegou’”. Uma luz que “dissipa as trevas que envolvem a terra, o Senhor se manifesta e os povos caminham à tua luz”. Segundo a irmã Catequista Franciscana, “a imagem descrita nos preenche o coração: ‘todos os povos se reuniram e vieram a ti, teus filhos vêm chegando de longe, com tuas filhas carregadas nos braços’, eles trazem riquezas e belezas do além-mar”. Somos convidados a cantar: “as nações de toda a terra, hão de adorar-vos ó Senhor!”, segundo nos diz o Salmo, onde “a comunidade orante vai descrevendo uma oferenda de donativos, finalizando com a libertação dos pobres, o atendimento do indigente e do infeliz”. Junto com isso, seguindo a carta de Paulo aos Efésios, somos chamados a descobrir que “a graça de Deus a nós concedida, da revelação do Mistério desde os nossos antepassados, até os profetas, apóstolos, e o bonito é que, os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, associados a mesma promessa em Jesus, por meio do Evangelho”.  Um Evangelho que convidar a contemplar “a busca dos reis magos pelo Rei dos Judeus, o Menino que acaba de nascer. Eles contam que viram sua estrela no Oriente e vieram adorá-lo, trazendo presentes: ouro, incenso e mirra. Herodes tenta descobrir onde está o Menino, mas os reis, avisados em sonho, retornam por outro Caminho”. Segundo a religiosa, “quando Deus se manifesta é lindo de se ver e de viver! Há uma reunião de todos os povos, rompe-se as fronteiras geográficas, culturais, os pobres são socorridos em suas necessidades. É uma celebração de novas e bonitas relações interculturais, numa nova perspectiva, a da doação, de levar presentes, oferenda e dons”. A Ir. Cidinha destaca que “quando oferecemos presentes o nosso ser se alegra, a vida vira uma festa, a festa de quem oferece e de quem recebe. É assim que somos convidadas a viver o nosso discipulado, tendo sensibilidade para ver e se deixar guiar pela estrela, oferecer o melhor de nós, os nossos dons, reunir todos os povos como irmãs e irmãos”. Finalmente, a religiosa fez ver que “os reis magos voltam por outro caminho, não se deixaram corromper, e, ao encontrar um Rei Menino, pobre, numa manjedoura, se permitirem um novo movimento”. Daí ela convidou “a oferecer nossas vidas a esse Menino Deus, a buscarmos novos caminhos. Não sejamos caminhantes de velhas estradas, mas, guiadas pela estrela, sigamos trilhas de vida, esperança, amor, reconciliação e encontro, vencendo toda treva e projeto de morte. Sejamos acendedoras de luzes, pessoas novas, porque Deus se manifesta também em nós!”.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1