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Pe. Geraldo Bendaham: Assembleia Sinodal Arquidiocesana em Manaus, “fazer realidade uma Igreja cada vez mais participativa”

Em março de 2021, Dom Leonardo Steiner convocava uma Assembleia Sinodal Arquidiocesana, um processo que tem neste final de semana, de 21 a 23 de outubro, um momento importante com a realização da Assembleia Sinodal, onde se espera a participação de 260 delegados e delegadas das paróquias, áreas missionárias, pastorais e movimentos que fazem parte da Igreja da capital do Amazonas. Uma arquidiocese que está “colocando em prática o pedido do Papa Francisco de fazer realidade uma Igreja cada vez mais participativa, que esteja em comunhão e que saia para a missão”, segundo o Padre Geraldo Bendaham. Tem sido um processo em que “houve um envolvimento das comunidades, das pessoas, dos jovens, dos adultos, das pastorais, dos movimentos”, afirma o Coordenador de Pastoral Arquidiocesano. O Padre Geraldo reconhece que “é um exercício que não é fácil, a gente vai observando que tem descompassos, tem muitas posses, ainda tem muita auto referencialidade e um caminho longo, mas é o caminho da Igreja”. Nessa perspectiva, ele insiste em que “a Igreja abraça esse processo sinodal, onde a gente partilha os serviços, que nós acreditamos são inspiração do Espírito Santo, e a gente se abre a essa experiência da participação”. Uma dinâmica onde “vai aparecendo mais serviços na Igreja, a coordenação da Igreja sendo partilhada”, insiste o Coordenador de Pastoral, que vê “um crescimento que vai se concluir na Assembleia Sinodal, mas é um exercício, uma experiencia que faz avançar e até renovar a Igreja”. No processo de escuta tem sido recolhido “as experiências das nossas comunidades, a Igreja é comunidade, a Igreja é Povo de Deus com Jesus Cristo, mas dentro das nossas comunidades, a gente vai observando o surgimento dos ministérios”, segundo o Padre Geraldo Bendaham. Ele relata a descoberta da presença nas comunidades de lideranças de idade avançada, o que é muito bom, mas coloca como desafio eclesial o fato de ir ao encontro da juventude. Em relação com a juventude, o Coordenador de Pastoral da Arquidiocese de Manaus, que também coordena a Assembleia Sinodal, reflete sobre realidades presentes no mundo juvenil, como é a perda de sentido da vida, que muitos foram cooptados pelo tráfico de drogas. Diante disso, “a comunidade eclesial é um sinal de fraternidade, harmonia, solidariedade”, afirma o Padre Geraldo, para quem “a comunidade precisa ser orante, samaritana, acolhedora, misericordiosa”. Junto com isso, “a comunidade não pode ficar isolada, ao contrário, tem que se abrir à missão, à missionariedade”. Um desafio que se concretiza no fato da comunidade gerar discípulos missionários e missionárias, novos membros para a Igreja. Em uma Igreja onde se constata um número insuficiente de presbíteros, 170 para mais de dois milhões de habitantes, e onde os processos de formação presbiteral são prolongados, e é necessário que sejam longos, e junto com isso a falta de vocações ao presbiterato, insiste o Padre Bendaham, “a gente tem que pensar que a Igreja não é formada só de padres, mesmo sendo importante que tenha o presbítero e possa celebrar a Eucaristia, o pão tem que estar à mesa, para todas as pessoas”. O ministério do leigo, da leiga, a questão da celebração, de levar a Palavra, levar a Eucaristia, isso é uma realidade na Arquidiocese de Manaus. O Padre Geraldo defende a necessidade de ampliar esses ministérios, “confiando mais nas pessoas, dando-lhes o ministério”, mas ele também insiste na necessária ajuda econômica para que esses ministros possam chegar nas comunidades mais distantes, pois “é um direito dos fiéis, que estão perto, que estão longe, que estão nas periferias, ter acesso à Palavra de Deus, ter acesso a Jesus Eucarístico”. O Coordenador de Pastoral da Arquidiocese de Manaus vê necessário que “a Igreja tome decisões mais velozes. A gente não vai perder o trem da história, mas nós estamos com uma Igreja um pouco acanhada nesse sentido de tomar decisões para que a gente possa favorecer o acompanhamento sobretudo das comunidades do interior”. Nesse sentido, ele defende a necessidade de “estar mais presente, não só final de semana, mas morar, ficar na companhia, ter proximidade, respeitar o povo, ser sinal de esperança lá para o povo que mora distante”. Em relação à Assembleia Sinodal que vai acontecer, o Padre Geraldo Bendaham insiste em que “ela é fruto de uma escuta, a gente espera muita fraternidade, espera muita harmonia e espera também que aprofunde em discussões, em debates, que a gente possa ser uma Igreja viva, uma Igreja de presença, mas que a gente possa tomar decisões, que essas decisões sejam bem discernidas e possam responder aos desafios da evangelização, mas também das realidades especiais que tanto desafiam à Igreja”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo: “A oração conserva a fé, a confiança em Deus mesmo não compreendendo a sua vontade”

“A necessidade de rezar sempre, e nunca desistir” é o convite de Jesus a permanecer, a estar em oração, segundo Dom Leonardo Steiner. Em sua homilia dominical, o Arcebispo de Manaus afirmou que “não se trata de rezar de vez enquanto, quando temos vontade. Em um estado orante. Perseverar!” Analisando a passagem do livro do Êxodo 18,21, o cardeal vê que “recomenda que os juízes sejam pessoas tementes a Deus, dignas de fé, imparciais e incorruptíveis”. Segundo ele, “Moisés instituiu juízes imparciais, inimigos do suborno, que julgassem segundo a Lei. Assim, as palavras do juiz, diante da pobre viúva, nos espantam. Aquele que deveria ter a justiça como guia, como orientação de vida afirma: ‘Eu não temo a Deus e não respeito homem algum’”. Nas palavras do juiz, Dom Leonardo vê uma “linguagem que expressa a dureza de coração, a autossuficiência, o desprezo pela justiça, a injustiça para com os pobres e desvalidos, os quase sem ninguém. A linguagem de quem se julgam acima de todos, intocável e único intérprete da verdade. O Evangelho a nos apresentar uma pessoa que, diante da responsabilidade da justiça coloca-se na distância, na irresponsabilidade da justiça, no desprezo pela viúva, necessitada, desamparada. Sem escrúpulos, sem consideração à Lei, faz o que quer, é um surdo, um insensível; vive como que a parte da justiça”. Segundo o arcebispo, citando o Papa Francisco, “a viúva era, em geral, a mais pobre dos pobres. Ela sem guarida, sem valia, pobre, normalmente perdia até os filhos, uma vez viúva. Elas, os órfãos e os estrangeiros, eram as pessoas mais frágeis da sociedade. Os direitos assegurados pela Lei podiam ser espezinhados com facilidade, pois eram pessoas sós e indefesas: uma pobre viúva, ali sozinha, ninguém a defendia, podiam ignorá-la, sem lhe fazer justiça. O mesmo pode-se dizer do órfão, do estrangeiro, do migrante”. “O que nos encanta é a mulher que vive no desamparo, na desvalia, na não escuta, permanecer fiel na busca da justiça, ser justiça; perseverante. Apenas guiada pela justiça permanece dia a dia na sua busca: confiança, destemor, perseverança, crença na justiça. Injustiçada e lesada em seus direitos, sente-se incapaz de ser ouvida, mas persevera. Sem poder fazer pressão por influências, muito menos dar presentes, retorna pacientemente, insiste, apresenta-se ao juiz”, afirmou o cardeal Steiner. Segundo o purpurado, “a surdez da justiça foi um confronto de liberdade, busca de encontro, de amor e de doação de si mesma. Humilde, perseverante, sem gritos, sem desesperos, continua a apresentar-se ao juiz, guiada pela justiça e necessidade de vida. Como não lhe restava ninguém permaneceu fiel ao desejo de receber o dom da vida na justiça”. Dom Leonardo destacou que “a perseverança, a ousadia, o comprometimento, desperta o surdo da insensibilidade, se não pela justiça, pela insistência, presença. A perseverança, a insistência, o destemor, foi tal que infundiu temor. O que desperta o homem de sua insensibilidade é o permanecer na busca, o apresentar-se quase cotidianamente, o oferecer as mesmas palavras, a mesma necessidade, sem desfalecer. Havia nela um ânimo e uma disposição que amedrontou o juiz. O apresentar-se na sua viuvez, temperamentada, fortalecida, acordou para a justiça, a verdade, aquele homem insensível. A fortaleza, a segurança, a determinação, a constância, fez descer a justiça!”. Diante da atitude da viúva, o juiz, “agredido na sua percepção de justiça, no cumprimento do seu dever, na aplicação da Lei, do seu dever de cuidar dos fracos, pequenos, desvalidos, estrangeiros, viúvas e órfãos”, faz com que “a presença da viúva na sua persistência e constância, acorda o homem para o exercício da justiça que é mais que direito”, segundo o arcebispo. Ele citou o Sermão 80 de Santo Agostinho, onde ensina a partir da oração e insiste em que “Todos nós, todos, devemos animar-nos a orar”. Na primeira leitura, o livro do Êxodo mostra, segundo Dom Leonardo, que “Moisés é um orante, está à frente do seu povo em oração. Não é um comandante, pois em vez de espada tem um cajado, uma vara. Um suplicante que carrega em sua mão a vara de Deus. A vara que toca, fere o coração misericordioso de Deus: a vara da súplica dos pobres, perseguidos, dos desvalidos e desafortunados. Aquela que toca, abre o coração de Deus! Do quase medo da derrota, ergue a súplica, na fraqueza da dessustentação das mãos que suplicam, recebe ajuda de Hur e Araão. Uma súplica que reúne e une o povo para a salvação, libertação, a travessia do deserto, permanecer a caminho. Moisés permaneceu em oração, perseverou”. Na segundo leitura, o Arcebispo de Manaus destaca a insistência “na necessidade da perseverança, permanecer na graça recebida, permanecer no ensinamento recebido, permanecer em Cristo Jesus”. Um chamado a “abraçar a fé, a Igreja, Jesus Cristo! Perseverar no caminho para o qual foi despertado, o caminho iniciado. E permanecer firme, criar raízes, crescer, deixar-se fortalecer pelo Mistério amoroso que tudo abarca, dá sentido, transforma! Perseverar: ser tomado pela dinâmica da relação, da profundidade”. Dom Leonardo fez um apelo a perseverar. Segundo ele, “nos dias que estamos a viver exige perseverança. Permanecer, insistir, sem desfalecer, para que justiça mantenha a dignidade de nossas relações sociais. Perseverar, sem desfalecer na superação da violência em todos os âmbitos, também na política. Perseverar, sem desfalecer numa economia justa que não descarte nenhum irmão, nenhuma irmã. Perseverar, sem desfalecer na dinâmica evangélica da paz que supera toda violência. Perseverar, sem desfalecer na certeza de que a democracia é a possibilidade de um Estado equânime e uma nação de fraternidade. Perseverar, sem desfalecer, seguindo a esperança! Como pessoas que receberam de Jesus a graça do Reino, perseverar”. Um chamado a “perseverar no bem, na bondade, em oração!”, ressaltou o arcebispo. “Às vezes temos a impressão de Deus ter silenciado. Pedimos, voltamos, insistimos. Podemos ter a percepção do silêncio de Deus.  E Jesus no Evangelho a nos dizer que não deixemos nunca de dialogar com Ele, de rezar”, afirmou Dom Leonardo. “É nessa oração-escuta que somos tomados pelos projetos e os ritmos de Deus; é nessa escuta-oração que…
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10ª ANOPD: “Construir pontes, estabelecer relações, alimentar a comunhão”

Os cerca de 180 participantes da 10ª Assembleia Nacional dos Organismos do Povo de Deus (ANOPD), com diversos representantes do Regional Norte1 da CNBB, realizada em Brasília de 14 a 16 de outubro de 2022, lançaram uma Mensagem ao Povo de Deus (ver aqui). Assinada pelos presidentes das instituições presentes: Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), Conferência Nacional dos Institutos Seculares do Brasil (CNISB), Conferência dos Religiosos e Religiosas do Brasil (CRB), Comissão Nacional dos Diáconos (CND), Comissão Nacional de Presbíteros (CNP) e Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a mensagem quer ser uma palavra de fé, esperança e caridade. A Assembleia, vivida em espírito de comunhão, tem sido um exercício de sinodalidade, “onde todos os batizados e batizadas, por força da vocação própria, se sintam verdadeiramente pertencentes à Igreja peregrina, presente e atuante na história e por ela corresponsáveis”. Por isso, o tem refletido está na linha do atual Sínodo, que se prolongará até 2024, segundo foi anunciado pelo Papa Francisco no dia do encerramento da Assembleia. “Uma oportunidade privilegiada de fraternidade, diálogo, oração e reflexão”, afirma a Mensagem. Isso diante de um tempo desafiador, que diante das suas influências em todos os âmbitos, “exige disposição para acolher os sinais dos tempos, discernimento e ousadia na busca de respostas adequadas às exigências do Reino de Deus e sua justiça”. O texto reflete sobre a complexa realidade brasileira atual, algo que “impede que grande parte da população tenha condições de vida digna, com paz e justiça social”, mostrando se sentimento diante das “dores agravadas pela destruição de políticas públicas”, aumentando assim situações que provocam dor e sofrimento em boa parte da população, algo exacerbado pela pandemia da Covid-19, “gerando mortes, violência, fome, perdas de direitos, desemprego”. Também mostram tristeza e vergonha diante do aumento das ameaças ao Estado Democrático de Direito. As alternativas propostas diante dessa realidade são “construir pontes, estabelecer relações, alimentar a comunhão, trabalhar juntos no cuidado e promoção da vida e da Casa Comum, indo ao encontro das periferias geográficas e existenciais”. A Mensagem celebra os 70 anos da CNBB, e louva “a Deus pela sua história de colegialidade episcopal, unidade e comunhão com os demais Organismos, coragem e profetismo diante das necessidades do povo brasileiro, especialmente dos mais pobres!”. Finalmente, a 10ª Assembleia Nacional dos Organismos do Povo de Deus mostra sua sintonia com a Igreja no mundo inteiro e com o atual processo sinodal, pedindo a intercessão da Virgem Mãe Aparecida, para que “nos acompanhe nesta caminhada sinodal!”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Ir. Cidinha Fernandes: “Rezar pelo que é essencial, a concretização da justiça”

No Evangelho do 29° domingo do tempo Comum, “encontramos Jesus ensinando os discípulos sobre a necessidade de rezar sempre, de nunca desistir e, de rezar pelo que é essencial, a concretização da justiça”, afirma a Ir. Cidinha Fernandes. Segundo a religiosa das Catequistas Franciscanas, “estamos em tempos de Travessia, de uma urgência cristã, social e política que não nos permite a paralisia, apatia ou inconstância. Precisamos urgentemente nos humanizar, descer as profundezas de nós mesmos, das dores do povo, o sofrimento dos pobres. Estamos falando de milhões de pobres que hoje não terão comida em seus pratos, trabalho, casa, dignidade; de pessoas que transitam de um lugar para outro, sem rumo, sem destino, sem esperança e, também de migrantes e refugiados, que buscam um bom lugar para se viver. Queremos recordar o corte orçamentário na educação, na saúde, a falta de políticas públicas para as juventudes, mulheres e crianças, e tantas dores mais que chegam até nós cotidianamente”. A missionária na Diocese de São Gabriel da Cachoeira, diante dessa realidade, convida a rezar com o salmista: “Eu levanto os meus olhos para os montes, de onde pode vir o meu socorro?  Do Senhor é que me vem o meu socorro, do Senhor, que fez o céu e fez a terra.  Ele não deixa tropeçarem os meus pés, e não dorme quem te guarda e te vigia. Ele mesmo vai cuidar de tua vida, Ele te guarda desde agora e para sempre.” No Evangelho deste domingo, a religiosa destaca a figura central de uma mulher, uma viúva que vinha ao juiz com um pedido: “faça-me justiça contra o meu adversário!”. Segundo ela, “o juiz daquele tempo, se recusou a atender este pedido até que um dia, para ficar livre da importunação e, por medo de ser agredido, atendeu o seu pedido. Diante deste fato, o Senhor mesmo acrescentou: se o juiz cedeu a insistência da viúva, atendendo sua reivindicação, ‘Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar”? E Jesus nos dá uma garantia, Deus lhes fará justiça bem depressa’”. Olhando a passagem do Livro do Êxodo que aparece na primeira leitura, a Ir. Cidinha, no relato de uma luta contra os amalecitas, que vieram atacar Israel, afirma que “a imagem bonita é da figura de Moisés que permanece de pé, no alto da colina, com a vara de Deus na mão e, ‘Enquanto Moisés conservava a mão levantada, Israel vencia’, quando a mão se tornou pesada, ele se sentou e Aarão e Ur, ficaram um de cada lado, sustentando as mãos de Moisés”. A religiosa insiste em que “diante da realidade de morte que se impõe, a nossa oração precisa ser como a da viúva, faça-nos justiça!”. Ela ressalta que “a conquista da justiça se dá pela luta persistente, insistente, sem direito a retroceder e desistir. Precisamos como Moisés, permanecer de pé na colina de Deus, com os braços levantados em oração-ação, e, quando os nossos braços estiverem cansados, que possamos contar uns com os outros como apoio, presença-esperança- sustentação”. Finalmente, a Ir. Cidinha afirma que “hoje, a Palavra de Deus nos pede oração encarnada, constância na luta pela vida, pois o nosso Deus vem em nosso socorro, nos guarda, nos protege desde agora e para sempre”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Evaristo Spengler: “Nas Trilhas do Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas”, caderno para se engajar, se envolver

A Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEPEETH) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), acaba de lançar, em versão digital e impressa, o Caderno: “Nas Trilhas do Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas”. Segundo Dom Evaristo Spengler, “embora o tráfico de pessoas seja o terceiro comércio ilícito mais rentável do mundo, é ainda um crime desconhecido porque é invisível para a sociedade. Ele gera mais de 30 bilhões de dólares anualmente, mas as pessoas não conhecem esse crime”. O Presidente da Comissão destaca que “por isso, quando as pessoas ouvem falar, perguntam: ainda existe essa realidade nos tempos atuais?”. O Bispo da Prelazia de Marajó ressalta que “esse caderno, ele quer ser uma ferramenta para ajudar a todas as pessoas que mobilizam as pastorais, movimentos, organizações e coletivos que atuam nos processos de formação para o enfrentamento ao tráfico de pessoas no Brasil para que possam ajudar a trazer à tona essa realidade”. Dom Evaristo relata como segundo passo, depois de tomar conhecimento, “quais são os caminhos para que as pessoas possam se engajar, se envolver nesse enfrentamento ao tráfico de pessoas”. O bispo afirma que “o caderno coloca aquele esquema que é bem conhecido nosso no Brasil e em América Latina do ver, julgar e agir, apresenta conceitos, modalidades, indicações para a cultura do cuidado”. Citando o Papa Francisco, o Presidente da Comissão, ressalta que “ele nos alerta que nós não teremos um mundo de paz, não teremos um mundo de fraternidade enquanto não tivermos uma cultura do cuidado”. Nesse sentido, o bispo franciscano afirma que “a violência, o uso das pessoas para o lucro, como é o tráfico de pessoas, ele é o oposto disso, é o uso da pessoa para a ganância de alguns, usando as pessoas como mercadoria, como propriedade, como um objeto. Isso é um crime que brada aos céus”. Lembrando novamente as palavras do Papa Francisco, Dom Evaristo diz que o Tráfico de Pessoas “é uma chaga atroz que tem que ser curada em nossa sociedade”. Por isso, “nós desejamos que esse caderno possa ajudar a trazer à tona para muitas pessoas das nossas bases, pastorais e movimentos, e também outros grupos sociais que querem conhecer melhor e saber como se engajar no enfrentamento ao tráfico de pessoas”. A realidade do Tráfico de Pessoas no Brasil se torna mais preocupante neste cenário em que o país atravessa crises sociais, políticas econômicas e ainda convive com a pandemia da Covid-19. Nesse sentido, o caderno pretende ser instrumento que ajude a enfrentar um crime que é considerado a escravidão moderna deste século. Ainda mais diante do fato de que no Brasil, “o grito das vítimas praticamente foi silenciado pelo poder do crime organizado durante a pandemia da Covid-19”, uma realidade que demanda formar e informar para denunciar. Um caderno que conta com as parcerias da Associação Brasileira de Defesa da Mulher da Infância e da Juventude (ASBRAD), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Rede Um Grito pela Vida e apoio da Conferência Episcopal Italiana.   Luis Miguel Modino, assessor de comunição CNBB Norte1

Comitê REPAM Manaus comemora 3 anos do Sínodo Amazônico, que arrastou para Roma um jeito ser Igreja

Fazer memória de tudo o vivido três anos atrás e ao longo de todo o processo do Sínodo para a Amazônia foi a motivação para a celebração realizada pelo Comitê REPAM Manaus no dia 11 de outubro. Uma oportunidade para entender que “a gente não perde a história e reaviva a certeza de estar colocando em prática todos os encaminhamentos, tanto do Documento Final como da Querida Amazônia”, segundo a irmã Rose Bertoldo. Encaminhamento que segundo a secretária executiva do Regional Norte1 vão se concretizando no Regional “a partir das ações que foram tiradas como prioridade e vão sendo realizadas nas igrejas particulares”. Tudo a partir do chão amazônico, de seus elementos, presentes na celebração na terra, no ar, na água e no fogo. Mas também através da Palavra de Deus e dos sonhos do Papa Francisco recolhidos em Querida Amazônia. Um Sínodo que junto com a encíclica Laudato Si, ajudou a entender que “somos chamados a entrar em sintonia no Deus que está em tudo e em todos”, segundo o padre Paulo Tadeu Barausse. O jesuíta insistiu em que “Deus habita tudo. Deus está presente em tudo e em todos. Isto requer de nós seres humanos uma dimensão contemplativa”. Desde aí apelou por “uma Igreja com rosto amazônico, pobre e servidora, profética e samaritana”, uma Igreja onde experimentar “a força do Evangelho que atua nos pequenos”, que é convidada “a uma vida mais simples de partilha e gratuidade”. O jesuíta fez ver “o compromisso de defender em nossos territórios e com nossas atitudes a floresta amazônica em pé”; de “comprometermo-nos com uma economia integral, na qual tudo está interligado”, de “acolher e renovar a cada dia a aliança de Deus com todo o criado”. Algo presente na Eucaristia, que segundo ele é “fonte de luz e motivação para as nossas preocupações pelo meio ambiente, e levar-nos a ser guardiões da criação inteira”. Um processo que continua dando passos, como aconteceu neste ano com o Documento de Santarém, fruto do encontro que fazia memória do realizado 50 anos atrás. Uma Assembleia Sinodal onde pela primeira vez as mulheres eram um grupo significativo, segundo lembrou a Ir. Rose, que foi uma das auditoras do Sínodo, e que “está ajudando a trazer para a realidade a questão da ministerialidade, voltada à presença da mulher na Amazônia, como alguém que faz a diferença”. Espaços ocupados há tempo, mas que agora com o Papa Francisco com mais intensidade, avançando em questões relacionadas com o diaconato feminino, mostrando a concretude do Sínodo. Um tempo que vai além dos três anos que tem passado desde a Assembleia Sinodal, que teve seu início com o processo de escuta, “onde nós fomos da periferia para o centro”, segundo o padre Zenildo Lima. Segundo o reitor do Seminário São José da Arquidiocese de Manaus, “nós arrastamos para Roma não somente as demandas, as esperanças dos povos amazônicos e da Igreja na Amazônia, mas nós arrastamos para lá um jeito de ser Igreja que marcou o centro”. Segundo o auditor sinodal, “o atual Sínodo sobre a Sinodalidade é um desdobramento do Sínodo para a Amazônia”. A tarefa agora é “voltar para as periferias e estar juntos, próximos das periferias”, afirmou o padre Zenildo. Uma urgência diante da “derrocada da democracia e de esperanças, e o que a gente vive hoje no Brasil é assustador e é muito ameaçador para nossa esperança”. Periferias onde gente pequena está defendendo dinâmicas de morte, destacou o padre, que disse que abraçar os sonhos moldados pela Igreja e pelo Papa não será tarefa do centro e sim nossa. Por isso ressaltou a necessidade de estarmos nas periferias, onde se reúne pouca gente, gente pequena, nos pequenos sinais de luta que são organizados e nos pequenos sinais de resistência, ainda mais vendo como o centro está com uma atitude avassaladora diante dos pequenos e das periferias, que “é o lugar que a Igreja tem que estar”, mesmo diante do fascínio pelo centro. Algo que tem que levar a pensar em que Igreja queremos, segundo Patrícia Cabral, refletindo sobre a realidade das áreas missionárias na Arquidiocese de Manaus, divididas em comunidades, mas que nem sempre é aceito. Segundo ela, isso “hoje se tornou um desafio, porque a gente fala de voltar às periferias, a gente fala de voltar às bases e a gente não está conseguindo isso, até porque a proposta que muitas vezes a gente leva, ela não está encantando, porque eles estão sendo encantados pelas outras propostas que estão sendo apresentadas“, deixando de lado tudo o que faz referência a questões sociais. Uma Igreja dividida que desafia a se questionar sobre como trabalhar, especialmente com os jovens, que “não querem se reunir mais dentro da Igreja”. Uma Assembleia Sinodal diferente, desde a procissão inicial, “desorganizada, mas cheia de sentido, porque era o povo com o Papa, o Papa com o povo”, segundo lembrou o padre Júlio Caldeira. Um processo que mesmo devagarzinho vai caminhando, como está sendo mostrado nos testemunhos sobre os frutos do Sínodo. Iniciativas pequenas, nas periferias, que estão ajudando a concretizar o Sínodo, o que tem que levar a celebrar sem olvidar os desafios do Sínodo e a realidade que faz parte dos diferentes países da Pan-Amazônia. Por isso, o religioso da Consolata insistiu em “não desanimar e fazer coisas concretas. Por menores que sejam, isso ajuda a transformar o mundo”. Gorete Oliveira destacou a importância da proximidade entre os movimentos sociais e o Papa Francisco, a importância das comunidades eclesiais de base, o declínio atual das Pastorais Sociais, da Pastoral Operária, que deve levar à Igreja a se questionar sobre sua inserção nas periferias. Propostas do Sínodo que devem ser refletidas, segundo a Ir. Fátima, Cônega de Santo Agostinho, que falou sobre a separação presente dentro da própria Igreja, que desafia a estar se misturando, especialmente nas periferias, buscando fazer realidade “o tempo novo que a gente quer”. Mercy Soares falou sobre as referências do Documento de Santarém 2022 à Querida Amazônia, refletindo sobre a vacância muito grande na Igreja…
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CNBB condena veementemente “exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos”

A atual situação política brasileira, agravada pela campanha para o segundo turno da eleição presidencial, a ser realizado em 30 de outubro, provocou diversas reações da hierarquia católica no país. Na semana passada, foi o arcebispo de Belém (PA), Dom Alberto Taveira, que reagiu à presença do Presidente Bolsonaro, candidato à reeleição, nos eventos em torno do Círio de Nazaré. Nesta segunda-feira, 10 de outubro, foi o Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, que mais uma vez reagiu à presença do presidente, especialmente em um Terço a ser realizado no dia 12 de outubro, festa da Padroeira do Brasil. Na mesma linha, a presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu uma nota na qual, a partir da citação do Livro do Eclesiástico na qual diz que “Existe um tempo para cada coisa”, eles dizem lamentar “a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno“. Segundo a presidência do episcopado brasileiro, que se pronunciou com força, “Momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições. Desse modo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lamenta e reprova tais ações e comportamentos”. Suas palavras são entendidas por muitos como uma crítica às atitudes do atual presidente, embora evidentemente nenhum dos nomes que concorrem à presidência do país neste segundo turno seja mencionado a qualquer momento. Diante de um fenômeno cada vez mais presente no país, os bispos insistem que “a manipulação religiosa sempre desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil”. Diante de tais atitudes, eles afirmam que “é fundamental um compromisso autêntico com a verdade e com o Evangelho.”. Portanto, na nota é ratificado “que a CNBB condena, veementemente, o uso da religião por todo e qualquer candidato como ferramenta de sua campanha eleitoral“. Diante deste tipo de atitude, apoiada por grupos de diferentes igrejas cristãs, especialmente do Pentecostalismo Evangélico, mas também de setores da Igreja Católica, os bispos convidam todos os cidadãos, “na liberdade de sua consciência e compromisso com o bem comum, a fazerem deste momento oportunidade de reflexão e proposição de ações que foquem na dignidade da pessoa humana e na busca por um país mais justo, fraterno e solidário”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Dom Leonardo: “Se formos portadores de gratidão, o mundo também se tornará melhor”

Uma reflexão sobre “a condição da finitude humana desvalida, rejeitada, afastada, mas por Jesus redimida, transformada que faz nascer a gratidão”, foi o ponto de partida da homilia do Cardeal Leonardo Steiner no Vigésimo Oitavo Domingo do Tempo Comum. O Arcebispo de Manaus mostrou “a alegria da cura, uma vida-gratidão!”, a compaixão de Jesus diante do pedido dos leprosos, que “pedem para serem curados, mas também purificados, curados, no corpo e no espírito”. Diante da lepra, “Jesus, a compaixão e a misericórdia do Pai, acolhe, liberta do que corrompe e dilacera a integridade humana, abrindo espaço para quem foi descartado”.  A lepra era “o sinal mais expressivo da desintegração interior e religiosa do homem…, todo leproso era considerado como um excomungado por Deus, que devia ser excluído da comunidade”, segundo lembrou o cardeal, citando o Livro do Levítico. O arcebispo relatou como os leprosos eram “separados, segregados, descartados; fora da cidade, fora da sociedade, distantes de todos. Um muro de isolamento os separava de tudo e de todos”, mostrando que eles “eram vistos como pessoas degradadas, religiosamente castigadas”. Dom Leonardo disse se sentir encantado com “o extraordinário mover-se desses homens tomados pela doença. Não aceitam a sua situação, não se acomodam; sentem-se necessitados, excluídos, mas esperançados. Abandonados, mas não abandonados por Deus. Necessitados, desejam recuperar a dignidade no meio do povo, da comunidade, desejam participar das celebrações; rompem com as normas, transgredem as regras, abrem espaço no meio da multidão. Estão tomados por uma medida que é de vida ou morte: serem purificados”. O Arcebispo de Manaus também disse como “nos toca profundamente estes homens feridos em sua humanidade, em sua integridade, na sua dignidade, na sua religiosidade”. O purpurado os vê como “ícones da fragilidade humana que da fraqueza, da miséria, do descarte fazem o caminho da purificação, da salvação”, como “pessoas que com coragem carregam, cuidam, amam, assumem a lepra de sua miséria e, acima de tudo, tem a humildade e a coragem de, quebrando todos os grilhões, depositá-las diante de alguém que pode libertá-los. Não só carregam a dor, mas creem que Jesus há de conceder a liberdade e a purificação”. Um Jesus que, segundo o cardeal, “se enternece como a mãe diante da vulnerabilidade de seu filho, de sua filha. Tomado, pego pela afeição das entranhas os envia pelo caminho da transformação. Tomado por tal afeição, diz: ‘Ide apresentar-vos aos sacerdotes’. Jesus é, ‘com-paixão’: a mais pura boa vontade, pura receptividade e puro acolhimento do outro e, ao mesmo tempo, a pura doação de si ao desvalido, segregado”. Dom Leonardo convidou a “entrar na dinâmica de Jesus: pôr-se a caminho, sair!”. Segundo ele, “na receptividade amorosa, no toque do sopro do Espírito, na vontade da doação gratuita, um leproso se apercebe livre do corpo chagado e do descarte em que vivia”. Cada um dos leprosos, “na purificação de toda a sua pessoa sente-se reintegrado a seu Povo, à Comunidade dos eleitos. Mergulhado na compaixão e misericórdia do Filho de Deus volta a sentir-se eleito. Já não está só, já não necessita do grito impuro, agora pode oferecer o sacrifício do testemunho de sua purificação; pode voltar a oferecer e rezar com os outros”, afirmou o Arcebispo de Manaus. Ele chamou a descobrir “a sensibilidade necessária para darmo-nos conta do prazer, da alegria, do júbilo, da gratidão de quem sente-se acolhido por Deus e reintegrado na vida social e familiar”. Refletindo sobre a atitude daquele que volta para agradecer, Dom Leonardo destacou que “integrado, devolvido, libertado, agradece! A sua vida a partir daquele momento será uma vida de gratidão”. Mas também destaca que é “um samaritano, um estrangeiro, marginalizado do povo eleito”, e junto com isso que “a gratidão fez-se estrela guia”. Citando o Papa Francisco, o cardeal vê que “esta narração, por assim dizer, divide o mundo em dois: os que não agradecem e os que o fazem; os que tomam tudo como se lhes fosse devido, e os que aceitam tudo como dom, como graça”. “O samaritano nos desperta para a beleza e a profundidade da gratidão”, segundo o Arcebispo de Manaus, afirmando que “uma fé gratuita de viver da compaixão de Deus, nos leva a viver na gratidão. Cultivar a alegria e não deixar de agradecer”. Por isso, segundo ele, “se formos portadores de gratidão, o mundo também se tornará melhor, talvez só um pouco, mas o suficiente para transmitir esperança. Estamos necessitados de esperança!”. Uma necessidade diante da “agressão, notícias falsas, especialmente nesse tempo de eleições”.  Dom Leonardo insistiu em que “nos faz falta o espírito da verdade, um espírito livre, solidário, acolhedor e não agressor, para realizar as nossas opções, escolhas. Escolhas baseadas na verdade, não em notícias de WhatsApp. Verdade que preza a convivência, o respeito, o dom da vida”, que o leva a ver o viver como graça recebida. Finalmente pediu: “Espírito Santo, espírito da esperança, faça nascer em nós e entre nós a gratidão! Livra-nos da violência e da destruição, da mentira e divisão. Dai-nos a graça de perceber que tudo está unido e interligado! Concede-nos viver o Evangelho da liberdade, da esperança, da filiação divina, da irmandade. Cuidemos e cultivemos em nós o Espírito que nos leva à gratidão, à salvação. Amém”. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

Verônica Rubi: “Algumas de nossas atitudes não nos ajudam a viver em sociedade”

O Evangelho deste domingo Vigésimo Oitavo do Tempo Comum, nos apresenta, segundo Verônica Rubi, “dez leprosos que estavam fora da cidade, afastados por sua condição de doença. Eles gritaram pedindo ajuda, Jesus os viu e falou com eles e mandou ‘apresentar-se aos sacerdotes’, segundo orientava a Lei de Moises para os que ficavam curados, pese a que ainda estavam com lepra”. A missionária leiga na Diocese de Alto Solimões afirma que “no caminho ficaram curados, só um voltou para agradecer, glorificando a Deus. Esse que voltou era estrangeiro, de quem não se esperava nada. Jesus lhe diz: ‘Levanta-te e vai! Tua fé te salvou’”. A missionária analisa o que esta situação pode-nos dizer a cada um de nós. Nesse sentido, diz que “a lepra já não é motivo de afastamento. O que nos afasta é a soberba, o orgulho, o desejo de poder a qualquer preço, o ódio, o individualismo, o consumo indiscriminado, a indiferença, as posturas autoritárias, a violência”. Segundo Verônica Rubi, “todo isso nos afasta, nos faz ficar longe do convívio com outros, nos distancia da fraternidade de nossas comunidades, nos deixa longe do amor das nossas famílias. Os leprosos do evangelho nos dão uma dica interessante: eles aproximam a Jesus para pedir, gritar, implorar sua ajuda. Esse movimento é o início da mudança, é reconhecer que algumas de nossas atitudes não nos ajudam a viver em sociedade e precisamos mudar”.  Analisando o texto, a missionária destaca que “frente ao nosso pedido, Jesus olha para nós e -sem passe de mágica- nos manda a fazer o que temos que fazer, fazer aquilo para o que fomos criados”. Centrando-se na missão, “missão de ser filhas e filhos de Deus, missão de partilhar o que temos e que somos, missão de fazer o bem, missão de construir fraternidade… No decorrer de nossa missão, alcançamos a cura”. Por isso se pergunta, “qual será então nossa atitude?”. Ela afirma que “dos dez leprosos, um voltou glorificando a Deus e para agradecer a Jesus, aquele de quem menos se esperava algo, Jesus lhe diz: ‘levanta-te e vai, tua fé te salvou’. O milagre acontece, quando reconhecemos nossa miséria, nos aproximamos a Jesus, acolhemos sua orientação de viver no Amor e na missão do dia a dia o fazemos realidade. Só um voltou, quem agradece é aquele que reconhecer o bem recebido, e com alegria e humildade louva a Deus”. Finalmente, a missionária pede “que neste segundo domingo do mês missionário nos deixemos curar por Jesus e profundamente agradecidas e agradecidos vivamos na alegria do Evangelho”.   Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

“Tecendo Redes de Esperança”, Seminário em São Gabriel da Cachoeira busca “pacto coletivo no cuidado da vida”

Enfrentar o fenómeno da violência na Região do Alto Rio Negro foi o objetivo do Seminário realizado na Diocese de São Gabriel da Cachoeira pela Rede um Grito pela Vida. Segundo Dom Edson Damian, “Tecendo redes de esperança” foi o fio condutor das várias atividades, coordenadas pela diocese local e pela Coordenadoria Regional de Educação. Com o objetivo de “refletir sobre o fenómeno da violência em nossa região, buscamos um pacto coletivo no cuidado da vida para garantir os direitos e políticas públicas, priorizando as populações em situação de vulnerabilidade”. Foram realizados encontros com todos os professores e servidores das escolas estaduais e municipais da cidade de São Gabriel da Cachoeira, discutindo sobre as diversas formas de violência presentes na região; com os jovens para abordar o tema do protagonismo juvenil; com os muitos migrantes, sobretudo indígenas venezuelanos que diante da necessidade foram acolhidos pelos parentes brasileiros, que são acompanhados pela Pastoral do Migrante da Diocese de São Gabriel; encontro com os jovens que participam das pastorais da Igreja católica. Durante a semana foi realizado um seminário sobre os múltiplos olhares sobre a realidade, com a presença dos jovens, das Pastorais Sociais e outras instituições da sociedade local envolvidas com políticas públicas e direitos indígenas e ambientais, com mais ou menos 15 entidades envolvidas, abordando questões relacionadas com a Rede de Proteção à Criança e Adolescente, mas também a Rede de Proteção à Vida, segundo informou a Ir. Cidinha Fernandes, uma das organizadoras do Seminário. Finalmente, uma roda de conversa com as autoridades locais e representantes das instituições, donde também foram abordadas as diferentes formas de violência que existem na região do Alto Rio Negro, e as proposta de solução. Dom Edson Damian dá um destaque especial para os jovens, a presença, a atuação e a palavra. Os jovens, segundo o bispo, “mostraram sua alegria por encontrar um espaço para serem ouvidos e ficaram surpresos diante das múltiplas atividades que são realizadas, principalmente pelas pastorais sociais da nossa Igreja, que muitos deles não conheciam”. O Presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), insistiu em que “os jovens gritam para serem escutados, pelos pais, pelos professores, e reivindicam um diálogo recíproco, em que possam ser escutados em nível de igualdade”. Diante da falta de escuta, os jovens, Lembrou Dom Edson, “os jovens buscam saída onde não existem saídas: o alcoolismo, as drogas, a prostituição, alguns desesperados até se suicidam, algo que acontece com muito frequência aqui na nossa região”. Ele colocou que “os jovens nos impressionaram pela consciência que tem dos problemas e também pela clareza na busca de soluções”. Entre os problemas destacados pelos jovens, segundo o bispo local, estão “o desemprego, a fome, a exploração e abuso sexual, o alcoolismo, as drogas”. O Bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira destacou que “foram muito oportunas estas atividades que acontecem no momento em que nos preparamos para segundo turno das eleições”. Ele afirmou que “as diversas formas de violência destacadas estão se tornando ainda mais alarmantes e dramáticas no atual governo, que está realizando um verdadeiro desmonte dos direitos sociais, que foram conquistados após a promulgação da Constituição Cidadã de 1988”. Segundo Dom Edson Damian, “lutar pela preservação e plena atuação das políticas públicas é um dever moral, cívico e patriótico de todos nós. Só assim será possível enfrentar os grandes problemas sociais, econômicos e políticos que geram tantas formas de violência contra os direitos fundamentais da maioria da população brasileira, e principalmente dos povos indígenas, que são 90 por cento aqui nesta região do Alto Rio Negro”. O bispo agradece a assessoria da Ir. Rose Bertoldo e de Sandar Loyo, assessoras dos diversos encontros, “de forma participativa, envolvente e motivadora para que o diálogo e a partilha realmente acontecessem”. Uma das jovens participantes foi Silvani Farias Gonçalves. Ela destacou que “a gente teve voz, a gente pode relatar tudo o que está acontecendo em São Gabriel, trazer um pouco a nossa realidade”, para o que não tem oportunidade na escola, nem nos diferentes lugares aonde os jovens vão. A jovem indígena do povo Baré, que falou sobre o esquecimento que sofrem os jovens, destacou o fato de se sentirem livres para falar, para mostrar suas dificuldades e ser voz dos jovens. Segundo a aluna do primeiro ano do segundo grau, “os jovens temos problemas, nós precisamos de ajuda, de apoio”, sendo importante para ela o fato de ter instituições dispostas a ajudar os jovens. Ela denunciou o assédio que sofrem as jovens e adolescentes, inclusive nas escolas, também o envolvimento com drogas, a falta de atenção. Cristian Cordovil enfatizou a importância do encontro, uma oportunidade para os jovens descobrir o que precisam para melhorar. O jovem de 18 anos relatou alguns problemas que fazem parte da vida dos jovens, o que muitas vezes tem como causa a falta de atenção familiar. Ele destacou como maior aprendizado, “poder ouvir que eu não sou o único que passa por esses problemas”. Josiele Nunes de Braga destacou do encontro o fato de descobrir a importância de escutar e ter uma experiência de se mesmo, se conhecer melhor”. A indígena do Povo Baré, de 17 anos, que é aspirante na Congregação das Catequistas Franciscanas ressaltou o fato dos jovens poder saber que eles podem contar com outras pessoas, para não ficar só em silêncio, e aprender a escutar os gritos de outras pessoas. Um encontro intenso, produtivo, segundo a Ir. Rose Bertoldo, que segundo a Secretária Executiva do Regional Norte1 é um pôr em prática as causas permanentes do Regional, onde aparece a questão do enfrentamento ao tráfico de pessoas e exploração sexual de crianças e adolescentes. Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1