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Dom Altevir da Silva: Pacto das Catacumbas, compromisso “em acolher esse Deus da vida que criou tudo para nós”

De 6 a 27 de outubro de 2019 aconteceu a Assembleia Sinodal do Sínodo para a Amazônia, um processo que tem marcado o caminho de uma Igreja sinodal. Nos dias do Sínodo, no domingo 20 de outubro de 2019, nas Catacumbas de Santa Domitila, foi realizado o Pacto das Catacumbas pela Casa Comum, fazendo memória do pacto realizado no mesmo lugar durante o Concílio Vaticano II. Um dos presentes foi Dom José Altevir da Silva, que vê aquele momento como oportunidade para avançar na “importância de uma Igreja com rosto amazônico”. O Bispo da Prelazia de Tefé diz que sentiu “um momento histórico muito forte e ao mesmo tempo a renovação de compromisso”. O Bispo considera o Sínodo para a Amazônia um compromisso, insistindo em que “as pessoas que não entendem a importância desse pacto que nós fizemos, eles nunca vão conseguir defender a Igreja que quer ser uma semente de vida para nossa Amazônia”. Ele faz um chamado a “falar cada vez mais da importância desse pacto”, a “acolher esse Deus da vida que criou tudo isso para nós”. Segundo Dom Altevir “todos aqueles e aquelas estão se comprometendo com esta causa, vão ser perseguidos”, insistindo em que “as comunidades tradicionais, os quilombolas, os indígenas, eles têm muito a nos ensinar porque eles estão ali no dia a dia, enfrentando, defendendo”. Um Pacto que “são indicações e compromissos que dá para fazer um programa em nossas igrejas locais”. Completou três anos do Sínodo para a Amazônia e um dos momentos marcantes desse Sínodo foi o Pacto das Catacumbas para o cuidado da casa comum, que lembra o Pacto das Catacumbas realizado durante o Concílio Vaticano II. O senhor participou desse momento, o que representou para o senhor aquela celebração? Em primeiro lugar foi essa ligação com o Pacto das Catacumbas no final do Concílio Vaticano II, trazendo presente para a vida da Igreja hoje na Amazônia a importância de uma Igreja com rosto amazônico, como os bispos antes pensavam também uma Igreja pobre, servidora, profética, uma Igreja que está junto com as pessoas, não separada do povo. O fato de fazer acima dos túmulos dos mártires, foi fazer essa retomada de uma maneira consciente, bonita e compromissada com a profecia, com o martírio, que hoje está sendo esquecido. O primeiro momento de estar ali, celebrando nas Catacumbas de Santa Domitila, vinha para mim essa memória histórica. Senti um momento histórico muito forte e ao mesmo tempo a renovação de compromisso, especialmente no momento de assinar ou de molhar os nossos dedos no urucum, algo próprio da Amazônia, dos povos indígenas, deixando nossas marcas sobre o tecido, representando aquele urucum o sangue dos mártires, de muitos mártires de ontem e de hoje, e o compromisso selado para que nós pudéssemos levar em frente esse pacto, esse compromisso com a Igreja aqui na Amazônia. O que dizer àqueles, inclusive gente que se dizem católicos, que não entendem esse compromisso com o cuidado da casa comum? Por que é importante esse pacto nesse sentido? Esse pacto é importante porque o Sínodo da Amazônia para nós, muito mais para nós que fazemos parte da Igreja da Amazônia, é muito mais do que um documento, muito mais do que um legado deixado pelo Papa Francisco. É realmente um compromisso de vida junto a esse povo, junto a essa mata e esse rios. As pessoas que não entendem a importância desse pacto que nós fizemos, eles nunca vão conseguir defender a Igreja que quer ser uma semente de vida para nossa Amazônia, isso não tem como explicar para quem não quer entender. O que nós devemos fazer justamente é falar cada vez mais da importância desse pacto que foi celebrado com vários bispos, leigos, padres, religiosas presentes. Essa foi uma diferença, pois no Concílio Vaticano II estavam presentes os bispos, mas agora essa presença diversificada, isso para nós foi muito importante para ver que a força transformadora e sustentadora dessa dimensão profética na Amazônia, ela vai além da Igreja hierárquica, ela realmente brota do chão da terra, na pessoa dos leigos, dos padres comprometidos, bispos, e isso incomoda às pessoas que não querem entender. Quem critica muitas vezes um pacto como esse é porque não quer entender o compromisso, esse jeito de abraçar essa causa. O melhor jeito que tem é continuarmos lutando para que a vida seja transformada aqui em nosso meio, em nossa querida Amazônia. O compromisso nos leva a reconhecer, como lembrou Oscar Beozzo, que não somos donos da terra, mas nos comprometemos em acolher esse Deus da vida que criou tudo isso para nós, defender a terra, defender o rio, defender a casa comum é sem dúvida defender a obra da criação de Deus, a primeira Bíblia, a obra da Criação. Ninguém entendeu essa Bíblia, e aí veio a segunda Bíblia, que é a que nós usamos, a Bíblia escrita, mas a primeira já foi escrita por Deus através da nossa casa comum. Dentre os presentes no Pacto das Catacumbas estavam representantes dos povos indígenas, que são perseguidos, martirizados em muitas regiões da Amazônia por assumir no dia a dia esse Pacto pelo cuidado da casa comum. O que significa para a Igreja esse testemunho dos povos indígenas e das comunidades tradicionais da Amazônia e como essa Igreja pode se comprometer mais na defesa desses povos perseguidos pela sociedade e pelos governos dos diferentes países da Amazônia? Todos aqueles e aquelas que estão se comprometendo com esta causa, vão ser perseguidos, porque o sistema de morte, o sistema bruto do capitalismo selvagem, que vem com toda a força bruta acima dos pequenos, eles vão procurar calar a voz de quem defende a nossa casa comum. Como o Papa Francisco nos fala, o grito do pobre é o grito da Terra, e se confundem. O grito do rio, o grito da nossa realidade da Amazônia, o grito dos animais correndo do fogo das queimadas planejadas pelo sistema para avançar cada vez mais na destruição da nossa Amazônia em busca de seus…
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Episcopado convoca “para a reconciliação, essencial ao novo ciclo que se abre”

Brasil viveu no último domingo 30 de outubro o segundo turno de uma eleição polémica. Após uma campanha fortemente polarizada, reflexo de uma sociedade fortemente enfrentada, o resultado apertado é uma amostra da divisão presente na sociedade brasileira, inclusive geograficamente. Nessa conjuntura, no dia posterior à votação, que teve como resultado a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para seu terceiro mandato como Presidente da República, a Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil emitiu uma nota onde afirma que “a conclusão das Eleições 2022 convoca-nos, ainda mais, para a reconciliação, essencial ao novo ciclo que se abre. Agora, todos, indistintamente, precisam acompanhar, exigir e fiscalizar aqueles que alcançaram êxito nas urnas. O exercício da cidadania não se esgota com o fim do processo eleitoral”, um desafio urgente na atual sociedade brasileira. O episcopado brasileiro, a través da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, diz cumprimentar “candidatos eleitos, deputados, senadores, governadores e presidente da República”. Junto com isso, a CNBB “parabeniza ainda o Tribunal Superior Eleitoral por sua atuação no zelo de todo o processo democrático”. Tomando como referência as palavras do Papa Francisco na Encíclica Fratelli tutti, a Presidência do episcopado brasileiro pede que “todos possam caminhar unidos para a construção da política melhor, aquela que está a serviço do bem comum”. Palavras que são os votos da CNBB, e ao mesmo tempo algo que os bispos suplicam “em preces para o nosso país”. Para isso, a Presidência da CNBB pede “a materna intercessão de Nossa Senhora Aparecida – Rainha e Padroeira do Brasil”, e junto com isso que “Deus muito abençoe a sua vida e a sua família”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Apresentação do Documento da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe: “Um laboratório prático de sinodalidade”

O Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (Celam), continua a avançar “Para uma Igreja Sinodal em saída para as periferias“, documento (Baixar aqui em português) que reúne as “Reflexões e propostas pastorais a partir da Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe”, realizada na Cidade do México em novembro de 2021.   Um documento que já está nas mãos do Papa Um Documento em seis idiomas apresentado ao Papa Francisco pela presidência do Celam em 31 de outubro, dividido em três partes: os sinais dos tempos que nos desafiam e nos encorajam; uma Igreja sinodal e missionária a serviço da Vida Plena; e o transbordamento criativo em novos caminhos a seguir. Como diz o texto, o desejo é “oferecer uma contribuição significativa para a reflexão e o caminho das comunidades em nosso continente, com a certeza de que ‘somos todos discípulos missionários em saída’”. E para fazer isso “partindo das tradições e culturas do continente para traduzir o único Evangelho de Cristo no estilo latino-americano e caribenho, em uma sinfonia onde cada voz, cada registro, cada tonalidade enriquece a experiência de ser um discípulo-missionário”. A presidência do Celam, acompanhada pelo teólogo italiano Gianni La Bella, apresentou o documento em uma coletiva de imprensa realizada na Sala Marconi, no edifício da Rádio Vaticano, na qual dezenas de jornalistas participaram pessoalmente e virtualmente, o que não devemos esquecer que foi um dos grandes aportes da Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe.   Um laboratório prático de sinodalidade Como destacou Dom Miguel Cabrejos, um dos grandes promotores deste momento inédito para a Igreja no continente, “um laboratório prático de sinodalidade“, foi algo que “corajosa e profeticamente levantou uma barreira, porque de agora em diante, progressivamente, não será possível evitar a participação do Povo de Deus nas diversas decisões da Igreja”, o que, nas palavras do presidente do Celam, “favorece a corresponsabilidade, mas ao mesmo tempo coloca desafios”. Entre eles ele mencionou agir sempre com misericórdia, coerência entre discurso e prática, leitura adequada dos sinais dos tempos, escuta, diálogo e discernimento como processo, comunicação mais empática, habitar o “continente digital”, acolher a diversidade, integrar as mulheres nos espaços de decisão e ver sempre nos outros a imagem de Deus. Desafios que afetam o clero e a Vida Religiosa, em relação a sua formação num mundo pluralista, seu modo de vida, mais simples, mais austero e místico, trabalhando em sinodalidade, promovendo e acompanhando os leigos. Eles são chamados a caminhar juntos, a avançar em uma formação sólida, uma prática coerente e a assumir a Doutrina Social da Igreja. Uma Igreja que “deve construir pontes, derrubar muros, integrar a diversidade, promover a cultura do encontro e do diálogo, educar no perdão e na reconciliação, o senso de justiça, o repúdio à violência e a coragem pela paz”, concluiu Dom Cabrejos. No lugar das perguntas e da construção coletiva Aos presentes na Sala Marconi se juntaram testemunhos de diferentes partes da América Latina. Uma delas foi Ir. Liliana Franco, que refletiu sobre o tema: “O transbordamento criativo em novos caminhos a serem percorridos: perspectivas da Vida Religiosa Latino-Americana”. Segundo a religiosa, estamos em um momento de esperança, que nos levou a nos colocar “no lugar das perguntas e da construção coletiva“, a nos questionar “sobre a vontade de Deus”, a fim de nos aproximarmos da realidade a partir daí. Uma Vida Religiosa que, segundo sua presidenta no continente, está comprometida com “uma Igreja em perspectiva missionária, em saída como condição de fecundidade apostólica“. Portanto, a ouvir os gritos, apostando em novos modos relacionais, deixando claro que, em contextos tão complexos, “os crentes são chamados a ser um sinal, uma expressão de estilo e valores contraculturais e eloquentes”. Um transbordamento criativo que “não será possível sem a participação das mulheres, dos leigos e dos jovens” e que desafia “a abrir buracos para o Espírito”. Transbordamento e escuta Uma Assembleia que, nas palavras de Gianni La Bella, foi “sobretudo uma verdadeira e feliz experiência de sinodalidade, em escuta mútua e discernimento comunitário, sugerida pelo Espírito”, que ele considera “uma ponte ideal entre o Sínodo Pan-Amazônico e o próximo Sínodo Universal sobre a Sinodalidade, experimentando no terreno uma nova abordagem conceitual da eclesiologia da comunhão”. O teólogo italiano lembrou as duas palavras nas quais o Papa insistiu em relação à Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe: transbordar, a fim de “superar divisões e encontrar soluções criativas e inovadoras”, e escutar, a Deus e aos gritos. A partir daí ele mostrou a importância dos “sinais dos tempos” e como os desafios que emergiram da Assembleia, que busca “oferecer uma série de sugestões práticas para reler e atualizar o conteúdo e o espírito da Conferência de Aparecida“.    Ser santos em jeans e tênis Dom José Luis Azuaje, presidente da Caritas América Latina e Caribe, Irmã Laura Vicuña da CEAMA, e a jovem Paola Balanza da Pastoral Juvenil, mostraram elementos presentes na Assembleia Eclesial. Uma Assembleia que mostra uma Igreja mais renovada, em saída para as periferias, samaritana, a serviço da vida, especialmente dos mais pobres, uma Igreja que constrói fraternidade, sustentada pelo amor àqueles que mais sofrem, segundo Dom Azuaje, que insistiu em ser “uma Igreja próxima que se constrói como misericordiosa e promove a cultura da ternura“. Não se pode ignorar que a participação sinodal requer “uma escuta atenta do Espírito, um diálogo aberto e fecundo e um discernimento eclesial“, de acordo com Ir. Laura Vicuña. Ela insistiu que somos todos o Povo de Deus que caminha junto, com a mesma dignidade batismal. Uma Igreja que na Amazônia quer ser ministerial, inculturada, levando em conta a ecologia integral, em um processo de conversão. A representante dos jovens os chamou a “serem santos de jeans e tênis“, a compartilhar o amor de Deus, já que são “sujeitos fundamentais dentro da Igreja, sujeitos de comunhão, de participação, de missão”. A partir daí, Paola Balanza desafiou a Igreja a ouvi-los e a serem levados em conta, pedindo que o documento seja conhecido e praticado.   A…
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Dom Leonardo: “Deus ama a todos como filhos e filhas, sem exceção, acolhe os considerados impuros, ladrões e assassinos”

“Um texto muito atraente, cada figura que nos é apresentada e o olhar de Jesus”, assim define o Cardeal Leonardo Steiner a passagem do Evangelho do Trigésimo Domingo do Tempo Comum. “Depois de fixar os olhos nele, Jesus convida o cobrador de impostos a descer do sicómoro, da figueira, e Jesus entra na vida deste cobrador de impostos”. O Arcebispo de Manaus lembrou a condição de Jericó naquela época como uma cidade próspera, “uma rota comercial, lugar de negócios, e alguns negócios duvidosos”. Ele apresenta a figura de Zaqueu como “o chefe dos publicanos, um homem considerado pecador público, explorador dos pobres, um colaboracionista ao serviço dos dominadores romanos”, se servindo do cargo para se enriquecer. Segundo Dom Leonardo, “talvez a referência da sua baixa estatura no texto do Evangelho nos diga mais do que o tamanho físico, poderia estar a nos indicar a estatura interior, pequeno, insignificante, do ponto de vista moral”. O cardeal fez ver a riqueza do cobrador de impostos, “não graças aos ganhos honestos, mas porque subornava, enganava, e por isso aumentava da parte das pessoas o desprezo por este homem”. Falando do sicómoro, uma árvore de frutos falsos, Dom Leonardo definiu Zaqueu como “um homem de frutos falsos, mas justamente os frutos falsos é que o ajudou a ver Jesus. O desejo de ver o faz subir nas suas fraquezas e misérias, ao subir nos seus desmandos, roubos e enganos é visto por Jesus”. Ele insistiu em que “mais do Zaqueu ver Jesus, é Jesus que o vê”. O Arcebispo de Manaus, citando Santo Agostinho, lembrou que “para poder ver devemos ser olhados, para poder amar, devemos ser amados”, destacando que a misericórdia de Deus sempre irá antes. “O desejo de ver Jesus faz com que ele seja visto, olhado e encontrado”, disse Dom Leonardo em relação com Zaqueu, insistindo em que “porque o encontrou mudo de vida, de olhar, o modo de viver. Jesus chama pelo nome aquele cobrador de impostos”. Jesus “se convida a entrar na vida de Zaqueu”, chamando-o a descer do desregramento da sua vida, a descer do sicómoro dos enganos, dos frutos indesejados. Zaqueu ao ser visto por Jesus “desce e descobre a vida nova, a sua vida se ilumina, se transfigura”, segundo o cardeal. Ele insiste em que Jesus não o censura e sim mostrar para Zaqueu seu desejo de entrar na sua vida como misericórdia, lhe fazendo uma oferta de transformação, de vida nova. “E Zaqueu, um homem desonesto e desprezado por todos descobre que na sua vida tem espaço para outra vida, para uma vida de bondade, de generosidade”. No encontro com Jesus, Zaqueu percebeu “como era mesquinha, limitada, uma vida tomada pela desonestidade, pelo dinheiro”. Citando o Papa Francisco, Dom Leonardo disse que a presença de Jesus na sua casa faz com que Zaqueu “veja tudo com outros olhos, até com um pouco de ternura com que Jesus olhou para ele”, mudando até seu jeito de ver e usar o dinheiro, substituindo o se apoderar pelo oferecer. “Zaqueu descobre de Jesus que é possível ele amar gratuitamente, era mesquinho, agora torna-se generoso, gostava de acumular, agora se alegra em distribuir, e ao encontrar o amor, descobrindo que é amado a pesar de seus pecados, torna-se capaz de amar os outros, fazendo do dinheiro um sinal de solidariedade e de comunhão”, destacou Dom Leonardo, que insistiu na mudança de vida, no horizonte diferente quando se encontra Jesus, e junto com isso que no Evangelho nascem os frutos. O cardeal destacou em Zaqueu que dividindo “ele se desprende de sua desonestidade, não se sentirá mais escravo do dinheiro injusto que o afastara da vida digna. Dividindo com os pobres, ele mesmo impõe uma pena pelas injustiças cometidas, no seu gesto de divisão, ele mesmo se impõe a pena substituindo a avareza pela liberalidade e entra no caminho das virtudes, das bem-aventuranças”. Dom Leonardo insistiu em que “com Jesus na vida, reina a justiça, a generosidade, a magnanimidade, superando qualquer tipo de avareza”. “O nome Zaqueu quer dizer puro, inocente, sincero”, lembrou Dom Leonardo, afirmando que “no encontro com Jesus este homem se tornou justo, sincero, honesto, tornou-se o homem das virtudes, tornou-se um discípulo. O encontro de Jesus com Zaqueu nos ensina que Deus ama a todos como filhos e filhas, sem exceção, e que acolhe no seu amor os marginalizados, os considerados impuros, os considerados ladrões e assassinos, porque Deus busca a todos, seu olhar se volta para todos”. No Evangelho de hoje descobrimos, insistiu o Arcebispo de Manaus que “Deus tem predileção pelos pecadores, que também nós somos”, ressaltando que Deus nos ama e nos fazendo ver a necessidade de descer do sicómoro porque Jesus deseja entrar na nossa vida, que nos busca porque somos frágeis. Um olhar de Jesus que “vai para além dos pecados e dos preconceitos”, segundo o cardeal. Um Deus que “não se detém no mal do passado, mas olha o futuro, olha as feridas, os figos falsos, mas nos oferece abrigo, entra na nossa casa, nos transforma, nos dá ânimo, nos dá futuro. Ninguém está perdido para Deus”, destacou, pedindo que “a Virgem Imaculada nos obtenha a graça de sentirmos sempre o olhar misericordioso de Jesus que veio procurar e salvar o que estava perdido”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Caritas forma 40 agentes em Roraima para seguir fazendo realidade “a caricia da Igreja”

O Papa Francisco define Caritas como “a caricia da Igreja”, pudendo ser considerado esse trabalho como algo fundamental e que nunca pode faltar para podermos ser verdadeiras testemunhas do Deus que acima de tudo é amor, caridade, cuidado com os descartados pela sociedade. Nos dias 28 e 29 de outubro aconteceu na Diocese de Roraima a formação sobre o voluntariado da Caritas e como constituir caritas paroquial, com a assessoria de Marcia Maria Miranda, Articuladora da Caritas Regional Norte1. No encontro participaram 40 agentes entre padres, religiosas, leigos e leigas. Segundo Marcia Maria Mirando, “vale destacar que na formação foram feitas análises da realidade local quanto a situação social e apresentação das ações sociais que já são realizadas pelas paróquias e áreas missionárias da diocese”. Ao longo dos dois dias foi abordada a questão do voluntariado, o que é que é o voluntariado, como organizar e trabalhar com os voluntários, a valorização da pessoa do voluntário. O objetivo desse trabalho sobre o voluntariado é “que a gente possa conquistar mais pessoas para os serviços sociais da Igreja católica, em especial os serviços da Caritas”, segundo Marcia Maria. Ele diz que “a gente observa que tem muitos serviços e poucas pessoas para nos ajudar nesses serviços”. Os participantes desse momento de formação puderam conhecer como está organizada a Caritas em nível nacional, a Articulação Regional e as Dioceses. Tem se buscando com isso, poder chegar na organização das Caritas paroquiais. Nesse sentido, foi repassado para os presentes a informação das dioceses e prelazias do Regional Norte1 que já trabalham com Caritas paroquiais, explicitando o que é a Caritas paroquial, como ela funciona, qual o perfil que cada Caritas tem que ter. Nessa perspectiva, Marcia Maria Miranda destaca que “a Diocese de Roraima, ela tem como prioridade a criação das Caritas paroquiais, pois isso vai facilitar o trabalho da Caritas diocesana, potencializando os trabalhos na base”. As Caritas paroquiais estão surgindo com a colaboração de Agentes de Pastoral, que já fazem o serviço social nas paróquias e Áreas missionárias, buscando aproveitar essas pessoas e fortalecer o trabalho que já existe. A Articuladora Regional insistiu em que “os irmãos e irmãs mais vulneráveis e desrespeitados em seus direitos, tem sido prioridade para Caritas”, destacando que “a busca do protagonismo resulta na ação transformadora”. Roraima é uma diocese onde o trabalho da Caritas tem sido fundamental na acolhida dos migrantes venezuelanos nos últimos anos, um trabalho que foi assumido, fazendo com que a Igreja católica se tornasse exemplo de samaritaneidade, de amor e solidariedade com aqueles que a sociedade descarta. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Ir. Michele Silva: “Optar por projetos de morte e violência é o mesmo que negar o próprio Cristo”

“Nos exercitarmos na acolhida e na compaixão ao nosso próximo, crescermos no amor e na misericórdia e transformarmos todos os julgamentos e preconceitos que nos dividem e nos diminuem como irmãos de caminhada” é o convite da Liturgia da Palavra no 31º domingo do Tempo Comum, segundo a Ir. Michele Silva. Analisando a passagem do Livro da Sabedoria, a religiosa afirma que “nos apresenta o rosto amoroso de Deus que tem compaixão e trata todos com bondade, corrige com carinho os que caem, porque é amigo da vida!”. Em relação com o Salmo, ela diz que “revela a ternura de Deus que abraça toda a criatura, por meio do seu amor, da sua paciência e compaixão”. “Na segunda carta de São Paulo aos Tessalonicenses, temos a chamada para o discernimento da comunidade diante da realidade, atenção para não se deixar influenciar por falsas revelações”, segundo a religiosa do Imaculado Coração de Maria. Ela destaca que “essa mensagem é muito atual frente as fake News e falsos projetos que experienciamos na campanha política. Neste segundo turno das eleições precisamos confrontar as propostas políticas com o Evangelho, como cristãs e cristãos precisamos escolher a vida do povo, a justiça, a democracia e o bem comum, optar por projetos de morte e violência é o mesmo que negar o próprio Cristo, que quer vida plena para todas e todos!”. Analisando a passagem do Evangelho segundo Lucas, a Ir. Michele diz que “nos traz o relato de Zaqueu, um chefe dos cobradores de impostos muito rico e corrupto que faz a experiência da misericórdia de Jesus. O texto diz que subiu na figueira para ver Jesus, essa baixa estatura pode se referir a sua falta de dignidade, a exclusão da sociedade por cometer fraudes com o dinheiro do povo, mas Jesus tem sensibilidade e olha Zaqueu sem julgamentos, vai a sua casa e acolhe o seu arrependimento sincero e propósito de mudança de vida”. Trazendo as palavras do Evangelho de Lucas para a realidade, a religiosa coloca que “todas as pessoas devem reconhecer a sua fragilidade humana, entrar neste processo de conversão permanente e acolher a misericórdia de Deus em suas vidas”. Isso pelo fato de que “Jesus nos convida a prática do amor e da compaixão”, afirmando que “O filho do homem veio procurar o que estava perdido”. Diante disso, a Ir. Michele Silva diz que “nós devemos seguir o seu testemunho, na acolhida, no perdão e no reconhecimento de nossa pequenez!” Finalmente ela lembra a celebração neste domingo do Dia Nacional da Juventude, “trazendo presente o dinamismo e ousadia dos nossos jovens, buscando construir um caminho conjunto que valorize e empodere a nossa juventude na Igreja e na sociedade”. Junto com isso, a Ir. Michele deseja uma abençoada semana e faz um chamado a votar com consciência.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Walmor: “Vamos a dar um basta aos sentimentos que estão contaminando o processo eleitoral”

Brasil realiza neste domingo 30 de outubro o segundo turno das eleições. Nesse dia serão eleitos os governados que não ultrapassaram 50% dos votos no primeiro turno e o novo Presidente da República, cargo al que concorrem o atual Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro e o Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Diante da atual conjuntura e em vista do segundo turno da eleição, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo de Belo Horizonte (MG) e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou uma mensagem em vídeo onde faz um chamado para que “haja paz, serenidade e esperança”. O Presidente do episcopado começou lembrando as preces do Papa Francisco na audiência da última quarta-feira 26 de outubro, em que ele pediu a Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, “que nos livre do ódio, da intolerância e da violência”. Enfaticamente, Dom Walmor pediu para “dar um basta aos sentimentos que estão contaminando o processo eleitoral, dividindo famílias, rompendo amizades”. O Arcebispo de Belo Horizonte lembrou de situações que estão acontecendo nos últimos dias, afirmando que “até templos foram profanados com sacerdotes a serviço do altar desrespeitados, situações graves que revelam a ausência de senso crítico, uma cega idolatria a pessoas, inviabilizando o adequado exercício da cidadania”. São vários os padres, inclusive bispos, que têm sido atacados dentro das igrejas pelo fato de defender a democracia e os pobres, mesmo sem citar o nome de nenhum dos candidatos. Nessa conjuntura, o Presidente da CNBB fez um “convite para o exame de nossas atitudes, verificar se de fato a coerência com o Evangelho, o Evangelho de Jesus, que nos pede compromisso com amor fraterno, a não violência, o incansável amor aos pobres e excluídos”. Dom Walmor insiste em sua mensagem que “a nossa reverência de discípulos não pode ser dedicada a este ou aquele candidato, ao mercado ou ao dinheiro, mas a Jesus Cristo, o Único Mestre, o Príncipe da Paz”. Finalmente, “em profunda unidade com a mensagem do Papa Francisco”, Dom Walmor suplica “à Mãe Aparecida interceda pelo povo brasileiro, livrando-nos do ódio, da intolerância e da violência”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

“Alarga o espaço da tua tenda”: horizontes para o avanço da sinodalidade na Etapa Continental

Quando falamos de sinodalidade, pensamos sempre em caminhar juntos, em criar espaço para os outros. Uma atitude que nos deve levar a ouvir um pedido: “Alarga o espaço da tua tenda“. A frase do profeta Isaías dá o título ao Documento de Trabalho para a Etapa Continental (DEC) do Sínodo sobre a Sinodalidade (Baixar aqui o Documento em português), apresentado a 27 de outubro pela Secretaria do Sínodo. Um Sínodo que avança, como dizem as primeiras palavras da introdução ao Documento, com uma participação que superou todas as expectativas, em que milhões de pessoas em todo o mundo estiveram envolvidas, consideradas “verdadeiros protagonistas do Sínodo“, querendo ajudar a concretizar ” aquele ‘caminhar juntos’ que permite à Igreja anunciar o Evangelho”. Um processo que “alimentou neles o desejo de uma Igreja sempre mais sinodal“, que deu um rosto concreto à sinodalidade, o que podemos dizer sem medo é o desejo do Papa Francisco. De tudo o que foi vivido, são dados exemplos concretos no texto, fruto de quase duas semanas de intenso trabalho de uma equipe de especialistas, que não quiseram produzir um documento “mas abrir horizontes de esperança para o cumprimento da missão da Igreja”. Para o fazer numa tenda que “é um espaço de comunhão, um lugar de participação e uma base para a missão“. O Documento está dividido em 4 capítulos, começando com “uma narração, à luz da fé, da experiência de sinodalidade vivida até aqui, com a consulta ao Povo de Deus”. Um segundo capítulo que “oferece uma chave para uma interpretação dos conteúdos do DEC à luz da Palavra”. Um terceiro momento para articular palavras-chave e frutos da escuta em torno de 5 tensões: a escuta, o impulso para a missão, um estilo baseado na participação, a construção de possibilidades concretas para viver a comunhão, e a liturgia. Finalmente, um olhar para o futuro, numa perspectiva espiritual e metodológica. Um caminho pelo qual é necessário ler o DEC “com os olhos do discípulo, que o reconhece como o testemunho de um percurso de conversão para uma Igreja sinodal”. O Documento da voz “às alegrias, às esperanças, aos sofrimentos e às feridas dos discípulos de Cristo”, recolhendo com vários exemplos “os frutos, as sementes e as ervas daninhas da sinodalidade“, resultantes do método de conversação espiritual. Mas também não se escondem as dificuldades em avançar no caminho da sinodalidade, entre elas ” os medos e as resistências da parte do clero, mas também a passividade dos leigos, o seu temor a exprimir-se livremente”, bem como escândalos como os abusos ou guerras em alguns países. Um Documento que destaca, e isto é a chave para progredir na sinodalidade, “a dignidade batismal comum”. Isto numa experiência que traz novidade e frescura, o que ajuda a recuperar a identidade. Elementos peneirados da escuta das Escrituras, onde a Igreja aparece como uma tenda, no centro da qual está o tabernáculo, a presença do Senhor, apoiada por estacas que estão a ser estabelecidas em terreno novo, e que se ergue na base de um discernimento correto. Uma tenda que se alarga quando acolhe outros, dá lugar à diversidade, o que ajuda a construir “relações mais ricas e laços mais profundos com Deus e com os outros“. Isto em vista de avançar “a uma Igreja sinodal missionária“, que se concretiza numa “Igreja global e sinodal que vive a unidade na diversidade”, não se deixando envolver em conflitos e não se separando espiritualmente. O que se procura é ” uma Igreja capaz de uma inclusão radical, de pertença mútua e de profunda hospitalidade segundo os ensinamentos de Jesus”. Isto requer uma “escuta que se faz acolhimento”, aceitando “ser transformados por esta escuta”, ainda mais face à “falta de processos comunitários de escuta e discernimento”. Existem situações de preocupação: solidão e isolamento de muitos membros do clero, que não se sentem ouvidos, apoiados e apreciados; presença escassa da voz dos jovens no processo sinodal; falta de estruturas e formas adequadas para acompanhar as pessoas com deficiência. Mas há também experiências positivas: empenho do Povo de Deus na defesa da vida frágil e ameaçada em todas as suas fases; compreensão da sinodalidade como um convite para ouvir aqueles que se sentem exilados da Igreja (os divorciados e casados de novo, pais solteiros, pessoas que vivem em casamentos poligâmicos, pessoas LGBTQ). Daí surge o apelo a viver a missão como irmãs e irmãos, procurando o diálogo, também com aqueles que professam outra religião. Uma Igreja que sofre as mesmas feridas do mundo, o que leva a “o profundo desejo de ouvir o grito dos pobres e o da terra”. Sobre este ponto, reconhece a importância da Igreja nos “processos de construção da paz e reconciliação“, o desejo de avançar em profundo compromisso ecuménico, ainda mais face ao crescimento do número de famílias inter-religiosas e inter-religiosas. O DEC nota a diversidade dos contextos culturais em que a Igreja proclama a sua mensagem, com “declínio da credibilidade e da confiança de que gozam por causa da crise dos abusos”, mas também com cristãos que vivem o martírio. Um Documento que apela “a uma abordagem intercultural mais consciente”, desafiando a ” reconhecer, comprometer-se, integrar e responder melhor à riqueza das culturas locais, muitas das quais têm visões do mundo e estilos de ação que são sinodais”, com ênfase nos povos indígenas. Afirmando que “a missão da Igreja realiza-se através da vida de todos os batizados“, o Documento apela à “comunhão, participação e corresponsabilidade”, superando o clericalismo, definido como ” uma forma de empobrecimento espiritual, uma privação dos verdadeiros bens do ministério ordenado e uma cultura que isola o clero e prejudica os leigos”. Apela também a “repensar a participação das mulheres”, muitas vezes “na primeira linha das práticas sinodais”, salientando a necessidade de serem valorizadas e de entrarem em espaços de decisão, pedindo o acompanhamento da Igreja face ao sofrimento, que pode ser visto na pobreza, violência e humilhação. Isto numa Igreja com uma diversidade de “carismas, vocações e ministérios”, e exemplos de promoção da corresponsabilidade e do reconhecimento…
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Fé ou ideologia: se você é cristão pense o que lhe faz confirmar seu voto

Neste domingo o povo brasileiro está diante de uma eleição histórica, uma situação motivada por uma polarização que aumenta a cada dia e que nos depara com cenas impensáveis tempo atrás. Ninguém pode ignorar que o voto tem consequências e que a gente paga a conta daquilo que a maioria escolheu. Uma conta que nos acompanha durante 4 anos, mas que desta vez poderia se perpetuar por muito mais tempo. Graças a Deus no regime democrático o povo pode fazer suas escolhas, sempre legítimas, mesmo que elas não agradem todo mundo e muita gente diga que o povo não sabe votar. Isso de não saber votar deveria levar a sociedade brasileira, também as igrejas a se questionar sobre a pouca importância que a maioria da população brasileira dá à Política, mas Política com P maiúsculo, que é aquela que se preocupa em fazer realidade um mundo melhor para todos e todas, e não só para quem está na panelinha. Um dos elementos que tem dominado a campanha política, sobretudo no segundo turno, é a corrida dos candidatos à Presidência da República atrás do chamado voto religioso, um elemento que está sendo objeto de análise, inclusive fora do Brasil. Em um país laico, mas com um forte sentimento religioso, a fé tem se tornado objeto de disputa. Fé e ideologia como algo que deve nos levar a refletir e nos questionar o que domina na nossa vida, inclusive na vivência da nossa relação com Deus, em nossa religião. Tenho certeza de que as palavras do Papa Francisco na audiência geral de ontem, 26 de outubro de 2022, quando ele disse: “Peço a Nossa Senhora Aparecida que proteja e cuide do povo brasileiro, que o livre do ódio, da intolerância e da violência”, tem provocado múltiplas reações de ódio, violência e intolerância em muitos brasileiros, inclusive em muitos que se dizem católicos. Aí a gente se questiona o que impera na mente de muitos “católicos”, e sublinho católicos entre aspas, na hora de tomar decisões em sua vida, também na hora de confirmar seu voto. Se deixam guiar pela fé? As palavras da Igreja, do Papa, levam à reflexão ou provocam sentimentos de ódio, de intolerância, de violência? Será que a ideologia, ideologizamos até as palavras do Papa, mesmo que elas sejam uma súplica à Padroeira do Brasil, domina nossa fé? As ideologias exacerbadas têm provocado sofrimento ao longo da história. Quando nós olhamos o decorrer histórico, podemos comprovar que aquilo que é conhecido como guerras de religião, na verdade não tinha nada a ver com a fé e sim com ideologias ou interesses políticos que foram distanciando pessoas com um sentimento religioso inspirado no Deus cristão. É bom lembrar o mandamento fundamental do cristianismo, amar a Deus e ao próximo. Quando a gente vive desde a fé, o amor prevalece e faz realidade a fraternidade, quando a gente vive desde ideologias exacerbadas, o ódio, a intolerância e a violência tomam conta da sociedade e das igrejas. Por isso é bom se questionar sobre o que está falando mais alto no coração de cada um, de cada uma. As escolhas que nascem da fé não enfrentam, algo que tem que nos levar a entender que se você confirma na urna com um sentimento de ódio, você já ficou longe de Deus, mesmo se achando o melhor dos cristãos. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar

Cardeal Steiner: “Olhando para o Padre Cícero nós sabemos como viver o Evangelho”

Um dos momentos que despertou maior emoção na beatificação da Bem-aventura Benigna Cardoso, realizada no dia 24 de outubro de 2022 na cidade do Crato (CE), foi quando o Cardeal Leonardo Steiner, representante pontifício para a cerimônia, disse que “a inocência, a pureza (da Bem-aventurada Benigna), abrirá o caminho para celebrarmos a Padre Cícero Bem-aventurado e depois santo”, mais um exemplo do que representa para a religiosidade do povo nordestino a figura do Servo de Deus Padre Cícero. Aos pés do tumulo do Padre Cícero Romão Batista, na Capela de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, um dos locais que concentra os devotos que cada dia chegam em Juazeiro do Norte (CE), o Cardeal Steiner presidia a Eucaristia das 7 da manhã deste 25 de outubro de 2022. Ele ressaltou que “é sempre uma alegria e um consolo podermos celebrar junto ao túmulo do Padre Cícero, ele que foi um homem fiel à Igreja, foi obediente, ele que sempre esteve juntos dos pobres, ele que nunca se esqueceu de dar uma palavra de consolo e de incentivo. Olhando para ele nós sabemos como viver o Evangelho”. Na homilia o cardeal afirmou que “nós recebemos o Batismo, a vida de Deus, e ela vai transformando a nossa vida, vai nos santificando, vai nos tornando pessoas mais disponíveis, pessoas mais amorosas, pessoas mais próximas, pessoas mais de família”. Ele mostrou como é bonito “quando nós percebemos que Jesus e a sua Palavra são verdadeiro fermento na nossa vida e vamos nos tornando cada vez mais pessoas com o jeito de Jesus”. O cardeal Steiner, comentando a primeira leitura da Liturgia da Palavra do dia, afirmou que “é o amor o que determina a relação entre homem e mulher, um não é mais do que o outro, é o amor que conduz, é o amor que cuida, é o amor que vela, é o amor que transforma, é o amor que perdoa, é o amor que sempre ali está de novo e vai maturando essa relação”. O representante pontifício na beatificação da primeira bem-aventurada do Ceará, disse ficar “sempre admirado com o Padre Cícero porque foi um homem obediente à Igreja. Não podia mais celebrar, ele aceitou, mas não deixou de ser padre, não deixou de abençoar, não murmurou, não atacou, não ficou violento, foi um homem de paz”. Dom Leonardo enfatizou que “suspenso das suas funções ele continuou fiel à Igreja, continuou fiel inclusive ao bispo”, descrevendo-o como “o homem da semente pequena, do grão de mostarda e do fermento”. “Ele soube se deixar levedar, ele soube se deixar transformar, e se tornou para nós um sinal, até poderíamos dizer se tornou para nós um verdadeiro alimento”, uma afirmação que cobra sentido quando nós vemos a fé que o povo nordestino tem no Padre Cícero Romão Batista. Dom Leonardo fez um convite a ler todo dia a Palavra de Deus, a nos deixar transformar pela Palavra de Deus. Ele afirmou que “nós as vezes não percebemos, mas a Palavra que vamos lendo, ela vai nos transformando”, como um instrumento que faz com que cresçamos em santidade. Um ler a Palavra de Deus que nos faça uma árvore frondosa, um alimento de consolo, de esperança, de fortaleça para os irmãos e irmãs. O cardeal insistiu em descobrir a Palavra como aquilo que nos ajuda a descobrir nas famílias, “o amor como lugar do perdão”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1