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Cardeal Steiner: “Não tem sentido celebrar a Eucaristia num modelo de espiritualidade intimista”

O 18º Congresso Eucarístico Nacional está acontecendo na Arquidiocese de Olinda-Recife de 11 a 15 de novembro. Um momento para refletir sobre a Eucaristia desde diferentes visões. Numa das oficinas, Dom Leonardo Steiner refletiu sobre o tema “Eucaristia e as dimensões sacerdotal, profética e régia do Batismo”. O Arcebispo de Manaus, desde o que diz o Documento Conciliar Lumen Gentium, começou falando sobre o chamado a refletir “a partir do lugar de onde viemos e falamos – a Arquidiocese de Manaus – sede do IX Congresso Eucarístico Nacional, aquele que nos ofereceu a V Oração com sua teologia mistagógica – mas sobretudo, enquanto uma Igreja que se encarna na Amazônia e lá se faz corpo eucarístico!”. O Cardeal Steiner lembrou o chamado da Lumen Gentium a “perceber a Igreja como Povo de Deus! Povo de Deus, visibilização do Reino de Deus, instaurado pela pregação, morte e ressurreição de Jesus. Somos recebidos no Povo de Deus pelo batismo. É no batismo que fazemos parte de um povo sacerdotal, um povo de profetas e um povo régio”. Desde aí apresentou sua reflexão tendo como base a V Oração Eucarística do Missal Romano em sua edição para o Brasil. Ele começou pelas palavras que dizem: “Senhor, vós que sempre quisestes ficar muito perto de nós…”, desde o contexto da pós pandemia, afirmando que “carência de sentido da existência humana, emergência de modalidades de convivência pautadas por intolerâncias e agressões, ameaças aos sistemas democráticos, crise ambiental, dentre outros, faz emergir a pergunta da presença de Deus”. Algo que vai além da Teologia, que é “uma questão pastoral, evangelizadora, missionária: a capacidade da comunidade eclesial de explicitar esta presença no bojo de seu ensinamento, de sua liturgia, de sua práxis”, refletindo sobre o modo de celebrar a Eucaristia no meio da pandemia, “em condições até questionáveis, não para salvaguardar um preceito, mas para permitir o encontro com uma presença”. O trecho que diz “…este pão que alimenta e que dá vida, este vinho que nos salva e dá coragem…”, segundo Dom Leonardo “contempla a ação de Deus que prepara uma mesa para o pobre e a solidariedade na encarnação do Verbo, sinais de uma compaixão e presença perene na Eucaristia como memorial do agir de Deus que continua sua ação através da comunidade eclesial a fim de que haja pão em todas as mesas”, uma ideia presente na oração do atual Congresso, que “se entende em perspectiva de sinodalidade”, destacando a dimensão comunitária, social e profética da ceia do Senhor. Refletindo sobre “…o Espírito nos uma num só corpo, para sermos um só povo em seu amor…”, que supera os estereótipos que aprisionam “a ‘Eucaristia’ a um ostensório geralmente conduzido por um ministro ordenado”, para abordar “o mistério eucarístico em relação à assembleia”, o que fundamenta que “A Igreja se faz carne e arma sua tenda na Amazônia”. Segundo o Cardeal da Amazônia, “esta comunhão eucarística sustenta a vida de comunidades eclesiais nas regiões mais remotas que, embora não tendo com a necessária frequência a celebração memorial do sacrifício do Cristo, estruturam-se de modo eucarístico em uma corporeidade ministerial”.  Daí lembrou o encontro de Santarém do passado mês de junho, onde os bispos da Amazônia “reafirmaram esta concepção eclesiológica que situa a encarnação da Igreja na realidade, como participação no processo encarnatório do Verbo”, uma ideia presente no Documento Final do Sínodo para a Amazônia, que destaca que “estes caminhos de encarnação são também caminhos de inculturação e interculturalidade”. Destacar a comunidade eclesial como sujeito da ação litúrgica, ajuda a superar “uma concepção da ministerialidade que gravita em torno da individualidade do ministro”, um risco que apareceu de novo com a pandemia e as Eucaristias sem a presença da comunidade. Nesse sentido, falando sobre o jejum eucarístico imposto, Dom Leonardo recordou que essa realidade está presente na Amazônia. Abordando o tema da oficina, Dom Leonardo refletiu sobre o triple múnus do Batismo: a dimensão profética, sacerdotal e regia. A primeira tem como base o “…falando conosco por ele…”, afirmando que “o ‘múnus’ profético de Jesus realiza-se na assembleia pela palavra proclamada”. Segundo o Arcebispo de Manaus, “a Eucaristia é sempre um gesto profético, um memorial profético”, afirmando que “a Palavra de Deus ressoada profeticamente torna-se ‘pão para todas as mesas’”, destacando que “cada membro da assembleia litúrgica no exercício de seu múnus profético garante às mesas da história, mesa dos pobres, mesa da política, mesa do saber, mesa dos desesperançados…”.  A importância da Palavra faz com que o cardeal afirme que “não é possível vivenciar a profecia se a assembleia não for acolhedora da Palavra e nela perseverar”, algo presente na Amazônia, “uma Igreja discipula da Palavra”, que se abre a diversas culturas, pessoas, religiões, “através de um diálogo respeitoso, que não se impõe e nem exclui ninguém”, pois “profecia e pluralidade não são categorias que se opõem, mas que se desafiam”. A dimensão sacerdotal é abordada desde a frase “…recordamos, o Pai, neste momento, a paixão de Jesus, nosso Senhor, sua ressurreição e ascensão…”, afirmando que “a participação na memória do sacrifício não restringe o sacerdócio do batizado a uma expressão cultual, mas faz deste um participante do mesmo sacrifício do Cristo e com ele se faz oferente”. Segundo o Cardeal Steiner, “a participação no sacerdócio de Jesus conduz à vivência deste amor até o fim”. Algo que tem a ver com um “sacerdócio ministerial” presente em todo batizado. Dom Leonardo criticou “uma apropriação que o presbítero faz do rito. A demasiada acentuação do aspecto sacrifical, inclusive como articulação do espaço sagrado, proporciona uma distância entre assembleia e altar”. Nesse sentido, o “fazei isto em memória de mim”, é visto pelo cardeal como “um mandato de salvaguarda da misericórdia”, uma urgência “num mundo que se esqueceu da compaixão”. O monopólio do sacerdócio ministerial pode levar a que “a comunidade acaba tendo um papel passivo na profecia e no pastoreio (régio)”, algo que pode ser recuperado desde a sinodalidade. Olhando para as longínquas regiões da Amazônia, Dom Leonardo as vê como “comunidades eucarísticas sem…
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Escola Vocacional na Amazônia: Um Cristo distante da vida não pode ser a escola de nenhum vocacionado sério

O Centro de Formação Maromba da Arquidiocese de Manaus acolhe de 11 a 15 de novembro a Terceira Etapa da Escola Vocacional, que conta com a participação de 70 pessoas de toda a Amazônia. O tema deste ano é “Graça, vocação e profecia: por uma Igreja sinodal na Amazônia”. Uma escola que neste ano, “ela procura enraizar as propostas do Sínodo amazônico, nessa dimensão vocacional”, segundo o Ir. Ronilton Santos. O irmão Marista também destaca a profunda sintonia com os 50 anos de Santarém e com o Ano Vocacional Nacional. Uma Escola que quer ajudar a descobrir “a importância da formação das lideranças para continuarem o trabalho de articulação da Pastoral Vocacional nas igrejas particulares, tendo em vista também o Ano Vocacional que celebramos em 2023”, segundo a Ir. Rose Bertoldo. A Secretária Executiva do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que acolheu os participantes em nome da Presidência do Regional, destaca a necessidade de “trabalhar as vocações na Amazônia e para a Amazônia a partir da realidade de cada diocese e prelazia”. O Ir. Ronilton, que faz parte da coordenação da Escola, destaca o fato de “trazer essa dimensão das temáticas vocacionais a partir da realidade amazônica, os temas, procurar olhar para a realidade e ver como as vocações estão surgindo ou não estão surgindo na Amazônia, como é que a gente vai trabalhar a vocação leiga na Amazônia, que importância que nós estamos dando para essas vocações”. “Ajudar com que as pessoas, elas possam realmente se despertar para acompanhar outras pessoas a viver sua vocação”, é um elemento importante segundo a Ir. Gervis Monteiro da Silva. “Uma vocação à vida, a vocação humana, o sentido de pertença à Igreja, sentir-se discípulos missionários, pessoas envolvidas vivendo seu Batismo”, insiste a religiosa Paulina. Algo que tem que levar, na linha do Concílio Vaticano II, a “criar uma cultura vocacional na Igreja, fazer com que todas as pessoas, toda a Igreja, todos os batizados, padres, religiosos, leigos, as famílias, se sentam mesmo responsáveis de animar as pessoas para viver a sua vocação na Igreja, nos diferentes ministérios”, buscando fazer com que “a Igreja se torne cada vez mais ministerial”. Sobre as vocações na Amazônia a Igreja dá duas dicas, segundo o Padre Vanthuy Neto. Ele destaca a necessidade de “ficar perto das pessoas pelo caminho da encarnação”, insistindo em que “não tem como ser vocacionado da Escola de Jesus Cristo no distanciamento das pessoas e da vida das pessoas, seus desafios de vida, seus problemas e situação. Os vocacionados são chamados a viver uma comunhão de intimidade, de destino com as pessoas que nos é colocado para viver”. O Padre Vanthuy, que é um dos assessores da Escola, diz que “não é possível viver a vocação numa experiência de distanciamento”, fazendo um chamado a desde a sinodalidade, caminhar juntos. Isso é visto como um desafio e uma graça muito grande, porque “quando a gente pode estar no meio das pessoas, viver com elas, a gente vive um processo muito parecido com o de Jesus, de desapego, de aprender coisas com as outras pessoas, mas também de dar”. O Padre da Diocese de Roraima coloca como exemplo “esse movimento de São Francisco de dar e receber é muito bonito na vida dos vocacionados”. Em um mundo que cada vez mais aumentam grandes situações que negam a humanidade, diz o Padre Vanthuy Neto, colocando como exemplo o garimpo, a questão da mineração, a questão energética, que tanto atinge os povos indígenas, ele insiste em que “não tem como ser vocacionado e não defender a vida desses menores. Não tem como estar na Amazônia a não defender os povos indígenas”. Também se refere à importância de “descobrir uma boa companhia do povo de Deus, as pessoas simples, com os passos que aqui se tem”, sem buscar evasão o que acontece em outros lugares. Nesse sentido, se referindo à experiência de Missão dos seminaristas do Seminário São José de Manaus na Prelazia de Borba, destaca o fato de ficar no meio do povo, pescando, tirando açaí, algo que desafia a “entrar na vida das pessoas com muita simplicidade”. Finalmente, o Padre Vanthuy ve imprescindível “falar da pessoa de Jesus, do Verbo de Deus que tomou a nossa experiência, escolheu um lugar, que foi o lugar dos pobres, dos simples, quis viver com eles, teve um estilo de pobre e morreu pobre”. Por isso, “não tem como ser vocacionado se não conhecer a pessoa de Jesus e conhecer aqueles que querem bem a Jesus, os pobres, os simples, acompanhando os missionários, os padres, acolher também quem chega aqui”, salienta. Algo que faz referência ao Documento de Santarém, que diz que “dar a conhecer a pessoa de Jesus é um grande desafio hoje aqui na Amazônia, de modo especial nesse modelo de Igreja cada vez mais de um Cristo desencarnado, de um Cristo que é apresentado como poderoso, mas distante da vida das pessoas”. Seguindo o que escreve São Paulo: “quem nega a encarnação de Cristo, se torna um anticristo”, ele reflete sobre “uma propaganda tão grande de um Cristo distante da vida dos homens, das mulheres”, dizendo abertamente que “essa não pode ser a escola de nenhum vocacionado sério”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Ir. Rose Bertoldo: “Somos convidadas a fortalecer a construção de pontes que unem sonhos de tempos melhores”

Neste trigésimo terceiro domingo do Tempo Comum “somos convidadas a não ter medo a seguirmos no firme propósito de trabalhar pela justiça e pela paz, pois vivemos tempos fecundos de esperança”, segundo a Ir. Rose Bertoldo. Ela destaca que “a Liturgia nos encoraja a não ter medo, a esperançar, já nos anuncia o profeta, pois percebe que a situação em que o povo vive não é nada boa”.  “O profeta denuncia todas as formas de injustiça e anuncia uma mensagem de esperança: ‘o sol da justiça se levantará para os justos, trazendo a salvação’”, afirma a religiosa. Segundo ela, “Deus conduz a história e acompanha nosso caminhar, que sem dúvida é permeado por muitas dificuldades”. Citando o texto do Evangelho: “Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”, a Secretária Executiva do Regional Norte1 afirma que “o texto descreve o que estamos vivendo: guerras, perseguições dos defensores de direitos, aumento da fome, das violências, miséria, desemprego…”. A Ir. Rose destaca que “o Evangelho nos mostra que perseguições e oposições fazem parte do caminho de todos aqueles que buscam ser fiéis discípulos de Jesus. Ele nos fortalece e nos anima para reagirmos e não nos acomodar, buscar meios para transformarmos as situações de morte e reconstruir a vida na luta pelos direitos, pela dignidade e vida plena”. Refletindo sobre o texto, a religiosa diz que “quando seguimos Jesus, vamos descobrindo que permanecem ainda muitos muros visíveis e invisíveis por derrubar; é preciso entrelaçar mãos que construam pontes de reconciliação e não de divisão; essas mesmas mãos que, em lugar de empunhar armas, devem pegar em martelos para derrubar as paredes do ódio e da intolerância”. A Secretária Executiva do Regional Norte1 da CNBB faz um chamado a que “não esqueçamos esta dura realidade: também aqueles que constroem muralhas acabam se tornando vítimas de sua sandice; tornam-se prisioneiros das fortalezas que constroem, vítimas do próprio veneno da soberba e da crença de que são donos da verdade. Tudo isso é expressão de um coração petrificando que insiste na cega ignorância de que estão certos”. Diante disso, a Ir. Rose faz vez que “somos convidadas a fortalecer a construção de pontes que unem sonhos de tempos melhores, onde a solidariedade, a partilha nos movem ao encontro das multidões que foram descartadas dos seus direitos”.  A religiosa comenta sobre o Dia Mundial dos Pobres, instituído no dia 20 de novembro de 2016 pelo Papa Francisco dizendo: “Este dia pretende estimular, em primeiro lugar, os crentes, para que reajam à cultura do descarte e do desperdício, assumindo a cultura do encontro. Ao mesmo tempo, o convite é dirigido a todos, independentemente da sua pertença religiosa, para que se abram à partilha com os pobres em todas as formas de solidariedade, como sinal concreto de fraternidade”.  Citando a sua mensagem para este ano, ela lembra que o Papa Francisco escolheu o versículo bíblico: “Jesus Cristo fez-Se pobre por vós” (cf. 2 Cor 8, 9), “uma sadia provocação para nos ajudar a refletir sobre o nosso estilo de vida e as inúmeras pobrezas da hora atual”. Diante disso a religiosa pede “que possamos neste tempo viver a solidariedade que é partilha do pouco que temos com quantos nada têm, para que ninguém sofra”. Finalmente, a Ir. Rose destaca que “quanto mais cresce o sentido de comunidade e comunhão como estilo de vida, tanto mais se desenvolve a solidariedade e o compromisso com os mais pobres”, pedindo “que este Dia Mundial do Pobre se torne uma oportunidade de graça, que nos ajude a sermos mais humanas e cuidadoras da vida”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

REPAM toma postura diante da COP27, “um percurso de hipocrisia climática”

Um momento de comunhão com os povos de diferentes pontos do mundo, que estavam em sintonia com aqueles que na noite do dia 10 de novembro, dento do Comitê Ampliado da Rede Eclesial Pan-Amazônica, realizado em Manaus os dias 10 e 11 de novembro, se reuniram para refletir sobre a COP27. Uma sintonia que nasce do fato de “sentir como nós sentimos que a Amazônia está no centro do mundo”, segundo o Padre Dário Bossi. Um momento em que se fizeram representantes de outras igrejas, que na mesma data realizaram em Manaus o encontro “Amazônia de todas as Lutas”, organizado pela Coordenadoria Ecuménica de Serviço (CESE), que reuniu uma diversidade enorme de povos originários de toda a Amazônia Legal para escutar o clamor que vem dos povos originários, as suas lutas, as suas dores, os seus enfrentamentos, as suas resistências. Algo que a Pastora Sônia Mota, Diretora Executiva da CESE considera “um manancial, porque nos desinstala, porque nos incomoda, porque nos tira também do nosso chão e faz com que cada vez mais a gente se conecte uns com outros, umas com as outras, pelo cuidado da casa comum” Pessoas que se sentem parte de um mesmo objetivo, o cuidado da casa comum, a “oikomene”, o que se faz realidade na caminhada em comum entre a REPAM e a CESE, nascida no Fórum Pan-Amazônico, onde foi criado um tapiri ecuménico, um tapiri interreligioso, que levou a “escutar os gritos da Amazônia, e como é que a gente enquanto comunidade de fé, enquanto pessoas que ouvem o Deus que cria, que nos dá para cuidar desta casa comum, qual é a nossa responsabilidade diante de um mundo que clama que quer respirar”, afirmou a pastora. “Diante de uma natureza tão degradada, de uma natureza tão vilipendiada, qual é a nossa responsabilidade?”, se questionou, chamado a se perguntar o que temos feito como sal da terra e luz do mundo que somos. Uma COP27 que tem provocado uma grande insatisfação, sendo definida por alguns como “um percurso de hipocrisia climática”, segundo Padre Bossi, que lembrou as palavras do Secretário da ONU, Antônio Guterres, que diz que “o risco é de tornar a COP um slogan, uma campanha de mercado, uma cerimonia esvaziada”. O religioso Comboniano lembrou a força de outras COP, como Paris, logo depois da publicação da Encíclica Laudato Si´, o que provocou um entusiasmo, uma expectativa, metas bastante concretas de exigência, mas que não só não foram cumpridas, senão que hoje são vistas como inalcançáveis. Num mundo que hoje vive uma insegurança energética que levou países desenvolvidos e tecnologicamente sofisticados, como a Alemanha, a retomar os combustíveis fósseis como fonte de energia, isso faz mais difíceis os acordos. Diante disso, o Padre Bossi fez ver que a COP continua porque “é conveniente oferecer falsas soluções, construídas e propostas por aquele próprio sistema que causou o aquecimento”. Daí denunciou que “o sistema capitalista agora sugere a venda dos créditos de carbono”, e junto com isso o fato de qualquer país do Norte Global poder seguir poluindo a condição de investir para um país do Sul Global absorver o CO2 que produz. Um fenómeno que denomina “a financeirização da natureza”, considerando “dramático poder calcular quanto pode valer uma árvore, um rio, uma população indígena”, um perigo quando se buscam essas falsas soluções, insistiu. Aos poucos a sociedade civil foi deixando de se posicionar frente à COP, algo que tem a ver com o fato desta COP ser realizada no Egito e a próxima na Arábia Saudita, dois países bem conhecidos pela sua falta de liberdade de expressão e perseguição de líderes ambientalistas. Isso faz com que as pessoas se sintam COP em diferentes lugares do mundo, insistindo em que “a solução à crise climática vem da sofisticada tecnologia dos povos em seus territórios, ela vem daquela experiencia amadurecida ancestralmente, de uma convivência equilibrada com a natureza, onde ninguém domina ninguém. Mas essa solução é tão distante do modelo que temos construído que não convém propô-la e defendê-la”. Uma situação que levou o Padre Dário a pedir uma reforma das Nações Unidas, “para que os povos tenham voz, acima inclusive da economia e dos governos”. Diante de tudo isso, a REPAM tem tomado posição, com uma Declaração de Manaus diante da COP27, “para seguir gritando junto com o Papa Francisco, por seu sonho de uma Amazônia que luta por seus direitos, os direitos dos mais esquecidos”, denunciando a situação da terra, dos rios, do ar, “numa corrida desenfreada rumo à morte”, e exigindo “mudanças radicais e urgentes”, para evitar consequências catastróficas para todo o planeta. Por isso, deixa claro que “Sem a Amazônia, não há vida nem humanidade possível”. Uma realidade que leva a REPAM a dar um basta diante de acordos que ficam como letra morta, da falta de uma promoção eficaz dos direitos humanos, sobretudo dos povos da Amazônia. Um mundo chamado a olhar para os verdadeiros sábios e sábias sobre a água, a terra, as árvores e as plantas, ainda mais diante de uma atitude que Querida Amazônia chama de “injustiça e crime”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo: “O Reino de Deus se visibiliza quando os nossos povos originários começam a ser respeitados”

No Evangelho Jesus é perguntado pelo Reino de Deus, “o Reino de Deus que sonhamos, o Reino de Deus que nos atingiu, o Reino de Deus que se tornou nosso horizonte,  o Reino de Deus que se fez nossa esperança, o Reino de Deus que se fez nosso viver, o Reino de Deus que é a razão de estarmos aqui, de juntos tentarmos sempre de novo, a través de todos os meios, tornar visível o Reino de Deus”, afirmou o Cardeal Leonardo Steiner no Comitê Ampliado da Rede Eclesial Pan-Amazônica que está sendo realizado em Manaus os dias 10 e 11 de novembro de 2022. Dom Leonardo ressaltou as palavras de Jesus no Evangelho, onde diz que “o Reino de Deus não vira ostensivamente, não virá com força, com violência”, denunciando o momento tão difícil que o Brasil está vivendo de tanta violência. O Arcebispo de Manaus afirmou que “o Reino de Deus tem uma suavidade enorme, não que seja frágil, ele tem um vigor próprio, o vigor da semente”. O cardeal insistiu em que “a vida que está por implodir, a vida que está por nascer, ela nunca nasce na ostensividade, nasce lenta, suave, cotidianamente, sempre, todo dia”. O Arcebispo insistiu em que “esse Reino de Deus que nós sonhamos, esse Reino de Deus que nos motiva, esse Reino de Deus que veio na suavidade da Cruz e na força da Ressurreição, que nos motiva e nos faz buscar todos os meios para que se torne visível”. Ele lembrou que “a REPAM, a CEAMA, as nossas comunidades, as nossas igrejas, o nosso estilo de vida, mas especialmente aquilo que diz Jesus das nossas relações, o Reino de Deus se torna visível através das relações”. O Cardeal da Amazônia ressaltou que “o Reino de Deus só acontece com relações novas, o Reino de Deus acontece quando nós nos abrimos realmente como irmãos e irmãs, nas diferenças, quando nos respeitamos profundamente, quando como nos diz o Papa Francisco em Querida Amazônia, quando nós sonhamos juntos os sonhos, temos um sonho só, de novas relações”. Dom Leonardo fez um chamado a que “a REPAM, a CEAMA, nos ajude a criar relações novas, jamais ter medo, jamais dar um passo atrás quando se trata de visibilizar o Reino de Deus”. O Reino de Deus se visibiliza, afirmou o Cardeal, “quando existe esta harmonia, quando os nossos povos originários começam a ser respeitados, na sua cultura, no seu modo de ser, na sua cosmovisão”, questionando “como nós como Igreja nos colocamos a serviço, que povos nos escutamos, quando escutamos e percebemos que as relações do Reino já estão presentes”, e chamando a “ser testemunhas de Jesus, testemunhas do Reino”. Dom Leonardo disse que “se desejamos um rosto amazônico, e o rosto amazônico ele é tão diverso, mas ele vai colorindo, vai dando um rosto único nas suas diferenças, suas diversidades, o mundo urbano, sua vida cultural, sua vida social, sobre o ambiente, vai dando devagarinho um rosto, tantos rosto, mas que só se torna um rosto verdadeiro quando é visibilizado pelo Reino de Deus, que não é nosso, que nós ganhamos, que nós recebemos, e que recebemos gratuitamente, do alto da Cruz pela Ressurreição”. O Vice-presidente da CEAMA se referiu ao rito amazônico, uma das propostas do Sínodo para a Amazônia, “que está fazendo a sua caminhada, nas discussões, reflexões, mas há necessidade de irmos junto aos povos originários buscarmos as expressões deles de religiosidade”, algo que está sendo feito em diversas regiões da Amazônia, no Brasil e em outros países, onde “nós sabemos que existe uma riqueza de religiosidade dos nossos povos”, destacou. Um trabalho que será realizado por dois pesquisadores que irão recolhendo diversas experiências muito interessantes que existem, relatando a vivida pelo Cardeal com o povo Xavante no tempo que ele foi Bispo da Prelazia de São Felix do Araguaia, com um rito próprio de iniciação à vida cristã e de celebração da Eucaristia, na própria língua, fazendo realidade aquilo que o Papa Francisco fala em Querida Amazônia, o Evangelho que se incultura, e não são eles que têm que se adaptar à nossa cultura. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

REPAM: Impulso do sujeito eclesiológico amazônico no processo de reforma da Igreja universal

Entender o caminho de Deus é sempre um desafio, porque aqueles que têm fé são chamados a assumir que é Ele quem está fazendo o caminho. Nesta caminhada, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) vem formando uma família que avança em meio a alegrias, preocupações e desafios, com a consciência de estar nas mãos de Deus, o Criador. Um Deus que levou a REPAM a ouvir os gritos do povo como um compromisso, assumindo o desafio de ser uma Igreja sinodal e missionária como o Papa Francisco nos pede que sejamos. As palavras de Dom Rafael Cob na abertura do Comitê REPAM ampliado que se realiza em Manaus nos dias 10 e 11 de novembro, o primeiro encontro presencial após a pandemia, onde também há participantes on-line, ajudam a começar a trabalhar e continuar avançando do espírito vivido no Sínodo para a Amazônia, como um instrumento importante para continuar interpretando os sinais dos tempos. Isto em uma Igreja que não é estranha à dor da Amazônia e de seus povos, uma Igreja que o presidente da REPAM, eleito em agosto passado, chama a continuar sonhando, junto com o Papa Francisco, a quem agradece seu compromisso com os cuidados de nossa casa comum. Um encontro que chama a REPAM para “colocar-nos diante da história com um sentido de esperança”, nas palavras da Irmã Carmelita Conceição. A vice-presidenta da REPAM expressou sua alegria em acolher os participantes do encontro na Amazônia brasileira, “onde sentimos uma grande responsabilidade de cuidar da vida, especialmente dos vulneráveis, daqueles que vivem nas profundezas da Amazônia“. Um encontro que é uma oportunidade de “trazer a realidade de nossas lutas e cultivar o sentimento de esperança, amor e cuidado com a vida e a natureza”. Palavras dos membros da presidência que assumem maior força a partir da realidade que vem dos territórios e da situação sociopolítica e eclesial. A REPAM é desafiada a caminhar com respeito pelas culturas, como assinalou a Irmã Ana Maria, missionária Laurita no Vicariato de Pucallpa, na Amazônia peruana, de onde ela denuncia os novos colonizadores e escravocratas, presentes em grandes empresas e megaprojetos, a ponto de confirmar as palavras do Papa Francisco em Puerto Maldonado em relação à Amazônia: “Nunca na história a vida foi tão ameaçada como hoje”. Segundo a religiosa, isto se concretiza no fortalecimento de estratégias para acabar com os povos indígenas, o que desafia a defesa dos direitos humanos, ainda mais diante das ameaças ao bem viver e ao território, explicitadas no tráfico de drogas, no desmatamento e na falta de defesa dos povos por parte do poder público. Mas também devido à falta de compromisso e de compreensão dos processos por parte de alguns atores. Em um momento histórico em que a emergência climática é cada vez mais evidente, com metas que não estamos alcançando, como denunciou Padre Dário Bossi, a REPAM é chamada a reagir a fenômenos como o desmatamento e a redução da biodiversidade. Ainda mais diante do fenômeno da guerra, que aumentou a ameaça de novos ataques extrativistas, mas também do aumento da violência, consequência de uma maior presença do crime organizado, especialmente nas fronteiras, do neocolonialismo, impulsionado por um modelo político contrário à hegemonia dos povos, uma extrema direita ligada ao agronegócio. Diante disso, Padre Bossi destaca novas perspectivas de esperança na atitude dos povos indígenas do Equador em relação ao governo, à Assembleia Constituinte no Chile, e aos novos governos na Colômbia e no Chile. A partir daí, ele destacou a importância de alianças fora da Igreja, citando como exemplos o Fórum Pan-Amazônico (FOSPA), a COICA, as Assembleias da Terra, promovendo assim caminhos de interesse para a Igreja e para a sociedade civil. Algo que a REPAM conseguiu é contribuir para “a evolução do sujeito eclesiológico amazônico no processo de reforma da Igreja universal“, afirmou Mauricio López, que lançou o desafio de assumir o comando e sustentar as reformas, encorajando-as a serem processos que permanecem, questionando se as mudanças que a REPAM provocou são irreversíveis. Maurício lembrou as palavras do Cardeal Claudio Hummes nas quais ele disse que “a Igreja não terá cumprido sua missão até que o povo seja o sujeito de sua história“, e o chamado do Papa Francisco para não ter medo de falar, para colocar o que é desconfortável, os desafios e o que pode nos levar a novos caminhos. A partir daí ele chamou a entender que o denominador comum no processo da Igreja na América Latina é o Povo de Deus como centro, algo que vem se consolidando há 60 anos desde o Concílio Vaticano II. Evangelii Gaudium é vista por Mauricio López como um modelo de conversão pastoral, considerando a REPAM, que abriu processos presentes na Igreja hoje, fruto dessa conversão pastoral, algo que nasceu em Aparecida. Além disso, a REPAM se baseia na única crise de que fala Laudato Si’, embora tenha denunciado o fato de a Igreja ter abandonado a opção por Laudato Si’. Da mesma forma, ele se referiu ao Sínodo Amazônico como uma experiência que marcou um modelo de escuta, produzindo mudanças irreversíveis na sinodalidade, algo que tem servido no processo da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe ou no Processo de Renovação do Celam. A REPAM é regida por um Plano Pastoral composto por 4 orientações pastorais, que defendem a escuta do grito dos povos e da Terra, a luta pelos direitos e a promoção da dignidade; a promoção dos diálogos interculturais e o ser Igreja com rosto amazônico; o cuidado com a Casa Comum e a promoção da justiça socioambiental e do bem viver; a tecelagem de redes, a construção de alianças e o fortalecimento da sinodalidade e da eclesialidade. Isto gera forças que têm a ver com a participação em eventos internacionais, trabalho conjunto e articulado, novas alianças dentro e fora do território, dentro e fora da Igreja, um posicionamento mais forte em relação ao cuidado da casa comum. Mas também apresenta desafios em relação à maior visibilidade das ações das REPAMs Nacionais, a falta de recursos…
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Dia Mundial dos pobres: O sofrimento do outro toca meu coração?

A aporofobia, o ódio aos pobres, é uma realidade presente em nossa sociedade. Tem gente que faz de conta que os pobres não existem, inclusive que fazem o possível para esses pobres desaparecer do seu entorno. Não poucas vezes escutamos reclamações sobre a presença dos pobres por perto, uma atitude que tem que nos levar a pensar como sociedade, mas também como cristãos. Buscando refletir sobre o que os pobres significam na vida da humanidade e da Igreja católica, o Papa Francisco instituiu o Dia Mundial dos Pobres, que neste domingo 13 de novembro comemora sua sexta edição. Em sua mensagem, o Santo Padre diz que “o Dia Mundial dos Pobres torna este ano como uma sadia provocação para nos ajudar a refletir sobre o nosso estilo de vida e as inúmeras pobrezas da hora atual”. A pandemia, a guerra na Ucrânia e outras guerras, são elementos que “nestes anos, têm produzido morte e destruição”, lembra o Papa, que clama dizendo: “quantos pobres gera a insensatez da guerra!”. Diante disso, ele lembra que a Eucaristia é um sinal “para que a nenhum irmão e irmã faltasse o necessário”. Algo que se faz realidade diante da acolhida aos refugiados, um sinal de solidariedade, que leva “partilhar o pouco que temos com quantos nada têm, para que ninguém sofra”. Diante disso, nós somos chamados a nos perguntarmos até onde chega nossa solidariedade com os mais pobres. O sofrimento do outro toca meu coração? Tenho atitudes solidárias, caritativas para com os mais pobres, sobretudo para com aqueles que por um ou outro motivo estão perto de mim? A gente não pode esquecer que ser cristão é assumir as atitudes de Jesus Cristo, que teve como atitude primeira seu despojamento. Estar perto dos pobres não é só conversa e sim “arregaçar as mangas e pôr em prática a fé através dum envolvimento direto, que não pode ser delegado a ninguém”, como nos diz o Papa Francisco em sua carta para o Dia Mundial dos Pobres de 2022. O Santo Padre nos chama a nos questionarmos sobre “sobre o valor que o dinheiro tem para nós: não pode tornar-se um absoluto, como se fosse o objetivo principal”. Isso nos impede de “reconhecer as necessidades dos outros”, nos diz o Papa. Algo que vai além do assistencialismo, e que tem que nos levar a nos questionarmos pelas causas da pobreza. Lembremos as palavras de Dom Helder Câmara, que era chamado de santo quando dava pão aos pobres, mas era chamado de comunista quando perguntava pelas causas da pobreza. “Oxalá este VI Dia Mundial dos Pobres se torne uma oportunidade de graça, para fazermos um exame de consciência pessoal e comunitário, interrogando-nos se a pobreza de Jesus Cristo é a nossa fiel companheira de vida”, diz o Papa Francisco no final da sua mensagem. Um bom questionamento que nem eu, nem você deveria deixar passar batido. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Núcleo de Direitos Humanos da REPAM: “Uma Igreja que nos dá instrumentos para nos defendermos”

A Rede Eclesial Pan-Amazônica tornou-se o rosto de “uma Igreja que nos dá instrumentos para nos defendermos“, palavras pronunciadas por uma indígena equatoriana ao bispo Rafael Cob, que o presidente da REPAM lembrou na reunião do Núcleo de Direitos Humanos, ressaltando que “os povos originários pedem à Igreja para ser sua companheira, sua aliada, daí a importância do Núcleo de Direitos Humanos”. Um núcleo que, como foi repetido durante os dois dias do encontro, 8 e 9 de novembro, que reuniu representantes de vários países em Manaus, é um instrumento de empoderamento, que dá voz aos que estão na Amazônia, tornando-se uma forma de encontrar, plantar e encorajar as pessoas a serem agentes de mudança. O Centro de Direitos Humanos da REPAM ajudou a Amazonianizar os organismos internacionais e gerar novos processos que transcendem as fronteiras, buscando direitos que vão além das fronteiras nacionais, estando presente nos locais onde as decisões são tomadas. Podemos até dizer que ele conseguiu oferecer uma face diferente da Igreja nos órgãos de decisão política, algo que beneficia os favoritos de Deus, que também deveriam ser os favoritos da Igreja, os pobres, os vulneráveis e os excluídos. Foram dados passos que ajudaram a procurar modelos que ao longo do tempo se tornaram caminhos a seguir, fonte de inspiração para plataformas mais amplas, para fazer novas exigências, com projeções de longo prazo a fim de gerar impacto duradouro, pois as pessoas sempre pediram que esses espaços pensassem nas gerações futuras. Não podemos esquecer que a REPAM, especialmente com o nascimento da CEAMA, a Conferência Eclesial da Amazônia, que pode ser considerada duas faces da mesma moeda, tem se concentrado em questões sociais e de incidência, não tanto eclesiais. Uma defesa política que é ainda mais importante em vista do fato de que “a religião está sendo utilizada como um instrumento político“, segundo o Padre Dário Bossi. O provincial dos Missionários Combonianos no Brasil fala da manipulação da religião no Brasil, algo que apareceu fortemente nas últimas eleições, ” sem nenhum tipo de envasamento com a Doutrina Social da Igreja, com o seu Magistério, com o ensinamento do Evangelho”. Daí a importância de que quando os agentes pastorais “se reúnem para pensar os direitos humanos, o fazem em nome do Evangelho e dão uma contribuição para indicar qual é a missão da Igreja, o papel da Igreja, em uma Amazônia devastada por violações de direitos”. Daí a importância destes encontros “ajudam a sintonizar cada vez mais a missão da Igreja no eixo dos direitos humanos, que é um campo que nos pertence”. No trabalho da REPAM, as alianças são fundamentais, algo destacado pelo Padre Peter Hughes e que está presente desde a fundação, destacando neste sentido o Celam, a CLAR e a Cáritas. As experiências do Sínodo para a Amazônia e da Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe ajudaram a avançar nos processos de renovação. Neste sentido, destaca-se a nova primavera da Vida Religiosa, o novo compromisso com a Amazônia, superando esquemas clássicos. Estas são alianças importantes neste processo eclesial que está ocorrendo, um processo no qual a América Latina tem feito contribuições decisivas. Peter Hughes destaca a importância do Documento da Etapa Continental do Sínodo, “um documento muito importante que quer falar do grande empenho das conferências episcopais na etapa diocesana, um reflexo da espiritualidade encarnada, tentando discernir o pulso do Espírito”, afirma o missionário no Peru. No documento, ele destaca “as citações muito simples, mas muito importantes que reúnem o que está acontecendo na Igreja em diferentes latitudes, mostrando coincidências nos sentimentos“. Alianças que vão além dos limites eclesiásticos e que têm levado as organizações da sociedade civil, especialmente as organizações indígenas, a ter grandes expectativas em relação à REPAM. Ele também destacou a importância das redes eclesiais que nasceram depois da REPAM, na bacia do Congo, na América Central, no Aquífero Guarani e no Grande Chaco, na Oceania e na Ásia, nas Igrejas europeias desde Laudato Si’. Realidades que mostram que “as lideranças e o caminho da REPAM se cumprem no que todos esses aliados estão propondo”. Representando a Secretaria de Pastoral Social da Cáritas Colombiana no encontro se fez presente seu diretor, Padre Rafael Castillo Torres, que destacou três razões para a Cáritas se envolver seriamente na defesa e na luta pelos direitos humanos. “Primeiro, porque a dignidade humana é um princípio, um valor e um bom critério da Doutrina Social da Igreja e é parte da realidade da evangelização”, diz o padre colombiano. Em segundo lugar, “porque a primeira notícia que temos de Deus foi de um conflito trabalhista“, como relata o Livro do Êxodo, onde Deus vê a aflição de seu povo e desce para libertá-lo. Por isso ele insiste que “diante da experiência de Deus Criador, há a experiência de Deus Salvador, de Deus Libertador”. Para o Padre Rafael, “é muito importante ter em mente como no Antigo Testamento a experiência fundadora da História da Salvação começa com uma dor sentida como própria de Deus“. A partir daí ele insiste que “aqueles de nós que lutamos pelo Evangelho e o carregamos nas mãos, não podem fazer menos do que assumir esta opção fundamental de Deus para aqueles que têm menos e mais precisam”. Finalmente, “porque Jesus em sua ação evangelizadora na Galileia, no estabelecimento do Reino de Deus, acalmou fundamentalmente o sofrimento no coração do povo, e enfrentou todas as estruturas que atacavam as mulheres, os estrangeiros, os pobres, os excluídos, os marginalizados”. Destas razões, o Diretor da Secretaria de Pastoral Social da Cáritas Colombiana conclui que “seremos a Cáritas em legitimidade na medida em que o bom critério de dignidade humana e o trabalho em prol dos direitos humanos faz parte de nossa motivação fundamental“. Ainda mais, considerando que “em contextos como o da América Latina, uma sociedade pode ser verdadeiramente democrática se tiver os direitos humanos como indicador, porque os direitos humanos são os direitos de Deus, um direito violado ao ser humano é um direito violado a Deus”. Luis Miguel Modino, assessor de…
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Dom Altevir agradece a presença dos Presbíteros no Encontro Regional, “tão importante para nossa Igreja da Amazônia”

Um desejo de um encontro frutífero envia Dom José Altevir da Silva aos presbíteros participantes do Encontro Regional dos Presbíteros que acontece em Coari de 8 a 11 de novembro. O bispo de Tefé inicia sua mensagem cumprimentando Dom Marcos Piatek, Bispo da Diocese de Coari, e Dom José Albuquerque, Bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus, presentes no encontro. Dom Altevir deseja igualmente que o encontro seja “marcado pela graça do amor de Deus, tantas vezes expresso, na comunhão vivida nos Presbitérios de nossas Arquidiocese, Dioceses e, Prelazias!”. Ao mesmo tempo, ele agradece aos presbíteros presentes “por suas presenças num encontro tão importante como este para nossa Igreja na Amazônia, nos dias de hoje!”. O Bispo da Prelazia de Tefé deseja aos Presbíteros no início deste encontro, “toda abertura de coração, de modo que todos possam, fazendo jus ao tema do encontro, deixar ser cuidado pelo próprio Mestre!”. Segundo o Bispo, “quem cuida com amor, de certo modo finda amando o ser cuidado”. Por isso, ele pede “que todos possam fazer a experiência dos cuidados de Jesus Cristo em suas vidas”. Na sua mensagem, Dom Altevir afirma que “ao refletir sobre questões importantes a respeito da vida e do exercício do ministério dos presbíteros, é tão importante aprofundar sobre a questão da saúde integral, sob a ótica do cuidado que devemos ter para conosco mesmos e para com os irmãos de ministério”. Ele insiste em que “no exercício do nosso ministério, descobrimos cada vez mais a necessidade de estarmos a serviço do povo de Deus, nos entregando a cada dia, nos consumindo junto às comunidades dos centros urbanos e periferias, rios e igarapés de nossas Igrejas Locais”. Nesse sentido, o Bispo destaca que “ao refletir sobre ‘o cuidado com a saúde integral dos presbíteros’, desejo que cada um se perceba que como todo ser humano; o presbítero deve estar sadio físico, psíquico e espiritualmente para que a sua ação evangelizadora seja eficaz e produza frutos segundo o coração de Deus. É por isso que devemos cuidar de todas as dimensões da nossa existência, buscando a saúde e o equilíbrio tão necessários para a nossa realização pessoal e para a nossa missão!” Para todos que lutaram para participar deste encontro, Dom Altevir deseja um bom aproveitamento! Ao clero da Prelazia de Tefé, que meio as enormes distâncias e outros desafios, seu Bispos diz que “com a graça de Deus um bom número de Presbíteros se fez presente”. Finalmente, pede a benção de Deus para todos os participantes e paro o encontro, lembrando que “não esqueçam, melhor do que a maneira como fizeram a preparação deste encontro, vai ser o  que este encontro vai fazer com cada um de nossos presbíteros”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Coari acolhe Encontro Regional dos Presbíteros com o tema “O cuidado com a Saúde Integral do Presbítero”

Os presbíteros do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) se reúnem de 8 a 11 de novembro de 2022 na cidade de Coari para participar do Encontro Regional dos Presbíteros. Um encontro que conta com a participação de mais ou menos 60 presbíteros e do bispo local, Dom Marcos Piatek, e do Bispo auxiliar de Manaus, Dom José Albuquerque. O coordenador da Pastoral Presbiteral no Regional Norte1 destaca a grande expectativa diante do encontro, que é uma oportunidade “de nós nos encontramos, de nós nos vermos, de nós partilharmos as nossas esperanças e as nossas alegrias, e também os nossos desafios que enfrentamos nos vários presbitérios no nosso Regional Norte1”. O tema do encontro é “O cuidado com a Saúde Integral do Presbítero”, uma temática que se fez presente no 18º Encontro Nacional dos Presbíteros realizado em Aparecida (SP) em maio de 2022. Se trata de ajudar na toma de consciência em todos os sentidos sobre este elemento tão importante na vida do presbítero, segundo o Padre Rubson, que pede a oração de todos pelo encontro e agradece à Diocese de Coari, na pessoa de seu bispo, pela acolhida. A assessoria do encontro será realizada pelo Padre Siro Stocchetti, Missionário Comboniano que atualmente é Vigário na Área Missionaria Monte das Oliveiras da Arquidiocese de Manaus. O religioso, que é Licenciado em Psicologia na Universidade Gregoriana de Roma, e colabora na Escola de Formadores em São Paulo (SP). Ao longo do encontro serão trabalhados diferentes elementos que fazem referência a uma realidade que foi acentuada durante a pandemia, como é a saúde dos presbíteros. Um encontro onde será repassado as reflexões do 18º Encontro Nacional dos Presbíteros, que teve como tema “Presbítero, comunhão e missão”. Também serão tratados assuntos referentes à Pastoral Presbiteral em nível regional. Um encontro que acontece depois de dois anos sem ter encontro regional, segundo o Padre Alcimar Araujo. Por isso destaca o fato de estar juntos, insistindo na importância do tema como possibilidade de “conversarmos um pouco, partilharmos a nossa vida, rezarmos juntos”. O padre da Arquidiocese de Manaus destaca a convivência como grande ganho do encontro. Um encontro que “nos abre perspectivas para melhor viver o nosso sacerdócio na missão que cada um assumiu”. Por isso, o Padre Alcimar não duvida em afirmar que “as expectativas são as melhores possíveis, ainda mais que estamos voltando depois de dois anos de pandemia sem termos nos encontrado”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1