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Cardeal Steiner beatifica a menina Benigna, “defensora da dignidade da mulher, ícone contra o abuso sexual de crianças e adolescentes”

No dia em que completou 81 anos de seu martírio, a cidade do Crato (CE) acolheu a cerimônia de beatificação de Benigna Cardoso da Silva, a menina de 13 anos assassinada a facadas ao defender-se do assédio sexual de um jovem, algo que já tinha acontecido repetidas vezes, enquanto ia buscar água numa cacimba próxima do lugar onde morava. Uma adolescente que é considerada um símbolo da luta contra o feminicídio e o abuso sexual de crianças e adolescentes.   Nascida em Santa do Cariri (CE) aos 15 de outubro de 1928, órfã de pai e mãe com um ano de idade, os poucos dados biográficos conhecidos dizem que ela era fiel assídua às missas na Igreja Matriz da cidade. Seu assassinato causou grande comoção e no local do crime, onde logo foi construída uma pequena capela, e seu sepulcro se tornaram pontos de visitação.   O representante do Papa Francisco na cerimônia de beatificação, concelebrada por mais ou menos 20 bispos, centenas de padres e que contou com a presença de milhares de devotos da nova beata, foi o Cardeal Leonardo Steiner, que se mostrou surpreendido pela nomeação. O Arcebispo de Manaus, que disse estar muito feliz de poder presidir uma celebração importante para o Ceará e para a Igreja no Brasil, definiu a nova beata como “uma menina que mostra o valor da mulher, a dignidade da mulher, mas mostra também o grande amor a Jesus”.   O cardeal destacou em Benigna “como foi fiel no seguimento de Jesus”, e como ela representa “a integridade da mulher, a dignidade da mulher. Mesmo sendo morta, ela mostra o que significa uma mulher que tem dignidade, ela preserva sua dignidade, ela luta pela sua dignidade”, uma atitude que definiu como “um grande ensinamento diante do feminicídio e diante do abuso de crianças e adolescentes”, considerando-a como a bem-aventurada que pode nos ajudar na superação desses crimes.   O Arcebispo de Manaus destacou o amor da Beata Benigna pela Palavra de Deus, pelas histórias da Sagrada Escritura. Também o fato dela cuidar das tias que a adotaram junto com seus irmãos e o fato de não sair do local onde morava, mesmo diante dos conselhos para fazer isso, para continuar cuidando das tias. Nesse sentido, ele disse poder considerar a nova beata como “a mártir do cuidado”.   Em sua homilia, lembrando as circunstâncias da morte e a passagem do Evangelho lida na celebração, onde relata o encontro de Jesus com a Samaritana no poço de Siquem, o Arcebispo de Manaus definiu a fonte como o lugar “onde se encontra a água que preserva e concede vida, sacia a sede de todos”, enxergando na nova beata “a mulher-menina que vai ao poço em busca de água que a fez percorrer o caminho do serviço, da dignidade, da santidade”. Alguém que “foi à fonte, em busca de água”, para quem o “lugar da água, da vida, tornou-se lugar da agressão, da violência, torna-se lugar da morte. Lugar da morte, fonte de resistência, de transparência, de fortaleza, de dignidade. Junto à fonte, Benigna oferece a sua vida na fidelidade a Jesus”.   Em Benigna, Dom Leonardo destacou que “desde cedo a Palavra e a Eucaristia foram bebida e alimento! Dessa fonte recebeu forças para perseverar, resistir, temperar-se, permanecer fiel aos desejos do seu coração”. Também que no fato de participar da comunidade e no cuidado das tias doentes, “cresceu na bondade, na generosidade, no cuidado das pessoas idosas, aprendeu na infância a amar Jesus! O seu amor, a sua misericórdia, a levou ao martírio”.   Nela, o Cardeal Steiner vê, seguindo o Livro do Cântico dos Cânticos, “um amor fiel, límpido, puro, virginal”, insistindo em que “o amor vence a morte. Na morte vemos e percebemos a grandeza transparente e forte do amor benigno, a suavidade, a ternura de Deus”. Um amor que “na morte supera transparentemente as paixões e deixa nascer e ver o amor puro e casto”, seguindo as palavras de São Paulo, que ressoam “diante da brutalidade, mesmo dos nossos dias em relação às crianças abusadas e o feminicídio”.   Um elemento destacado pelo Arcebispo de Manaus foi o arrependimento do homem que levou Benigna à morte. Segundo ele, “a pureza e a força conduzem o jovem à reconciliação, à conversão. O admirável que ele a busque como intercessora e é atendido”, insistindo em que “não há vingança, indiferença, rejeição, mas acolhimento de um homem arrependido”.   Uma Bem-aventurada que Dom Leonardo vê como “indicadora e defensora da dignidade da mulher”. Benigna é “exemplo de não subjugação das mulheres, defensora da própria força e valor, da dignidade e da beleza, da sexualidade e da maternidade, do vigor e da ternura. Preferiu a morte que a paixão, preferiu a morte que romper com a sua dignidade”. Alguém que “hoje contemplamos e invocamos a bem-gerada da Palavra de Deus, da Eucaristia, do cuidado às pessoas necessitadas, como defensora da dignidade de mulher, como ícone contra o abuso sexual de crianças e adolescentes, como a menina da misericordiosa no cuidado para com as pessoas idosas, como indicadora do caminho da pureza, da liberdade, da santidade”.   A ela pediu o Cardeal Steiner que proteja e interceda por nossas crianças e adolescentes, que “as nossas crianças sejam cuidadas e amadas, as nossas adolescentes, respeitadas e maturadas. Ajuda-nos a superar o sofrimento dos abusos sexuais e do feminicídio. O teu nascimento no martírio, a tua presença transparente, ó Bem-aventurada, nos desperte para a dignidade da mulher e a superação do abuso das crianças e adolescentes!”.   Uma beatificação que já está rendendo frutos, pois no mesmo dia em que ela aconteceu, “é sinal de esperança a instalação do Juizado de Violência Doméstica e familiar contra a Mulher na Comarca de Crato. Tudo para a celeridade na tramitação dos feitos e também para garantir os direitos fundamentais das mulheres nas relações domésticas e familiares”, lembrou o cardeal.   Segundo ele, “Benigna nos anima a criar um ambiente familiar e social de cuidado, respeito e dignidade…
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Em Assembleia Sinodal, a Igreja de Manaus toma decisões “que vão ao encontro dos principais desafios da evangelização”

Agora é tempo de ser Igreja, caminhar juntos, participar. A letra dessa música tão presente na liturgia da Igreja no Brasil mostra que agora é tempo da Arquidiocese de Manaus continuar uma caminhada que vem de longe, com muitos momentos em que a comunhão já se fez presente. Uma caminhada enriquecida na Assembleia Sinodal Arquidiocesana, que ninguém pode esquecer começou em março de 2021 e foi recolhendo a vida do povo de Deus que vivencia sua fé na Igreja local de Manaus. Uma Assembleia que é motivo de satisfação e gratidão para o Cardeal Leonardo Steiner, grato àqueles que se reuniram de 21 a 23 de outubro de 2022, mas também à comissão que ajudou e trabalhou bastante, “tudo por amor à nossa Igreja”, para fazer realidade todo o processo sinodal vivenciado. Seu Arcebispo é consciente de que “a Arquidiocese de Manaus sempre teve uma vivência missionária, mas era necessário que todas as comunidades intentáramos ter algumas diretrizes ou linhas de ação”. Segundo Dom Leonardo o realizado na Assembleia Sinodal Arquidiocesana “não se trata de um Plano de Pastoral, que discutiremos na próxima Assembleia de Pastoral Arquidiocesana”, onde espera que “nós consigamos dar continuidade a esse mesmo modo de ser Igreja”. Uma Assembleia que refletiu sobre temas fundamentais na vivência da fé na Arquidiocese de Manaus, na Amazônia e na Igreja Universal: Missionariedade, Ministerialidade, Formação, Serviço à Vida, Ecologia Integral e Cuidado da Casa Comum, Solidariedade e Autossustentação, Comunicação, que tem ajudado na busca de caminhos e pistas de ação para tornar tudo isso uma realidade e que será concretizado nos próximos dias. No processo sinodal vivenciado na Arquidiocese de Manaus houve, segundo o Arcebispo, “um espírito que devagar foi perpassando e tem ajudado a nossa Igreja a ser cada vez mais uma presença consoladora, uma Igreja com presença samaritana, uma Igreja que deseja anunciar e ser a presença do Reino de Deus”. Um processo que faz com que a Igreja de Manaus possa dizer que tem “algo que nos ajuda a ver que as comunidades estão precisando disso”.  Mesmo consciente do muito trabalho pela frente, Dom Leonardo ressalta que “também existe muita disposição e muita disponibilidade por parte de todos”. Dando passos lentos, que com o tempo fara com que possa “se levar a efeito o que acabamos de acordar”. Uma Assembleia Sinodal que o Padre Geraldo Bendaham vê como “concretização do pedido do Papa Francisco, que pede que a Igreja faça realmente esse grande exercício de sinodalidade, de escuta”. Segundo o Coordenador de Pastoral Arquidiocesano, “com a participação de todos chegamos a algumas deliberações, que foram iluminadas pelo Espírito Santo. Discernimos e depois tomamos as decisões, que vão ao encontro dos principais desafios da evangelização da Igreja de Manaus”. Na linha de pensamento do Arcebispo, o Padre Bendaham enfatiza que “são passos que nós estamos dando, nada acontece de uma vez, porque não é uma decisão monocrática, não é uma decisão de uma organização, mas é a Igreja que é Mistério, Corpo de Cristo, Luz que vai marcando com a sua presença no meio da sociedade, sendo Reino de Deus. Passo a passo, pouco a pouco, com a graça de Deus e com a colaboração de tantos membros da Igreja, com o apoio dos bispos, vai se concretizando a sinodalidade na Igreja”. Um exemplo que ele espera “que sirva também para toda a Igreja universal e muitos possam se animar a acreditar que é possível caminhar juntos”. Um sentimento presente nos participantes da Assembleia, que segundo a Ir. Maria Irene Tondin, esperam “que nós como agentes das pastorais, a Vida Religiosa, sacerdotes, todo o pessoal participante da Assembleia, levamos para nossa reflexão, vivência e partilha nos nossos locais de atuação e trabalho”. Tudo isso, “com muita eficácia, com muito respeito, com muito cuidado, naquilo que juntos e juntas, a gente pode refletir, estudar e levar para a vida o que nós aprendemos, o que nos estudamos, o que nós escutamos, o que nós vivenciamos aqui nesta Assembleia Sinodal”. Uma Assembleia Sinodal que “é uma esperança muito grande de nós vivenciarmos e caminhar junto com o povo em todas as nossas territorialidades de missão aqui em Manaus”, afirmou Maria Rosália Consentine Gaspar. A membro da Comissão organizadora, diz ter “a esperança de que nós vamos a dar um grande passo na questão da evangelização e da missão da Igreja de Manaus junto com todo o povo cristão, reunido num só esperança”. Uma Igreja que tem uma caminhada, segundo o Padre Wolney Mourão. O Pároco da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora no Alvorada I, afirma que “as Assembleias de Pastoral Arquidiocesanas, já era uma caminhada sinodal, mas hoje nós percebemos que nossa Igreja, ela tem uma visão muito clara de uma Igreja que é enraizada no Evangelho encarnado na realidade amazônica, um Evangelho que nos leva a proteger a vida, a casa comum”. Uma Igreja que olhando para o futuro, “caminhará cada vez mais num processo profético de construção de vida, humanizando e trazendo cada vez mais Jesus próximo a toda a população amazônica com vida digna para todos”, enfatizou o Padre Wolney. Uma Assembleia que no campo da comunicação, “o principal é que a gente aprenda a caminhar tendo como base o Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil”, segundo Adriana Ribeiro. Como membro das Pastoral da Comunicação Arquidiocesana, ela destaca que “se nós conseguirmos fazer isso, não só a Arquidiocese de Manaus vai fazer um bom trabalho, como isso tem repercussão em todo o Regional Norte1 da CNBB”. Uma Igreja próxima das questões indígenas, que já deu importantes passos com a Querida Amazônia, segundo o seminarista Michel Carlos da Silva. Ele, que é membro da Pastoral Indigenista Arquidiocesana, vê que “a Assembleia Sinodal da Arquidiocese de Manaus é de fato trazer esses sonhos que estão na Querida Amazônia para a realidade, a encarnação desses sonhos”. O seminarista reconhece que “dentro da pauta indígena nós demos passos importantes dentro da Arquidiocese de Manaus e a perspectiva é cada vez mais dar passos na encarnação dos sonhos do Papa Francisco…
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Dom Leonardo: “Nesse tempo de eleições percebemos quanto falta de humildade, de respeito, de mansidão, de escuta”

Dois homens sobem ao Templo para rezar: “um o bom, o correto, o certo; o outro o pecador, o cobrador, o coletador de impostos. Duas vidas, dois modos de vida, dois modos de prece. Dois modos de apresentar-se diante de Deus”, afirma Dom Leonardo Steiner comentando as leituras do 30º Domingo do Tempo Comum. O Arcebispo de Manaus afirma que “um o homem da lei-norma, aquele o certo, que vive corretamente; aquele que faz o que a Lei pede e prevê. O fariseu, o bom, o cumpridor da Lei de Moisés. Aquele que está quase acima do bem e do mal”. O cardeal lembra as palavras desse homem bom: “Eu não sou como os outros homens, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos. Eu jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de toda a minha renda”. Segundo Dom Leonardo Steiner, “a reza é autossuficiente, o elogio de si mesmo para si mesmo. Não apenas sobe para o templo, ele sobe e se põe acima dos outros homens: dos ladrões, dos desonestos, dos adúlteros. Ele sobe e olha de cima para baixo e vê e julga os outros: são ladrões, desonestos, adúlteros. Ele sobe tanto e se põe acima e despreza o outro; o outro não passa de cobrador de impostos, desprezível”. Alguém que sobe nas próprias virtudes: “Eu jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de toda a minha renda”. Em palavras do Cardeal da Amazônia, “Ele é um homem íntegro, fiel, cumpridor da Lei, um exemplo a ser seguido. Ele basta a si mesmo, ele se tem a si mesmo. Ele chega subir no próprio conceito de si mesmo. Ele está acima do bem e do mal. Ele é o templo, a casa para onde ele sobe para render graças por tudo aquilo que ele é e faz. A sua prece é um autoelogio, uma auto incensação. Mas, a sua prece não sobe, rasteja pela terra, como fumaça em dia de chuva. A sua prece perdeu a suavidade: é sem brisa, sem leveza, sem asas. Ela não sobe, não toca a Misericórdia!”. “Os pecadores e necessitados de misericórdia são como o outro que era um cobrador de impostos”, destaca Dom Leonardo. Ele volta o olhar para “aquele que está a serviço do estrangeiro. O cobrador de impostos, aquele que se preocupa pouco com a Lei. Ele não é o justo nem o ajustado. Ele não tem nada para apresentar a seu Senhor e Deus a não ser a sua fraqueza e miséria”. “Quase tímido e temeroso permanece à entrada do templo. Não se atreve a erguer os olhos, apenas bate no peito e murmura: ‘Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador’”, afirma o Arcebispo de Manaus em relação com alguém de quem diz: “Pobre o homem que nem sequer eleva seu olhar; pobre o homem que não entra na casa de seu Senhor e Deus”. “No entanto, contemplando o cobrador de impostos ali parado, olhos por terra, batendo no seu peito, balbuciando, não percebemos nele timidez, nem altivez; nem mesmo vergonha, muito menos medo”, segundo o purpurado. Falando do publicano, ele o vê como aquele que “a sua condição é sem soberba, sem orgulho. Ele ali parado, sem movimento, num recolhimento, parece necessitado; é isso: tão contrito. Ele parece ali tão inteiro, tão verdadeiro, tão… sim, tão livre à entrada do templo. Ele é como os outros homens: ‘ladrões, desonestos, adúlteros, ele é o cobrador de impostos’. Ele não jejua ‘duas vezes por semana e não dá o dízimo de toda a minha renda’. Ele é o outro, não é aquele que a Escritura ensina que deveria ser. Ele é apenas ‘o cobrador de impostos’”. No cobrador de impostos “nada é aparência, tudo é transparência, pura transcendência”. Segundo Dom Leonardo, “esse homem ali tão reverente, tão penitente, é apenas pedinte. E, assim, pedinte e penitente, no recôndito de sua alma eleva a súplica: ‘Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!’ Uma contrição sem aflição, humilde, sem ser humilhado”.   O Arcebispo de Manaus insiste em que “não veio justificar, não veio barganhar, apenas suplicar. Não veio comparar, não veio demonstrar, apenas se apiedar. Sem aparência, na pura transparência contrita, reverente, livre prostrada, cuidada, recolhida na terra deserta de sua fraqueza, implora compaixão”. Daí que o cardeal ressalta que “quando se busca a misericórdia no amor, o suplicante na prece não se aproxima, permanece contrito na distância, à soleira. O necessitado de misericórdia, o tocado pela misericórdia, o atraído pela misericórdia ao suplicar recolhe os olhos, bate no peito, deixa entrever a nudez e a fragilidade”. Nessas pessoas estamos diante de alguém em quem “tudo é transparência de uma existência que se vê e se assume como traidora, como pecadora, como devedora. Devedora, pecadora, traidora quando tomado pela desmedida da misericórdia de Deus”, segundo o Arcebispo de Manaus. Um Deus que é a Misericórdia, “jamais despreza a súplica do órfão, nem da viúva, quando desabafa suas mágoas”. Dom Leonardo afirma que “da desmedida amorosa e misericordiosa do Senhor que vela e cuida do órfão e da viúva, a desmedida que habita e é o templo, deixam vir à luz o recato e o pudor. O recato e o pudor, que despertam a reverência da distância e o recolher os olhos que não atrevem a tocar o céu. O recato e pudor de uma vida percebida na quase inutilidade a bater no peito e clamar: ‘Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!’”. Recordando as palavras do Livro do Eclesiástico que fazem parte da primeira leitura do dia: “Ele não é parcial em prejuízo do pobre, mas escuta, sim, as súplicas dos oprimidos; jamais despreza a súplica do órfão, nem da viúva, quando desabafa suas mágoas. A prece do humilde atravessa as nuvens”, Dom Leonardo insiste em que “o publicano não é o cumpridor da Lei, é o pecador! Como pecador que se humilha, se apresenta diante de Deus. Sim, a prece humilde atravessa a nuvens chega ao coração…
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Assembleia Sinodal Arquidiocesana vai encontrando caminhos para definir as linhas da caminhada eclesial

Tudo aquilo que a Igreja faz deve levá-la a se tornar visibilização do Deus descido, uma reflexão que Dom Leonardo Steiner fazia na Assembleia Sinodal Arquidiocesana, que acontece de 21 a 23 de outubro, fruto de um processo iniciado em março de 2021. O Arcebispo insistiu em que o que mobiliza a Igreja é o Mistério, afirmando que “nossas estruturas não nos asseguram o Mistério de Deus”. Uma Assembleia que quer ajudar a descobrir a necessidade de não ficar em eventos e sim buscar linhas. Linhas que nascem do processo de escuta, que tem levado a descobrir a necessidade de “recuperar elementos da sinodalidade que não somente considerem o caminhar, mas também o Caminho”, segundo enfatizou o Padre Zenildo Lima. Isso para tratar de descobrir “as dimensões nas quais e às quais nossa presença de Igreja deve se intensificar, sinalizando o Reino de Deus mediante processos de ousadia missionária que se constroem em dinâmicas de solidariedade”. Elementos presentes na reflexão da Assembleia Sinodal Arquidiocesana de Manaus, onde os representantes foram avançando nos diferentes caminhos que querem ser trilhados. Isso na Missionariedade, no caminho da Animação Missionária e com a Juventude; nas Comunidades Eclesiais, no caminho para o fortalecimento das comunidades e a dinâmica ministerial; na Formação, no caminho para a dinâmica ministerial e a vida litúrgica; no Serviço à Vida, no caminho para a articulação das iniciativas; na Ecologia Integral, Cuidado da Casa Comum, no caminho para integrá-las em toda ação evangelizadora; na Articulação da Solidariedade e Autossustentação, no caminho da partilha. Caminhos que para serem trilhado precisam de pistas de ação, que a Assembleia Sinodal foi sugerindo de diferentes modos e que devem marcar a vida e a ação evangelizadora da Igreja de Manaus no futuro. Pistas de ação que ajudem a aprofundar ou descobrir elementos presentes ou novos, mas que sem dúvida devem ajudar na vivência da fé do povo de Deus que peregrina na Arquidiocese de Manaus. Um processo sinodal que Andrey Marcelo Braga Santos considera muito bom, destacando o fato de que “já começou lá atrás, nas comunidades, nas pastorais, em toda a Igreja, e agora culmina aqui nestes três dias de reflexão”. O representante da Pastoral da Juventude destacou que “aqui nós estamos entendendo que o caminho sinodal não é marcar atividades ou eventos, é um processo contínuo de caminhada”. Segundo Andrey, “isso interfere em nossa vida pastoral, que vamos traçar mecanismos para dar continuidade ao processo de evangelização de nossa Igreja, na missionariedade, com os povos indígenas e com a juventude”. Ele demandou a necessidade de que “nesta Assembleia Sinodal tem que sair como prioridade a evangelização da juventude como processo de escuta e acompanhamento dos jovens na Arquidiocese de Manaus”. Uma alegria e esperança também presente em Maria de Guadalupe de Souza Peres, que lembrou o processo sinodal vivido desde a convocatória da Assembleia, sua riqueza, destacando a perspectiva indígena, tão importante na região amazônica, “povos que entendem melhor do que ninguém este momento e sabe cuidar dessa nossa casa comum que a gente precisa tanto”. Junto com isso o trabalho das mulheres, maioria nas paróquias e áreas missionárias, nas pastorais, no grande trabalho que é feito, “são mulheres guerreiras que deixam sua família e vem se doar porque querem uma Igreja em saída, aberta, misericordiosa”. Uma Assembleia que “está plantando uma semente, sabendo que não é da noite para o dia que isso vai acontecer”, insistiu a representante das Pastorais Sociais. “Todo o caminho percorrido foi um caminho realmente de escuta, um caminho onde agregou muitas ideias, e hoje nesse desenrolar de nossa Assembleia Sinodal”, afirmou a Ir. Vera Luzia Altoé, que se sente feliz e agradecida pela primeira vez estar participando de uma assembleia sinodal. A religiosa, que faz parte da equipe de coordenação da Assembleia Sinodal Arquidiocesana, diz perceber “que existem muitas vidas e isso está sendo concretizado a través das escutas”. Ela destacou que “as pessoas estão realmente se conscientizando cada dia mais do valor da vida, do valor da comunicação, das nossas pastorais, dos nossos ministérios, e assim por diante”. Um grito que nasce dessa ecologia integral, insistindo em que “integrar toda essa ecologia já é uma missão evangelizadora muito grande”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Padre Zenildo Lima: “Recuperar elementos da sinodalidade que não somente considerem o caminhar, mas também o Caminho”

A Igreja de Manaus está acostumada com “uma caminhada de comunhão, e por conseguinte, expressão de sinodalidade”, segundo o Padre Zenildo Lima, lembrando uma história marcada pelas Assembleias Arquidiocesanas de Pastoral, realizadas há quase 40 anos. Assembleias determinadas pela “elaboração de um Plano de Evangelização com indicação de atividades pastorais bem específicas”, um elemento que faz com que “tem nos custado engrenar numa perspectiva que tem em vista muito mais horizontes, caminhos, processos”, insistiu o Reitor do Seminário São José. Nessa perspectiva, ele ressaltou a necessidade de “recuperar elementos da sinodalidade que não somente considerem o caminhar, mas também o Caminho”. Um caminho identificado com uma pessoa: “Jesus é o caminho, a verdade e a vida”. Tendo como fundamento o Caminho de Emaús, o Padre Zenildo retomou o caminho percorrido pela assembleia sinodal, reinterpretando-o à luz do caminho de Emaús. Trata-se de descobrir “as dimensões nas quais e às quais nossa presença de Igreja deve se intensificar, sinalizando o Reino de Deus mediante processos de ousadia missionária que se constroem em dinâmicas de solidariedade”. Discípulos que desiludidos, decepcionados, eles estão indo na direção errada, fugindo da comunidade dos apóstolos em Jerusalém. Segundo o Padre Zenildo Lima “Jesus não bloqueia o caminho deles, nem lhes diz para voltarem atrás. Eles farão isso livremente quando os tempos estiverem maduros. Em vez disso, ele caminha com eles”. Um desafio a ir para as periferias, segundo lembra o Papa Francisco, lembrando que no processo sinodal “nossas comunidades se reconhecem como comunidades missionárias, muitas delas nasceram de experiências missionárias e com espírito missionário”.  Um apelo missionário que desafia a chegar naqueles que se afastaram, “as famílias e particularmente a juventude despontaram novamente como um apelo missionário para nossas comunidades”, lembrou o padre. E fazê-lo do jeito de Jesus, que “não fala antes de escutar”. Ele vai descobrindo as magoas dos discípulos, magoas também presentes hoje naqueles que não se sentem entendidos pela Igreja, algo agravado durante a pandemia.  Corresponsabilidade na missão numa Igreja em estado permanente de missão, numa Igreja em saída, que no Documento Final do Sínodo para a Amazônia “apresenta-se como samaritana, misericordiosa e solidária, que serve e acompanha os povos amazônicos e se constitui um Igreja com rosto destes mesmos povos”, um chamado à inculturação. Uma escuta que mostrou “o quanto as comunidades são fundamentais no alcance das pessoas, em seu processo de conversão e sustentação da fé”, ressaltando que “as comunidades estão no centro da dinâmica evangelizadora e do caminho do discípulo missionário”. Nessa perspectiva foi ressaltado que “a fragilidade das comunidades compromete o trabalho da evangelização”. Daí a necessidade de desenvolver a “arte de conversar”, de entrar em contato com os argumentos de quem pensa diferente. Tendo como fundamento a Palavra, pela qual as comunidades sentem sede. “Ela é sustento das comunidades por meio dos círculos bíblicos, leitura orante e vida litúrgica; embasa o discurso profético da Igreja e possibilita o diálogo com as outras Igrejas”, afirmou o Padre Zenildo. Comunidades que reclamam processos de formação mais consistentes, sustentados em acompanhamentos diferenciados e inculturados.   Um chamado a refletir sobre “a vida litúrgica da comunidade, com a qualidade das celebrações e das homilias, a polarização dos discursos ou ausência de algumas questões latentes na vida do povo quando se celebra o mistério”. Isso desde a oscilação na compreensão da espiritualidade presente nas comunidades, desde os diferentes modos de desenvolver a liderança. Um processo sinodal que desafia a Igreja de Manaus a “ousarmos abraçar os sofrimentos das pessoas, os seus momentos de desespero”, segundo o Reitor do Seminário São José. Ele insistiu em que “não saberemos explicar por que sofrem. Nenhuma teoria resolverá o problema do sofrimento. Mas podemos abraçá-las na história daquele homem cujos sofrimentos foram necessários para que ele pudesse entrar na sua glória”. Um desafio a ir aos lugares da miséria, “a nos fazer hóspedes dos que caminham desesperançados”, para estar com eles. Diante da presença de ameaças estruturais, surge o desafio para a Igreja da Amazônia, de ser “profética, servidora e defensora da vida, assume esta defesa dos mais pobres como um imperativo”. Também no campo da ecologia e da promoção de uma vida social, econômica e política sob o signo da justiça, da solidariedade e da paz. O Padre Zenildo Lima destacou que “Deus na Amazônia tem rosto indígena e a Igreja deve ter rosto amazônico”. Isso o levou a refletir sobre os povos indígenas, violentados no mundo urbano, sobre a questão ambiental, destacando que “o cuidado da casa comum deve perpassar todas as ações da evangelização”. Uma Assembleia que deve ajudar a perceber que “a tentação de respostas imediatas é muito grande, comprometendo inclusive a dinâmica sinodal”. Daí a necessidade de reflexões mais aprofundadas. Uma sinodalidade que deve atingir a comunhão de bens, a solidariedade nos recursos humanos, financeiros e estruturais, chamadas a “uma dinâmica mais ousada de partilha que assegure esta qualidade de presença eclesial”. Sinodalidade que também deve atingir a comunicação. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Conceição Silva: “Devemos olhar para nossas vidas, e avaliar nossa conduta diante da Palavra de Deus”

No Evangelho do Trigésimo domingo do tempo comum, “Jesus nos ensina através da parábola ‘O fariseu e o Publicano’”, afirma Conceição Silva. Segundo ela, “Jesus percebeu que ao seu redor havia alguns homens que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos e honestos, desprezavam os outros”.  Analisando a parábola, Conceição afirma que Jesus “começa a parábola mostrando um fariseu orando a Deus, e se achando melhor que todos, por ser homem religioso, dizimista, preservava os mandamentos da lei de Moisés, mas sua soberba só o levava a ruína, e sua altiveis de espírito procede a queda. Ali próximo um publicano, não se achando digno nem de olhar para cima, nem de ser ouvido por Deus, fez sua oração de joelhos com toda humildade e sinceridade”, se perguntando “Qual oração vocês acham que Deus mais gostou?”.  A membro das Pastorais Sociais da Arquidiocese de Manaus, trazendo a parábola para a realidade atual, afirmou que “em nossa realidade estamos enfrentando tempos difíceis, onde encontramos em nossas igrejas muitos fariseus, pessoas devotas, que trabalham em movimentos, pastorais, dizimistas, enfim, apoiando candidato a favor da tortura, violentos, condenando os pobres, migrantes, indígenas, negros, homossexuais”.  Diante disso se pergunta: “Por que razão? Se todos somos filhos de Deus, criados à imagem e semelhança? Não podemos nos achar melhores que outros, pois Deus sabe de tudo, e você acha que se Jesus voltasse `a terra ficaria do lado de quem? Dos poderosos ou dos oprimidos? Jesus falou que qualquer que a si mesmo exalta será humilhado e qualquer que a se humilha será exaltado”.  Conceição Silva faz um chamado a nos fazer “um autoexame, devemos olhar para nossas vidas, e avaliar nossa conduta diante da Palavra de Deus. A final, fariseus e publicanos continuam espalhados por todos os lugares, e Jesus nos pede diariamente: Orem com humildade, reconheçamos que somos todos pecadores, e que a salvação do início ao fim pertence somente à Deus, não podemos perder nossa humanidade”.  Finalmente, ela deixa a seguinte pergunta para nossa reflexão: “Quando olho para minha própria vida através do evangelho de Cristo quem eu me vejo? O fariseu ou o publicano?”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Assembleia Sinodal Arquidiocesana de Manaus: “Diretrizes para ser presença libertadora, encarnada, misericordiosa, samaritana”

262 representantes da Igreja de Manaus têm se reunido no Centro de Treinamento Maromba para participar da Assembleia Sinodal arquidiocesana, que teve no dia 21 de outubro sua abertura e será clausurada no domingo 23. Um momento para a Igreja de Manaus se sentir “juntos a caminho na edificação do Reino da verdade e graça, da justiça, do amor e da paz!”, segundo Dom Leonardo Steiner. O Arcebispo de Manaus vê a Assembleia como um tempo para “nos darmos conta da beleza e grandeza de ser Igreja, de sabermos onde estamos, como estamos e como podemos ser uma presença sempre mais missionária, misericordiosa, samaritana”. Lembrando a história da Arquidiocese de Manaus, destacou que ela “sempre foi capaz de encarnar-se, colocar-se numa postura de inculturação e de interculturalidade, ser sinal de esperança, ação misericordiosa”. Nesse sentido, “as Assembleias nos ajudaram a ser o que somos: igreja missionária, ministerial, encarnada”. Daí a necessidade de “ouvir a realidade, as comunidades, e mesmo questionar nossos modelos de evangelização e as nossas estruturas e organização”, insistiu o Cardeal Steiner. Dom Leonardo defendeu a “exigência de uma dinâmica sinodal maior”, considerando o caminho da sinodalidade como o melhor modelo eclesial para a Arquidiocese de Manaus. Segundo o Arcebispo, “na sinodalidade somos chamados a uma articulada e dinâmica comunhão, que se faz realidade nas comunidades”. Por isso, ele vê a Assembleia Sinodal Arquidiocesana como instrumento para “oferecer orientações, diretrizes que nos ajudem a ser presença libertadora, encarnada, misericordiosa, samaritana, esperança”. Mais do que eventos, ações pontoais, buscar “linhas, diretrizes a serem seguidas”. Tudo isso como fruto de uma escuta que insistiu na formação, nos ministérios, na partilha e na presença junto aos povos indígenas. Povos indígenas que agradecem àqueles que abraçam sua causa no momento crítico que está passando o Brasil, sofrendo diante do avanço do garimpo ilegal, madeireiras e outras ameaças, segundo Ariene dos Santos Lima, do Povo Wapixana. Um momento triste, mas de resistência, que leva os povos indígenas, muitos deles ameaçados de extinção, a clamar por justiça, a insistir na necessidade de lutar para salvar o Planeta, as florestas e os rios. Uma Igreja onde mulheres são maioria nas pastorais, movimentos, comunidades, que foram importantes no processo sinodal, insistiu Rosana Barbosa Lopes, membro da Comissão de Coordenação da Assembleia Sinodal. Nessa escuta, as mulheres, firmes na missão da Igreja, pediram maior reconhecimento e valorização na Igreja, participar dos processos decisórios. Não buscando enfrentamentos e sim caminhar juntos, homens e mulheres, pois segundo Rosana, “temos muito mais a contribuir quando formos valorizadas”. A Arquidiocese de Manaus, com uma extensão de mais 95 km2, compreende 8 municípios do Estado do Amazonas, com aproximadamente 2,5 milhões de habitantes. Uma presença eclesial com um olhar particular para indígenas, ribeirinhos e migrantes, segundo o Padre Geraldo Bendaham. Uma Arquidiocese que conta com 21 pastorais e com um bom número de agente de pastoral leigos e leigas, 189 padres, 120 deles religiosos, 52 diáconos permanentes, 20 seminaristas e 98 religiosas de 32 congregações. Da Assembleia participam os bispos e representantes do clero, vida religiosa e dos leigos e leigas. Eles refletem juntos sobre a Assembleia, que “corresponde exatamente à caminhada do Sínodo para a Amazônia”, segundo Dom Tadeu Canavarros. O Bispo Auxiliar afirma que “nós vamos concretizando aos poucos os sonhos da Querida Amazônia e aquilo que nós celebramos no Sínodo”, lembrando a sintonia com o Sínodo sobre a Sinodalidade. Uma Assembleia que “nos ajuda como caminhada pastoral a este olhar mais profundo das novas frentes de evangelização e de entender todos os nossos recursos, sejam humanos como também financeiros, e como nós podemos avançar mais na direção de uma pastoral de conjunto”. “A Assembleia Sinodal Arquidiocesana está sendo um momento muito importante para a caminhada da Igreja nesse tempo que nós estamos vivendo de tantos acontecimentos na nossa Amazônia, no Brasil”, destacou o Padre Ricardo Pontes. Segundo o Pároco da Paróquia São Pedro Apostolo de Rio Preto da Eva, “é um momento em que a Igreja precisa efetivar mais o seu profetismo, o anúncio do Evangelho, ser uma Igreja que finque de verdade a sua fé, a força do Evangelho por meio de nossos agentes de pastoral, por meio do clero”. Ele destaca os passos dados nas Assembleias já realizadas, insistindo em que “queremos dar passos a mais, seguindo o caminho de Jesus Cristo, sendo uma Igreja que saiba caminhar juntos, com os leigos, construindo uma Igreja sinodal”. A Ir. Gervis Monteiro vê a Assembleia Sinodal Arquidiocesana como continuidade do Sínodo para a Amazônia, onde ela foi auditora. Segundo a religiosa paulina, “nós podemos ver e sentir que está acontecendo a sinodalidade na Amazônia e na Arquidiocese de Manaus”. Ela insistiu em que “a sinodalidade é muito mais do que o Sínodo e nossa Assembleia é sinal de um novo Pentecostes”. Por isso, destacou que “hoje nós estamos buscando um novo impulso para viver a sinodalidade respondendo ao Sínodo para a Amazônia e sonhando com o Papa Francisco o que ele traz para nós na Querida Amazônia”. Também um tempo de conversão, seguindo o Documento Final do Sínodo, “para que a gente possa sonhar com um Brasil melhor, com esperança de que todos possamos ter vida nessa casa comum”. “Os passos que nós temos dado como Igreja de Manaus tem sido passos constantes no caminho da sinodalidade nas dez Assembleias de Pastoral realizadas até agora, mesmo que não se tinha consciência disso”, segundo Rosa Maria Rodrigues dos Santos, da Paroquia Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos – Setor Maria Mãe da Igreja. A membro do Conselho Missionário Diocesano insiste em que “foi preciso acontecer o Sínodo para a Amazônia para nos despertar para essa pastoral missionária da nossa Igreja de Manaus”. Daí que ela veja a “necessidade de ser uma Igreja que caminha com o povo, principalmente com aqueles que vivem na invisibilidade, os povos originários, que é justamente a nossa cultura”. Uma Assembleia que tem que ajudar a descobrir “como levar o Reino de Deus a todas as realidades e sermos uma Igreja mais missionária”, insistiu Dom Leonardo.…
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Prelazia de Borba acolhe X Experiência Missionária do Seminário São José: “Uma missão edificante para as comunidades”

A formação dos futuros presbíteros envolve diferentes elementos. No Documento Final do Sínodo para a Amazônia, que neste mês de outubro está completando 3 anos, se afirma a necessidade de “oferecer aos futuros presbíteros das Igrejas da Amazônia uma formação de rosto amazônico, inserida e adaptada à realidade, contextualizada e capaz de responder aos numerosos desafios pastorais e missionários”. Segundo o Documento Final “os centros de formação para a vida presbiteral  e consagrada devem ser inseridos, preferencialmente, na realidade amazônica, com vistas a favorecer o contato do jovem amazônico em formação com sua realidade enquanto se prepara para sua futura missão, garantindo assim que o processo de formação não se afaste do contexto vital das pessoas e de sua cultura, além de oferecer a outros jovens não amazônicos a oportunidade de participar de sua formação na Amazônia, fomentando assim vocações missionárias”. São elementos presentes no Seminário São José da Arquidiocese de Manaus, onde são formados os futuros presbíteros das igrejas particulares do Regional Norte1. Nesta semana, de 16 a 22 de outubro, os seminaristas, acompanhados por outros missionários de diferentes pastorais, estão participando da “X Experiência Missionária do Seminário São José”, que acontece na região da Forania São Marcos da Prelazia de Borba, nas paróquias São João Batista no distrito do Axinim, Santo Antônio, Cristo Rei e Nossa Senhora Aparecida da cidade de Borba. Eles saíram de Saíram de Manaus dia 15, chegaram em Borba no dia 16, onde foram acolhidos nas paróquias com a celebração de abertura da experiência missionária. Neste próximo sábado à noite será realizada a missa de encerramento, presidida por Dom Zenildo Luiz Pereira da Silva, Bispo da Prelazia de Borba. No domingo, sem dúvida animados pela experiência, será a volta para Manaus, alegres pela missão, “um impulso para a Prelazia, para os agentes de pastoral e para as comunidades”, segundo Ademir Jackson. O Coordenador de Pastoral da Prelazia de Borba vê a experiência missionária como “uma graça de Deus depois de termos vivenciado esses tempos tão difíceis que foi a pandemia”. Um tempo em que “as nossas comunidades ficaram mais isoladas sem a nossa presença, principalmente as mais longínquas”. Segundo Ademir, essa é “uma grande oportunidade da presença, da escuta, da animação na fé e da orientação pastoral”. Junto com isso, o Coordenador de Pastoral destaca que “é um acontecimento eclesial, porque se trata de uma ação da Igreja que é comunhão, participação e missão, com a presença das igrejas do nosso Regional, a presença dos leigos e leigas, das congregações. Uma grande força missionária”, que está sendo uma oportunidade para visitar as comunidades indígenas, ribeirinhas e as comunidades urbanas. Um dos participantes da missão é o seminarista André Lincoln Silva Braga, do segundo ano de Teologia. O Seminarista da Arquidiocese de Manaus está junto com mais um seminarista e duas leigas na região do Arapapá e Carapanatuba, no Rio Madeira, uma região onde a presença do garimpo marca a vida do povo da região. André Lincoln destaca a alegria com que as famílias têm recebido os missionários durante a semana, onde as visitas e as celebrações têm marcado a missão. “Uma missão edificante para as comunidades”, segundo o seminarista, “comunidades fervorosas na fé”, onde a maioria do povo faz parte da Igreja católica. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

O Papa Francisco aprova canonicamente a CEAMA, “fruto do Espírito Santo”

A presidência da CEAMA comunicou em 20 de outubro a aprovação pelo Papa Francisco dos Estatutos da Conferência Eclesial da Amazônia, algo visto como “uma grande alegria para a Igreja Universal e, em especial, para o Povo de Deus que peregrina na ‘Querida Amazônia’”. Segundo o comunicado, a CEAMA foi erigido como “uma organização da Igreja Católica com personalidade jurídica canônica e pública“, o que foi comunicado pelo Cardeal Marc Oullet, Prefeito do Dicastério dos Bispos, através de um Decreto de 3 de outubro de 2022. O texto vê a aprovação da CEAMA como “fruto do Espírito Santo“, destacando um processo sinodal iniciado com a criação da Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM em 14 de setembro de 2014, cujo primeiro presidente foi o Cardeal Claudio Hummes. O texto relata os passos dados posteriormente: a Carta Encíclica Laudato Si sobre o cuidado da casa comum, que se refere à importância de cuidar da Amazônia, a convocação do Sínodo para a Amazônia, cuja preparação começou com a visita do Papa Francisco a Puerto Maldonado, o processo de escuta confiado à REPAM. Isto levou à realização do Sínodo de 6 a 27 de outubro de 2019, onde no documento final uma das propostas era ” a necessidade de criar um organismo episcopal que contribuísse para a realização de um plano pastoral conjunto para a região amazônica”. Seguindo os passos, como diz o comunicado, “em 29 de junho de 2020, em meio à pandemia da Covid-19, foi criada a Conferência Eclesial da Amazônia, de acordo com a eclesiologia do Concílio Vaticano II”, tendo o Cardeal Claudio Hummes como seu primeiro presidente. No dia de sua renúncia como presidente, 27 de março de 2022, o Cardeal Claudio Hummes expressou a necessidade de elaborar novos Estatutos da CEAMA, que foram aprovados em assembleia em 23 de agosto e entregues pessoalmente ao Papa Francisco em 2 de setembro. A CEAMA considera sua aprovação jurídica canônica e pública como “motivo de profunda gratidão a Deus, ao Papa Francisco e a todos aqueles que animaram este processo sinodal“. Mas também assumem como um desafio ” comunicar-nos com as Conferências Episcopais, a fim de explicar a graça especial da CEAMA como espaço de escuta, discernimento e ação missionária pastoral na Região Amazônica” algo a ser realizado também com as Nunciaturas Apostólicas, buscando ajuda ” no reconhecimento legal da CEAMA perante os Estados incluídos no território amazônico”. Finalmente, o comunicado afirma que “no dia 27 de outubro celebramos os três anos do encerramento do Sínodo Especial da Amazônia com este presente de Deus: a criação da Conferência Eclesial da Amazônia – CEAMA como ‘uma organização da Igreja Católica com personalidade jurídica canônica e pública’”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Estar do lado dos pobres não é ser comunista e sim cristão

Ministros da Palavra, padres, bispos e inclusive cardeais atacados dentro das igrejas em plena celebração, nas ruas, nas redes sociais, por defender os pobres, a democracia e um Brasil para todos e todas, com um Estado ao serviço daqueles que mais precisam… Poderia ser uma boa trama para um filme, mas infelizmente são situações reais, que estão acontecendo atualmente. Pessoas que entram nas igrejas, buscando qualquer oportunidade para fazer escândalo e provocar altercados envolvendo todo tipo de religiosos, inclusive cardeais, inclusive aqui em Manaus. A gente se depara com situações hilárias, até o ponto de ver escrito nas redes sociais e outros meios de comunicações insultos contra o Cardeal Arcebispo de São Paulo Dom Odilo Scherer, chamando-o de comunista pelo fato de se trajar com vestes vermelhas, vestes que fazem parte dos paramentos próprios de todos os cardeais do mundo, também os brasileiros. O pior de tudo é ver que esses ataques são proferidos na maioria dos casos por “católicos”, ou por gente que se acha “os verdadeiros, únicos e autênticos católicos”. Pessoas que colocam as ideologias além do Evangelho, uma Palavra de Deus que eles usam para justificar atitudes que os distanciam de Deus, no mínimo do Deus encarnado, que sendo o primeiro se coloca o último, que sendo rico se faz pobre e pequeno e escolhe nascer e viver no meio dos pobres, enfrentando abertamente e acima de tudo atitudes farisaicas daqueles que pensam ser melhores do que os outros. Como falar de comunhão, de sinodalidade, de caminhar juntos, de diálogo, em uma Igreja onde esse tipo de atitudes se faz presentes? Em que Deus acredita quem tem essas atitudes? Como restaurar o conceito de igreja, que não podemos esquecer que significa comunidade, diante dessa realidade? Estamos diante de uma doença que vai se introduzindo em todos os níveis de Igreja, em muitas comunidades, em todas as idades, inclusive em coroinhas que mostram sua preocupação diante um fenómeno que nem eles mesmos sabem o que é: o comunismo. Na cabeça desse povo é comunista o Papa Francisco, bispos, padres, religiosas, ministros e ministras, e assim por diante. Uma lista interminável de pessoas que fazendo parte da mesma Igreja tem que ser combatidas, inclusive eliminadas, em nome de uma ideologia que obnubila a mente e endurece o coração. Ser cristão é outra coisa, ser católico é estar aberto à universalidade, às diferenças de raças, pensamentos, estar do lado dos vulneráveis e descartados. O cristianismo não é uma religião excludente, pois tem como mandamento primeiro e fundamental o amor a Deus e ao próximo. Sempre é bom lembrar das palavras de São João da Cruz: “Ao entardecer da vida serás examinado no amor”. Essa afirmação sempre fez sentido, mas atualmente, no Brasil de hoje, esse sentimento de amor tem que ser princípio que fundamente o relacionamento humano, e ainda mais o relacionamento cristão. Chega de lavagem de cérebro que faz com que as pessoas percam aquilo que as diferença dos animais: a inteligência e a capacidade de raciocínio. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1 – Editorial Rádio Rio Mar